HOSPITALIZAÇÕES DE VÍTIMAS POR QUEIMADURAS NO PIAUÍ NA DÉCADA DE 2013 A 2022: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10070730


Inessa Camille Lima Araújo1
Maria Paula Silveira Brito2
Maria Victoria de Souza Carvalho3
Fabrício de Oliveira Viana4
Thiago Ayres Holanda5


RESUMO

Tem-se poucos dados a respeito do perfil dos pacientes queimados no estado do Piauí. Diante disso, aventou-se essa pesquisa a fim de avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes internados em hospitais deste estado. Os dados foram coletados através da plataforma DATASUS. Houve 4.186 hospitalizações de vítimas por queimaduras, a maioria do sexo masculino (n=2.705; 64,7%), e no feminino, 1.481 internações (35,3%). A taxa de mortalidade foi de 1,89% (n=79). Houve predomínio em pacientes de 1-4 anos (n=1.099), seguidos pelos de 30-39 anos (n=615). A faixa etária que registrou mais óbitos foi 40-49 anos (n=14), entretanto a taxa de mortalidade foi vertiginosamente maior na faixa de 80 anos ou mais (18,87%). Houve predominância no caráter de urgência (n=4.149). A maioria foi atendida no Meio Norte (n=4.025). A maioria das vítimas era do sexo masculino com uma quantidade de óbitos que ultrapassou duas vezes e meia em comparação ao sexo feminino, e a taxa de mortalidade foi maior em pessoas de cor preta. A maioria das hospitalizações ocorreu em pacientes de 1-4 anos e em adultos de 30-39 anos, mas a taxa de mortalidade foi maior em idosos. A maioria das hospitalizações foi de urgência e ocorreu na macrorregião do Meio Norte. As flutuações anuais sugerem um novo pico de óbitos em 2023. A prevenção e o tratamento adequado das queimaduras devem ser reforçados.

ABSTRACT

There is little data on the profile of burn patients in the state of Piauí. Therefore, this research was proposed to evaluate the epidemiological profile of patients hospitalized in hospitals in this state. The data were collected through the DATASUS platform. There were 4,186 hospitalizations for burn victims, most of them male (n=2,705; 64.7%), and female, 1,481 hospitalizations (35.3%). The mortality rate was 1.89% (n=79). There was a predominance in patients aged 1-4 years (n=1,099), followed by those aged 30-39 years (n=615). The age group that recorded the most deaths was 40-49 years (n=14), however the mortality rate was dramatically higher in the age group of 80 years or more (18.87%). There was a predominance in the character of urgency (n=4,149). The majority were attended in the Middle North (n=4,025). The majority of victims were male with a number of deaths that exceeded two and a half times compared to females, and the mortality rate was higher in black people. The majority of hospitalizations occurred in patients aged 1-4 years and adults aged 30-39 years, but the mortality rate was higher in the elderly. The majority of hospitalizations were urgent and occurred in the Middle North macroregion. Annual fluctuations suggest a new peak in deaths in 2023. Prevention and appropriate treatment of burns should be reinforced.

INTRODUÇÃO

O corpo humano é uma estrutura complexa constituída por vários sistemas que exercem funções fundamentais. Para que permaneça em homeostase, é preciso que os sistemas funcionem de maneira correta e que o corpo esteja constantemente protegido, sendo a pele uma barreira essencial na proteção do indivíduo contra agentes externos (SMELTZER et al., 2012).

A pele é o principal e mais frequente órgão atingido pelas queimaduras. (BRASIL, 2012). Sendo composta de duas partes: a epiderme, camada superficial avascular de tecido epitelial; e a derme, camada profunda vascularizada de tecido conjuntivo (TORTORA, 2019). As principais funções da pele são a proteção mecânica e imunológica, a regulação da temperatura, o controle da excreção e entrada de sais e água e a sensibilidade tátil, dolorosa, de temperatura e de pressão (DEREK et.al., 2021).

As queimaduras são lesões traumáticas dos tecidos orgânicos provocadas por agentes elétricos, térmicos, químicos, radioativos ou biológicos, podendo ser geradas pela ação direta ou indireta dos mesmos sobre um indivíduo (DEREK et.al., 2021).

Os incidentes envolvendo queimaduras são considerados uma das formas mais graves de trauma, ocupando a quarta posição em incidência no Brasil, atrás somente de acidentes de trânsito, quedas e violências (SOUZA et al., 2016).

