HISTÓRIA ORAL: O INÍCIO DA INDÚSTRIA DA CONFECÇÃO DE CIANORTE/PARANÁ (Décadas de 1980 e 1990)

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102410141448


Ronaldo Salvador Vasques, Doutor
Marcia Regina Paiva
Fabrício de Souza Fortunato, Especialista
Thayla Caroline Raimundo Silva,


RESUMO

Este estudo foi desenvolvido pelo Projeto de Iniciação Cientifica (IC) pertencente ao Grupo de Pesquisa em Moda e Têxtil (GEMOTEX) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) – Campus Regional de Cianorte (CRC), curso de Moda. As entrevistas foram realizadas com três modelistas/costureiras que vivenciaram o nascimento da confecção em Cianorte e região no período de 1980 e 1990. O objetivo foi compreender como indústria do vestuário e do têxtil considerada uma das mais relevantes nos setores da economia nacional, tanto na geração de empregos, quanto no valor de sua produção se desenvolveu. Os métodos de pesquisa foram concretizados por intermédio de história oral, desse modo, a utilização foi a metodologia historiográfica proposta pelo historiador e professor José Honório Rodrigues (1970) que abarcou três importantes áreas de trabalho: o ensino, a pesquisa e a teoria. Por meio de relatos de modelistas e costureiras compreendemos como aconteceu o início e o desenvolvimento do setor de confecção e têxtil na cidade de Cianorte- Paraná e ainda quando ela foi considerada a “Capital do Vestuário” no corredor da moda (Apucarana, Cianorte, Maringá e Londrina). Pesquisar a primeira indústria de confecção do Norte do Paraná, é compreender a sociedade e o desenvolvimento regional que movimentou e ainda movimenta o Produto Interno Bruto (PIB) da cidade e região, transformando a atividade econômica local da confecção em uma grande geradora de empregos.

Palavras-chave: Confecção; história oral; Cianorte; Moda UEM.

1 INTRODUÇÂO: CONTEXTO HISTÓRICO

Para entenderemos como a cidade de Cianorte ficou conhecida como “A Capital do Vestuário”, temos que compreender primeiro em qual contexto social e econômico tal fenômeno se desenvolveu. A história do vestuário e dos têxteis são estudadas conjuntamente, uma comunicação sempre imprescindível para se conhecer minuciosamente as origens dos têxteis (Vasques,2024, p.31). Desse modo, a indústria de confecção e do têxtil é considerado atualmente como um dos mais importantes setores da economia nacional, tanto na geração de empregos, quanto no valor de sua produção diária.

“O estado do Paraná está se destacando cada vez mais no polo têxtil e de moda no País, principalmente pela região norte do estado, onde se encontram as cidades de Cianorte, Apucarana, Londrina e Maringá, o chamado, ‟corredor da moda” (Majolo; Vasques, 2014).

Assentada sobre as bacias hidrográficas dos rios Paraná e Ivaí, a região de Cianorte é composta por 32 municípios que inteiram uma área de 14.474 km. Desde a fundação do município, a vocação agropecuária dominou a produção regional, principalmente a plantação de café, cana-de-açúcar, mandioca e bovinocultura de corte. Entretanto no ano de 1975 com a geada houve uma devastação da agricultura afetando a zona rural, deste modo, Cianorte e seu entorno tiveram que se reinventar. E assim surge os primeiros indicativos do surgimento do setor da confecção. Segundo (Vasques; Fortunato; De Brito; Silva, p.8, 2020) “Nos primeiros anos após a geada, Cianorte começa a substituir sua atividade econômica, que antes era agricultura e agora, começa se tornar a confecção de roupas. Os agricultores apostam na industrialização e voltam seus investimentos, que antes iam às lavouras para o setor do vestuário, onde foram abertas micro e pequenas empresas de confecção na cidade. Juntamente nesse período, no ano de 1977, Chebli M. Nabhan inaugura a considerada a primeira indústria de confecção de roupas CHEINA”. De acordo com Majolo, Luccon e Vasques (2015, p.3586), mesmo com a compra das máquinas, a população em sua maioria eram antigos agricultores, ou seja, não possuíam a qualificação necessária para trabalhar no setor da confecção. Percebendo a falta de mão-de-obra especializada, Chebli junto à Sra. Marlene, abre uma escola de costura dentro da fábrica, com o intuito de ensinar a profissão de costureira para as mulheres que vinham em busca de emprego. Contudo, a cidade

se destaca na confecção, alcançando inclusive altos níveis de qualidade e produção quando comparada a outras cidades do estado. A atividade é, inclusive, a maior fonte de renda e geração de emprego para o município, tanto no varejo como no atacado. Como a região constitui-se em um caso inédito para o estado do Paraná algumas medidas de apoio ao crescimento e prosperarão da cidade estão sendo oferecidos por instituições como o BNDES (Banco Regional de Desenvolvimento Econômico Social) e o Governo do Estado do Paraná (Majolo; Vasques, 2014).

