REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505211912
Samuel Marques Borges1 / Neila Barbosa Osório2 / Leonardo Sampaio Baleeiro Santana3 / Valter Henrique Da Silva Santos4 / Claudiany Silva Leite Lima5 / Leila Cardoso Machado6 / Marilene Guimarães De Oliveira7 / Karinne Oliveira Meneses8 / Macleison Vera9 / Jore Carlos Alves Batista10 / Orcimar Sousa Gomes De Amorim11 / Bartolomeu Moura Junior12 / Dalâyne Lopes Dos Santos13 / Matheus Sousa Da Silva Marques14 / João Antônio Da Silva Neto15
RESUMO – A arte rupestre brasileira é um patrimônio cultural que registra práticas simbólicas, sociais e ambientais de situações pré-históricas, expressando a diversidade de estilos e técnicas em contextos específicos. Este estudo, de caráter bibliográfico, analisa criticamente essas manifestações, investigando as influências das paisagens nos estilos e significados culturais das gravuras e pinturas rupestres. A pesquisa destaca como os aspectos ambientais e culturais moldaram essas produções, evidenciando sua relevância na construção de identidade e na interação entre grupos humanos e territórios. Os resultados revelam que as escolhas estilísticas e técnicas refletem adaptações ecológicas e sociais, enquanto os sítios rupestres são reconhecidos como marcos culturais e históricos. Concluir que a preservação e o estudo dessas manifestações são essenciais para compreender as dinâmicas sociais e ambientais do passado, além de contribuir para o reconhecimento do patrimônio cultural brasileiro.
Palavras-chave: Arte rupestre. Contextos culturais. Expressões estilísticas. Patrimônio histórico. Preservação ambiental.
1. INTRODUÇÃO
A arte rupestre brasileira é um patrimônio cultural e histórico de valor inestimável, representando as primeiras manifestações artísticas das populações que habitaram o território nacional em tempos pré-históricos. Essas gravuras e pinturas, espalhadas por diferentes regiões do país, revelam não apenas aspectos culturais e sociais, mas também a relação simbólica e espiritual que os grupos humanos estabeleceram com o ambiente ao seu redor. Como parte integrante do contexto histórico e destruído, essas manifestações continuam a instigar debates e pesquisas que buscam compreender seus significados e implicações na formação das identidades culturais brasileiras (IPHAN, 2024).
A diversidade estilística e técnica presente nas expressões rupestres reflete a complexidade das sociedades que as produzem. Em diferentes paisagens, como abrigos rochosos e cavernas, essas representações assumem múltiplos significados, variando de cenas narrativas e zoomorfas a figuras geométricas e abstratas. Esses registros, marcados por contextos geo-históricos únicos, foram interpretados como narrativas de interação com o território, simbolismos rituais e até como formas de organização social. Contudo, a riqueza dessas expressões ainda carece de análises que integram os aspectos técnicos, estilísticos e contextuais, oferecendo uma visão mais abrangente sobre a produção rupestre no Brasil (Buco, 2012).
Este trabalho busca compreender as artes rupestres brasileiras a partir da análise de suas expressões estilísticas e técnicas, considerando os contextos geo-históricos que permeiam sua produção. A questão central que norteia a pesquisa é: como as diferentes paisagens influenciaram as técnicas e estilos das manifestações rupestres, e quais significados culturais podem ser extraídos dessas interações? A investigação pretende explorar as dinâmicas culturais e ambientais que moldaram a produção artística, relacionando-a com os contextos específicos de cada sítio devastado.
Como é possível, considerar que a variabilidade técnica nas artes rupestres está intrinsecamente ligada às características ambientais e culturais das regiões onde estão localizadas. Além disso, acredita-se que as escolhas feitas pelos artistas – desde os materiais utilizados até os temas representados – foram profundamente influenciadas pelas condições ecológicas, sociais e simbólicas de cada território. Essa abordagem busca integrar elementos ambientais e culturais como fatores essenciais para interpretar os significados dessas expressões artísticas.