As queimaduras podem ser classificadas quanto à etiologia, à profundidade do acometimento e à área afetada. Essa classificação é de extrema importância para o prognóstico e para o tratamento do paciente, uma vez que a abordagem está diretamente relacionada a essas características que determinam os tipos de queimaduras (DEREK et.al., 2021).

Nesse sentido, em relação às etiologias das queimaduras, elas podem ser de origem térmica, que podem ocorrer por calor ou frio. As queimaduras provocadas por calor ocorrem através de vapor, líquidos quentes, contato com superfícies superaquecidas ou diretamente por contato com flamas e labaredas; de origem elétrica, dependente da passagem da corrente elétrica pelo corpo e da voltagem do choque; de origem química, menos frequentes, mas que ocorrem durante o manuseio de agentes corrosivos; e por agentes radioativos, que, quando não armazenados de forma correta, podem entrar em contato com pessoas, gerando lesões de moderadas a severas (DEREK et.al., 2021).

Outra classificação é quanto à área afetada, em que se utiliza o percentual de superfície corporal queimada (SCQ%), para auxiliar a classificar o paciente em grande, médio ou em pequeno queimado (DEREK et.al., 2021).

Em relação à profundidade, existem queimaduras de primeiro, de segundo e de terceiro grau. As de primeiro grau são aquelas que atingem apenas a epiderme. Já as de segundo grau afetam, além da epiderme, a derme e os anexos cutâneos. Por fim, as de terceiro grau lesam todas as camadas da pele, podendo acometer, também, músculos, ossos e ligamentos. (DEREK et.al., 2021). Dentre os três graus de queimaduras, as de terceiro grau são aquelas que apresentam maior morbimortalidade, não reepitelizam e, majoritariamente, necessitam de enxertia de pele (ADAILTON, 2016).

O tempo de internação do indivíduo que sofre algum tipo de queimadura pode variar muito dependendo da gravidade do quadro, sendo prolongado se o panorama for crítico. Esse paciente pode apresentar estados de estresse, problemas biopsicossociais e sequelas tanto físicas quanto psicológicas. Essas sequelas geram mudanças na vida do paciente, como a redução da sua autoestima, sintomas de ansiedade e depressão ou diminuição da libido (ANDREAZZA, 2022).

Tem-se poucos dados a respeito do perfil dos pacientes queimados no estado do Piauí. Diante disso, aventou-se essa pesquisa a fim de avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes internados em Unidades de Tratamento de Queimados de hospitais neste estado.

METODOLOGIA

Esta pesquisa apresenta desenho ecológico, de abordagem transversal e documental, com dados de caráter secundário provenientes da plataforma DATASUS, na qual foram acessados os indicadores epidemiológicos, sendo selecionado o item de Sistema de Informações Hospitalares (SIH) no qual estão registrados relativos aos pacientes internados e o contingente que evoluiu para óbito.

A amostra foi composta de pacientes hospitalizados em consequência de queimaduras atendidos em hospitais públicos e privados do estado do Piauí no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2022, cujas autorizações de internação hospitalar foram organizadas por local de internação. O estudo seguiu em conformidade com o padrão metodológico preconizado por Pereira et al. (2018). As variáveis utilizadas foram cor/raça, faixa etária e sexo.

Para extração e tabulação dos dados, as variáveis acima foram cruzadas com as seguintes: internações, ano de atendimento, macrorregião de saúde, média de permanência hospitalar, óbitos e taxa percentual de mortalidade por internação.

Utilizou-se estatística descritiva simples para examinar os dados, através da descrição de frequências absolutas e relativas, tornando possível a visualização de tendências e padrões no comportamento do número de internações e óbitos de acordo com as variáveis. Os dados foram tabulados e evidenciados em gráficos para simplificar a sua compreensão, com o auxílio do software Google Planilhas.

A condução deste estudo seguiu a resolução nº 510, de 7 de abril de 2016, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que estabelece que pesquisas que utilizem informações de domínio público não necessitam de registro ou avaliadas pelo sistema de Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)/Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), conforme a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Brasil, 2016). Devido ao SIH disponibilizar de maneira pública os dados em consonância com a resolução acima, não houve necessidade de submissão e apreciação do estudo junto ao sistema CEP/CONEP.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve 4.186 hospitalizações de vítimas por queimaduras no Piauí entre 2013 e 2022. A maioria das vítimas era do sexo masculino (n=2.705; 64,7%), enquanto o sexo feminino apresentou 1.481 internações (35,3%). O valor médio da internação foi de R$ 1.215,42 e a média de permanência foi de 9,2 dias. A taxa de mortalidade por internação foi de 1,89%, representando 79 óbitos no período analisado. A proporção das internações entre os sexos foi de 1,82:1 (H:M) enquanto a proporção de óbitos foi de 2,59:1 (H:M).