Chebli M. Nabhan começou a fabricar roupas em Cianorte ao final da década de 1970, hoje a região tornou-se um centro nacional de confecções. “A evolução desse polo atacadista, garantiu empregos para um grande número de pessoas na cidade e nos municípios vizinhos, o que garantiu a cidade o título de “Capital do Vestuário”

Neste viés, este texto vai contemplar não só quem viveu este momento, mas que trabalhou no conhecido “chão de fábrica”, na década de 1980 e 1990, a modelista e costureiras: Maria Pereira Okie, Andreia Pereira Okie Rodolfo e Dirce Fernandes Silva. De acordo com (Vasques, R, S. et al., 2023) “Ao entrevistarmos as mulheres que efetivamente participaram da evolução e da construção da vocação da cidade e região (indústria da confecção), constatamos que esse compilado de histórias orais, fatos e figuras reforçou a enorme importância de Cianorte e região para o setor de confecção e para o desenvolvimento regional”, por intermédios dos estudos (Vasques; Bernardo; Silva. Fortunato; De Brito, p. 76265, 2021) “As discussões acerca da história e memória da confecção de Cianorte por meio da história oral contribuiu fundamentalmente para a identificação do início da indústria da confecção e da fábrica de roupas conhecida como: Cheina – Indústria de Confecções de Roupas” corroborando com desenvolvimento de Cianorte e da região no ramo da confecção e dos têxteis.

2 METODOLOGIA

Os métodos de pesquisa realizados por meio de fonte oral, ou seja, entrevistas com os pioneiros, principalmente a visão de modelistas e costureiras que vivenciaram o início e o desenvolvimento do setor de confecção em Cianorte. A coleta de dados faz-se necessária também em órgãos públicos e associações, como os sindicatos locais e a prefeitura. Utilizar-se à de fontes jornalísticas locais e regionais, materiais bibliográficos disponíveis nos acervos locais e digitais, assim como, fotos, arquivos pessoais, documentos, livros, reportagens, revistas e artigos publicados sobre a cidade e a estabilização do setor têxtil e de confecção, dentro do recorte temporal proposto. Desse modo, o texto também utilizou dados e informações retiradas de plataformas digitais como: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), dentre outros. A utilização da metodologia historiográfica proposta pelo historiador Rodrigues (1970) corroborou para a descrição e reflexão do processo, que defende a historiografia abrangendo três importantes áreas de trabalho: o ensino, a pesquisa e a teoria.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

As discussões acerca da história e memória da confecção de Cianorte por meio da história oral colaborou essencialmente para o início da indústria da confecção Cheina – Indústria de Confecções de Roupas, corroborando o desenvolvimento de Cianorte e das 32 cidades em se entorno. Para narrar a história oral, foram escolhidas três mulheres:

            Maria Pereira Okie (colaboradora da empresa CHEINA – Indústria de Confecções de Roupas no ano 1986 – 2016, horário: 07h:30min às 17h:45min, ou seja, permaneceu 30 anos na empresa considerando o registro em carteira. Segundo a entrevistada, em algum momento nesse período trabalhado a empresa teve três turnos de trabalho. Maria trabalhou em vários setores durante os anos de trabalho, porém, o setor da costura foi onde se estabilizou. Segundo ela, a média de pessoas que trabalhavam em seu setor era de 40 a 45 pessoas); Andreia Pereira Okie Rodolfo (foi colabora da empresa CHEINA – Indústria de Confecções de Roupas por 19 anos aproximadamente, no horário: 07h:00min às 17h:30min. Andreia relata que o setor de costura – onde trabalhava – trabalhavam em média 42 pessoas); Dirce Fernandes Silva (foi colabora da empresa CHEINA – Indústria de Confecções de Roupas por 6 anos, no setor da costura. Segundo ela, o setor da costura era composto de 30 a 40 pessoas na época. Deste modo este texto irá permear nessas entrevistadas que trabalharam na indústria Cheina que contaram por meio de um questionário como era a produção de roupas tanto dentro da confecção Cheina, bem como, as características do setor de confecção naquela época em que colaboraram com essa indústria que se desenvolveu e transformou-se na “Capital do Vestuário”. Dentre os temas e subtemas do questionário aplicado nas entrevistas estavam questões acerca da produção, as marcas para qual a Cheina trabalhava, os grandes nomes da confecção cianortense na época em que as entrevistadas trabalharam na indústria e como era trabalhar na considerada como a primeira confecção de Cianorte-PR.

