IDENTIFICAÇÃO DOS PILARES TERAPÊUTICOS APLICADOS A CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM AUTISMO: UMA REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10213942


Ana Clara Messias Esperandio1
Denise Ramos Costa2
Karolayni Cristina Santana Alvarenga3
Marília Gabriela Vieira de Moura4


RESUMO – Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que causa nos indivíduos dificuldades em três áreas principais: interação social, comunicação e comportamento. O diagnóstico do TEA é realizado através do quadro clínico com base nos sinais e sintomas propostos pelo DSM 5 – TR e existem ferramentas que auxiliam nesse diagnóstico. Um aspecto de maior relevância ainda é a intervenção precoce, tratamento padrão-ouro para TEA, segundo Sociedade Brasileira de Pediatria (2019), que precisa começar assim que houver suspeita ou logo após o diagnóstico. Materiais e Métodos: Trata-se de uma revisão sistemática, onde foram selecionados artigos utilizando os descritores “Condutas Terapêuticas”, “Saúde da Criança” e “Transtorno do Neurodesenvolvimento”, em inglês “Therapeutic Conducts”,  “Child Health” and “Neurodevelopmental Disorder” consultados por meio dos Descritores em Ciências da Saúde

(decs.bvsalud.org). Foram escolhidos trabalhos publicados entre 2017 e 2023 nas bases de dados BVS (Biblioteca virtual em Saúde) Google Acadêmico e Scielo. Resultados e Discussão: O Autismo é um transtorno de neurodesenvolvimento que possui vários tratamentos, além das formas de intervenções, cada uma com sua importância e adequação individual para cada caso. Experimentos científicos mostraram que e as melhores formas disponíveis atualmente, de tratar o autismo, tem sido com a Terapia Cognitivo Comportamental, ABA, acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Não há diretrizes sobre o uso de psicofármacos no tratamento dos sintomas do TEA, apesar de, conforme estudos, ser uma intervenção terapêutica útil para gerenciar sintomas incapacitantes na população autista.  Falar sobre cada tópico detalhado foi a prioridade desse projeto. Conclusão: Os principais exemplos de tratamentos encontrados nesse projeto são Terapia Cognitivo Comportamental, ABA, acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Os estudos determinaram que não há uma forma terapêutica ideal, mas que cada paciente se beneficia de algum método. 

Palavras-chave: Condutas Terapêuticas. Saúde da Criança. Transtorno do Neurodesenvolvimento. 

IDENTIFICATION THE THERAPEUTIC PILLARS APPLIED TO CHILDREN AND ADOLESCENTS WITH AUTISM.

ABSTRACT – Introduction: Autism Spectrum Disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder that causes difficulties in individuals in three main areas: social interaction, communication and behavior. The diagnosis of ASD is made through the clinical picture based on the signs and symptoms proposed by DSM 5 – TR and there are tools that help with this diagnosis. An aspect of greater relevance is early intervention, the gold standard treatment for ASD, according to the Brazilian Society of Pediatrics (2019), which needs to begin as soon as there is suspicion or soon after diagnosis. Materials and Methods: This is a systematic review, where articles were selected using the descriptors

“Therapeutic Conducts”, “Child Health” and “Neurodevelopmental Disorder”, in English “Therapeutic Conducts”, “Child Health” and “Neurodevelopmental Disorder” consulted by through the Health Sciences Descriptors (decs.bvsalud.org). Works published between 2017 and 2023 were chosen in the VHL (Virtual Health Library) Google Scholar and Scielo databases. Results and Discussion: Autism is a neurodevelopmental disorder that has several treatments, in addition to forms of interventions, each with its importance and individual suitability for each case. Scientific experiments have shown that the best ways currently available to treat autism have been with Cognitive Behavioral Therapy, ABA, psychological and psychiatric support. There are no guidelines on the use of psychotropic drugs to treat ASD symptoms, although, according to studies, it is a useful therapeutic intervention to manage disabling symptoms in the autistic population. Talking about each topic in detail was the priority of this project. Conclusion: The main examples of treatments found in this project are Cognitive Behavioral Therapy, ABA, psychological and psychiatric support. Studies have determined that there is no ideal therapeutic form, but that each patient benefits from some method.