O objetivo geral deste trabalho é analisar criticamente as artes rupestres brasileiras, enfatizando a diversidade estilística e técnica e os contextos geo-históricos que estão envolvidos.
A relevância deste estudo reside na contribuição para a ampliação do conhecimento sobre a arte rupestre brasileira, um patrimônio que transcende sua dimensão estética para se consolidar como elemento chave na compreensão das identidades culturais pré-históricas. A investigação, ao integrar diferentes perspectivas analíticas, busca fornecer subsídios tanto para a preservação desses sítios quanto para a valorização de sua importância no contexto acadêmico e social.
Uma metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica, baseada em uma revisão integrativa de obras e estudos que abordam as expressões rupestres no Brasil. Os dados foram extraídos de publicações acadêmicas, teses, dissertações e relatórios institucionais, priorizando fontes que exploram aspectos técnicos, estilísticos e contextuais das artes rupestres.
O trabalho está estruturado em três capítulos. O primeiro, intitulado “Rastros do Passado: Interpretando as Artes Rupestres no Brasil”, contextualiza a produção rupestre como um patrimônio histórico e cultural, abordando suas principais características. O segundo ponto, “Expressões Estilísticas e Técnicas: Diversidade nas Gravuras e Pinturas Rupestres”, analisa as técnicas e estilos das manifestações, destacando as especificidades culturais de cada região. O terceiro e último subtítulo, “Contextos Geo-Históricos: Relações entre Paisagens e Significados Culturais”, explora as conexões entre as paisagens naturais e os significados culturais das representações, considerando a interação entre os grupos humanos e seus territórios.
2. Rastros do Passado: Interpretando as Artes Rupestres no Brasil
As artes rupestres brasileiras, espalhadas por sítios destruídos de diversas regiões, especificamente uma rica expressão do passado humano, oferecendo pistas sobre as práticas culturais, sociais e espirituais de populações pré-históricas. Cada traço gravado nas rochas é um testemunho de um tempo onde a interação entre o homem e a paisagem resultou em registros únicos, cujas interpretações são desafiadoras, mas também fascinantes. Esses vestígios servem como uma ponte para compreender os modos de vida, implicações e percepções ambientais de nossos ancestrais, especialmente em um território vasto e ecologicamente diverso como o Brasil (Buco, 2012).
Imagem 1. Reprodução parcial de painel de pinturas da Lapa do Caboclo
Fonte: Museu de História Natural e Jardim Botânico (MHNJB, 1985)
A produção artística nas rochas reflete um diálogo entre as sociedades antigas e o meio ambiente. As escolhas dos locais para as gravuras e pinturas, muitas vezes associadas a paisagens específicas, revelam uma profunda conexão entre os grupos humanos e os espaços que habitavam. Esses lugares, considerados sagrados, funcionavam como cenários para práticas rituais e representações simbólicas, criando um legado que transcende o tempo. No Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, por exemplo, a arte rupestre é evidência de uma interação complexa com o meio ambiente que remonta a milhares de anos (Buco, 2012).
A análise estilística dos painéis rupestres também é essencial para decifrar suas mensagens e funções. Estudos apontam que as diferenças nos estilos das gravuras, como as identificadas no sítio Toca do Baixão do Perna I, na Bahia, indicam fases distintas de ocupação e narrativas simbólicas que evoluíram ao longo do tempo. Essas variações estilísticas demonstram o dinamismo das culturas pré-históricas, bem como a presença de múltiplos grupos que compartilhavam ou disputavam os mesmos territórios (Alvarenga; Luz, 1991).
Os dados baseados em métodos científicos, como os realizados no Parque Nacional da Serra da Capivara, permitem situar as representações em contextos históricos específicos. Essas análises demonstraram que muitas das manifestações rupestres do Brasil são contemporâneas a importantes eventos evolutivos da humanidade, como o surgimento de técnicas agrícolas e a sedentarização (Lage, 1998).
