HUMANIZAÇÃO DA ENFERMAGEM NO CUIDADO PRESTADO À MULHER EM CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8014023


Taílson Silva Belo1
Larissa Aguiar de Mendonça2
Ana Carolina de Moraes Cruz3


RESUMO

Introdução: A gestação é um processo fisiológico e de importância na reestruturação da vida da mulher e dos papéis que ela exerce. Além das mudanças físicas e psicológicas, a mulher passa por adaptações em seu âmbito profissional e social. O enfermeiro participa da equipe multiprofissional e desempenha importante papel no cuidado prestado à gestante. A enfermagem tem oportunidade de criar vínculo com a parturiente e promover um cuidado diferenciado e efetivo à mesma, através de uma assistência qualificada, acolhedora e humanizada.  Objetivo: Objetivou-se, com esta pesquisa, abordar uma assistência de enfermagem mais humanizada no cuidado às mulheres em processo de ciclo gravídico-puerperal. Método: O estudo foi realizado por meio de uma revisão integrativa e selecionados trabalhos publicados em bases de dados, entre os anos de 2018 a 2023. Resultados: a consulta de enfermagem no pré-natal envolve procedimentos bastante simples, podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar as demandas da gestante, transmitindo nesse momento o apoio e a confiança necessários para que ela se fortaleça e possa conduzir com mais autonomia a gestação e o parto. Durante o pré-natal, são estabelecidas as relações de comunicação enfermeira-gestante em que deve ser realizado o acolhimento e a escuta, contribuindo para que a gestante enfrente esta etapa da vida com mais tranquilidade, pois lhe permite compreender e expressar os diversos sentimentos vivenciados. O papel do enfermeiro e da equipe multidisciplinar e orientar a parturiente sobre a vantagem do parto normal e humanizado tanto para ela quanto para o bebê para assim obter uma assistência respeitosa no parto e nascimento é primordial, que os profissionais permitam a mulher como condutora da parturição, respeitando seus direitos e vontades, reconhecendo como um indivíduo único. Conclusão: são os enfermeiros que estão presentes junto à mãe em todo processo de parturição, oferecendo conforto, atenção, esclarecendo dúvidas e apoiando a mãe em tudo que ela necessitar.

Palavras-chave: assistência de enfermagem, pré-natal, gravídico-puerperal, parto normal, humanizado.

ABSTRACT

Introduction: Pregnancy is a physiological and important process in the restructuring of women’s lives and the roles they play. In addition to the physical and psychological changes, the woman goes through adaptations in her professional and social context. The nurse participates in the multidisciplinary team and plays an important role in the care provided to the pregnant woman. Nursing has the opportunity to create a bond with the woman in labor and promote differentiated and effective care for her, through qualified, welcoming and humanized assistance. Objective: The objective of this research was to address a more humanized nursing care in the care of women in the pregnancy-puerperal cycle. Method: The study was carried out through an integrative review and selected works published in databases, between the years 2018 to 2023. Results: the nursing consultation in prenatal care involves very simple procedures, and the health professional can dedicate to listen to the pregnant woman’s demands, transmitting at that moment the support and confidence necessary for her to become stronger and to be able to conduct the pregnancy and childbirth with more autonomy. During prenatal care, nurse-pregnant woman communication relationships are established, in which welcoming and listening must take place, contributing to the pregnant woman facing this stage of life more calmly, as it allows her to understand and express the different feelings experienced. The role of the nurse and the multidisciplinary team and to guide the parturient about the advantage of normal and humanized childbirth for both her and the baby, in order to obtain respectful assistance in labor and birth, is paramount, that professionals allow the woman to lead the parturition, respecting their rights and wishes, recognizing as a unique individual. Conclusion: it is the nurses who are present with the mother throughout the parturition process, offering comfort, attention, clarifying doubts and supporting the mother in everything she needs.