Keywords: Therapeutic Conducts. Child Health. Neurodevelopmental Disorder. 

 Introdução 

Segundo Merlleti (2018), a palavra Autismo foi referenciada primeiramente no ano de 1906 e, desde então, foi modificada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), sendo hoje denominado Transtorno do Espectro Autista – TEA. Assim, o DSM 5 – TR (2014) retrata características essenciais do TEA. Ainda traz que existem padrões comportamentais restritivos e de repetição nas atividades, sendo que tais sintomas surgem na infância.

Viana et al. (2020) baseia-se nas definições de Kanner (1943) para definir o TEA Infantil como um estado condicional de comportamentos específicos, de manifestação precoce, tais como comportamentos ritualísticos, desordens nas relações afetivas, solidão artística, baixa habilidade na linguagem comunicativa, grandes potenciais intelectuais e aspectos físicos previamente normais. Porém, segundo DSM 5 – TR (2014), muitos indivíduos com TEA desenvolvem também comprometimento intelectual além de sintomas motores e episódios de perturbação psicomotora com sintomas estereotipados.

O diagnóstico do TEA é realizado através da observação clínica com base nos sinais e sintomas propostos pelo DSM 5. Além disso, sintomas tais como auto e hetero-agressividade, hiperatividade, desatenção, impulsividade, problemas de sono e autolesões também devem ser avaliados (MONTENEGRO et al, 2021). Ainda segundo Montenegro et al. (2021), a avaliação clínica do paciente precisa conter a história do desenvolvimento neuropsicomotor nos primeiros meses de vida, antecedentes gestacionais e perinatais, hábitos de sono e alimentação, investigação de comorbidades e história familiar de TEA.

Steinbrenner et al. (2020), trazem que o tratamento do Transtorno de Espectro Autista deve ocorrer por intervenção precoce por meio de terapias que objetivam o desenvolvimento do paciente. Nessa vertente, Montenegro et al. (2021), apresenta algumas terapias atuais com grande relevância baseadas na ciência da Análise Aplicada do Comportamento (ABA – Applied Behavior Analysis) juntamente com algumas terapias auxiliares como fonoterapia e terapia ocupacional, dentre outras, que devem ser orientadas conforme cada caso.

Ainda segundo Montenegro et al. (2021), dietas, suplementações e tratamentos alternativos têm sido propostos, porém, ainda sem muita evidencia  cientifica confirmada. Além disso, os autores, referem que, por vezes, há necessidade do uso de medicações em pacientes com TEA para controle de sintomas como agressividade. Adjacente a isto, Costa e Abreu (2021) trazem que os tratamentos iniciais para crianças autistas são majoritariamente psicossociais com intervenções educacionais objetivando melhora do desempenho social e comunicativo. Além disso, referem que não existem estudos aprofundados no Brasil sobre a quantidade de crianças com TEA que usam o tratamento com psicofármacos e que, nesse tipo de tratamento, não há padrões que tratem os sintomas principais do TEA.

Dessa forma, esse artigo objetiva estabelecer discussão sobre as bases terapêuticas aplicadas em crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) respondendo à pergunta: Quais são os pilares utilizados no tratamento de crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista? Essa pesquisa se justifica no fato de que os diversos debates sobre os reais benefícios, ou não, das terapias disponíveis, fazem com que a terapêutica desta doença ainda seja uma incógnita e gere efeitos cumulativos no decorrer dos anos.

Materiais e Métodos 

Trata-se de um estudo caracterizado como revisão sistemática da literatura. Os descritores utilizados foram “Condutas Terapêuticas”, ” Saúde da Criança” e “Transtorno do Neurodesenvolvimento”, em inglês “Therapeutic Conducts”, “Child Health” and “Neurodevelopmental Disorder” consultados por meio dos Descritores em Ciências da Saúde (decs.bvsalud.org). Foram selecionados, utilizando os descritores, trabalhos publicados entre 2017 e 2023 nas bases de dados BVS (Biblioteca virtual em Saúde) Google Acadêmico e Scielo.