Maria Pereira Okie (2020), a respeito da Cheina,

Ah, era muito gostoso. Eu gostava. Gostava não, gosto até hoje de todo mundo lá. É, antigamente era muito puxado né, era mais puxado, […] tinha muita hora extra. […] Mas é que nem eu te falei, fazia mesmo quem queria, não era obrigado a fazer hora extra né, nunca foi. […] Porque a cada ano que passa, mais peças eles querem pra sair. Eles inventam um monte de coisa pra ver se “anda” mais a produção. […] Teve uma vez que colocaram carrinho na produção; era assim, eles colocavam o carrinho do lado com as peças e você tinha tantos minutos pra fazer aquele carrinho, e aí ia passando; […] aí muita gente saía falando que era muito puxado, e eu ficava lá. […] Tudo que eles pediam pra mim eu fazia, eu era muito caprichosa na costura […]

Percebemos ao logo das entrevistas que a cidade de Cianorte-PR começa suas atividades apenas produzindo peças de vestuário e, ao longo do desenvolvimento do setor de confecção na cidade e com o início da profissionalização da população, fez-se possível criar moda em Cianorte. Okie (2020), relata que a indústria CHEINA inicialmente não trabalhava com tendencia de moda, e sim, com facção.

Não, era tendência da moda. No começo era tudo uma coisa só, depois quando entravam essas facções grandes, como: ELLUS, M OFFICER, entre outras, que eram marcas mais de grife que a produção mudou e tornou-se mais voltada a tendências de moda. […] A gente estava trabalhando aqui, produzindo aqui, o que seria tendência daqui dois anos; era muita viagem que o pessoal fazia, o pessoal ia para Paris, para Itália – Milão.” em busca de tendências de moda. Tendências de lavagens, tendências de tecidos, isso tudo para a CHEINA – Indústria de Confecção de Roupas. […] A gente via cada modelo de calça lá, quando começou os ‘rasgadinhos’ a gente achava absurdo, parecia trapo né. A gente falava: Putz! ninguém vai usar isso aqui! e depois você via todo mundo usando[…] aquela calça que tem enchimento, fizemos muito! Era como um bojo no quadril, era difícil de fazer (OKIE, 2020)

Cabe dizer que a “caçadora de tendências” daqueles tempos fotografava as peças nas lojas e nas vitrinas da Europa e por meio de uma palestra geralmente dentro do próprio shopping de atacado, mostrava no telão/slide o que iria ser moda na próxima estação, os estilistas anotavam e “criavam” suas coleções. De acordo com as entrevistadas era muito comum na cidade de Cianorte naquele tempo trabalhar com terceirização para grandes marcas, isso fez com que movimentasse a indústria de moda na cidade. Conforme relata a costureira

As roupas que a gente fazia aqui, mas era para fora que a gente exportava para marcas internacionais, e só ficava as com defeitos; aí ficava para vender mais barato na lojinha que tinha ali na fábrica (SILVA, 2020).

Forum, Acostamento, Ellus, Cavalera e Calvin Klein foram as principais grifes que contrataram mão de obra cianortense entre 1986 e 2011, de acordo com as entrevistas.

Era assim, era uma roupa que nós éramos contratados para confeccionar a roupa. Por exemplo, a Fórum vinha aqui e mandava as peças pra nós fazermos pra eles, lá pra São Paulo. Olha, tinha a Forum, Calvin Klein, Ellus, Cavalera e Acostamento (OKIE,2020).

A Forum é reconhecidamente uma das marcas mais importantes do universo da moda no Brasil. Evocando valores intimamente conectados a sua essência como ousadia, vanguarda e transgressão […]. A Forum está presente em 52 lojas e 1000 multimarcas no Brasil” (FORUM, 2021). Em 2008, a marca Forum uniu-se ao grupo AMC Têxtil e contribui desde então – em parceria com outras grandes marcas do grupo – para o universo fashion (FORUM, 2021).

As entrevistadas também comentam sobre a produção de peças jeans e também de sarja, principalmente para a confecção de calças. Segundo elas, a especialidade da Industria de confecção CHEINA, era trabalhar com jeans, conforme comenta as entrevistadas. Okie (2020), diz que

Trabalhava com jeans, com sarja – sempre para calça. Aqui em baixo (CHEINA) eles trabalharam uma época com a marca Forum, e aí trabalharam bastante com malha. Mas, aí era só para essa marca. Eles “jogavam” tudo num setor, né. tudo separadinho; eles montaram um setor para montar as entretelas. Era tudo com setor separado para a malha né porque ela é sempre mais mole, então os bolsos eram tudo embutidos. Mais detalhado.

Rodolfo (2020), concorda

Era mais a linha jeans mesmo. Calça, shorts, Jaqueta, tudo jeans né; mas, de vez em quando entrava uma modinha […]. As vezes entrava algum tecido plano, quando eu estava no setor da preparação, aí eu fazia alguns embutidos, aí entrava alguns tecidos mais finos, mas, era muito difícil.

Ainda em entrevista, a costureira Silva (2020), ressalta que a indústria de confecções CHEINA trabalhava principalmente com calças jeans. “Só calça. Calça, e as vezes, jaquetas. […]. Jaquetas a gente costurava pouco, eram mais calças mesmo, masculina e feminina” (SILVA, 2020). A costureira e cidadã cianortense deu um depoimento sobre a confecção de jaquetas jeans realizada na indústria CHEINA.