Keywords: nursing care, prenatal, pregnancy-puerperal, normal delivery, humanized.

1 INTRODUÇÃO

Para que a gravidez transcorra com segurança, são necessários cuidados da própria gestante, do parceiro, da família e, especialmente, dos profissionais de saúde. a atenção básica na gravidez inclui a prevenção, a promoção da saúde e o tratamento dos problemas que ocorrem durante o período gestacional e após parto. (JOSÉ, SERRA. MINISTRO DA SAÚDE).

A gestação é um processo fisiológico e de importância na reestruturação da vida da mulher e dos papéis que ela exerce. É um período constituído por uma sequência de adaptações incididas tanto no corpo quanto no psicológico da mulher posteriormente à fertilização. Além das mudanças físicas e psicológicas, a mulher passa por adaptações em seu âmbito profissional e social (ARAÚJO, DANIELLE et al., 2020).

Para que haja a acomodação do feto dentro do útero e por fatores hormonais, a mulher passa por alterações físicas, podendo ser exemplificadas pelo ganho de peso, aumento das mamas e do abdome, modificações em seus cabelos e na pele, e ainda apresentar crises de náuseas e vômitos, entre várias outras variações (ARAÚJO, DANIELLE et al., 2020).

A atenção à Saúde da Mulher, durante o ciclo gravídico-puerperal, é um desafio para as autoridades em saúde de todo o mundo, no tocante à qualidade da assistência prestada e marcos conceituais. O ciclo gestatório deve ser acompanhado de forma satisfatória em suas três fases: gravidez, parto e puerpério, para que a mulher receba uma assistência integral e de maior qualidade. (BALSELLS, MARIANNE et al., 2018).

Durante o processo do parto, a satisfação com a assistência recebida interfere diretamente sobre a saúde e o bem-estar da mulher e de seu filho recém-nascido, ocasionando efeitos psicológicos, físicos e sociais. (JAMAS, MILENA et al., 2021).

A mortalidade materna e neonatal reflete importantes indicadores da qualidade da assistência ao ciclo gravídico-puerperal e recém-nascido e a enfermagem proporciona a assistência de maior qualidade e satisfação à mulher e ao neonato, podendo contribuir para diminuição destes indicadores, considerando que a formação está voltada à Prática Baseada em Evidências (PBE) e à assistência humanizada. A qualidade da assistência, no que tange às Boas Práticas de Assistência ao Parto, está no cerne do problema da mortalidade materna no Brasil e as estratégias de qualificação e atualização científica dos profissionais de saúde podem melhorar a qualidade da atenção às mulheres (SILVA et al., 2021).

A assistência ao parto e nascimento de baixo risco pode ser realizada tanto por médico obstetra quanto por enfermeiros obstétricos e obstetriz. É recomendado que os gestores proporcionem condições para a implementação do modelo colaborativo de assistência, por apresentar vantagens em relação à redução de intervenções e maior satisfação das mulheres. A assistência obstétrica no modelo colaborativo significa a integração da medicina e da enfermagem obstétrica na equipe. A enfermagem obstétrica assume a assistência das mulheres de risco habitual, assegurada a possibilidade de referência imediata ao médico obstetra em casos de complicações. (RITTER, SIMONE et al., 2020).

No Brasil, a participação da enfermagem obstétrica no parto vaginal é limitada. Em estudo realizado em maternidades brasileiras, 16,2% dos partos vaginais foram assistidos pela enfermagem obstétrica, nos quais as boas práticas foram significativamente mais frequentes. (RITTER, SIMONE et al., 2020).

O enfermeiro participa da equipe multiprofissional e desempenha importante papel no cuidado prestado à gestante. Por meio do Processo de Enfermagem (PE) o enfermeiro integraliza a assistência de enfermagem à parturiente, planejando e promovendo um cuidado específico conforme suas necessidades. A enfermagem tem oportunidade de criar vínculo com a parturiente e promover um cuidado diferenciado e efetivo à mesma, através de uma assistência qualificada, acolhedora e humanizada. (FRAGA, TARCIANY et al., 2018).

Sendo assim, reconhecer os sentimentos do paciente é fundamental para a equipe, pois é através dessa compreensão que percebemos as necessidades do paciente, para que seja realizado um plano sistematizado do cuidado, considerando a pessoa como um todo, buscando sempre desenvolver a empatia nos atendimentos. (SILVA, HELENA, 2018). 

Em se tratando do cuidado na linha de cuidado mãe-bebê desenvolve-se um espaço de acolhimento desde o momento onde a mulher procura a UBS, para confirmar sua gestação até o momento do nascimento do bebê e o retorno da parturiente à UBS, para a continuidade do cuidado. (SILVA, HELENA, 2018).

2 METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, onde foi realizado um levantamento bibliográfico eletrônico, onde as bases de dados foram artigos, monografias e dissertações. Conforme Silva e Bittencourt (2021), A revisão integrativa determina o conhecimento atual sobre uma temática específica, já que é conduzida de modo a identificar, analisar e sintetizar resultados de estudos independentes sobre o mesmo assunto. o que proporciona uma troca e ampliação do conhecimento, formando ideias mais consolidadas e fundamentadas para o exercício profissional da enfermagem.

Os instrumentos de pesquisa dos artigos científicos se deram nas seguintes bases de dados: Literatura latino-americana e do Caribe em ciências da saúde (LILACS), Scientific Electronic Library online (SCIELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF). Periódicos CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e sites de universidades que continham trabalhos científicos publicados. Logo, utilizaremos os seguintes descritores: Assistência de Enfermagem. Pré-Natal. Parto Normal. Parto Natural. Pós-Parto. Puerpério. 

Para a seleção dos trabalhos acadêmicos serão levados em consideração a aplicação de critérios de inclusão: artigos, monografias e dissertações publicados na íntegra, no período de 2018 a 2023, em português, que retratassem a temática apresentada.

Como referencial de critérios de exclusão: publicações anteriores ao ano de 2018 serão descartadas desta pesquisa. Os aspectos éticos foram respeitados, na medida em que os autores dos artigos selecionados foram referenciados no decorrer do trabalho.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 O Pré-Natal

O principal objetivo da assistência pré-natal é acolher a mulher desde o início de sua gravidez – período de mudanças físicas e emocionais -, que cada gestante vivencia de forma distinta. Essas transformações podem gerar medos, dúvidas, angústias, fantasias ou simplesmente a curiosidade de saber o que acontece no interior de seu corpo. (JOSÉ, SERRA. MINISTRO DA SAÚDE).

Em geral, a consulta de enfermagem no pré-natal envolve procedimentos bastante simples, podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar as demandas da gestante, transmitindo nesse momento o apoio e a confiança necessários para que ela se fortaleça e possa conduzir com mais autonomia a gestação e o parto. A maioria das questões trazidas, embora pareça elementar para quem escuta, pode representar um problema sério para quem o apresenta. Assim, respostas diretas e seguras são significativas para o bem-estar da mulher e sua família. (JOSÉ, SERRA. MINISTRO DA SAÚDE).

A primeira avaliação da gestante deve ser integrada e abranger avaliação clínica, exames complementares, identificação e investigação de fatores de risco. Preferencialmente, deve ser organizada com a lógica da atenção contínua, sendo realizadas avaliações individuais sequenciais pelo médico, enfermeiro, técnico em enfermagem, ACS, dentista e outros profissionais da equipe, seguindo-se com a discussão de caso e a elaboração do plano de cuidados e autocuidado (GOMES, MARINA et al., 2019).