Foram incluídos artigos na íntegra (em português e inglês) com descrição e abordagem qualitativa referente à análise dos pilares terapêuticos no tratamento de crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista. Foram excluídos estudos de abordagem quantitativa devido à importância da natureza qualitativa desta pesquisa. Para extração das informações dos artigos foi construído tabela com registro de informações relevantes como autores, título da pesquisa, ano de publicação e resultados.  

Utilizando-se o método de busca, foram encontrados, inicialmente, 49 publicações potencialmente selecionáveis para os resultados desta pesquisa, sendo Google Acadêmico=21, BVS=11 e Scielo=17. Destes, 14 foram descartados a partir da aplicação dos critérios de exclusão, portanto, 35 trabalhos foram selecionados para esta pesquisa, conforme critérios de inclusão.

Resultados e Discussão

Com base na seleção dos 35 artigos coletados para este estudo, 10 foram selecionados para compor o quadro de dados da pesquisa por terem informações que mais contribuíram para a compreensão da pesquisa. O quadro 1, a seguir, representa os resultados desses artigos, constituindo o “corpus” da pesquisa para ser analisado e discutido possibilitando maior conhecimento sobre o assunto. 

QUADRO 1: Descrição dos principais artigos utilizados no estudo

    Título     AutoresAno           Resultados
A importância de um diagnóstico precoce do Autismo para um tratamento mais eficaz: Uma revisão de LiteraturaSILLOS, I.R. et al.2020 O tratamento baseia-se em uma equipe multidisciplinar, com terapias ocupacionais, comportamental, fonoaudiológica e medicamentosa. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhores serão os resultados, principalmente pela maior plasticidade do sistema nervoso em idades precoces.
Os benefícios do uso de psicofármaco s          n o tratamento de indivíduos c o m transtorno do e s p e c t r o autista (TEA): Uma revisão bibliográfica.COSTA, G. O. N. e ABREU, C.R.C.2021A pesquisa indicou que há diversas pesquisas sobre alguns fármacos utilizados no atendimento ao autista, no entanto, não há um consenso sobre a prescrição desses fármacos sendo ainda uma área repleta de possibilidades para futuros estudos. Alguns estudos analisados indicaram alguns efeitos adversos sendo os mais citados o aumento de peso, de apetite, sedação e sonolência, sendo também um campo carente de mais
M o d e l o Denver de Intervenção Precoce para crianças com transtorno do e s p e c t r o autista.RODRIGUES A.A.; LIMA, M.M.; ROSSI, J.P.G.2021Por intermédio do Modelo Denver, é válida a sua proposição para auxiliar professores em sala de aula, pois age em prol do desenvolvimento cognitivo e social da criança, por meio de um trabalho feito em conjunto entre escola e clínica, onde os profissionais atuam mediando os professores de educação especial e de ensino
Autismo: uma r e v i s ã o integrativa.VIANA, A.C.V. et al.2020Para o tratamento do TEA existem múltiplos métodos ou chamadas terapias, que podem minimizar alguns efeitos ou comportamentos mais severos desses indivíduos e que também podem ser aplicados de acordo com o tipo de transtorno dos mesmos. No entanto, três deles – PECS (Picture Exchange Communication System), TEACCH (Treatment and Education of Autistic and related Communicationhandicapped Children) e o ABA (Applied Behavior Analysis) apresentaram os resultados mais satisfatórios, tendo assim permanecido como os principais métodos terapêuticos.
ABA e TEA: estratégias para reduzir a frequência de comportamen tos agressivos utilizando-se reforçando diferencial de comportamen tos alternativos sem extinção.CARVALHO, R.R.; MOREIRA, M.B.2022A dimensão aplicada da análise do comportamento demonstra que os estímulos e os comportamentos a serem estudados nela são definidos pela importância deles para sociedade e não para a teoria. Essa dimensão explicita o fato de que os comportamentos-alvo devem ser bem descritos e precisa haver mensuração precisa dos eventos físicos que os compõem, uma vez que os registros e a observação são feitas por humanos é muito importante que o profissional esteja atento para o fato da alteração de comportamento ter acontecido no comportamento do participante ou dos observadores.