Costuravam aqui ia para fora, vendiam por mil reais, vendiam muito. Nós falávamos assim: Nossa! Mais do que nosso salário uma jaqueta dessa […]. Essa jaqueta, era uma jaqueta muito modelada mesmo […]. Eles falavam: ‘isso aqui nem fica aqui, ninguém compra aqui não, isso aqui vai tudo para fora’ […]. Aí sabe por que a gente sabe que era esse preço? Porque as vezes vinham consertos, ia lá para lavanderia e as vezes esgarçava a roupa, ou alguma coisa assim e a gente via os preços nas etiquetas (SILVA, 2020).

Okie (2020), concorda

Era calça […] tinha um setor de camisaria, calça social. Tinha o jeans, fazia shorts, muita jaqueta. Tem um setor que faz muita jaqueta, porque é assim, eles separam um setor porque as jaquetas são muito mais difíceis de fazer, então, se você jogasse no meio do setor do jeans a produção não vai. Então, eles montam tudo num outro setor (OKIE, 2020).

A peça com maior demanda de mercado produzida pela CHEINA, eram as calças jeans. Segundo ela, houve um setor de camisaria, mas, percebe-se que claramente que o protagonista do setor de confecção cianortense, foi e ainda é o jeanswear.

Em 1986, a CHEINA possuía um setor separado de camisaria. Segundo Maria Pereira, foi necessário separar da produção do jeans (shorts, calças e jaquetas). Desse modo, a célula de produção atingia o máximo de peças prontas por dia. Conforme a entrevistada, o setor de camisaria encerrou as atividades em 1998.

É fundamental salientar-nos que jeans e sarja têm a mesma construção têxtil “2×1 e 3×1”. Porém, é comum dentro da indústria da confecção, a produção confundir jeans e sarja. Desse modo, podemos afirmar que geralmente toda sarja tem a mesma padronagem/ligação do jeans. A entrevistada comenta sobre o uso das entretelas – tecido de algodão engomado com substância colante em sua superfície; as entretelas têm como propósito estruturar partes de uma peça durante a etapa da costura e montagem – e também sobre malhas, dizendo que é muito diferente do tecido plano. As malharias são laçadas e os tecidos planos são construídos através do cruzamento de fios (trama e urdume). E, por último, ela falou sobre a fabricação dos bolsos embutidos naquele momento.

Era assim, era uma roupa que nós éramos contratados para confeccionar a roupa. Por exemplo, a Forum vinha aqui e mandava as peças pra nós fazermos pra eles, lá pra São Paulo. Olha, tinha a Forum, Calvin Klein, Ellus, Cavalera e Acostamento (OKIE, 2020).

Para contextualizar o trabalho que a Cheina realizava no formato de “Facção”, em 1980 e 1990, fez se necessário conhecer as empresas em questão, entre elas temos: Calvin Klein, Ellus, Cavaleira, Acostamento.

            A Calvin Klein produz em sua maioria parte jeans, possuem linhas e/ou shapes simples e sofisticados que conquistam diversos seguidores. Atualmente a marca Calvin Klein está entre as marcas mais influentes do mercado, “a Calvin Klein está presente em mais de mil cidades brasileiras através de 3.300 mil lojas multimarcas, 42 lojas próprias e 58 lojas licenciada” (CALVIN KLEIN, 2019). Conforme as entrevistadas apontaram outra marca de relevância foi a Ellus, a empresa Ellus foi fundada em 1972 por Nelson Alvarenga. O “carro forte” da grife deu-se pelo segmento jeanswear premium. “Ellus mantém seu DNA jovem, contemporâneo, livre e transgressor […]. Acompanha a evolução da moda e do comportamento global traduzida em suas coleções e em toda a comunicação com seus clientes” (ELLUS, 2021). Uma marca jovem que foi confeccionada em Cianorte foi a marca Cavalera “Unindo música, moda, arte e rua, a CAVALERA surge em 1995 e conquista a principal semana de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week. Seus desfiles nada convencionais se tornam os mais esperados em todas as temporadas” (CAVALERA, 2018). A marca Cavalera é pensada para todos os públicos, cheia de personalidade em suas linhas, é o clássico do street com um toque de sofisticação. A marca citada possui “uma moda descomplicada e antenada ao estilo de vida das personas que permeiam o universo e novo momento da CAVALERA. Um guarda-roupa completo para os desafios cotidianos desde o jeanswear a alfaiataria […]” (CAVALERA, 2018).

A marca Acostamento “está há 25 anos no mercado de moda, conectando pessoas e oferecendo um amplo mix de produtos para homens e mulheres cheios de estilo e atitude […]. Quem veste Acostamento é apaixonado por moda” (ACOSTAMENTO,2021). A marca atenta-se na qualidade e variedade das peças que produzem, priorizam a exclusividade desde a estamparia ao produto completo e, além disso, a marca investe em alta tecnologia para facilitar a confecção de suas peças. “Nossa inspiração vem de homens e mulheres contemporâneos e urbanos que respiram elegância e tem o conforto e a versatilidade como características marcantes” (ACOSTAMENTO) e por último como foi mencionado pelas entrevistadas a marca FORUM também foi recorrente na confecção de Cianorte.

A indústria CHEINA, realizava todo tipo de trabalho para as marcas citadas acima que necessitavam da terceirizar sua produção, e foi assim que Cianorte-PR iniciou as atividades no setor de confecção, ou seja, por meio, da “facção” é o nome dado às indústrias de vestuários e confecções que fazem seus serviços exclusivamente para outras empresas, ou seja, uma confecção que presta serviços e não possui sua marca própria, designers, setor de estilo, etc.

Em meados de 1980 e 1990, Cianorte estava em total aceleração na confecção de roupas, a produção era tanta que a cidade recebeu o título de “Capital do Vestuário”, que segundo Maria Pereira Okie (2020), se deu pelo então prefeito entusiasta daquela época, Edno Guimarães.

No “chão de fábrica” e na produção diária de peças de roupas é comum a função de cronometrista – nome dado ao profissional responsável por controlar o andamento da produção, visando o melhor aproveitamento do tempo. Segundo Maria Pereira, a produção na CHEINA era em média de 100 a 120 peças por hora, cada costureira. Isto dependia da complexidade da modelagem. A entrevistada ainda comenta que no processo de construção dos bolsos, fazia-se em média 35 peças por hora, e consequentemente, costuravam-se os dois bolsos da calça, ou seja, 70 bolsos por hora cada colaborador. Historicamente, em 1980 e 1990 eclode o fast fashion, onde cria-se o sistema de produção em escala, neste momento cada colaborador da confecção realiza uma etapa da construção da peça, o que fez com que agilizasse a produção. A entrevistada Maria Pereira Okie (2020), relata como era a linha de produção da indústria CHEINA na época em que ela trabalhou na indústria,

No setor inteiro, quando saí de lá, eles queriam que saísse 120 peças por hora. […] 100 – 120 peças que tinham que sair, dependendo da modelagem da calça, e aí, marcava lá no quadro. […] Tinha um quadro para marcar o quanto que saía, tinha uma menina que ficava lá e ia pegando as peças, contando e marcando no quadro […] tudo controlado. Lá eu fazia bolso, fazia segunda costura do bolso. Pra você ter uma ideia, essa segunda costura do bolso era 35 peças por hora, fazia a costura dos dois bolsos, 70 bolsos por hora cada pessoa. Eram duas pregadeiras de bolsos e duas faziam a segunda costura. Era tipo assim, na hora. Quando começava e dava alguma coisa errada, eles paravam ali, tirava aquela parte fora e continuava fazendo, para não parar. Não poderia parar o setor. Por exemplo, se eu vou fazer esse pacote e eu fiz errado, eu peguei e fiz com a linha errada […] eu parava aquele pacote, deixava separado lá e quando eu tinha um tempinho eu ia desmanchando e ia fazendo de novo, […] pra não perder tempo. Aí eu trocava a linha ia fazer […] eu não ia parar, pra consertar tudo se não parasse tudo lá pra frente (OKIE,2020).

Ao longo das entrevistas foi possível perceber como funcionava o controle de qualidade nas indústrias de confecção de Cianorte, e, mais especificamente, na CHEINA. Além da profissional especifica designada à função de cronometrista, havia também as revisadeiras, que supervisionava a qualidade das costuras e consequentemente a montagem das peças, conforme ressalta Andreia Pereira Okie Rodolfo (2020), quando ocorria erros e/ou defeitos na produção das peças

Quando começava, já tinha as revisadeiras, que revisava aquela parte, pra não chegar lá na frente e tá tudo errado e ter que desmanchar tudo. Cada etapa tinha a revisão. […] Quando era ELLUS – a gente fazia bastante ELLUS e CALVIN KLEIN – se tivesse um defeito, às vezes no jeans – que era deles mesmo; então, a turma comprava e revendia pra gente mais barato. Às vezes tinha um defeito. A ELLUS era assim se eles pegassem um lote inteiro […] com mil peças, eles revisassem e medissem dez calças e essas dez calças dessem uma medida diferente, eles regulavam as mil peças e a firma tinha que pagar. Aí tirava a etiqueta e vendia pros funcionários mais barato para não perder (ANDREIA PEREIRA OKIE RODOLFO, 2020).

Naquela época, a cidade já continha o maior shopping de atacado da América Latina, o Shopping Nabhan; desta forma, a cultura da cidade estava toda voltada ao atacado, ou seja, à pronta entrega, que era direcionada toda a confecção de Cianorte para os demais estados brasileiros.

Cianorte era conhecida como “Capital do Vestuário”. Ela passou a ser conhecida como capital do vestuário quando entrou o Edno Guimarães, aí foi uma febre né. Os shoppings eram cheios de gente, os ônibus, veio o Shopping Nabhan. Aí foi aquela febre … e depois, foi diminuindo, diminuindo e agora você vê aí, a Rua da Moda não tem nada, né (OKIE, 2020).