Assegurado à gestante o direito de levar um acompanhante de sua escolha nas consultas (companheiro, mãe, amiga ou outra pessoa). Sabe-se que a presença do pai (companheiro ou parceiro) na primeira consulta traz significativo diferencial qualitativo a esse atendimento. Não havendo possibilidade da presença do parceiro, um familiar também ajuda sobremaneira, dando confiança à gestante, a qual se sente amparada no cenário da consulta pré-natal (GOMES, MARINA et al., 2019).

Outro dado identificado na literatura que merece destaque e deve ser considerado para a segurança do paciente durante o pré-natal é a comunicação entre o enfermeiro e o paciente. Durante o pré-natal, são estabelecidas as relações de comunicação enfermeira-gestante em que deve ser realizado o acolhimento e a escuta, contribuindo para que a gestante enfrente esta etapa da vida com mais tranquilidade, pois lhe permite compreender e expressar os diversos sentimentos vivenciados. (DALRI, CRISTINA et al., 2022).

Outro estudo avaliado evidenciou que a escuta é um excelente recurso para identificar as necessidades das gestantes e, dessa forma, oferecer-lhes informações e cuidados pertinentes. Demonstrou-se a importância de o profissional oferecer informações claras e adequadas a cada situação, estando aberto para a escuta das dúvidas, medos e anseios das gestantes. As ações individuais e coletivas devem ser direcionadas e específicas de acordo com o perfil da gestante, auxiliando no desenvolvimento de uma gestação saudável. (DALRI, CRISTINA et al., 2022).

3.2 Parto normal ou cesáreo 

O significado de parto normal é atribuído àquele que ocorra naturalmente como um fenômeno natural, sendo por isso considerado também como parto natural. Para que este fenômeno possa ser considerado como parto normal, ele tem que ser realizado de modo que intercorrências ou procedimentos desnecessários não ocorram ao longo do trabalho de parto propriamente dito, assim como no parto e também pós-parto, mantendo sempre atenção frequente para segurança e respeito aos direitos tanto da parturiente como de seu filho visando ao bem-estar (ALBENIZ, VICENTE 2018).

Ressalte-se que, as cesáreas sem a devida indicação estão associadas a maiores riscos para a saúde materna e infantil, para a parturiente aumentam os riscos de intercorrências como hemorragias, infecções puerperais, embolia pulmonar, complicações anestésicas e morte materna; para o recém-nascido há mais chances de ocorrer problemas respiratórios, icterícia fisiológica, prematuridade iatrogênica, anóxia e mortalidade neonatal entre outras (ALBENIZ, VICENTE 2018).

O preparo para o parto no pré-natal, situa-se como um espaço estratégico e fundamental para o enfrentamento do medo. A literatura ressalta que fornecer orientações reais sobre a evolução do parto de forma simples e clara contribui para aliviar o medo da dor, da morte, assim como as ansiedades e inseguranças. (SOUZA, 2023).

O medo do parto é uma construção histórico-cultural arraigada na sociedade. Desde a infância as mulheres são apresentadas a uma cultura que vê e retrata o parto de forma negativa, enfatizando os aspectos de sofrimento deste momento. É verdade que o parto é um evento intenso, em que a dor costuma ser parte integrante dessa experiência. Ao longo da história ocidental a dor do parto se constituiu enquanto um castigo, algo em que as mulheres deviam ser salvas e a obstetrícia se constituiu enquanto uma forma de livrar as mulheres desse processo doloroso, em um processo de trabalho de parto fisiológico, onde existe um preparo da mulher para esse momento, a dor pode inclusive ajudar a mulher compreender qual momento do trabalho de parto ela está, o que esperar, mais ou menos, de cada um desses momentos. Neste sentido, preparar a mulher para o parto é de extrema importância para que elas possam entender e se apropriar dos aspectos fisiológicos e emocionais esperados para este momento, desmistificando o que foi aprendido até então. (SOUZA, 2023).