As contribuições da análise do comportamen to (ABA) para a aprendizage m de pessoas com autismo: Uma revisão da literatura.MEDEIROS, D.S.2021As técnicas derivadas da abordagem ABA foram descritas e analisadas e relacionadas aos comportamentos inadequados de pessoas autistas. Quanto ao aspecto teórico, essa abordagem d o a u t i s m o , l e v a n d o e m consideração as necessidades de um adulto, mostra que a maioria dos estudos e desenvolvimentos teóricos é baseada em crianças e que somente nos últimos anos há movimentos de organizações e grupos de pais orientados a obter cuidados adequados e serviços durante todo o ciclo de vida e não apenas durante a infância.
Os objetos e o tratamento da criança autista.LUCERO, A. VORCARO, A.L.A.2015Enfatizamos que nossa aposta no tratamento de crianças autistas, seguindo a orientação psicanalítica, consiste em privilegiar o uso dos objetos como forma de estabelecer uma relação com o sujeito. Se essa relação irá possibilitar uma circulação da cadeia significante, a emergência de um duplo, a formação de uma imagem corporal, a criação de um objeto de suplência, todas essas saídas devem ser consideradas, desde que respeitem a singularidade do
Autismo: Propostas de IntervençãoLOCATEELLI, P.B.; SANTOS, M.F.R.2016O método de tratamento TEACCH, (Treatment and Education of Autistic and Related Communication handicapped Children), que em português significa Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com Distúrbios Correlatos da Comunicação, foi fundado pelo Dr. Eric Schoppler em 1966. É um m é t o d o d e t r a t a m e n t o psicoeducacional baseado em teorias fundamentadas em p e s q u i s a s , q u e v i s a m a estruturação da vida da pessoa com autismo em todos os ambientes sociais. Preocupa-se com todas as etapas de vida da criança autista, trabalhando na busca de melhorar a qualidade de vida, a independência e a atuação na sociedade. Entendendo que cada pessoa com autismo é única, portanto, a intervenção no TEACCH é uma intervenção individualizada, ou seja, as técnicas e os procedimentos são aplicados de forma individualizada com cada
Transtorno do E s p e c t r o A u t i s t a : p r i n c i p a i s f o r m a s d e tratamento.CUNHA, P.R., et al.2021O tipo de terapia escolhido deve ser dialogado também com outros profissionais envolvidos no tratamento. O planejamento do tratamento deve ser de acordo com o desenvolvimento do paciente. Com crianças pequenas, a prioridade deveria ser terapia da fala, da interação social/linguagem, educação especial e suporte familiar. Já com adolescentes, os alvos seriam os grupos de habilidades sociais, terapia ocupacional e sexualidade.
Consideraçõe s Acerca do Tratamento nãomedicamento so para o Autismo.GONÇALVES, K.; ADAM, C.; MATSUDA, L.O.2016O tratamento é complexo, a ação medicamentosa age diminuindo os sintomas da patologia para que outras terapêuticas possam trazer r e s u l t a d o s . D e s s a f o r m a , compreende-se que não há exclusividade de um único método terapêutico, mas sim de vários. Tanto a psicoterapia quanto a prática de esportes ajudam o indivíduo com autismo na melhora de sua interação, comunicação e habilidade social.

FONTE: Elaborado pelas autores (2023). 

Após as pesquisas nas plataformas científicas, os artigos foram lidos na íntegra e resultaram nesta discussão. Um aspecto de maior relevância ainda é a intervenção precoce, tratamento padrão-ouro para TEA, segundo Sociedade Brasileira de Pediatria (2019), que precisa começar assim que houver suspeita ou logo após o diagnóstico. 

A intervenção precoce se baseia em várias modalidades de terapia com apoio multiprofissional objetivando melhorar o desenvolvimento social e comunicativo da crianças, além de preservar o desenvolvimento intelectual e

melhorar a qualidade de vida da criança e da família. A SBP (2019) traz algumas modalidades terapêuticas comprovadas cientificamente e aprovadas atualmente no Brasil: a Análise Comportamental Aplicada (ABA) e o modelo Denver de Intervenção Precoce.

