REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202505142232
Bianca Queiroz
Gabriela Rocha
Guilherme Torres
Nathalia Sayuri
Orientador: Prof. PhD. Vinicius Gonçalves
RESUMO
A evolução humana ao longo de milhões de anos trouxe transformações significativas no corpo e no comportamento, como o bipedalismo, que favoreceu o uso das mãos e a interação com o ambiente. Essas mudanças estruturais moldaram o desenvolvimento humano e criaram as bases para as fases da vida, especialmente a adolescência, período de intensas transformações físicas, emocionais e sociais. (Craig B. Stanford et al., 2004).
Definida pela OMS como a faixa etária entre 10 e 19 anos, a adolescência é marcada pela puberdade, fase de crescimento acelerado e alterações hormonais que afetam o sistema musculoesquelético, frequentemente gerando dores articulares e posturais. Além disso, fatores emocionais, como a busca por independência e a construção da identidade, tornam os adolescentes vulneráveis a questões como autoestima e aceitação social (Duarte et al., 2021; Ré, 2011). Além disso, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, associado a hábitos sedentários, contribui para alterações posturais, dores crônicas e obesidade, prejudicando o desenvolvimento emocional e cognitivo. (Cedin et al., 2019; Maia Neves et al., 2015).
A fisioterapia desempenha papel essencial na promoção da saúde postural por meio de intervenções preventivas e educativas. Iniciativas como cartilhas ilustrativas e exercícios supervisionados no ambiente escolar ensinam postura adequada e promovem o fortalecimento muscular, reduzindo o risco de problemas futuros (Costa et al., 2018). Investir em educação postural desde a infância não apenas previne disfunções musculoesqueléticas, mas também melhora a qualidade de vida, promovendo autoestima e desempenho acadêmico (Menotti et al., 2018).
A implementação de práticas de reeducação postural e ergonomia nas escolas cria um ambiente mais seguro e funcional, reduzindo o risco de dores musculoesqueléticas e problemas relacionados ao sedentarismo e posturas inadequadas. Essas ações também melhoram a produtividade e a qualidade de vida dos estudantes, promovendo uma relação mais saudável com o corpo (Benini; Karolczac., 2010 & Vieira et al., 2015).
PALAVRAS CHAVES: Fisioterapia, Promoção da Saúde, Saúde dos Escolares
ABSTRACT
Human evolution over millions of years has brought significant transformations in the body and behavior, such as bipedalism, which favored the use of hands and interaction with the environment. These structural changes shaped human development and laid the foundation for the stages of life, particularly adolescence, a period of intense physical, emotional, and social transformations (Craig B. Stanford et al., 2004).
Defined by the WHO as the age range between 10 and 19 years, adolescence is marked by puberty, a phase of rapid growth and hormonal changes that affect the musculoskeletal system, often causing joint and postural pain. In addition, emotional factors, such as the quest for independence and identity formation, make adolescents vulnerable to issues such as self-esteem and social acceptance (Duarte et al., 2021; Ré, 2011). Moreover, excessive use of electronic devices, combined with sedentary habits, contributes to postural changes, chronic pain, and obesity, impairing emotional and cognitive development (Cedin et al., 2019; Maia Neves et al., 2015).
Physical therapy plays an essential role in promoting postural health through preventive and educational interventions. Initiatives such as illustrative booklets and supervised exercises in the school environment teach proper posture and promote muscle strengthening, reducing the risk of future problems (Costa et al., 2018). Investing in postural education from childhood not only prevents musculoskeletal dysfunctions but also improves quality of life, boosting self-esteem and academic performance (Menotti et al., 2018).
The implementation of postural reeducation and ergonomics practices in schools creates a safer and more functional environment, reducing the risk of musculoskeletal pain and issues related to sedentary behavior and improper posture. These actions also enhance students’ productivity and quality of life, fostering a healthier relationship with the body (Benini; Karolczac, 2010 & Vieira et al., 2015).
KEYWORDS: Physiotherapy, Health Promotion, Student Health
1. INTRODUÇÃO
A evolução do ser humano, um processo de milhões de anos, resultou em mudanças significativas na forma, função e estrutura do corpo, moldadas por pressões ambientais, comportamentais e desenvolvimento de habilidades. Durante essa trajetória, características fundamentais foram desenvolvidas, como o bipedalismo, que não apenas transformou a postura e a locomoção, mas também permitiu o uso das mãos para criar ferramentas e interagir com o ambiente de maneiras inéditas, além de profundas mudanças na estrutura corporal, como a curvatura em “S” da coluna vertebral para equilíbrio e absorção de impactos, a adaptação dos pés para caminhar e correr longas distâncias, e alterações na pelve e nos membros inferiores para sustentar o corpo em posição ereta (Craig B. Stanford et al., 2004).
Esse processo evolutivo estabeleceu as bases para as etapas do desenvolvimento ao longo da vida, moldando não apenas a estrutura física, mas também a capacidade de adaptação e interação com o ambiente. Esse legado se reflete em cada etapa da vida, especialmente na adolescência, uma fase marcada por intensas transformações e aprendizados, pois é nesse período que as mudanças biológicas, sociais e emocionais se entrelaçam, moldando o indivíduo e preparando-o para os desafios e as oportunidades da vida adulta (Craig B. Stanford et al., 2004)
A adolescência é uma fase complexa e determinante para o desenvolvimento humano que representa a transição entre a infância e a vida adulta. É definida, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), como o período entre 10 e 19 anos, marcada por mudanças físicas, cognitivas, emocionais e sociais, sendo fundamental para o desenvolvimento da sua identidade e para a formação de habilidades importantes para a vida adulta. Apesar de ter uma faixa etária definida, a adolescência varia em sua duração e intensidade por influência de fatores culturais, econômicos, sociais e psicológicos (Duarte, D. S. et al. 2021).
Considerando a fisiologia, a adolescência é iniciada pela puberdade, que ocorre quando o corpo é submetido a uma rápida fase de crescimento e alterações hormonais, afetando tanto o corpo quanto o emocional do adolescente. O adolescente passa por diversas e intensas transformações no corpo, o que pode gerar um desconforto natural, esse processo de crescimento vem acompanhado de dores nas articulações e problemas posturais, já que o sistema musculoesquelético precisa se ajustar rapidamente a essas mudanças. Muitas vezes esse período de adaptação não ocorre de forma ideal, o que aumenta o risco desses indivíduos desenvolverem alterações posturais (Ré, A. H. N. 2011).
Emocionalmente e socialmente, a adolescência é um período intenso, marcado pela busca de independência e construção de uma identidade própria. O jovem passa por um processo de individuação que é essencial para que ele se veja como alguém independente e capaz de tomar as suas próprias decisões. Ao mesmo tempo em que as emoções estão à flor da pele, tornando-o mais vulnerável a questões como a autoestima, imagem corporal e aceitação social. O grande desafio nesse período é encontrar um equilíbrio entre a busca por aceitação e pertencimento e a construção de uma autoimagem positiva e de valores que possam servir de base para a vida adulta. Logo, é de extrema importância contar com o apoio e a orientação de adultos que compreendam a complexidade desse momento, e que possam oferecer um ambiente seguro para a expressão e o desenvolvimento saudável do adolescente (Stefano, L.; Corrêa, G. 2018)
Diante dessas transformações, as mudanças físicas e estruturais, especialmente no sistema musculoesquelético, se tornam cada vez mais evidentes. É nessa fase em que hábitos posturais inadequados, como passar longos períodos no celular, no computador ou horas prolongadas sentado na escola, podem levar a alterações posturais significativas, e caso essas posturas não sejam corrigidas, há o risco de evoluírem para problemas mais sérios na vida adulta. Ademais, o sedentarismo, bastante comum nesse período, pode contribuir para ganho de peso e diversos impactos negativos à saúde do adolescente, como problemas posturais, doenças cardiovasculares e dificuldades emocionais – ansiedade e depressão. Por isso, é fundamental conscientizá-los sobre a importância de cuidar do corpo e incentivá-los a se movimentar, garantindo que essas mudanças ocorram de forma saudável e equilibrada (Bueno, L. A.; Matta, M. 2021).
Os estímulos externos, como o uso prolongado de celulares e tablets, acabam influenciando negativamente no desenvolvimento de adolescentes. Nos últimos anos, houve um aumento crescente no uso de dispositivos móveis, tornando-se parte do dia a dia de todos. Ao refletir sobre o avanço da tecnologia, percebemos um processo contínuo, onde o progresso se entrelaça com as transformações sociais, culturais e econômicas, influenciando de maneira profunda o desenvolvimento humano (Cedin, L. et al. 2019).