Os processos da gravidez, do parto e do nascimento, que anteriormente ocorriam em família, onde os participantes eram ligados por fortes vínculos humanos e suportes sociais, passaram de evento familiar para hospitalar com os avanços tecnológicos e científicos na área da saúde. Agora, os profissionais da saúde controlam como e quando será o parto, quem e quando pode ter contato com o binômio mãe-filho, e como deve ser o comportamento das pessoas envolvidas. (RIBEIRO, LUCIANE 2019).

Assim, o projeto Rede Cegonha, instituído no Brasil em março de 2011, tem sido um programa de grande importância para o desenvolvimento e estímulo das boas práticas inseridas no contexto do parto e do trabalho de parto nos hospitais do país, além de promover o acompanhamento adequado da gestante em um pré-natal de qualidade. As políticas de boas práticas compreendem, de início, o transporte das gestantes ao hospital, o apoio ao recém-nascido e a alimentação materna saudável imprescindível para o desenvolvimento da criança, além do direito à escolha da presença do acompanhante, entre outras. (RIBEIRO, LUCIANE 2019).

O enfermeiro deve estar atento às queixas e outras manifestações que possam indicar alguma irregularidade, assim como, orientar a gestante sobre a evolução da dilatação e do trabalho de parto, ensinando condutas a serem tomadas, como as técnicas respiratórias a cada contração e relaxamento nos intervalos. (AZEVEDO, ANA et al., 2022).

O papel do enfermeiro e da equipe multidisciplinar e orientar a parturiente sobre a vantagem do parto normal e humanizado tanto para ela quanto para o bebê para assim obter uma assistência respeitosa no parto e nascimento é primordial, que os profissionais permitam a mulher como condutora da parturição, respeitando seus direitos e vontades, reconhecendo como um indivíduo único. Na atualidade a desvalorização do parto natural e as intervenções cirúrgicas desnecessárias estão crescendo por falta de informação e educação e saúde para as mulheres. A enfermagem deve conscientizar, educar e promover saúde, usando seu conhecimento técnico científico juntamente com seus preceitos éticos prestando assistência integral, digna e com qualidade. (AZEVEDO, ANA et al., 2022).

3.3 Pós-Parto (Puerpério)

O puerpério, período compreendido após o parto, é reconhecido como um momento crítico e de modificações biológicas e psicológicas, assim como de inserção social, em que a mulher vivencia as primeiras demandas da maternidade, amamentação, banho e cuidado com o recém-nascido (RN) e a necessidade de seu próprio autocuidado. (MERCADO; NAYARA et al., 2018).

A assistência à mulher no pós-parto imediato e nas primeiras semanas após o parto é de fundamental importância para a saúde materna e neonatal torna-se essencial a assistência de enfermagem qualificada, tendo como base a prevenção de complicações, o conforto emocional e físico do binômio mãe-filho. (GOMES; GABRIELLA, 2018).

Sabe-se que a mulher nessa fase se encontra em um período de instabilidade emocional em que ela se depara com muitas dificuldades, dúvidas e anseios advindos de sua condição atual, os quais podem ser minimizados ou esclarecidos através de uma assistência puerperal adequada. A assistência qualificada de enfermagem neste momento é imprescindível para que esta mulher restabeleça o mais breve possível seu estado natural e este não se agrave a ponto de evoluir para uma depressão pós-parto e psicose puerperal. (GARCIA et al, 2018).

Dentre os aspectos a serem abordados nas ações educativas da consulta puerperal considerados de maior insegurança por parte das puérperas, estão os relacionados aos cuidados com o recém-nascido (GARCIA et al, 2018).

Durante a fase de recuperação, após o parto, a puérpera apresenta momentos de dependência dos cuidados de enfermagem oferecidos a ela e ao bebê; tais momentos são decisivos para que o enfermeiro possa direcionar um cuidado que venha a atender às necessidades de ambos. Uma boa qualidade do cuidado, sob a perspectiva das gestantes, inclui a cortesia e a competência dos profissionais. A percepção das mulheres que usam os serviços de uma maternidade contribui para melhorar a sua satisfação, já que pode identificar os pontos positivos e negativos em relação ao cuidado recebido. (ODININO; NATÁLIA., 2018).

Favorecer o aleitamento materno em livre demanda e sua manutenção por tempo prolongado, fortalecer o vínculo entre mãe e filho e oferecer condições para que a equipe de enfermagem possa proporcionar orientações à puérpera por meio de demonstrações práticas dos cuidados indispensáveis ao recém-nascido. (ODININO; NATÁLIA., 2018).

A experiência de internação no alojamento Conjunto (AC), para as puérperas, pode fazer emergir sentimentos de medo, sofrimento e abandono. Contudo, ao perceber que há alguém para ajudá-las, sentem-se mais seguras em relação ao atendimento de suas necessidades. O enfermeiro e o técnico de enfermagem são os profissionais que permanecem por mais tempo ao lado da mãe e do recém-nascido quando em AC, responsabilizando-se pela assistência ininterrupta do binômio até o momento da alta. (ODININO; NATÁLIA., 2018).

É fundamental que a equipe de enfermagem compreenda a realidade de cada puérpera, para que possam realizar orientações de forma efetiva, levando em consideração as experiências e conhecimento de cada mãe, de forma que se sintam efetivamente acolhidas. É preciso que ocorra mudanças efetivas com relação a um cuidado qualificado na assistência da mulher durante o período parto e puerpério nas maternidades, objetivando aprimorar os procedimentos tendo em vista a humanização, uma vez que cada mulher tem a sua singularidade e situações individuais. (CHAVEIRO; THAYNARA., 2020). 

É necessário que os profissionais valorizem o conhecimento de senso comum, de forma a compreender que o ambiente em que essas mulheres vivem engloba inúmeros saberes populares, assim, quando possível não devem desconsiderar determinados hábitos, para que ela se sinta respeitada e acolha as orientações recebidas pela equipe de enfermagem. (CHAVEIRO; THAYNARA., 2020).

4 Conclusões 

A atenção adequada à mulher no momento do parto representa um passo indispensável para garantir que ela possa exercer a maternidade com segurança e bem-estar. Este é um direito de toda mulher. A equipe de saúde deve estar preparada para acolher a gestante, seu companheiro e familiares, respeitando todos os significados desse momento. Isso deve facilitar o estabelecimento de vínculo mais profundo com a gestante, transmitindo-lhe confiança e tranquilidade. Assim, compreende-se que a função do enfermeiro durante todo o processo de gestação, trabalho do parto e pós-parto é de suma importância, pois é o enfermeiro que está presente junto à mãe em todo processo de parturição, oferecendo conforto, atenção, esclarecendo dúvidas e apoiando a mãe em tudo que ela necessitar.

O presente estudo me fez compreender os dois lados como futuro pai e enfermeiro. Como pai estou cheio de dúvidas e medos sobre os processos que antecedem o nascimento da minha filha, busco na enfermagem acolhimento e orientação adequada e estou recebendo de forma totalmente humanizada pelos profissionais que acompanham a gestação da minha esposa. Vejo como é de suma importância o papel da enfermagem durante todo o ciclo gravídico-puerperal, orientando, acolhendo e passando tranquilidade para os envolvidos, e principalmente a atenção dada à mulher que é a pessoa que mais precisa de atenção neste momento da vida.

REFERÊNCIAS

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1Graduando em Enfermagem pela Universidade Nilton Lins – Manaus/Amazonas, 2023. E-mail:Tailson.belot@gmail.com
2Mestre em ciências farmacêuticas pela Universidade Federal do Amazonas. Docente pela Universidade Nilton Lins – Manaus/Amazonas, 2023.
3Mestre em enfermagem. Docente pela Universidade Nilton Lins – Manaus/Amazonas, 2023.