A análise do comportamento aplicada estuda os processos de aprendizagem para solucionar problemas de comportamento (CARVALHO e MOREIRA, 2022). Compreende–se o sistema ABA como tratamento baseado em evidências, que tem mostrado resultado positivo para trabalhar com estas crianças (LOCATELLI e SANTOS, 2016).

A SBP (2019) define que o ABA é amplamente usado para desenvolver as habilidades sociais e de comunicação juntamente com a diminuição de condutas que dificultem a adaptação, partindo de estratégias de reforço. Ainda segundo Locatelli e Santos, 2019, o ABA desenvolve as potencialidades das crianças e direciona o processo por etapas, além de ser também um método de terapia lúdica porque aproveita o espaço para a criança brincar levando em conta suas atividades preferenciais.

Existem inúmeras técnicas e métodos de ensino através do tratamento do ABA que tem se revelado útil do contexto de intervenção, tais como: “(a) tentativas discretas, (b) análise de tarefas, (c) ensino incidental, (d) análise funcional” (AMA, 2015). Locatelli e Santos (2016) concluem que o método de tratamento ABA constrói pré–requisitos para que a criança perceba o mundo de uma forma mais adequada e direciona as suas potencialidades para que a mesma utilize essa capacidade de aprender para realmente se tornar independente. Assim, o sistema ABA resgata essa potencialidade e transforma em comportamento adequado em habilidades efetivas.

Segundo Cunha et al. (2021) a terapia ABA tem sido o método mais utilizado em vários países, sobretudo, para promover a qualidade de vida das pessoas dentro do espectro, tem como objetivo alterar comportamentos disfuncionais, a  intervenção baseada no ABA busca identificar comportamentos e habilidades que precisam ser melhorados, durante as sessões o profissional deve manejar os comportamentos que são importantes para o desenvolvimento da criança, por exemplo; o ato de brincar, elogiar, imitar, o profissional deve instruir a criança de forma clara e reforçar o comportamento esperado pelo tratamento; sendo assim o ABA é visto como uma coleta de dados antes, durante e depois da intervenção, com o objetivo de ajudar a criança a tomar suas próprias decisões, melhorando assim as habilidades necessárias para a mesma. (SOUSA; DIAS et. Al., 2020)  

O Modelo Denver de Intervenção Precoce (ESDM – Early Start Denver Model) é um método de intervenção naturalista no qual se baseia em atividades que envolvem a rotina da criança lembrando um ambiente familiar para crianças com TEA (RODRIGUES, LIMA e ROSSI, 2021). Ainda segundo os autores, esse modelo dura em torno de 12 a 60 meses objetivando diminuir os sintomas mais graves do Autismo, além de melhorar o conhecimento e desenvolvimento cognitivo, social e de linguagem da criança. 

Howlin et al. (2011) acrescenta que o modelo ESDM é uma intervenção para crianças pré-escolares, que incorpora estratégias comportamentais, de desenvolvimento e baseadas em relacionamentos dentro de uma estrutura de ensino naturalista. Usada em lares de crianças ou escolas, com pais ou professores como terapeutas primários, a terapia é baseada individualmente e, após avaliações iniciais (para formular objetivos de aprendizagem individualizados), o plano de intervenção pode ser realizado pelos pais sem envolvimento direto de terapeutas externos. Isso também significa que as estratégias terapêuticas podem ser utilizadas durante todo o dia da criança – longas sessões de ensino não são necessárias.

Howlin et al. (2011) também evidencia que o programa Denver possibilita construir a relação das crianças com TEA por meio de atividades de socialização usando brincadeiras favoritas da criança, já que a intervenção precoce vem proporcionar oportunidades de aprendizagem. Pode-se observar que nas últimas décadas, as intervenções precoces aceleraram a aprendizagem de crianças, como também reduziram a gravidade da linguagem e o comprometimento intelectual (ROGERS e VISMARA, 2014).