Gráfico 1 – Distribuição em pizza das internações por queimaduras de acordo com o sexo. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 2 – Distribuição em pizza das óbitos por queimaduras de acordo com o sexo. Piauí, 2013 a 2022.

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 3 – Distribuição em pizza do valor médio de internação por queimaduras de acordo com o sexo. Piauí, 2013 a 2022.

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Em relação à cor/raça, a maioria das hospitalizações ocorreu em pacientes pardos (n=434;10,36 %), seguidos por brancos (n=22; 0,52%), amarelos (n=18; 0,43 %) e pretos (n=18; 0,26%). Contudo, o número de pacientes sem informação foi alarmante (n=3.701; 88,41%). A raça amarela apresentou os menores valores de custo por internação, sendo de R$353,75, e de tempo médio, o qual foi de 4,1 dias. Entretanto, a taxa de mortalidade foi maior em pessoas de cor preta (9,09%), ressalte-se que no período analisado foi registrado somente um óbito nesta raça.

Gráfico 1 – Distribuição em colunas das internações por queimaduras de acordo com a raça. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 2 – Distribuição em coluna do valor médio de internação por queimaduras de acordo com a raça. Piauí, 2013 a 2022.

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 3 – Distribuição em colunas do tempo médio de permanência no hospital por queimaduras de acordo com a raça. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 5 – Distribuição em pizza do número de óbitos por queimaduras de acordo com a raça. Piauí, 2013 a 2022.

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

No tocante à faixa etária, houve predomínio em pacientes no grupo de 1-4 anos, com 1.099 internações, seguidos por pacientes de 30-39 anos, com 615 internações. Dado importante é que na faixa etária de 70-79 anos, foram encontrados os maiores valores de custo médio da internação, que foi de R$ 1.675,94, e tempo médio de permanência, com 12,9 dias. A faixa etária que registrou mais óbitos foi 40-49 anos (n=14), seguidos por pacientes da faixa etária entre 30-39 anos (n=13); entretanto a taxa de mortalidade foi vertiginosamente maior na faixa de 80 anos ou mais, sendo de 18,87%.

Gráfico 1 – Distribuição em pizza das internações por queimaduras de acordo com a faixa etária. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 2 – Distribuição em colunas do valor médio das internações por queimaduras de acordo com a faixa etária. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 3 – Distribuição em colunas do tempo médio de permanência das internações por queimaduras de acordo com a faixa etária. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 4 – Distribuição em colunas do número de óbitos entre as internações por queimaduras de acordo com a faixa etária. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 5 – Distribuição em colunas da taxa de mortalidade das internações por queimaduras de acordo com a faixa etária. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

No que se refere ao caráter do atendimento, houve predominância no caráter de urgência (n=4.149). Foi possível observar também que o valor médio da internação, de R$ 1.221,80, o tempo médio de permanência de 9,3 dias, o número de óbitos (n=79) e a taxa de mortalidade (1,9%) foram maiores em atendimentos de urgência quando comparado às outras formas.

Gráfico 1 – Distribuição em pizza do número de internações por queimaduras de acordo com o caráter do atendimento. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 2 – Distribuição em pizza do valor médio das internações por queimaduras de acordo com o caráter do atendimento. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 3 – Distribuição em pizza do tempo médio de permanência das internações por queimaduras de acordo com o caráter do atendimento. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Quanto à macrorregião de saúde, a maioria dos hospitalizados foi atendida no Meio Norte (n=4.025), seguida pelo Litoral (n=84), Semiárido (n=53) e Cerrados (n=24). Vale ressaltar também que o valor médio da internação (R$1.251,65), o tempo médio de permanência (9,4 dias), o número de óbitos (n=78) e a taxa de mortalidade (1,94%) apresentaram-se de maneira destacada na macrorregião do Meio Norte em comparação com as outras regiões.

