REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202410312004
NASCIMENTO, Andreia dos Santos1
ALVES, Fabíola de Sousa2
MELO, Francisco de Assis Salgueiro3
SANTOS, Josiane Lima4
ALENCAR, Pedro Henrique Rodrigues5
RESUMO
Nesse sentido, a classificação de risco trata-se de um meio de sistematização e organização na saúde hospitalar, auxiliando diretamente na redução das filas de espera e na melhoria de condições de trabalho para os profissionais de saúde. Nos serviços de urgência e emergência, o profissional em enfermagem qualifica-se a fim de prestar assistência de forma digna e humanizada, uma vez que o ato da humanização compreende a comunicação, diálogo, acolhimento, respeito e resolutividade. Esta pesquisa tem como objetivo identificar as contribuições frente à humanização do profissional em enfermagem na classificação de riscos nos serviços de urgência e emergência. O presente estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo. Com este intuito, serão examinadas literaturas publicadas no período entre 2017 e 2023, consultadas em bibliotecas digitais, tais como a Scielo (Scientific Electronic Library Online), Pubmed (Medline), Google Scholar (Google Acadêmico). A partir das informações apresentadas, observou-se que o acolhimento com classificação de risco representa uma ferramenta utilizada para determinar o nível de gravidade da condição de saúde do paciente. Sendo assim, foi verificado a importância da humanização na classificação de risco nos setores de urgência e emergência, visto a importância do atendimento adequado e sensibilizado pelo enfermeiro, pois este possui uma função específica na melhora do estado emocional do paciente e dos seus familiares.
Palavras-chave: Classificação de risco; Humanização; Enfermagem; Urgência.
1 INTRODUÇÃO
Os Serviços Hospitalares de Emergência (SHE) tiveram um crescimento significativo no Brasil e no mundo, decorrente do aumento da violência urbana, de acidentes automobilísticos, da maior longevidade da população, além da não resolubilidade dos serviços de saúde. Diante disso, o Ministério da Saúde (MS) no ano de 2004, aplicou o sistema de Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR), na qual já era adotado por inúmeros países com o objetivo de humanizar o atendimento de acordo com o nível de necessidade dos pacientes (DUARTE, 2017).
Os serviços de urgência e emergência, tornou-se a motivação para a entrada dos usuários no sistema de saúde. Nesse sentido, a classificação de risco trata-se de um meio de sistematização e organização na saúde hospitalar, auxiliando diretamente na redução das filas de espera e na melhoria de condições de trabalho para os profissionais de saúde. Esta classificação pode ser realizada por meio de uma avaliação do grau de risco de cada paciente, sendo este, realizado por enfermeiros e enfermeiras, na qual deve estar adequado quanto a função de comunicar, de forma humanizada, aos pacientes e familiares acerca do grau de risco e o tempo de espera para o atendimento.
Nos serviços de urgência e emergência (SUE), observa-se uma sobrecarga de serviços em relação aos problemas de estruturação das redes de saúde, demanda excessiva, escassez de recursos, comprometendo a qualidade do atendimento no Sistema Básico de Saúde (SUS). Nos serviços de urgência e emergência, o profissional em enfermagem qualifica-se a fim de prestar assistência de forma digna e humanizada, uma vez que o ato da humanização compreende a comunicação, diálogo, acolhimento, respeito e resolutividade.
A questão/problema que norteia este estudo, tem como finalidade responder o seguinte questionamento: Quais são as principais contribuições do profissional em enfermagem no atendimento humanizado quanto à classificação de risco? De modo a responder a esta indagação, esta pesquisa possui como objetivo identificar as contribuições frente à humanização do profissional em enfermagem na classificação de riscos nos serviços de urgência e emergência. Os objetivos específicos consistem em: Verificar a relação da qualificação profissional dos enfermeiros e o processo de humanização nos atendimentos; Observar os efeitos e desafios da implantação do atendimento humanizado; Analisar as contribuições do enfermeiro no atendimento humanizado nos setores de urgência e emergência.
2 METODOLOGIA
O presente estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo. Para a revisão de literatura, os conhecimentos e análises acerca da temática, de modo que os objetivos do estudo fossem alcançados, serão consultados em fontes de pesquisa secundárias como artigos, trabalhos acadêmicos e monografias.