Outro fator bem interessante era a dinâmica do calendário de compras nos shopping de atacado, neste período as marcas de roupa ofereciam um café da manhã ao compradores, tal fato foi se embelecendo como uma atração e/ou vantagem de se fazer compras de roupas em Cianorte, os comparadores chegavam as 5 horas da manhã e os guias de cada shopping estavam lá para recebê-los e direcioná-los para as lojas especificas para o segmento do comprador (roupas femininas, masculinas, gestantes, infantis, entre outras). Desse modo, também para alavancar as vendas e disseminar a importância da cidade, surge a feira de roupas, que ficou conhecida como “A Feira de Exposição de Vestuário (EXPOVEST)”, foi criada para disseminar pelo Brasil, os produtos criados pelas Indústrias de Confecção de Cianorte. Foi desenvolvida em 1989, por um grupo de empresários do setor de confecção e apresentou sua primeira edição no próximo ano (1990), no aniversário da cidade. A parceria foi firmada entre os empresários e o Poder Público Municipal, que criaram juntos uma das maiores feiras de vestuário do Sul do País (PREFEITURA DE CIANORTE, 2018b).

 Tal percepção impulsiona a produção têxtil nacional e aumenta a competitividade entre as indústrias nacionais. O governo passou, então, a incentivar os cursos técnicos têxteis para suprir o mercado novo que estava por vir em meados da década de 1960 (VASQUES, 2018, p. 59). E na Capital do Vestuário não foi diferente, em meados dos anos de 1970 eclode a disseminação da confecção no município e consequentemente pensava já em 1980 e 1990 a ter uma feira própria, a conhecida até hoje, Expovest.

A primeira edição, foi realizada em 1990 embaixo de barracões de lonas, ao lado do ginásio de esportes da cidade, com a participação de 90 expositores, a feira lucrou nesse ano aproximadamente U$2,5 milhões, e atingiu um público de 120 mil pessoas. Com os resultados altamente positivos, a prefeitura juntamente com os empresários locais, começaram a planejar novos rumos para a EXPOVEST. Na segunda edição – 1991, ainda debaixo de lonas, a feira contava com 150 expositores, ou seja, 60 expositores a mais do que no primeiro ano. Os resultados da segunda edição surpreenderam ainda mais, atingindo um lucro de U$4 milhões de dólares, o que fez com que os empresários e a prefeitura junto ao Poder Legislativo Municipal e Estadual, começassem a procurar um espaço próprio para a realização das próximas edições da Feira de Exposição do Vestuário (BORTOLINI; BUCHMANN, 2015, p. 24).

Em 1992, a EXPOVEST começou a ser reconhecida nacionalmente e os expositores atingiram alta qualidade na coleção verão, o evento ainda acontecia sob as lonas, mas com a promessa de um novo local para o próximo ano. O sucesso foi absoluto, tanto a favor do público como para os empresários. Desse modo, a comercialização aumentou para U$5 milhões de dólares, durante a terceira edição da Feira. Em 1993, entregaram 3,2 mil m² de pavilhão para a realização de sua quarta edição. Com o novo espaço físico, a feira pode acomodar 150 estantes em modernas instalações e contabilizou U$6 milhões de dólares (BORTOLINI; BUCHMANN, 2015, p.24).

O evento foi realizado uma vez por ano, no mês de março, para o lançamento das coleções referentes à Primavera/Verão, até o ano de 2002. A partir de 2003, atendendo a demanda dos empresários cianortenses, a feira passou a ter duas edições por ano, abrangendo as tendências das estações Outono/Inverno; esta segunda edição anual é realizada em julho próximo a data do aniversário de Cianorte (PREFEITURA DE CIANORTE, 2018b). Com o sucesso da Feira de Exposição do Vestuário – Primavera/Verão de 2003 e a criação da segunda edição anual – que atingiu as tendências das estações mais frias, o público passou a ter mais opções de compra, pois, o evento estava se moldando de acordo com as necessidades do público; naquele ano a EXPOVEST ganhou um novo espaço de exposição (BORTOLINI; BUCHMANN, 2015, p. 24).

Entre os anos de 2009 e 2010, foi criada a Feira Cianorte Alto Verão, desta vez, com o objetivo de atender as demandas dos clientes. Esta edição é realizada em outubro, para que os clientes reabasteçam suas lojas para o final do ano com os novos lançamentos, o que incrementou as vendas de verão (BORTOLINI; BUCHMANN, 2015; PREFEITURA DE CIANORTE, 2018b). Conforme Bortolini e Buchmann (2015, p.24), “Em 2015 a Expovest realizou sua 35ª edição Outono/inverno”.

Segundo a Prefeitura de Cianorte (2018b), atualmente a Feira se caracteriza como a maior feira atacadista de moda à pronta entrega do Brasil. Promovida pela Associação das Indústrias de Confecções e do Vestuário (ASCONVEST) em parceria com o Sindicato das Indústrias do Vestuário (SINDVEST), o Poder Público e Centros Atacadistas participantes, onde a Expovest é realizada simultaneamente. “São eles: Asamoda Shopping; Ciavest Shopping; Dallas Personnalité; Master Shopping, Nabhan Cia Fashion e Rua da Moda”.

E, segundo o relato de Maria Pereira Okie (2020), a Expovest era assim: “Na época da Expovest era o seguinte … como a gente fazia muita roupa pra fora, aí depois que as roupas deles eram pra aqui também, né. Era muito corrido daí, era bem corrido pra fazer a Expovest […]”.

De acordo com a entrevista, entendemos também que dentro da CHEINA, no setor de confecção se inicia cursos profissionalizantes para aprender o processo de costura. Havia um espaço reservado para a prática dos cursos, depois dessa etapa, o colaborador já iniciava na linha de produção. Desse modo, temos o curso profissionalizante direto no “chão de fábrica” da indústria CHEINA. Como relata a entrevistada Dirce Fernandes Silva (2020),

Entrava bastante gente lá, os funcionários mesmo – eles pegavam para ensinar e viravam costureiras, eles ensinavam. Mas, aí não era um curso. Era assim, dentro mesmo no trabalho, eles davam os serviços mais fácil, e aí a pessoa ia pegando o jeito e virava uma costureira boa. Mas, eu quando entrei lá, eu já tinha o curso, eu já tinha trabalhado fora, eu já sabia né. Já era costureira.

Somente depois, a empresa SESI deu continuidade aos cursos profissionalizantes em Cianorte, para a área de confecção. Como comenta Maria Pereira (2020), “Muito tempo depois que o SESI veio com a escola de aprendizado […]”.

O Colégio SESI foi criado como uma iniciativa do Serviço Social da Indústria (SESI), e atua há 15 anos no estado do Paraná em união ao Sistema FIEP – que é composto pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Por meio desta união, os jovens de todo o estado têm a possibilidade de concluir o ensino médio com o auxílio de uma metodologia de estudos transformadora. O compromisso do SESI e/ou FIEP é oferecer uma formação de qualidade alinhada as necessidades da indústria; para isso, há a implementação de cursos técnicos e profissionais, oficinas, palestras e workshops para preparar o aluno para o mercado de trabalho (SESI-PR, [2020-2021]). Em 2011, a unidade cianortense do Colégio SESI completou 18 anos, ou seja, atualmente o sistema FIEP está há 28 anos atuando em Cianorte-PR, auxiliando jovens a compreender como funciona o mercado de trabalho e, consequentemente, contribuindo para o crescimento da profissionalização do profissional de moda cianortense (SISTEMA FIEP, 2011).

Em Cianorte-PR, era comum os estilistas fazerem suas pesquisas de tendências fora do país, era recorrente as viagens para Paris e Itália na busca de novas lavagens de jeans, fotografia das vitrinas europeias, entre outras tendências. O shopping Nabhan, promovia palestras com pessoas especializadas ou que vinham de fora do país e mostrava por meio de imagens no datashow, fotos dos estilos das pessoas na rua (streetwear) e nas feiras de moda e de têxteis.

Conforme as entrevistas, percebe-se que Cianorte-PR produzia peças e exportavam para diversos países, como afirma Andréia Okie (2020), a respeito da exportação

[…] Estados Unidos, Inglaterra. Era tudo para fora. A gente via as roupas que a gente produzia aqui, naqueles desfiles de moda que tinha lá em outro país, passava na televisão. Milão. Eles mandavam para firma as fotos (do desfile) e eles mostravam para a gente vê. Às vezes incentivava, mas, você produzia uma calça da ELLUS, você não tinha condições de comprar uma calça que você produzia. Era muito caro. Só que aí, quando dava algum problema eles compravam algum lote para vender pros funcionários, mas barato, eles tiravam as etiquetas, mas a modelagem era completamente diferente de qualquer outra modelagem (da época) não existe modelagem igual. Vestia muito bem, muito bem! Mesmo no corpo da brasileira, o jeans deles era diferente, eles já mandaram o tecido (OKIE, 2020).