Gráfico 1 – Distribuição em pizza do número de internados por queimaduras de acordo com a macrorregião da saúde. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 2 – Distribuição em pizza do valor médio das internações por queimaduras de acordo com a macrorregião da saúde. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 3 – Distribuição em pizza do óbitos entre pacientes internados por queimaduras de acordo com a macrorregião da saúde. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 4 – Distribuição em coluna da taxa de mortalidade entre pacientes internados por queimaduras de acordo com a macrorregião da saúde. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

O maior pico de internações em todo o período foi no ano de 2018 (n= 485; 11,58%) e o ano com menor número de internações foi 2020 (n=351; 8,38%). É possível observar também que o maior número de óbitos (n=14) e da taxa de mortalidade (3,17%) foi registrado no ano de 2021, seguido do ano de 2018 com 12 óbitos (2,47%). Ao longo dos anos houve flutuações na quantidade de internados, através de alternância a cada ano entre altas e baixas. O mesmo padrão se estendeu tanto para os óbitos quanto para a taxa de mortalidade..

Gráfico 1 – Distribuição em linhas do número de internações por queimaduras de acordo com o ano de internação. Piauí, 2013 a 2022

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 2 – Distribuição em linhas de óbitos entre pacientes internados por queimaduras de acordo com o ano de internação. Piauí, 2013 a 2022 .

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

Gráfico 3 – Distribuição em linhas da taxa de mortalidade entre pacientes internados por queimaduras de acordo com o ano de internação. Piauí, 2013 a 2022

Fonte: TabNet Win32 3.0: Morbidade Hospitalar do SUS – por local de internação – Piauí (datasus.gov.br).

CONCLUSÃO

A partir dos dados apresentados, é possível observar que traumas por queimaduras representam um problema de saúde significativo no Piauí, com 4.186 hospitalizações registradas entre 2013 e 2022. A maioria das vítimas era do sexo masculino, com uma proporção de internações que se aproximou do dobro e com uma quantidade de óbitos que ultrapassou duas vezes e meia em comparação ao sexo feminino. Em relação à cor/raça, a maioria das hospitalizações ocorreu em pacientes pardos, embora a taxa de mortalidade tenha sido maior em pessoas de cor preta. No entanto, é importante ressaltar que a falta de informação sobre a cor/raça foi alarmante, representando 88,41% dos casos.

Quanto à faixa etária, houve um predomínio de pacientes no grupo de 1-4 anos, isto é, lactentes e pré-escolares, e em adultos de meia idade, 30-39 anos. No entanto, a taxa de mortalidade foi significativamente maior em idosos a partir da oitava década de vida, chegando a uma letalidade próxima de um quinto dos pacientes.

A maioria das hospitalizações ocorreu em caráter de urgência, com valores médios de internação e tempo médio de permanência maiores do que outras formas de atendimento.

A maioria dos hospitalizados foi atendida na macrorregião do Meio Norte, em que situa a capital Teresina, apresentando também os maiores valores médios de internação e tempo médio de permanência, além do maior número de óbitos e taxa de mortalidade.

Por fim, ao longo do tempo, as flutuações na incidência anual de internados, com alternância de altas e baixas, permite prever como será o comportamento das internações nos próximos anos, sugerindo um novo pico no número de óbitos no ano de 2023, após a baixa no último ano.

Esses dados destacam a necessidade contínua de prevenção e tratamento adequado das queimaduras no Piauí para reduzir o número de hospitalizações e melhorar a recuperação dos dos pacientes.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Banco de dados do Sistema Único de Saúde – DATASUS. Ministério da Saúde. Disponível em:<http://www.datasus.gov.br>. Acesso em: 23 de junho, 2023.

DEREK, Organização; LOPES, Chaves; DE LIZ, Isabella; et al. Manual de queimaduras para estudantes. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: https://www.fepecs.edu.br/wp-content/uploads/2021/11/Manual-de-Queimaduras-paraEstudantes-2.pdf.

SMELTZER SC, BARE BG, HINKLE JL, CHEEVER KH. Brunner e Suddart: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

SOUZA, CO et al. Caracterização do perfil epidemiológico dos queimados do Brasil: Revisão sistemática da literatura [monografia]. Salvador: Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina da Bahia; 2016.

TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.


1,2,3 Acadêmicas de Medicina pelo Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina-PI;

4 Cirurgião Plástico; Docente do Curso de Medicina pelo Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina-PI;

5 Cirurgião Plástico, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica;