HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO ATRAVÉS DO USO DO PROTOCOLO SPIKES POR ENFERMEIROS: UMA REVISÃO NARRATIVA

HUMANIZATION OF CARE THROUGH THE USE OF THE SPIKES PROTOCOL BY NURSES: A NARRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11624282


Ilana Maria Brasil Do Espírito Santo1
Cilene Carmem Dos Santos2
Nedson Lechner Da Silva3
Jefferson Teodoro De Assis4
Nubia Erlany Da Costa Oliveira Pereira Prado 5
Sueli Noleto Silva Sousa6
Hildamar Nepomuceno Da Silva7
Clebson Ferreira De Lima8
Erica Cristina Dos Santos Schnaufer9
Pamela Caroline Guimarães Gonçalves10
Tiago De Campos Mendes11
Suene Carvalho Neves12
Nayara Jose Anchieta Scrivener13
Luciane Resende Da Silva Leonel14
Bianca Ramalho dos Santos Silva15


RESUMO

Na prática hospitalar, existem várias ferramentas que preparam os profissionais de saúde para transmitir informações difíceis, como más notícias, aos pacientes e seus familiares. Uma dessas ferramentas é o Protocolo SPIKES. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo analisar a literatura existente sobre a humanização do cuidado através do uso do protocolo Spikes pelos enfermeiros. Foi realizada uma revisão de literatura narrativa. A busca dos estudos foi realizada nos dias 10 de maio de 2024, nas bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), via PubMed; Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados em Enfermagem (BDENF) via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Index To Nursing And Allied Health Literature (Cinahal) e google acadêmico. Os descritores controlados foram selecionados por meio dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH Terms), sendo: Enfermagem AND Comunicação em Saúde AND SPIKES. Na etapa de busca bibliográfica, foram identificados 181 artigos, após aplicados critérios de exclusão, 7 estudos foram elegíveis para análise. Como resultado, A implementação do protocolo oferece uma estrutura organizada para a comunicação de más notícias, permitindo que os enfermeiros transmitam informações de forma clara, empática e respeitosa. O uso eficaz do Protocolo SPIKES pelos enfermeiros contribui significativamente para a humanização do cuidado, melhorando a qualidade do atendimento e promovendo a recuperação e satisfação do paciente. Conclui-se, A educação continuada e a capacitação específica dos profissionais de saúde são essenciais para o desenvolvimento dessas habilidades de comunicação e para a adoção de uma abordagem centrada no paciente.

Descritores: Enfermagem. Comunicação em Saúde. Protocolo Spikes.

ABSTRACT

In hospital practice, there are several tools that prepare healthcare professionals to deliver difficult information, such as bad news, to patients and their families. One of these tools is the SPIKES Protocol. Thus, the present study aims to analyze the existing literature on the humanization of care through the use of the SPIKES protocol by nurses. A narrative literature review was conducted. The search for studies was performed on May 10, 2024, in the following databases: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), via PubMed; Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS), Nursing Database (BDENF) via Virtual Health Library (VHL), Index To Nursing And Allied Health Literature (Cinahal), and Google Scholar. Controlled descriptors were selected through the Health Sciences Descriptors (DeCS) and Medical Subject Headings (MeSH Terms), namely: Nursing AND Health Communication AND SPIKES. In the bibliographic search stage, 181 articles were identified; after applying exclusion criteria, 7 studies were eligible for analysis. As a result, the implementation of the protocol provides an organized framework for communicating bad news, enabling nurses to convey information clearly, empathetically, and respectfully. The effective use of the SPIKES Protocol by nurses significantly contributes to the humanization of care, improving the quality of care and promoting patient recovery and satisfaction. In conclusion, continuous education and specific training for healthcare professionals are essential for developing these communication skills and adopting a patient-centered approach.

Descriptors: Nursing. Health Communication. SPIKES Protocol.

1 INTRODUÇÃO

Há um consenso entre os estudiosos de que a comunicação verbal e não verbal, quando realizada de maneira eficaz, pode atuar como um antídoto para danos psicológicos e emocionais sofridos pelo paciente ou familiar que a recebe. A comunicação é fundamental para a existência da humanidade, e à medida que crescemos, nossa capacidade de comunicação se torna mais complexa, incorporando habilidades de linguagem, leitura e análise do mundo e de nós mesmos (Moysés, 2020).

Nesse processo, é evidente que ao estabelecer comunicação com o outro, atribuímos significados e interpretações únicas ao que nos é dito ou expressado. Isso significa que não existe uma comunicação completamente objetiva, pois cada indivíduo possui uma singularidade que influencia a interpretação (Moysés, 2020).

Na prática hospitalar, existem várias ferramentas que preparam os profissionais de saúde para transmitir informações difíceis, como más notícias, aos pacientes e seus familiares. Uma dessas ferramentas é o Protocolo SPIKES. Esse protocolo é amplamente utilizado em diversos cenários, incluindo cuidados paliativos, para ajudar a desenvolver essa habilidade nos profissionais de saúde. Ele é crucial não apenas para médicos, mas também para enfermeiros, que desempenham um papel fundamental na comunicação dentro do contexto do cuidado (Travo, 2021).

Desta forma, entende-se que o protocolo possibilita preparar o profissional de enfermagem desde sua formação para a comunicação más notícias a fim de que ele saiba também quando assumir erros cometidos na assistência frente a equipe, familiares e paciente, tendo como foco a melhoria na assistência à saúde, aprimoramento da cultura de segurança do paciente e a garantia de sua integridade emocional (Ribeiro et al., 2021).

A comunicação de más notícias é uma das tarefas mais desafiadoras enfrentadas pelos profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, que frequentemente estão na linha de frente do cuidado ao paciente. A habilidade de transmitir informações sensíveis de maneira clara, empática e eficaz é crucial para garantir que os pacientes e suas famílias compreendam sua condição e os próximos passos do tratamento (Zin et al., 2021).

Nesse contexto, o Protocolo SPIKES surge como uma ferramenta essencial para guiar os profissionais de saúde nessa difícil tarefa. O Protocolo SPIKES, desenvolvido por Robert Buckman, é uma metodologia estruturada que visa auxiliar os profissionais de saúde na comunicação de más notícias. Este protocolo é composto por seis etapas: Setting (Configuração), Perception (Percepção), Invitation (Convite), Knowledge (Conhecimento), Emotions (Emoções) e Strategy and Summary (Estratégia e Resumo) (Zin et al., 2021).

Cada etapa é projetada para garantir que a comunicação seja realizada de maneira organizada, respeitosa e sensível às necessidades do paciente. A primeira etapa, Setting, enfatiza a importância de criar um ambiente adequado para a conversa. Escolher um local privado e tranquilo, onde não haja interrupções, é fundamental para garantir que o paciente se sinta seguro e respeitado. Sentar-se ao nível do paciente ajuda a criar uma atmosfera de empatia e igualdade, essencial para uma comunicação eficaz. A configuração adequada do ambiente é o primeiro passo para uma conversa bem-sucedida sobre notícias difíceis (Dermani et al., 2020).

Na etapa de Perception, o objetivo é avaliar a compreensão do paciente sobre sua condição atual. Os enfermeiros devem perguntar o que o paciente sabe sobre sua situação, permitindo identificar e corrigir quaisquer mal-entendidos. Esta etapa é crucial para alinhar as informações e garantir que o paciente tenha uma compreensão clara e precisa de sua condição, o que facilita a aceitação e o planejamento dos próximos passos. A etapa de Invitation envolve determinar o quanto o paciente deseja saber sobre sua condição. Nem todos os pacientes estão prontos para receber todas as informações de uma vez, e é importante respeitar seus desejos e limites (Zin et al., 2021).

Perguntar ao paciente o quanto ele quer saber ajuda a personalizar a comunicação, tornando-a mais eficaz e menos avassaladora. Essa abordagem centrada no paciente promove uma relação de confiança e respeito mútuo. Finalmente, nas etapas de Knowledge, Emotions e Strategy and Summary, os profissionais de saúde fornecem informações de forma clara, reconhecem e respondem às emoções do paciente e elaboram um plano de cuidado. Fornecer informações em uma linguagem simples, validar as emoções do paciente e discutir os próximos passos são elementos cruciais para uma comunicação eficaz. Resumir a conversa e garantir que o paciente e sua família compreendam os pontos principais fortalece a relação terapêutica e facilita o manejo da condição de saúde (Dermani et al., 2020).

A humanização no ambiente de saúde consiste em cuidados de forma consciente, empática e afetuosa. O ato de humanizar é um conjunto de ações que trazem resultados benéficos e acolhedores, buscando sempre preservar os valores sociais, espirituais e éticos do ser humano. É muito evidente que o paciente necessita de cuidados além dos aspectos biológicos, visando sempre o apoio emocional do mesmo com seus familiares, através do vínculo do profissional de saúde com respeito, sensibilidade, comunicação clara e participativa (Zin et al., 2021).

Levando em consideração a importância e a necessidade da assistência humanizada, em 2003, a Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS (PNH/SUS) foi criada pelo Ministério da Saúde (MS) a partir do momento que foi levado em consideração a importância e a necessidade da assistência humanizada. A PNH/SUS deve ser atribuída em todo o processo e políticas relacionadas ao SUS, na qual crie uma assistência de saúde que traga vantagens e valores sociais e éticos de todos os pacientes do sistema de saúde (Azeredo; Schraiber, 2021).

Desta forma, o presente estudo tem como objetivo, analisar a literatura existente sobre a humanização do cuidado através do uso do protocolo Spikes pelos enfermeiros.

2 MÉTODO

Trata-se de um estudo de revisão narrativa, que visa analisar pesquisas relevantes e sintetizar conhecimentos sobre um assunto específico, identificando lacunas no conhecimento que requerem investigações adicionais (Cordeiro et al., 2007).

A revisão narrativa é uma metodologia que busca reunir o conhecimento atual sobre um determinado tema. Esse processo envolve a identificação, análise e síntese dos resultados de estudos independentes que abordam o mesmo assunto. Ao permitir a prática baseada em evidências (PBE), a revisão narrativa analisa dados pertinentes a um tema específico e realiza uma pesquisa na literatura que ajuda a definir conceitos (Sousa et al., 2018).

Para elaboração da pergunta de partida da pesquisa foi utilizada a estratégia PICo (P: Paciente, problema ou população; I: fenômeno de interesse; Co: Contexto) (Karino; Feli, 2012), onde paciente, problema ou população (P): enfermagem; fenômeno de interesse (I): Protocolo SPIKES (Co): Humanização em saúde. Contribuindo para construção dos seguintes termos: (P) – enfermagem; (I) – conhecimentos, atitudes e prática em saúde; (Co) Transfusão de Sangue. Resultando na seguinte questão: Qual a atuação do enfermeiro frente humanização do cuidado através do uso do protocolo Spikes?

A busca dos estudos foi realizada nos dias 10 de maio de 2024, nas bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), via PubMed; Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados em Enfermagem (BDENF) via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Index To Nursing And Allied Health Literature (Cinahal) e google acadêmico.

De início, para busca dos estudos foi utilizado como estratégia à combinação de descritores controlados (indexados nas bases de dados respectivas) e não controlados. Os descritores controlados foram selecionados por meio dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH Terms). De modo a ampliar a estratégia de busca, realizou-se a combinação dos descritores controlados e não controlados, por intermédio de operadores booleanos AND, sendo: Enfermagem AND Comunicação em Saúde AND SPIKES.

Na fase inicial, os títulos e resumos foram identificados e avaliados independentemente por dois revisores para selecionar aqueles que atendiam aos critérios de elegibilidade. Os artigos potencialmente relevantes foram selecionados através da revisão dos títulos e resumos. Se os resumos fornecessem dados suficientes ou não estivessem disponíveis, o artigo completo era recuperado e examinado para determinar se preenchia os critérios de inclusão. Discordâncias foram resolvidas por meio de discussão com um terceiro revisor. Para otimizar a seleção dos estudos, utilizou-se o software bibliográfico EndNote, que facilitou a organização e gestão das referências, assegurando uma pesquisa sistemática e abrangente.

Na etapa seguinte desta revisão, após a leitura completa de todos os estudos incluídos, foi realizada a extração de dados por meio de um instrumento adaptado, buscando informações sobre os autores, período, ano de publicação, país, base de dados, método, tamanho da amostra e instrumentos utilizados na coleta de dados, bem como as conclusões dos estudos.

O processo de extração de dados foi conduzido por dois pesquisadores utilizando o programa Microsoft Word®, com o objetivo de sintetizar as informações dos estudos incluídos na revisão.

Na etapa de busca bibliográfica, foram identificados 181 artigos, dos quais 14 artigos na base Lilacs, 60 na base Medline, Google acadêmico 100 e 7 na BDENF. Destes, 137 estudos foram excluídos sendo: 7 por estarem duplicados, 79 por análise de título e resumo e 51 excluídos por estarem em outro idioma fora o estipulado, restando assim 44 estudos incluídos para análise de elegibilidades, nesse processo foram excluídos 37 estudos por não responderem os objetivos ou estarem fora da temática, sendo assim, 7 atenderam aos critérios de inclusão propostos na metodologia deste estudo, ilustrado pela figura 1.

Figura 1- Fluxograma da Revisão narrativa, (2024)

FONTE: Dados da Pesquisa, (2024).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os estudos analisados foram publicados em diversos anos, refletindo um crescente interesse no tema ao longo do tempo. Em 2013, duas referências foram publicadas (Neto et al., e Pereira, Fortes, Mendes), representando aproximadamente 28,57% do total de estudos listados. Houve um intervalo até a próxima publicação em 2018, com um estudo de Meneses, Castelli, Costa Junior, que corresponde a 14,29% das publicações. No ano de 2019, Souto e Schulze contribuíram com um estudo, também representando 14,29%. Em 2021, Gesser et al. publicaram um estudo, o que equivale a 14,29% das referências. Em 2023, dois estudos foram publicados (Alves et al. e Cardoso et al.), novamente constituindo 28,57% do total (Quadro 1).

Quadro 1: Estudos incluídos na revisão narrativa. 2024.

Autor/anoTítuloMétodoResultados
Neto et al. (2013)Profissionais de saúde e a comunicação de más notícias sob a ótica do pacienteEstudo transversalA comunicação da má notícia deve ser baseada numa boa relação profissional paciente; é esperado que a maioria das pessoas, após recebê-la, apresente sentimentos como angústia, desespero e tristeza, porém tais sentimentos podem ser exacerbados quando a notícia é transmitida de forma grosseira e indiferente
Pereira; Fortes; Mendes (2013)Comunicação de más notíciasRevisão sistemáticaA comunicação de más notícias é uma das tarefas mais difíceis na prática clínica dos profissionais de saúde, incluindo os enfermeiros. Devido à relação interpessoal desenvolvida entre o enfermeiro e o paciente, este desempenha um papel muito importante no momento de comunicar uma má notícia.
Meneses; Castelli; Costa Junior (2018)Comunicação de morte encefálica a familiares: levantamento com profissionais de saúdeEstudo transversalA idade do paciente, o conhecimento dos familiares sobre o estado clínico do paciente, o estado emocional e crenças religiosas foram variáveis referidas como funcionalmente relacionadas à condução da entrevista para obtenção de consentimento à doação de órgãos.
Souto; Schulze (2019)Profissionais de saúde e comunicação de más notícias: experiências de uma unidade neonatalEstudo transversalDestaca-se a não utilização de protocolos/embasamento teórico, porém existe reconhecimento dessa importância. É essencial proporcionar espaço para refletir e analisar as práticas profissionais e agregar subsídios para a comunicação de más notícias, assim como destaca-se a importância da educação continuada.
Gesser et a., (2021)Spikes: um protocolo para a comunicação de más notíciasRevisão de literaturaO estudo mostrou que o aperfeiçoamento das habilidades de comunicação é essencial para o trabalho médico, especialmente no que tange à transmissão de informações desfavoráveis, visto que esta é uma tarefa complexa e rotineira.
Alves et al., (2023)Comunicação de más notícias em unidade de terapia intensiva neonatalEstudo qualitativo, descritivo e exploratórioA reflexão sobre as dificuldades no processo de comunicação de más notícias ajuda a sensibilizar os médicos quanto à busca por aprendizado teórico, além de estimular a autocrítica, visando a empatia e a humanização da assistência na Utin.
Cardoso et al., (2023)Conhecimento dos profissionais de saúde sobre comunicação de más notícias em um pronto socorroEstudo observacional, descritivoEvidenciou-se que no âmbito do Pronto Socorro os profissionais desconhecem o Protocolo SPIKES e não utilizam nenhum protocolo para informar más notícias aos pacientes e familiares. Os profissionais necessitam de capacitação profissional, pois relatam possuir dificuldades para lidarem com tais situações.