Deste modo, com o auxílio dos cursos profissionalizantes e com a vinda de grandes marcas para serem confeccionadas por mãos cianortenses, a cidade foi pouco a pouco, compreendendo o que é confecção e depois a moda de atacado, e hoje em dia movimenta o setor de moda do país e ainda é conhecida com a “Capital do Vestuário”.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Até meados de 1970 a economia predominante na cidade de Cianorte no Paraná era baseada na agricultura familiar vinculada a produção de café, porém com a decadência do mesmo (ocorreu a geada de 1975), houve a migração de várias famílias do campo para a cidade. Este texto de Iniciação Científica (IC) teve como proposta apresentar históricos orais do início da confecção de Cianorte (1980 a 1990), cidade localizada no Corredor da Moda (Apucarana, Cianorte, Maringá e Londrina). Foi importante os depoimentos das três costureiras/modelistas acerca do desenvolvimento do setor naqueles tempos, Andreia Pereira Okie Rodolfo, Dirce Fernandes Silva e Maria Pereira Okie foi salutar os depoimentos, exemplos e vivencia diária na confecção, ou seja, no conhecido “chão de fábrica”, alguns comentários sobre a aceleração da indústria percebemos o desgaste do trabalho diário da confecção naquele instante pelos relatos das três entrevistadas, entendemos também os primeiros índices do conhecido fast fashion (um padrão de mercado que se aplica na produção de peças de roupas em grandes quantidades e o mais rápido possível) 1ºrecorte: “Teve uma vez que colocaram carrinho na produção; era assim, eles colocavam o carrinho do lado com as peças e você tinha tantos minutos pra fazer aquele carrinho, e aí ia passando”. 2º recorte: “No setor inteiro, quando saí de lá, eles queriam que saísse 120 peças por hora. […] 100 – 120 peças que tinham que sair, dependendo da modelagem da calça, e aí, marcava lá no quadro. […] Tinha um quadro para marcar o quanto que saía, tinha uma menina que ficava lá e ia pegando as peças, contando e marcando no quadro […] tudo controlado. Lá eu fazia bolso, fazia segunda costura do bolso. Pra você ter uma ideia, essa segunda costura do bolso era 35 peças por hora, fazia a costura dos dois bolsos, 70 bolsos por hora cada pessoa. Eram duas pregadeiras de bolsos e duas faziam a segunda costura. Era tipo assim, na hora”, 3º recorte: “Eles mandavam para firma as fotos (do desfile) e eles mostravam para a gente vê. Às vezes incentivava, mas, você produzia uma calça da ELLUS, você não tinha condições de comprar uma calça que você produzia. Era muito caro”

Outra questão de relevância foi compreender sobre o poder aquisitivo de compra, “Costuravam aqui ia para fora, vendiam por mil reais, vendiam muito. Nós falávamos assim: Nossa! Mais do que nosso salário uma jaqueta dessa […]. Essa jaqueta, era uma jaqueta muito modelada mesmo […]. Eles falavam: ‘isso aqui nem fica aqui, ninguém compra aqui não, isso aqui vai tudo para fora”

O início dos cursos profissionalizantes: “Entrava bastante gente lá, os funcionários mesmo – eles pegavam para ensinar e viravam costureiras, eles ensinavam. Mas, aí não era um curso. Era assim, dentro mesmo no trabalho, eles davam os serviços mais fácil, e aí a pessoa ia pegando o jeito e virava uma costureira boa. Mas, eu quando entrei lá, eu já tinha o curso, eu já tinha trabalhado fora, eu já sabia né. Já era costureira”

A feira de atacado “Em 1992, a EXPOVEST começou a ser reconhecida nacionalmente e os expositores atingiram alta qualidade na coleção verão, o evento ainda acontecia sob as lonas, mas com a promessa de um novo local para o próximo ano”, nessa feira de atacado os lojistas de todo Brasil chegavam para comprar a roupa pronta e levar para suas lojas de multimarca. Era comum serem recepcionados por um café da manhã, em seguida as vans levavam para os cinco shoppings de atacado daqueles tempos.

A utilização da metodologia historiográfica proposta pelo historiador, Rodrigues (1970), corroborou para descrição e reflexão do processo. Ao entrevistarmos as mulheres que efetivamente participaram da evolução e construção da vocação da cidade e região (indústria da confecção), constatamos que esse compilado de histórias orais, fatos e figuras nos fez afirmarmos a enorme importância de Cianorte e região no setor de confecção para o desenvolvimento regional.  Em dado momento da pesquisa percebemos que era fundamental analisarmos os dados a respeito do crescimento econômico da maior feira atacadista de moda do Brasil – EXPOVEST.   Por fim, o espólio da cidade de Cianorte e região, bem como, o poder aquisitivo de compra, o início dos cursos profissionalizantes na confecção (costura e modelagem), a inserção e a necessidade da divulgação das roupas em uma feira de atacado unida diretamente com as lojas de shopping de atacado e lojas de rua, construíram a história e memória do que é conhecida ainda hoje como “Capital do Vestuário”.

AGRADECIMENTOS

Ao Grupo de Pesquisa em Moda e Têxteis (GEMOTEX) e o Programa de Pós- Graduação (PPG) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O curso de Bacharelado em Moda do Campus Regional de Cianorte (CRC). Cabe ressaltar, que este texto e entrevistas foram construídas por meio de mensagem de WhatsApp durante à Pandemia da COVID -19, no ano de 2020.

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Professor Efetivo da Universidade Estadual de Maringá (UEM
Mestre, Diretora da Biblioteca Central (BCE), Universidade Estadual de Maringá (UEM
Professor Efetivo da Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Acadêmica do curso de moda Universidade Estadual de Maringá (UEM)