HPV NO COLO DO ÚTERO EM ADOLESCENTES SEXUALMENTE ATIVAS E AS POSSIBILIDADES DE PREVENÇÃO E TRATAMENTO: UMA REVISÃO DA LITERATURA

HPV IN THE CERVIX IN SEXUALLY ACTIVE ADOLESCENTS AND THE POSSIBILITIES OF PREVENTION AND TREATMENT: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10783903


LIMA, Letícia Felício1


Resumo – Objetivo: Analisar o conhecimento e a atitude de adolescentes, sexualmente ativas, em relação ao HPV no colo do útero e as possibilidades de prevenção e tratamento. Metodologia: estudo do tipo exploratório, bibliográfico com análise integrativa, qualitativa da literatura disponível em bibliotecas convencionais e virtuais. Resultados: Observou-se que a maioria nunca realizou o exame de Papanicolau, em decorrência da falta de informação, receios, e medo tanto da realização do exame, quanto da família ter conhecimento de que as adolescentes já estariam em uma vivência sexual ativa. Considerações finais: A atitude que as adolescentes sexualmente ativas apresentam em relação ao exame de prevenção Papanicolau, confronta-se na prática com algumas barreiras presentes em diversos aspectos da vida da mulher, fazendo com que se aumente o número, inclusive, de adolescentes sem nenhum tipo de acompanhamento à sua saúde sexual e casos de HPV no colo do útero.

Palavras-chave:  Adolescência. Colo do útero. HPV. Exame. Prevenção. Saúde.

Abstract – Objective: To analyze the knowledge and attitude of sexually active adolescents in relation to cervical HPV and the possibilities of prevention and treatment. Methodology: An exploratory, bibliographic study with an integrative, qualitative analysis of the literature available in conventional and virtual libraries. Results: It was observed that the majority had never had a Pap smear, as a result of a lack of information, fears, and fear both of having the test carried out and of the family being aware that the adolescents would already be sexually active. Final considerations: The attitude that sexually active adolescents have towards the Pap smear is confronted in practice with some of the barriers present in various aspects of women’s lives, leading to an increase in the number of adolescents without any kind of sexual health monitoring and cases of HPV in the cervix.

Keywords: Adolescence. Cervix. HPV. Examination. Prevention. Health.

INTRODUÇÃO

A adolescência é um período da vida compreendido entre a infância e a fase adulta, proveniente de mudanças de ordem física, biológica, psicológica e social e, é nessa etapa que o corpo sofre transformações e a sexualidade se torna algo mais acentuado, sendo motivo de atenção maior, já que a vida sexual vem sendo iniciada cada vez mais cedo, necessitando assim, de maiores conhecimentos e informações. Nesse momento, as dúvidas se tornam frequentes e a necessidade do saber se torna perigosa, já que na maioria das vezes as buscas não são a profissionais.

No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE (2020) a população adolescente é constituída por 37.157.633 adolescentes, com faixa etária entre 10 a 19 anos. No Piauí eles representam 611.842 adolescentes de ambos os sexos entre essa faixa etária. Assim, as projeções demográficas mostram que o Brasil não voltará a ter uma participação percentual tão significativa dos adolescentes no total da população (UNICEF, 2015). 

No período da adolescência frequentemente observam-se fatores de risco, como o início sexual precoce e a multiplicidade de parceiros, além da baixa adesão ao uso da camisinha em suas relações sexuais, vulnerabilidades que resultaram em um aumento nos achados de anormalidades citopatológicas em adolescentes sexualmente ativas, alterando-se de 3% na década de 70 para 20% na década de 90 (CRUZ; JARDIM, 2013).

Nesse contexto, a estratégia de rastreamento do câncer de colo uterino recomendada pelo Ministério da Saúde é o exame citopatológico prioritariamente em mulheres de 25 a 64 anos. Mesmo existindo esse programa e a preocupação seja com a saúde e a prevenção à mulher, ainda existem muitas lacunas com relação à mulher adolescente no que diz respeito à prevenção e estratégias que as faça romper com o receio e/ou medo que as distanciam das unidades de saúde e, consequentemente, de atitudes de prevenção. Com isso, percebe-se a necessidade de buscar as adolescentes, a integralidade e a qualidade dos programas de rastreamento, bem como o seguimento das pacientes. 