Com este intuito, serão examinadas literaturas publicadas no período entre 2017 e 2023, consultadas em bibliotecas digitais, tais como a Scielo (Scientific Electronic Library Online), Pubmed (Medline), Google Scholar (Google Acadêmico). Nestas bases de dados, serão optados por estudos que contenham as seguintes palavras-chave: “Classificação de risco”, “Humanização”, “Enfermagem”, “Urgência”. Desse modo, o embasamento teórico desta pesquisa será fomentado em estudos de autores como: Sousa et al., (2019); Pereira e Ferreira (2020); Silva e Carneiro (2023); Borges (2021), Dultra (2017), entre outros estudiosos.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 ASSISTÊNCIA HUMANIZADA
O termo humanização é proveniente da palavra humanismo, na qual representa a solidariedade com a natureza, de modo a promover a harmonização entre a razão e o sentimento. Já no âmbito da saúde, o termo “humanismo” envolveu uma série de discussões políticas, a fim de definir o termo humanização, como o cuidado e valorização da intersubjetividade das relações humanas. Nesse contexto, o processo de humanização está associado com a ação de evidenciar a importância dos sentimentos e emoções humanas, considerando estes inseparáveis dos aspectos físicos do paciente, representando uma atitude ética em todo ser humano (SOUSA, 2012).
A humanização representa um tema de frequente discussão, no que refere-se aos serviços de saúde. A história do processo de humanização, tem início no século XX, na qual houveram inúmeras iniciativas utilizando o termo humanização, surgido por meio da luta antimanicomial e pelo movimento feminista, na sua luta pela humanização da parturiente e dos neonatos. Sendo assim, os cuidados de saúde evoluíram com o passar dos anos, sendo notável nas primeiras intervenções cirúrgicas com condições inadequadas, falta de higiene pelo desconhecimento da atuação dos microrganismos e o período de guerras (CAMPELO; MACIEL; LEÃO, 2016).
Em saúde, humanizar consiste em uma via de mão dupla, uma vez que trata-se de um processo produzido na relação paciente-profissional. Todavia, este fenômeno possui grandes dificuldades quanto à sua aplicação, a partir de condições de trabalho precárias, sobrecarga profissional, falta de colaboradores, além das pressões vivenciadas no interior da organização que favorece a sobrecarga física e psíquica dos enfermeiros. Na evolução trabalhista em saúde, essas condições são essenciais na produção de bloqueios do avanço intelectual do profissional, simbolizando uma camisa de força que detém a criatividade dos profissionais (COLLET; ROZENDO, 2003).
Acerca da humanização em enfermagem, Tracolli e Zoboli (2004, p. 144) enfatiza que
O acolhimento, nos serviços de saúde, tem sido considerado como um processo, especificamente de relações humanas; um processo, pois deve ser realizado por todos os trabalhadores de saúde e em todos os setores do atendimento. Não se limita ao ato de receber, mas se constitui em uma seqüência de atos e modos que compõem o processo de trabalho em saúde
Diante disso, o debate acerca da humanização compreende o ser humano, visto que este, é motivado por emoções de raiva, amor, tristeza, compaixão, além de suas necessidades físicas, materiais, financeiras e espirituais (SANTOS; SOUZA, 2009). A Política Nacional de Humanização estabelece que a humanização deve ser realizada a partir do trabalho em conjunto da equipe, de modo a avaliar a necessidade de mudança nas práticas cotidianas de atenção e gestão, na qual determina alguns princípios para o acolhimento efetivo do paciente (Quadro 1), sendo eles:
Quadro 1 – Princípios para a prática da humanização em enfermagem
1 | Ter claro que todos os sujeitos envolvidos (gestores, trabalhadores e usuários) são responsáveis pelo/no processo de produção de saúde; |
2 | Valorizar e estimular o encontro entre profissional de saúde, usuário e sua rede social, como liga fundamental no processo de produção de saúde; |
3 | Reorganizar o serviço de saúde, a partir da problematização dos processos de trabalho, de modo a possibilitar a intervenção de toda a equipe multiprofissional encarregada da escuta e da resolução do problema do usuário; |
4 | Elaborar projeto terapêutico individual e coletivo, com horizontalização e por linhas de cuidado; |
5 | Garantir, nesse processo, o acolhimento aos trabalhadores e suas dificuldades, na acolhida à demanda da população; |
6 | Escutar e se comprometer em dar respostas às necessidades de saúde trazidas pelo usuário, incluindo sua cultura, saberes e capacidade de avaliar riscos; |
7 | Construir, coletivamente, as propostas com a equipe local e com a rede de serviços e gerências, em todos os níveis do sistema. |
Nesse sentido, sobre a busca de desenvolver um cuidado humanizado, é necessário compreender que o setor de saúde possui diversos procedimentos técnicos relacionados às ações de enfermagem. Para a realização da assistência humanizada nos serviços de classificação de risco na urgência e emergência, o profissional deve possuir algumas características específicas, sendo elas: conhecimento técnico, aptidão, trabalho resoluto, bem como maturidade emocional para lidar com episódios trágicos de informar uma familiar sobre morte. É necessário, também, que o enfermeiro possua um importante código de ética pessoal, para que as suas ações sejam orientadas para respeitar o paciente, familiares e equipe (DASILVA; ADEODATO, 2020).