As novas tecnologias contribuem significativamente para a melhoria das condições de vida. No século XX, avanços como a redução da pobreza, a diminuição da mortalidade infantil e o aumento da alfabetização destacaram o papel da tecnologia. A internet, por exemplo, facilita a disseminação de conhecimento, comunicação global, educação e acesso à saúde. Além disso, a evolução das tecnologias digitais e da inteligência artificial permite acesso rápido à informação, maior interação social e participação política. Ferramentas como ensino à distância, telemedicina e inovações na agricultura e saúde impulsionam a melhoria da qualidade de vida e o progresso global (Almeida, M. A. B. 2012).
O avanço tecnológico também revela limitações e consequências indesejadas. O desenvolvimento econômico impulsionado pela tecnologia frequentemente beneficia os países ricos, enquanto os mais pobres enfrentam exclusão digital e dependência de tecnologias importadas, perpetuando a desigualdade global. A produção de conhecimento e as patentes dificultam o acesso a medicamentos e tecnologias nos países em desenvolvimento. A fuga de cérebros, com profissionais qualificados migrando para países desenvolvidos, prejudica o avanço tecnológico e sua aplicação nas nações em desenvolvimento, afetando áreas como a fisioterapia, onde a falta de profissionais qualificados limita o uso de novas tecnologias (Almeida, M. A. B. 2012).
O uso das tecnologias digitais não é um processo natural, mas uma reengenharia que transforma as relações sociais e individuais. Embora a tecnologia ofereça novas formas de aprendizado, também traz alienação e adaptação à lógica do mercado. Isso evidencia que, apesar das possibilidades, ela impõe desafios que precisam ser analisados para garantir o desenvolvimento humano sem exclusões. A tecnologia pode ser tanto aliada quanto obstáculo, dependendo de como é usada. O verdadeiro desafio é garantir que seus avanços promovam o bem-estar, a equidade, a sustentabilidade e a democratização do conhecimento, com reflexão crítica sobre suas implicações (Almeida, M. A. B. 2012).
Com a popularização dessas tecnologias, que oferecem diversas possibilidades, desde comunicação até entretenimento e aprendizado, o tempo gasto em atividades digitais tem superado as atividades de interações sociais e físicas, trazendo preocupações crescentes em relação ao comportamento, saúde e desenvolvimento dos jovens, pois o uso excessivo tem sido relacionado a problemas significativos, como queixas musculoesqueléticas e prejuízos cognitivos (Neves, M. et al. 2015).
Nota-se que, o uso prolongado desses dispositivos está diretamente ligado a problemas posturais e musculoesqueléticos. Manter a cabeça e o tronco inclinados por longos períodos, comum ao usar celulares e tablets, sobrecarrega a coluna cervical e os ombros, causando desconfortos que podem evoluir para dores crônicas, além de tensões nos punhos e mãos, podendo levar a condições como tendinites e síndromes do túnel do carpo. Segundo Luísa Cedin e et al, muitos adolescentes adotam posturas inadequadas ao digitar, jogar ou assistir a vídeos, o que agrava esses problemas ao longo do tempo. Como já citado anteriormente, o sedentarismo resultante da substituição de atividades físicas por horas diante dessas telas aumenta o risco de obesidade e problemas metabólicos. Essa rotina pode ser prejudicial pela ausência de pausas para alongamentos ou movimentações e pelo consumo de alimentos pouco nutritivos durante o uso desses dispositivos.
Considerando os impactos negativos associados ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos, torna-se evidente a necessidade de intervenções fisioterapêuticas assistenciais (IFA) e educativas (IFE), sendo possível abordar tanto aspectos curativos quanto preventivos, ampliando o impacto positivo nas comunidades e fortalecendo os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
Além disso, tanto as famílias quanto as escolas têm o papel em ajudar a regular esse tempo de tela e promover hábitos saudáveis. É fundamental que a educação postural seja incorporada ao currículo escolar desde cedo. Isso permitirá que crianças e adolescentes compreendam os problemas associados a hábitos posturais inadequados e reconheçam a importância de cuidar da postura (Costa R. el al., 2018). O fisioterapeuta possui conhecimento técnico e biopsicossocial, tornando-se um potencial influenciador, contribuindo com promoção e prevenção sobre saúde postural na infância por meio de programas para educar sobre postura adequada e consciência corporal. A postura, por sua vez, refere-se à forma característica com que uma pessoa sustenta o próprio corpo, mantendo-se ereta com o mínimo de esforço muscular, atendendo às exigências mecânicas necessárias (Menotti et al., 2018).
A abordagem contemporânea de postura valoriza a flexibilidade e os alongamentos como elementos fundamentais para a saúde da coluna, ressaltando a importância de reconhecer e respeitar os limites do corpo (Schilder, 1999,). Ao conscientizar alunos, professores e familiares sobre a importância de uma postura adequada e do movimento no dia a dia, a fisioterapia no ambiente escolar ajuda a prevenir disfunções e promove um crescimento físico saudável. Esse trabalho interdisciplinar, integrado com a equipe pedagógica, potencializa a criação de um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e saudável.
Investir em ações preventivas, como a conscientização sobre hábitos saudáveis e a prática regular de atividades físicas, também reflete diretamente na diminuição da prevalência de doenças posturais e em um sistema de saúde mais sustentável, a promoção de uma boa postura, por meio de campanhas educativas (IFE), programas de reeducação postural e iniciativas voltadas à ergonomia em ambientes escolares é uma estratégia eficaz para reduzir os custos associados aos tratamentos e melhorar a qualidade de vida da população (Vieira et al., 2015).
Para orientar os estudantes no âmbito escolar existem diversas formas, como uma cartilha educativa constando exercícios e orientações fisioterapêuticas, ou, o método prática de exercícios na escola com a orientação de um profissional de fisioterapia. A cartilha educativa é uma ferramenta eficaz para divulgar informações de maneira simples e acessível, permitindo que os alunos compreendam a importância de uma boa postura e aprendam como integrá-la às suas atividades diárias. Este material pode incluir orientações ilustradas sobre como sentar corretamente, carregar mochilas de forma adequada para evitar sobrecarga muscular. Além disso, a cartilha pode apresentar exercícios básicos que podem ser realizados em casa ou na escola, promovendo o fortalecimento muscular e a flexibilidade (Vieira et al., 2015).
Já o método prático, com a presença de um fisioterapeuta, oferece um acompanhamento mais personalizado e dinâmico. O profissional pode avaliar diretamente os alunos, ajustar posturas específicas e conduzir sessões de exercícios específicos que atendam às necessidades de cada grupo. Essa abordagem prática tem a vantagem de envolver os alunos de forma mais interativa, reforçando a aprendizagem por meio da experiência direta (Benini; Karolczak, 2010).
Ambos os métodos são complementares e, quando aplicados de maneira integrada, potencializam os benefícios da intervenção. Por meio da conscientização e da prática, é possível criar um hábito de cuidado postural no ambiente escolar, que não apenas melhora o desempenho acadêmico dos alunos, mas também previne problemas de saúde a longo prazo (Benini; Karolczak, 2010).
Quando a educação postural é implementada ainda na infância, seja por meio de iniciativas escolares ou familiares, ela auxilia no fortalecimento muscular, no alinhamento corporal e no desenvolvimento da consciência sobre a importância do movimento e da ergonomia. Esses aspectos não apenas melhoram a qualidade de vida na infância e adolescência, mas também previnem problemas de saúde na fase adulta, como dores crônicas, hérnias de disco e alterações articulares degenerativas. Além disso, uma infância saudável promove outros benefícios associados, como maior autoestima, desempenho escolar aprimorado e menor absenteísmo por problemas de saúde. Esses resultados refletem na formação de adultos mais preparados para enfrentar as demandas do cotidiano com menor risco de incapacidade física ou mental, permitindo um envelhecimento ativo e independente (Benini; Karolczak, 2010).
Diante do exposto, investir em ações educativas e preventivas desde cedo, como a implementação de programas escolares que integram orientação postural, atividades físicas regulares e conscientização sobre hábitos saudáveis, é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade mais saudável, produtiva e consciente. Essas iniciativas não apenas ajudam a prevenir problemas de saúde relacionados à postura, mas também promovem o bem-estar geral, estimulando o desenvolvimento de hábitos benéficos à saúde. Ao inserir práticas de reeducação postural e ergonomia nos ambientes escolares, cria-se um espaço de aprendizado mais seguro e funcional, alterando o risco de dores musculoesqueléticas e outras complicações associadas ao sedentarismo e às posturas incorretas. Além disso, essas ações têm impacto direto na produtividade e na qualidade de vida das futuras gerações, incentivando uma relação mais harmoniosa e responsável com o próprio corpo (Benini; Karolczak, 2010 & Vieira et al., 2015).
2. JUSTIFICATIVA
A revisão dos artigos nas áreas de fisioterapia, promoção da saúde e saúde escolar busca compreender as contribuições das práticas intervencionistas e educacionais fisioterapêuticas, assim como seus benefícios para a saúde dos estudantes. Justifica-se a necessidade de ressaltar a importância da atuação do fisioterapeuta diretamente nas escolas, evidenciando essa abordagem como uma estratégia fundamental de promoção da saúde coletiva, com impacto direto na qualidade de vida e no desenvolvimento integral dos escolares.
3. BENEFÍCIOS
A aplicação desta revisão literária, no contexto da saúde coletiva e da fisioterapia na saúde escolar, destaca a relevância da atuação do fisioterapeuta na promoção da saúde dos estudantes. Além disso, visa estimular a criação de políticas públicas que incentivem a inserção desse profissional nas escolas, fortalecendo suas contribuições para o bem-estar dos alunos.
4. FORMULAÇÃO DA HIPÓTESE
A fisioterapia desempenha papel essencial na promoção da saúde postural por meio de intervenções preventivas e educativas. Iniciativas como cartilhas ilustrativas e exercícios supervisionados no ambiente escolar ensinam postura adequada e promovem o fortalecimento muscular, reduzindo o risco de problemas futuros (Costa et al., 2018). Investir em educação postural desde a infância não apenas previne disfunções musculoesqueléticas, mas também melhora a qualidade de vida, promovendo autoestima e desempenho acadêmico (Menotti et al., 2018).
Essa hipótese propõe que a revisão de literatura terá impacto positivo, resultando na produção de ciência no âmbito saúde coletiva, fisioterapia e saúde dos escolares, reforçando a importância deste profissional atuando na equipe multiprofissional da saúde dos escolares.
5. OBJETIVOS
5.1 Objetivo Geral:
● O objetivo deste estudo é identificar as contribuições das práticas intervencionistas e educacionais da fisioterapia na saúde dos escolares.
5.2 Objetivos Específicos:
● Mapear os resultados dos estudos sobre a atuação da fisioterapia na saúde dos escolares;
● Sintetizar as práticas de Intervenção Fisioterapêuticas Assistenciais (IFA) e Intervenção Fisioterapêuticas Educacionais (IFE);
● Identificar a atuação da fisioterapia na atenção primária no âmbito escolar;
● Ressaltar a importância do fisioterapeuta na atenção primária e a relevância do profissional nas escolas.
6. MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo consistiu em uma revisão de literatura descritiva, sobre as contribuições das práticas intervencionistas e educacionais da fisioterapia na saúde dos escolares, entre os anos de 2010 a 2024. Foram feitas buscas em bases de dados científicos tais como BIREME, SCIELO, LILACS e PUBMED. A operacionalização desta pesquisa iniciou-se com uma pesquisa aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram incluídas no estudo pesquisas que trouxessem ao menos uma palavra chave no intuito de expandir o campo de pesquisa, entre elas: Fisioterapia, Postura, Escola, Promoção da Saúde, Saúde dos Estudantes, Saúde Escolar, Ambiente Escolar, Adolescentes. Sendo excluídos estudos que tenham sido publicados em período anterior ao ano de 2010, aqueles cujos assuntos não façam parte do escopo da presente pesquisa, os artigos em duplicidade nas bases de dados utilizados, e ainda os trabalhos que não disponibilizaram o artigo na íntegra e em português.
A seleção dos artigos foi analisada por todos os pesquisadores deste artigo de modo independente, que primeiramente criaram um banco de dados individual e após discussões, foi criado um novo banco de dados contendo todos os artigos selecionados nas bases de dados consultadas. Em seguida, os textos analisados foram organizados de acordo com a abordagem de cada assunto, de forma a mapear os resultados dos estudos sobre a atuação da fisioterapia na saúde dos escolares, sintetizar as práticas de intervenção fisioterapêuticas assistenciais e educacionais, identificar a atuação da fisioterapia na atenção primária no âmbito escolar e ressaltar a importância do fisioterapeuta na atenção primária, destacando sua relevância nas escolas.
Os resultados do estudo foram apresentados por meio de gráficos que exibem o ano e o tipo de publicação, além de um quadro detalhado contendo informações sobre os autores, objetivos, materiais e métodos, resultados, discussão e conclusão dos estudos. A análise foi realizada utilizando os programas Microsoft Excel 2013 e Microsoft Office Word 2013, como forma de mensurar os desfechos.
A revisão foi realizada no período compreendido entre outubro de 2024 a fevereiro de 2025. Após o estudo da literatura encontrada, foi realizada uma análise para identificar o perfil dos artigos e categorizar as intervenções fisioterapêuticas assistenciais e educacionais, facilitando a apresentação e a discussão.
Após a coleta dos dados, a revisão passou por uma fase de validação, na qual foi realizada uma análise aprofundada e detalhada dos estudos selecionados. O objetivo foi identificar possíveis explicações para resultados divergentes ou conflitantes. Em seguida, procedeu-se à comparação das informações destacadas na análise dos artigos.
7. RESULTADOS
Após a aplicação dos Decs em cada base de dados, duzentos e trinta e quatro (n: 234) artigos relacionados foram encontrados. Com a aplicação dos critérios de elegibilidade e procedimento descritos na metodologia, foram obtidos três (n: 3) artigos aptos para a amostra conforme Figura 1.
Figura 1 – Fluxograma da seleção de artigos ( modelo próprio )

Foram excluídos 220 artigos por não abordarem o aspecto saúde, prevenção e promoção da saúde dos escolares no ambiente escolar, com intervenção fisioterapêutica assistencial (IFA) e educacional (IFE) e nem as contribuições da fisioterapia neste contexto, e sim, vários estudos sobre avaliação postural dos estudantes, educação sobre doenças sexualmente transmissíveis, a atuação da fisioterapia na inclusão de crianças deficientes físicas em escolas regulares, inclusão de crianças e adolescentes com distúrbios neurológicos como TEA, Paralisia Cerebral e Síndrome de Down entre outros assuntos não relacionados com os objetivos desta pesquisa.
Ainda, constatou-se que 15 pesquisas encontradas englobam a temática atuação do fisioterapeuta no âmbito escolar de forma ampla, mas não possuem resumo ou conteúdo pertinente para este estudo, sendo assim excluídos desta pesquisa. É importante destacar que grande parte das publicações reunidas abordam a atuação da equipe multidisciplinar no cuidado de crianças e adolescentes em período escolar, enquanto poucas abordam de forma específica a atuação do fisioterapeuta neste contexto.
Os estudos analisados foram publicados entre 2010 e 2024, sendo a maioria de abordagem qualitativa. Em relação à atuação do fisioterapeuta no ambiente escolar, os artigos evidenciam sua importância, destacando seu papel para a promoção da saúde e a prevenção de complicações futuras. Sua atuação inclui a colaboração com a equipe escolar para orientar sobre posturas adequadas, ergonomia do mobiliário, uso correto da mochila e a correção de maus hábitos posturais, entre outras atribuições. Conforme observado na tabela 1 (Anexo 1).
8. DISCUSSÃO
A saúde postural de crianças e adolescentes tem se tornado uma preocupação crescente, principalmente no ambiente escolar, onde alguns fatores como a má postura ao se sentar, o peso excessivo das mochilas, o uso frequente de dispositivos eletrônicos e a falta de orientação adequada podem contribuir para o desenvolvimento de disfunções musculoesqueléticas, impactando na qualidade de vida dos estudantes.
Nesse contexto, a atuação do fisioterapeuta no ambiente escolar tem se mostrado essencial para a promoção da saúde e a prevenção de doenças posturais entre os estudantes. Souza et al, destaca que, apesar da escola ser um local estratégico para a promoção da saúde, a presença de profissionais da área ainda é limitada. A revisão sistemática conduzida pelos autores evidencia que a educação postural é a principal ação desenvolvida nas escolas, beneficiando, sobretudo, estudantes do ensino fundamental. Além disso, o estudo ressalta a necessidade de maior integração entre os setores da saúde e da educação para garantir um ambiente mais acessível e saudável para todos os alunos.
Conforme Benini e Karolczak, investigaram os efeitos de um programa de educação postural em uma escola municipal e observaram melhorias significativas nos hábitos posturais das crianças após uma sessão educativa. Foi constatada uma redução no peso das mochilas e mudanças positivas na postura adotada em atividades diárias, como assistir televisão e dormir. No entanto, os autores ressaltam que, apesar do impacto imediato, não se pode afirmar que a intervenção gerou mudanças permanentes nos hábitos posturais das crianças, o que reforça a necessidade de ações contínuas.
Nesse mesmo sentido, Vieira et al., realizaram um estudo semi experimental com escolares do terceiro ano do ensino fundamental em Porto Alegre, aplicando um Programa de Educação Postural (PEP) ao longo de nove semanas. Os resultados indicaram melhoras significativas na execução de atividades como carregar mochilas, pegar objetos do chão e sentar corretamente. Além disso, os professores e responsáveis relataram percepções positivas sobre o impacto do programa na rotina dos estudantes, destacando a conscientização dos alunos quanto à importância da postura adequada.
Dessa forma, esses artigos apontam que a educação postural no ambiente escolar é uma estratégia eficaz para a promoção da saúde e prevenção de problemas musculoesqueléticos. No entanto, para garantir mudanças duradouras nos hábitos posturais dos alunos, é fundamental que essas intervenções sejam contínuas e integradas ao cotidiano escolar. A presença do fisioterapeuta na escola possibilita não apenas a disseminação de conhecimento sobre postura e desenvolvimento motor, mas também fortalece a colaboração com os educadores, criando um ambiente escolar mais saudável e inclusivo.
Através das bases de dados consultadas, compreendeu-se que há poucos estudos publicados no Brasil, mesmo utilizando diversas palavras chaves com foco em expandir a pesquisa nestas bases. Nota-se que a atuação do profissional fisioterapeuta atuando de forma ativa nas escolas com promoção da saúde aplicando intervenções assistenciais e educacionais ainda é algo pouco explorado e praticado.
Pouco se dá, devido a falta de apoio político e estrutura para esta atuação ocorrer de forma segura e com estrutura. No Brasil, o Projeto de Lei (PL n. 854/2011) no qual a proposta estabelece que tanto as escolas públicas quanto as privadas devem contar com pelo menos um profissional de saúde, capacitado para oferecer atendimentos, como primeiros socorros, além de cuidar de alunos que necessitem de cuidados diários devido a condições como diabetes, epilepsia, asma, alergias, hemofilia, insuficiência renal e cardíaca, foi arquivada em 2015, de acordo com o Portal da Câmara dos Deputados: “Arquivado de acordo com os termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados”. Este cenário político no qual pouco se tem em investimento que fomente a saúde pública e educação, prejudica ainda mais o investimento em pesquisa que envolva a saúde das coletividades, principalmente em escolas públicas. Porém, de forma atuante e não menos importante, se tem o Programa Saúde na Escola (PSE), instituído em 2007 numa parceria dos Ministérios da Saúde e da Educação, no qual, anualmente os profissionais de saúde e de educação trabalham de maneira intersetorial para desenvolver atividades de promoção da saúde e prevenção de doenças nas escolas pactuadas, promovendo assim um ambiente saudável nas escolas (Câmara dos Deputados, 2015).
9. CONCLUSÃO
Esta revisão de literatura revelou que, embora haja uma escassez de material sobre promoção da saúde com intervenções fisioterapêuticas assistenciais e educacionais nas escolas, os estudos analisados concordam unanimemente sobre a relevância do papel do fisioterapeuta no ambiente escolar. Trata-se de um campo que ainda necessita de maior exploração.
Diante disto, destaca-se a necessidade de ampliar políticas públicas em prol da promoção da saúde no ambiente escolar com equipe multidisciplinar, tendo como exemplo o Programa Saúde na Escola, no qual o fisioterapeuta assume grande importância.
O fisioterapeuta desempenha um papel significativo nesse contexto, pois pode implementar práticas educacionais em saúde, oferecendo orientações aos alunos, promovendo a prevenção de problemas posturais, orientando sobre a adequação do mobiliário e realizando avaliações e intervenções em desequilíbrios posturais, contribuindo, por meio da prevenção, para a redução de complicações de saúde entre crianças e adolescentes.
10. ANEXO 1 (Tabela 1 – Criação autoral)




11. REFERÊNCIA
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