Na adolescência a prática do exame faz-se ainda mais relevante, considerando o pouco conhecimento e atitudes inadequadas que podem trazer como resposta problemas patológicos dessa natureza. É bem verdade que no momento do exame estes poderiam ser identificados e resolvidos precocemente. 

Diante do contexto é de grande magnitude conhecer os fatores que contribuem para a pouca ou não adesão de adolescentes a realização do exame de Papanicolau, buscando compreender o que elas sabem e pensam sobre o exame. O interesse pela temática surge quando são realizadas as campanhas do HPV, vendo que a demanda de meninas continua abaixo do esperado, tornando cada vez mais imprescindível às consultas e exames do Papanicolau; contudo, os números continuam insatisfatórios, tornando-os preocupantes. Portanto é motivo de inquietação, principalmente quando se versa sobre adolescência, que é a fase que se começa a ter os primeiros contatos sexuais, na maioria das vezes acontecendo de maneira inadequada. 

Nesse contexto, a figura do Médico da ESF é de grande relevância no processo de persuasão e auditoria em saúde, uma vez que exercem atividades técnicas específicas de sua competência, administrativas e educativas e através do vínculo com as usuárias, concentra esforços para reduzir os tabus, mitos e preconceitos e buscar o convencimento da clientela feminina sobre os seus benefícios da prevenção. Melo (2018). Esses pontos devem ser trabalhados incessantemente por profissionais das unidades de saúde e em especial o médico por ser função deste a realização do exame, partindo da sensibilidade e cuidado, já que cada adolescente tem suas peculiaridades e olhares distintos sobre o exame.

Espera-se que esse estudo possa contribuir para o conhecimento e aquisição de novos comportamentos, identificação de fatores que têm dificultado a adesão das adolescentes ao exame preventivo de Papanicolau e, a importância deste para a saúde sexual e reprodutiva. 

2 OBJETIVO

  • Analisar o conhecimento e a atitude de adolescentes, sexualmente ativas, em relação ao HPV no colo do útero e as possibilidades de prevenção e tratamento.

3 METODOLOGIA 

Trata-se de uma revisão da literatura, que segundo Minayo (2019, p. 66), classifica-se como aquela que “trata-se do levantamento, seleção e documentação de toda bibliografia já publicada sobre o assunto que está sendo pesquisado, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o mesmo”, baseada em teóricos como Arruda (2013), Danno (2016), Lopes (2017), Oliveira (2014), Silva (2015), entre outros.

Nesse contexto, foram utilizados materiais já elaborados constituído de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas, adotando-se como critério de inclusão trabalhos elaborados dentro do recorte temporal 2013 a 2022. 

Para levantamento dos artigos foi realizado busca online na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), usando os seguintes descritores de saúde (Decs): Conhecimentos, Atitudes e Prática em Saúde; HPV, Adolescentes, Distribuição por Idade; Teste de Papanicolaou; Colo do Útero;; Educação em Saúde. 

Os critérios de inclusão foram textos em português e disponíveis na íntegra. O critério de exclusão foram artigos que fizeram fuga ao tema. 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 Foram encontrados 10 artigos, e foi realizada leitura exploratória dos mesmos, sendo que destes 5 foram excluídos por caracterizarem fuga ao tema. Para a presente pesquisa serão usados 5 artigos conforme descritos no quadro abaixo:

Quadro 1. Características e principais resultados dos estudos examinados, 2023.