3.2 DESAFIOS DA HUMANIZAÇÃO
A atuação do profissional de enfermagem durante e após o processo de classificação de risco nos setores de urgência e emergência, relaciona-se com a tomada de escolhas e atitudes que auxiliam no desenvolvimento de habilidades e na autonomia profissional, em que não restringe-se apenas ao registro utilizando discriminadores na classificação de risco do paciente. Dessa forma, o processo de classificação consiste em um método com o objetivo de identificar o nível de gravidade da saúde do paciente, buscando aplicar recursos e técnicas em saúde para restabelecer sua condição de saúde a partir dos cuidados da equipe multiprofissional (LIMA et al., 2023).
No processo de produção das ações nos setores de saúde, observa-se uma frequente banalização dos sentimentos, das necessidades individuais de cada pessoa, com os profissionais e com os pacientes. Sabe-se que os relacionamentos entre estes, geralmente, são superficiais, de modo que os conflitos ocasionados pela organização da assistência influenciam diretamente na maneira em que esta relação se estabelece. Na relação entre profissional e usuário, não existem vínculos, motivando a falta de percepção das necessidades dos pacientes por parte da equipe de enfermagem (COLLET; ROZENDO, 2003).
No processo de construção de uma relação entre as partes, evidencia-se um desligamento do sofrimento do outro e o medo auxilia uma separação subjetiva entre os cuidadores e aqueles que deveriam ser cuidados. Nessa perspectiva, Collet e Rozendo (2003, p. 191), sinalizam que
Nesses casos, tanto os profissionais quanto os usuários criam estratégias defensivas para enfrentar a perversidade do cotidiano do trabalho. Os usuários buscam forças internas, acionam mecanismos de defesa contra suas próprias emoções que funcionam como anestésicos durante o período que necessitam do atendimento em saúde. Já a enfermagem supõe-se imune contra a percepção do sofrimento dos usuários para não correr o risco de ser tomada de angústia. Ambos lutam contra a expressão pública de seus sofrimentos e sentimentos.
Na classificação de risco nas unidades de urgência e emergência, as principais dificuldades relacionam-se com a falta de conhecimento dos pacientes acerca das funções desenvolvidas pelos enfermeiros. Sendo assim, sabe-se que os serviços de atenção em urgência e emergência compreende articulações indispensáveis para a gerência do cuidado aos pacientes com necessidades complexas, na qual é essencial que haja a habilidade com o manejo tecnológico, aprimoramento científico e profissional, além da humanização extensiva dos familiares, sobre o impacto de uma determinada situação que coloca em risco a vida de um familiar ((LIMA et al., 2023).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir das informações apresentadas, observou-se que o acolhimento com classificação de risco representa uma ferramenta utilizada para determinar o nível de gravidade da condição de saúde do paciente. Desse modo, o Ministério da Saúde (BRASIL, 2008), afirma que a classificação de risco é constituída por todas as áreas da emergência e da urgência. Além disso, Pereira (2010) relatou que o acolhimento com classificação de risco, antes de tudo, consiste em um processo dinâmico de identificação dos pacientes que precisam ser atendidos imediatamente.
Quanto à atuação do enfermeiro frente ao processo de classificação de risco, Silveira e Assunção (2020) enfatizam que o enfermeiro detém de muitas funções, em que, muitas vezes são exercidas atividades complexas e multifacetadas. Para a realização de um atendimento de qualidade e humanizado, o enfermeiro deve ter instinto de liderança e saber lidar com os desafios recorrentes da profissão. É preciso ressaltar que, os profissionais de enfermagem possuem dificuldades em agregar ações gerenciais e assistenciais, o que tende a provocar um desalinho significativo no contexto profissional.