FONTE: Dados da Pesquisa (2024).

Segundo Neto et al. (2013) o Protocolo SPIKE (Structured Approach to Breaking Bad News) é uma ferramenta fundamental para a comunicação de notícias difíceis em ambientes de saúde. Esse protocolo, quando aliado à atuação do enfermeiro e ao processo de humanização na saúde, cria um cenário propício para um atendimento integral e centrado no paciente. O enfermeiro, como membro essencial da equipe multidisciplinar, desempenha um papel crucial na implementação do SPIKE e na promoção da humanização do cuidado.

Da mesmoa forma, para Cardoso et al. (2023) a comunicação de notícias difíceis é uma tarefa delicada e desafiadora, que requer habilidades específicas por parte dos profissionais de saúde. O Protocolo SPIKE fornece uma estrutura organizada para essa comunicação, dividida em seis etapas: Preparação, Investigação, Conhecimento, Convite, Empatia e Estratégia e Resumo. Essa abordagem sistemática auxilia os profissionais a transmitir informações de maneira clara, empática e respeitosa, minimizando o impacto emocional sobre o paciente e seus familiares.

No estudo de Alves et al., (2023) apontam o enfermeiro, como profissional que estabelece um vínculo estreito com o paciente e sua família, é fundamental na implementação do Protocolo SPIKE. Durante a etapa de Preparação, o enfermeiro coleta informações relevantes sobre o paciente, seu histórico clínico e suas preferências de comunicação. Essa etapa é crucial para adaptar a abordagem às necessidades individuais de cada paciente.

Da mesma forma, segundo Souto; Schulze (2019) o enfermeiro desempenha um papel fundamental na etapa de Empatia, demonstrando compreensão e apoio emocional ao paciente e seus familiares. Essa etapa é essencial para estabelecer uma relação de confiança e promover um ambiente acolhedor e seguro para a discussão de questões delicadas.

Para Gesser et al. (2021) na etapa de Investigação, o enfermeiro avalia o nível de conhecimento do paciente sobre sua condição de saúde, criando um ambiente propício para a comunicação aberta e honesta. Essa etapa permite identificar possíveis barreiras de comunicação e adaptar a linguagem utilizada, garantindo que o paciente compreenda as informações fornecidas.

Não obstante, para Meneses; Castelli; Costa Junior (2018) a implementação do Protocolo SPIKE está intimamente relacionada ao processo de humanização na saúde. Ao adotar uma abordagem centrada no paciente, os profissionais de saúde, incluindo os enfermeiros, reconhecem a singularidade de cada indivíduo e suas necessidades específicas. Essa perspectiva humanizada valoriza a autonomia do paciente, sua participação ativa no cuidado e o respeito à sua dignidade.

Nesse sentido Alves et al. (2023) o processo de humanização na saúde também envolve a criação de um ambiente terapêutico acolhedor e seguro. O enfermeiro desempenha um papel fundamental nesse aspecto, promovendo a privacidade do paciente, a redução de ruídos e a manutenção de um ambiente limpo e organizado. Essas medidas contribuem para o bem-estar físico e emocional do paciente, favorecendo sua recuperação.

Além disso, segundo Gesser et al. (2021) o enfermeiro atua como elo entre o paciente, sua família e a equipe multidisciplinar. Ao facilitar a comunicação e a integração entre esses diferentes atores, o enfermeiro garante a continuidade do cuidado e a implementação de um plano terapêutico coerente e eficaz. Essa atuação fortalece o vínculo entre o paciente e a equipe de saúde, promovendo a confiança e a satisfação com o atendimento recebido.

A implementação do Protocolo SPIKE e a promoção da humanização na saúde segundo Cardoso et al. (2023) requerem, um esforço conjunto de toda a equipe de saúde. Nesse contexto, a educação continuada dos profissionais é essencial para o desenvolvimento de habilidades de comunicação eficazes e a adoção de uma abordagem centrada no paciente. Programas de capacitação e treinamento específicos podem contribuir para a disseminação dessas práticas e a melhoria contínua da qualidade do atendimento.

Apontam Alves et al. (2023) que o papel do enfermeiro no uso do Protocolo SPIKES vai além da mera transmissão de informações; ele envolve a humanização do cuidado. A humanização na saúde refere-se à prestação de cuidados centrados no paciente, respeitando sua dignidade, valores e preferências. Os enfermeiros, ao aplicarem o Protocolo SPIKES, promovem um cuidado mais humanizado, considerando o paciente como um todo e não apenas como um caso clínico. Isso envolve ouvir ativamente, oferecer suporte emocional e ser um elo de confiança entre o paciente e a equipe de saúde.

A atuação do enfermeiro no contexto do Protocolo SPIKES para Cardoso et al. (2023) também implica em fornecer suporte contínuo ao paciente e à família após a comunicação de más notícias. Isso pode incluir o encaminhamento para serviços de apoio psicológico, grupos de suporte e outras intervenções necessárias para lidar com o impacto emocional da notícia. A continuidade do cuidado e o suporte integral são aspectos fundamentais da prática de enfermagem, assegurando que o paciente não se sinta abandonado após receber informações difíceis.

4 CONCLUSÃO

As considerações finais deste estudo destacam a importância do uso do Protocolo SPIKES pelos enfermeiros na promoção da humanização do cuidado. A implementação do protocolo oferece uma estrutura organizada para a comunicação de más notícias, permitindo que os enfermeiros transmitam informações de forma clara, empática e respeitosa. Ao se prepararem adequadamente, investigarem o conhecimento prévio do paciente, e demonstrarem empatia, os enfermeiros conseguem criar um ambiente acolhedor e seguro, essencial para a confiança e o bem-estar emocional do paciente e de seus familiares.

Essa abordagem humanizada valoriza a individualidade do paciente, respeita sua dignidade e promove sua participação ativa no cuidado. Além disso, a atuação dos enfermeiros no uso do Protocolo SPIKES vai além da mera transmissão de informações, abrangendo o suporte emocional contínuo e a facilitação da comunicação entre o paciente, sua família e a equipe multidisciplinar. A educação continuada e a capacitação específica dos profissionais de saúde são essenciais para o desenvolvimento dessas habilidades de comunicação e para a adoção de uma abordagem centrada no paciente.

Dessa forma, o uso eficaz do Protocolo SPIKES pelos enfermeiros contribui significativamente para a humanização do cuidado, melhorando a qualidade do atendimento e promovendo a recuperação e satisfação do paciente. Para pesquisas futuras, sugere-se explorar a eficácia do Protocolo SPIKES em diferentes contextos clínicos e culturais, investigando como variáveis como idade, gênero e cultura dos pacientes influenciam a recepção e o impacto das más notícias.

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1 Mestra em Ciências e Saúde UFPI. Enfermeira Assistencial HU UFGD/ EBSERH. Email: Ilanabrasyl76@gmail.com

2Especialização em UTI Geral e Gestão de Assistência ao Paciente Critico /FACUMINAS. Email: Cilenecs2023@gmail.com

3Enfermeira Assistencial HU UFGD/EBSERH. Email: nedson.enf@hotmail.com

4Mestre em Nutrição, Alimentos e Saúde /UFGD. Enfermeiro Assistencial do HU UFGD/EBSERH. Email: jefferson.assis@ebserh.gov.br

5Enfermagem UNINOVAFAPI. Email: nubiaerlany@hotmail.com

6Enfermeira Assistencial do HUUFPI/EBSERH. Email: suelinoleto@hotmail.com

7Enfermeira Assistencial HUUFPI/EBSERH. Email: hildamarsilva@yahoo.com.br

8Enfermeiro Assistencial HUUFPI/EBSERH. Email: clebsoncobain@hotmail.com

9Enfermeira Assistencial do HU UFGD/EBSERH. Email: ericasschnaufer@hotmail.com

10Enfermeira Assistencial HUUFPI/EBSERH. Email: pamggoncalves@gmail.com

11ENFERMEIRO ASSISTENCIAL HUUFGD/EBSERH. Email: Tiagocm99@gmail.com

12Enfermeira Faculdade Santa Terezinha /CEST. Email: Sueneneves02@hotmail.com

13Enfermeira Assistencial do HU UFGD/EBSERH. Email: nayarascrivener@outlook.com

14Enfermeira Assistencial do HUUFPI/ EBSERH. Especialista em UTI- UNIPÓS. Email: luciane.resende@ebserh.gov.br

15Enfermeira Assistencial HUPAA–UFAL/EBSERH. Email: bilinha_ramalho_@hotmail.com