Autor (Ano)Título Principais ResultadosConclusão
Lopes (2013)Conhecimento dos adolescentes de uma escola pública de Belo Horizonte sobre doenças sexualmente transmissíveis, em especial sobre o HPV.Ao avaliar o conhecimento sobre a principal via de transmissão das DST’s 89,3% dos alunos apresentaram conhecimento significativo sobre o assunto (p=0.0002). 60,51% responderam incorretamente sobre a DST que mais acomete a população mundial sexualmente ativa (p<0.0001).Os participantes demonstraram conhecimento sobre a principal forma de transmissão das doenças sexualmente transmissíveis, porém os quesitos prevalência, prevenção e tratamentos do HPV e do câncer cervical o conhecimento não foram satisfatórios.
Danno (2016)Adolescente: compreendendo sua susceptibilidade às lesões intraepiteliais cervicaisA adolescência é a faixa etária que está mais susceptível ao contato com o HPV bem como as lesões causadas por sua infecção, incluindo o Câncer de Colo de Útero. A falta de conhecimento dessa população é a principal causa de várias consequências na esfera deste agravo.O profissional de saúde deve ter um olhar ampliado e minucioso para a saúde sexual dos adolescentes, e quando associado às ações intersetoriais, podem contribuir no desenvolvimento de orientações voltadas para o cuidado integral, visando prevenção sexual e promoção da saúde sexual do adolescente.
Arruda (2013)Conhecimento e prática na realização do exame de Papanicolau e infecção por HPV em adolescentes de escola públicaA média de idade para o início da atividade sexual foi de 15,96 anos. Um percentual de 44,8% das adolescentes não apresentou conhecimento sobre o exame preventivo, como também 46,2% não demonstraram informações relacionadas à infecção pelo HPV.O conhecimento a cerca do exame preventivo e infecção pelo HPV é limitada. Contudo é necessário haver mais orientações relacionadas à educação sexual para as adolescentes nos serviços de saúde públicos ou instituições de ensino, objetivando orientá-las sobre a importância do exame de Papanicolau como também sobre os riscos que a infecção pelo HPV pode trazê-las.
Silva (2015)Fatores relacionados a não adesão à realização do exame de PapanicolauDas 169 mulheres, 67% estavam em idade reprodutiva e 73,9% cursaram o ensino fundamental. O não comparecimento para o exame previamente agendado foi devido, principalmente, às crenças e atitudes (36,1%) e à organização do serviço (25,4%). Embora o rastreamento do câncer de colo de útero seja fundamental para intervenção a tempo oportuno, significativa parcela das adolescentes ainda não adere ao exame por mitos e tabus, crenças e atitudes em saúde.
Oliveira (2014)Fatores associados a não realização de Papanicolau em mulheres quilombolasDe 348 mulheres incluídas na análise, 27,3% afirmaram nunca ter realizado o Papanicolau.Os achados indicam uma necessidade de reflexão, com o objetivo de melhor enfrentamento dos fatores que se associam à não realização do exame Papanicolau entre as mulheres quilombolas, sendo importante contemplar ações de prevenção para o câncer de colo uterino.

Os resultados da tabela acima elucidam o conhecimento e atitude das mesmas em relação ao exame de Papanicolau. Em estudo realizado por Cirino (2013) na cidade de São Paulo, envolvendo 134 adolescentes de 13 a 19 anos, sobre o conhecimento e prática na realização do exame de Papanicolaou em adolescentes de escola pública foi identificado que o estado civil predominante era de solteiras, com 90,3%, corroborando com os achados deste atual estudo, onde as adolescentes eram em sua maioria também se declaram como sendo solteiras, ficando evidente o início da atividade sexual cada vez mais cedo, tendo em vista que para algumas a maternidade já se fazia presente colocando-as na posição de mães adolescentes.

O exame citopatológico de Papanicolau é um método simples realização que permite a detecção de alterações da cérvice uterina, através das análises de células descamadas do epitélio e se constitui até hoje, o método mais indicado para o rastreamento do CCU por ser um exame rápido e indolor e ser de alta eficiência, baixo custo, fácil execução, além de ser ofertado, gratuitamente, em toda rede do sus (GREENWOOD et al, 2016).

Para muitas mulheres a não realizam do exame de Papanicolau está atrelado, possivelmente, a fatores de ordem socioeconômica e cultural, por precário nível de informação sobre a gravidade da patologia e por desconhecerem a importância do exame preventivo, afirma (PAULA, 2015). 

O contexto acima sinaliza para muitas lacunas tanto de ordem pessoal quanto familiar e dos serviços de saúde. Do mesmo modo, é preciso compreender que a adoção de práticas positivas em relação à saúde é um contexto pluriestratificado onde cada segmento (indivíduo, família, comunidade, gestão/saúde) deve tomar seus espaços e assumir suas responsabilidades tornando comum o bem-estar pessoal e social.

Nesse sentido, o adolescente necessita de orientações e apoio, não só em seu ambiente familiar, mas também nas esferas da educação em saúde (MARÇAL; GOMES, 2018).

Assim, ao médico da ESF como integrante essencial dos serviços de atenção primária à saúde recai muitas atribuições, das quais destacamos, acordo com Brasil (2019), é realizar ações de educação em saúde a população adstrita, conforme planejamento da equipe e necessidades dos usuários e, no que tange a adolescência além de ser população adstrita é, por demais, necessitados de atenção, educação e acompanhamento.

Muitas razões são apontadas para a não realização do exame preventivo dentre tantas, Melo (2018), assinala os fatores culturais, sociais, econômicos e comportamentais, bem como à própria organização dos serviços públicos de saúde como sendo alguns dos principais.

  Assim, Silva (2017) mostra no seu estudo “Atendimento na rede básica de saúde: estudo com mulheres adolescentes do município de Rio Grande/RS” foram registrados 6.888 atendimentos de adolescentes com idade entre 10 e 19 anos incompleto desses 4.795(69,6%) referentes à saúde sexual e reprodutiva, e para os atendimentos para a realização do exame de HIV, diagnóstico e tratamento de ISTS e do exame preventivo de câncer de colo de útero com as adolescentes apresenta apenas 9,78%, e para problemas ginecológicos, 19,57% atendimentos. Com isso, fica evidente que o atendimento deve se estender a todas as adolescentes, culminando assim, com o diagnóstico e prevenção das anormalidades que poderão aparecer no exame Papanicolau.

Assim, verifica-se que o baixo número de adolescentes que realizam o exame citológico de Papanicolau é uma realidade comum entre os estudos já mencionados e o presente, essas são situações preocupantes para o setor saúde e, possivelmente ocorre, por conta do déficit existente no segmento da educação em saúde que precisaria estar sendo melhor desenvolvida pelos profissionais de saúde, em particular os médicos do ESF.

No estudo de Arruda (2013) um percentual significativo das adolescentes que iniciaram a atividade sexual não demonstrava conhecimentos relacionados a este exame, por falta desse conhecimento, grande parte não o realiza, deixando muitas vezes de diagnosticar possíveis alterações precocemente.

A realização do exame Papanicolau, tem se confrontado, na prática com algumas barreiras presentes em diversos aspectos da vida da mulher, fazendo com que se aumente o número, inclusive, de adolescentes sem nenhum tipo de acompanhamento à sua saúde sexual.

Analisando os fatores relacionados a não adesão à realização do exame de Papanicolau, Silva (2018) corrobora que dentre as crenças e atitudes em saúde, a vergonha (55,6%) e a dor (20,7%), foram os sentimentos de maior predominância no que se refere a realização do exame citológico. 

Do mesmo modo percebe-se estreita relação de semelhança ao compararmos os estudos, uma vez que neste, a maioria das depoentes revelaram ter como maior anseio para realização do preventivo, prioritariamente, a vergonha seguida da dor e outros desconfortos que podem sentir. É bem verdade, que para muitas mulheres, principalmente para adolescentes, é difícil ter que ficar despida para alguém que não é de sua intimidade, o que pode suscitar a sensação de vulnerabilidade e iminentes desconfortos, culminando, muitas vezes, na não realização do exame ou mesmo no seu adiamento.

É notória a compatibilidade nas pesquisas supracitadas, já que ambas mostram a dificuldade da realização do exame citológico por vergonha do profissional que a realiza. Assim, além das estratégias mencionadas, anteriormente, para melhorar a dinâmica e adesão ao exame é, igualmente importante atentar para a questão do gênero profissional (masculino ou feminino) e da própria preferência demonstrada pela usuária no momento da realização de seu exame preventivo, uma vez que, trata-se de um procedimento que requer posição corporal específica, do tipo ginecologia, na qual o corpo fica exposto, além da passividade de manipulação causando portanto, intenso desconforto.

Os profissionais de saúde são peças fundamentais do saber e devem ser capazes de orientar corretamente a população sobre a importância dos exames preventivos, afirmam (PAULA, 2015).

O acolhimento deve ser visto como um momento informal para troca de informações, tirar dúvidas e repassar segurança para os pacientes atendidos nas UBS. A esse respeito, Correa, Villela e Almeida (2017) destacam que o acesso e ações ao serviço de saúde têm sido um dos componentes principais de atenção à saúde, isso significa entender que o acolhimento em saúde deve ser visto não apenas no sentido à demanda espontânea, mais na aceitação do paciente como sujeito de direitos e desejos. Implementar e gerar ações ao acesso da mulher com acolhimento trará maior efetividade ao serviço. 

Nesse sentido, o médico exerce um papel importante nas ações de persuasão para melhor informar seus adolescentes quanto a importância do exame preventivo. Assim, na realização de um exame preventivo de qualidade é indispensável à existência de um elo de confiança entre a paciente e o profissional da saúde, principalmente pelo fato de ser um exame que exige a exposição do corpo/ privacidade e da intimidade da cliente. 

Percebe-se em uma pesquisa realizada por Daniela de Almeida Olegário em 2017, sobre a atuação do profissional da saúde na coleta do material citopatológico na Atenção Primária em Sete Lagoas que a humanização durante o atendimento do médico vem sendo posta em prática de maneira eficaz. Dessa forma, Mistura et al., (2017) enfoca que o profissional da saúde deve sempre atuar de forma humanizada durante o atendimento à usuária, atentando para educação em saúde e fazendo com que consequentemente essas mulheres procuram mais a Unidade de Saúde, aumentando a demanda e cobertura de exames preventivos.

Portanto, o médico da ESF é peça chave para atrair e incentivar as mulheres a realizarem o preventivo. A partir do momento que este profissional aborda essas mulheres de maneira eficiente e com qualidade, cria-se um vínculo entre ambas e uma relação de confiança. Para Paula (2017) também é preciso que todos os profissionais da equipe sejam conscientizados a respeito dos benefícios de se oferecer um atendimento de qualidade e sobretudo humanizado à mulher.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Diante do estudo teórico realizado acerca do conhecimento e atitude de adolescente sexualmente ativas em relação ao exame de Papanicolau, foi possível observar que a maioria nunca realizou o exame de Papanicolau, em decorrência da falta de informação, receios, e medo tanto da realização do exame, quanto da família ter conhecimento de que as adolescentes já estariam em uma vivência sexual ativa.

Identificou-se também que a atitude que as adolescentes apresentam em relação ao exame de prevenção Papanicolau, confronta-se na prática com algumas barreiras presentes em diversos aspectos da vida da mulher, fazendo com que se aumente o número, inclusive, de adolescentes sem nenhum tipo de acompanhamento à sua saúde sexual, como por exemplo: crenças e atitudes em saúde, vergonha do profissional, dor e receios.

Por isso, essa educação, configura-se como sendo o caminho mais eficaz para a sensibilização, levando o adolescente a construir seus próprios conceitos, a respeitar o outro, a valorizar o ser humano em suas várias vertentes, não só a nível sexual, mas também em sua totalidade. Assim, pode-se dizer que a família é tida como a entidade educativa mais importante da sociedade é onde as crianças, adolescentes e jovens se espelham e desenvolvem critérios essenciais para viver. Os pais devem integrar harmoniosamente a tarefa de educar sexualmente os seus filhos.

Destaca-se que o Papanicolau é um teste de triagem, logo, não define diagnósticos definitivos. Mas ele determina se há alterações nas células cervicais que, se não tratadas, podem evoluir para um câncer. Além disso, alterações hormonais, principalmente de progesterona e estrogênio, também podem ser observadas com o exame. Para tanto, é importante que as mulheres devem se conscientizar da importância do exame preventivo regular e o poder público disponibilizar a estrutura necessária para que todas tenham acesso a ele. 

Por fim, contextualizou-se que a assistência dos profissionais da ESF às adolescentes em relação ao exame preventivo de Papanicolau. Desse modo, por meio da realização da pesquisa pode-se observar que o profissional da saúde devido às diversas atribuições dentro da unidade básica deixam a desejar na questão da informação e conscientização das adolescentes atendidas pelas UBS.  Sob esse pensamento, é relevante para o Ministério da Saúde a atuação do Médico na prevenção do câncer tem sido objeto de estudo em diversos países e cada vez mais fica comprovada a sua importância nos programas de prevenção junto à população, não só como técnico, mas também como educador e conselheiro (BRASIL, 2013).