Rodrigues, Lima e Rossi (2021) acrescenta que o método Denver é definido como currículo de desenvolvimento específico que pode ser aplicado por uma equipe multiprofissional, que abrange psicólogos, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, além dos pais que são membros importantes dessa equipe, desde que os atores envolvidos tenham experiência no método. Os autores explicam que devido as dificuldades de experiências sociais da criança autista, estas acabam perdendo habilidades de comunicação social e desenvolvendo deficiências de aprendizagem. Tais consequências podem ser prevenidas com o currículo Denver.

O ESDM é indicado para crianças de 7 a 48 meses de idade, não sendo indicado para idades inferiores ou superiores a esta faixa (RODRIGUES, LIMA e ROSSI, 2021). Os autores ainda justificam que, devido o autismo afetar a comunicação, comportamento social, desenvolvimento motor, aprendizagem e acarretar em problemas comportamentais, o ESDM tenha como base atividades e brincadeiras que a criança aprecie e em um ambiente propício para isso a fim de ela se sinta motivada.

Os principais pilares da equipe interdisciplinar, segundo a SBP (2019), são a família, a equipe de educação e de saúde que tem o papel de conduzir adequadamente o desenvolvimento da criança com TEA. Dentre os profissionais que fazem parte estão psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, assistentes sociais, fisioterapeutas e educadores físicos. O pediatra possui a função de encaminhar e articular com os profissionais juntamente com psiquiatra infantil.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (2019) ainda ressalta que existem intervenções dietéticas e uso de tratamento medicamentoso durante o tratamento. Isso ocorre porque é comum em pacientes com TEA diminuição do apetite e alterações no hábito alimentar, sendo documentadas episódios de aversão, seletividade alimentar e até mesmo recusa total de determinados alimentos e comportamentos obsessivos disfuncionais. 

Geralmente também o paciente autista precisa de tratamento psicofarmacológico para o controle dos sintomas do quadro como irritabilidade, impulsividade, agitação, auto ou heteroagressividade, além de comorbidades que podem existir junto ao TEA como Transtorno obsessivo compulsivo, Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, epilepsia e transtornos do sono.

Conclusão 

Após revisão literária observou-se que existem diversos pilares aplicados ao TEA, dentre eles podemos citar Terapia Cognitivo Comportamental, ABA, acompanhamento psicológico e psiquiátrico. E a partir disto, os estudos determinaram que não há apenas uma melhor forma de tratamento, mas que cada caso se beneficia com determinada terapêutica.  

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Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Porto S.A. – Afya – cep@itpacporto.com.br  Rua 02 Qd. 07 S/N Jardim dos Ipês, Porto Nacional –


Ana Clara Messias Esperandio – Discente no Curso de Medicina  AFYA – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC Porto Nacional) Endereço: Rua 02 Qd. 07 S/N Jardim dos Ipês, Porto Nacional – TO. 77500-000, Porto Nacional – TO1
Denise Ramos Costa – Mestre em Saúde Pública pela Escuela Nacional de Salud Pública – ENSAP Pós-graduada – Latu Sensu – Especialização em Psiquiatria pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – FCMSCSP Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU  Graduada em Medicina pelo Centro Universitário Tocantinense Presidente Antonio Carlos – Porto Nacional – TO Endereço: Rua 02 Qd. 07 S/N Jardim dos Ipês, Porto Nacional – TO. 77500-000, Porto Nacional – TO. E-mail: costarezendee123@gmail.com http://lattes.cnpq.br/31684948334447132
Karolayni Cristina Santana Alvarenga – Discente no Curso de Medicina AFYA – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC Porto Nacional) Endereço: Rua 02 Qd. 07 S/N Jardim dos Ipês, Porto Nacional – TO. 77500-000, Porto Nacional – TO.3
Marília Gabriela Vieira de Moura – Discente no Curso de Medicina  AFYA – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC Porto Nacional) Endereço: Rua 02 Qd. 07 S/N Jardim dos Ipês, Porto Nacional – TO. 77500-000, Porto Nacional – TO.4