Diante disso, Santos de e Araújo (2020), sinalizam que a classificação de risco deve ser executada de forma exclusiva pelos enfermeiros, visto que estes, possuem consensos em conjunto com a equipe médica, na qual permite a avaliação do potencial de agravamento ou do grau de sofrimento do usuário. A classificação ocorre por meio de instrumentos, protocolos e ferramentas que sistematizam a avaliação efetiva, na qual são de grande relevância, uma vez que, o enfermeiro trata-se do profissional indicado para a execução da avaliação, sendo uma das suas principais responsabilidades efetuar a atribuição do grau de risco aos pacientes.
Nesse sentido, Lima et al. (2023) ressalta que o cuidar em enfermagem relaciona-se com a ação de observação das queixas subjetivas do paciente, cooperando para o conforto, bem-estar e recuperação. O processo de humanização, permite ao enfermeiro ouvir o usuário, a fim de identificar suas necessidades e agir a partir destas. Durante a realização da classificação, a assistência de enfermagem pode se deparar com diversos desafios, sendo um deles a falta de conhecimento sobre a atuação e competência dos profissionais de enfermagem.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste estudo, foi possível concluir que o profissional de enfermagem detém de um importante papel para alcançar como resultado o bem-estar do paciente, prevenir enfermidades e atuar na promoção da saúde. Frente a isso, a humanização auxilia na tomada de ações e escolhas, visto que os profissionais visualizam os pacientes como indivíduos dignos. Além disso, observou-se que os cuidados de enfermagem, nos setores de emergência e urgência, são constantemente, baseados no desenvolvimento de procedimentos, técnicas e métodos, além de exigir sensibilidade e habilidades emocionais para aplicar o cuidar aos usuários que necessitam.
Sendo assim, foi verificado importância da humanização na classificação de risco nos setores de urgência e emergência, visto a importância do atendimento adequado e sensibilizado pelo enfermeiro, pois este possui uma função específica na melhora do estado emocional do paciente e dos seus familiares, possibilitando, em alguns casos uma recuperação rápida e efetiva. Desse modo, foi possível atingir os objetivos propostos para o estudo, todavia, nota-se a necessidade da realização de novos estudos, buscando identificar o processo de humanização em outros setores da enfermagem.
REFERÊNCIAS
CAPELO, D. L.; MACIEL, G. K.; LEÃO, M. C. AVALIAÇÃO DA PRÁTICA DE HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE HOSPITALAR DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE UM HOSPITAL DE PRONTO SOCORRO DE BELÉM- PARÁ. 2016. 49 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Enfermagem) – Faculdade Paraense de Ensino, Belém, 2016.
COLLET, N.; ROZENDO, C. A. HUMANIZAÇÃO E TRABALHO NA ENFERMAGEM. Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 mar/abr;56(2):189-192.
DASILVA, A. P; ADEODATO, K. L. Humanização da Assistência de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI): uma revisão de literatura. 2020. 22 f. Artigo (Bacharelado em Enfermagem) – Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac, Gama, 2020.
LIMA, E. B. Et al. Desafios enfrentados por enfermeiros da classificação de risco em urgência e emergência. Journal Health NPEPS. 2023 jan-jun; 8(1):e10952.
SANTOS, C. C; SOUZA, K. C. A Humanização na interação enfermeiro e o paciente/família. 2009. 38 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Enfermagem) Fundação Educacional do Município de Assis, Assis, 2009.
SILVA, M. C. ATENDIMENTO HUMANIZADO EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE – ESF. 2019. 28 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialista em Gestão de Saúde) – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019.
SOUSA, P. A. HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NA ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA. 2012. 38 f. Trabalho (Especialização de Formação Pedagógica em Educação Profissional) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.
1Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Paulista – UNIP – E-mail: andreia-mdc@hotmail.com
2Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Paulista – UNIP – E-mail: fabiolasolsaalves6@gmail.com
3Acadêmico do curso de Enfermagem da Universidade Paulista – UNIP – E-mail: júnior_lander@hotmail.com
4Acadêmico do curso de Enfermagem da Universidade Paulista – UNIP – E-mail: assis_sm@hotmail.com
5Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Paulista – UNIP – E-mail: jojosiane807@gmail.com
6Orientador do curso de Enfermagem da Universidade Paulista – UNIP – E-mail: enfpedro.alencar@gmail.com