Dessa forma, considera-se também a importância e a necessidade do Médico no assistir a família com intuito de prestar assistência integral e humanizada, proporcionando apoio biopsicossocial, mediante o diálogo, orientações e atenção tanto para o paciente quanto para a família, utilizando dos preceitos humanos, éticos e legais que lhe são conferidos.

Com isso, a análise dos dados apresentados colocou em evidência as dificuldades que as mulheres têm sobre o acesso ao profissional de saúde na realização do exame papanicolau, prejudicando assim a detecção e tratamento de alterações que podem ser encontradas através deste exame.

Portanto, essa pesquisa não é uma obra plenamente acabada e concluída, pois a mesma pode ser enriquecida com outros olhares e questionamentos, espera-se que essa pesquisa sirva como subsídio para estudos e o desenvolvimento de novas pesquisas sobre a temática abordada nesse estudo.

6 REFERÊNCIAS 

ARRUDA, F. S. et al. Conhecimento e Prática na Realização do Exame de Papanicolaou e Infecção por HPV em Adolescentes de Escola Pública. Revista Paraense de Medicina; v.27, n.4, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Prevenção do Colo do Útero. Manual Técnico. Brasília (DF): 2019.

CORREA, D. A. D.; VILLELA, W. V.; ALMEIDA, A. M. de. Desafios na organização de programa de rastreamento do câncer do colo do útero em Manaus – AM. Revista Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 21, n. 2, p. 395-400, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v21n2/a18v21n2.pdf>. Acesso em: 03 de Outubro de 2023. 

CRUZ, E. D.; JARDIM, P. D. Adolescência e Papanicolau: conhecimento e prática. Adolesc. Saúde, Rio de Janeiro, v. 10, n. 01, p. 34-42, 2013.

DANNO, Camila Hidemi et al. Adolescente: compreendendo sua susceptibilidade às lesões intraepiteliais cervicais, 2016. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/169238. Acesso em: 06 de Outubro de 2023. 

GREENWOOD, S. A, MACHADO, M. F. A. S, SAMPAIO, N. M. V. Motivos que levam mulheres a não retornarem para receber o resultado de exame Papanicolau. Rev. Latino-Am Enfermagem, v. 14, n. 4, p. 503-9., 2016. Disponível em: https://silo.tips/download/issn-fatores-que-interferem-na-realizaao-do-exame-papanicolau-silva-m-g-o-lopes. Acesso em: 02 de Outubro de 2023. 

LOPES, Marta M. de Carvalho. Conhecimento dos adolescentes de uma escola pública de Belo Horizonte sobre doenças sexualmente transmissíveis, em especial sobre o HPV, 2013. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-izabela/index.php/aic/article/view/409. Acesso em: 03 de Outubro de 2023. 

MELO, M. C. S. C. O Enfermeiro na prevenção do câncer do colo do útero: o cotidiano da atenção primária. Revista Brasileira de Cancerologia, Rio de Janeiro, v. 58, n. 3, p. 389-398, jul. 2018. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_58/v03/pdf/08_artigo_enfermeiro_prevencao_cancer_colo_utero_cotidiano_atencao_primaria.pdf>. Acesso em: 03 de Outubro de 2023. 

MARÇAL, A. J.; GOMES, S. T. L.  A prevenção do câncer de colo de útero realizada pelo enfermeiro na Estratégia Saúde da Família: Revisão integrativa da literatura. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 5, n. 02, p. 474-489, 2015.

MINAYO, M. C. S.; DESLANDES, S. F; GOMES, R. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. 12. ed. São Paulo: HUCITEC, 2019.

OLIVEIRA, M.M.H.N, SILVA, A.A.M, BRITO, L.M.O, COIMBRA, L.C. Cobertura e fatores associados à não realização do exame preventivo de Papanicolau em São Luís, Maranhão. Rev. Bras de Epidemiol. 2014; 9(3): 325-34.

PAULA, C. C.et al. Ética na Pesquisa com Adolescentes que Vivem com HIV/Aids. Rev. Bioét, v.23, n.1, n.161-8, 2015.

SILVA, S. A. M. et al. Fatores Relacionados a não Adesão à Realização do Exame de Papanicolau. Rev Rene.v.16, n.4, p.532-9, 2015.


1Graduanda do Curso de Bacharelado em Medicina, do Centro Universitário UNINORTE.
leefeliciomed@gmail.com