Imagem 2. Figura geométrica complexa da Lapa do Caboclo do Peruaçu
Fonte: Andrei Isnardis (2018).
As técnicas empregadas na criação das gravuras e pinturas também revelam a habilidade e o conhecimento técnico dos grupos humanos pré-históricos. No caso das gravuras da Lapa do Posseidon, em Minas Gerais, observa-se um domínio sofisticado do uso de ferramentas de pedra para esculpir formas complexas e construídas. Essas práticas refletem um aprendizado coletivo transmitido entre gerações, consolidando as artes rupestres como uma tradição fundamental dessas sociedades (Alcântara, 2015).
Além disso, os grafismos rupestres frequentemente apresentam uma diversidade de temas e motivos, incluindo figuras humanas, animais, formas geométricas e abstratas. Essas representações têm servido a múltiplos propósitos, como registrar eventos históricos, marcar territórios ou expressar valores culturais e espirituais. A multiplicidade de significados atribuídos a essas manifestações evidenciam a riqueza cultural das paisagens pré-históricas e suas visões de mundo (Isnardis, 2009).
Os pesquisadores ressaltaram a importância de contextualizar as artes rupestres em seus respectivos ambientes culturais e ecológicos. No vale do alto-médio rio São Francisco, por exemplo, a variabilidade estilística das representações sugere uma coexistência de diferentes tradições artísticas, o que implica trocas culturais intensas e prolongadas entre os grupos humanos da região (Ribeiro, 2007).
Além disso, a presença de cúpulas e outras marcas geométricas em sítios como Daraki-Chattan, na Índia, e no Brasil, sugere um padrão global de criação artística pré-histórica, reforçando a ideia de que as artes rupestres não eram específicas, mas parte de uma tendência universal da humanidade em buscar formas de registrar e comunicar suas experiências (Kumar; Prajapati, 2010).
A relação entre as artes rupestres e os ciclos naturais também merece destaque. As estações climáticas, os recursos disponíveis e as mudanças ambientais podem ter influenciado a escolha de temas e a frequência da produção artística. Essas instruções indicam um profundo conhecimento ecológico dos grupos humanos, que utilizaram as gravuras como uma forma de se adaptar e responder ao ambiente (Calderón, 1983).
As políticas de preservação e estudo da arte rupestre no Brasil, lideradas por instituições como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desempenham um papel crucial na preservação desses patrimônios. A proteção de sítios destruídos, por meio de tombamentos e regulamentações, garante que as futuras gerações possam continuar explorando e aprendendo com esses registros do passado (IPHAN, 2024).
2.1. EXPRESSÕES ESTILÍSTICAS E TÉCNICAS: DIVERSIDADE NAS GRAVURAS E PINTURAS RUPESTRES
Ao longo de milênios, diferentes grupos humanos imprimiram nas rochas não apenas imagens, mas também histórias, mitologias e estruturas de pensamento que variam profundamente entre os sítios arqueológicos, refletindo a diversidade das condições ambientais e culturais do Brasil pré-histórico. Essa variabilidade estilística e técnica, longe de ser um dado estático, constitui uma janela para compreender como esses grupos lidavam com a transformação dos seus ecossistemas, as trocas culturais e as tensões territoriais, compondo um panorama de profunda riqueza histórica e antropológica (Buco, 2012).
Ao observarmos os painéis rupestres, percebemos que as escolhas estilísticas não eram casuais, mas resultado de processos intencionais que articulavam aspectos técnicos e simbólicos. Por exemplo, enquanto em alguns sítios predominam figuras geométricas e abstratas, associadas a sistemas de codificação simbólica mais complexos, outros apresentam cenas narrativas que sugerem eventos históricos, práticas ritualísticas ou mesmo estratégias de caça e sobrevivência. Esses contrastes revelam não apenas a diversidade cultural das populações que habitaram o território, mas também os modos distintos como cada grupo interpretava e interagia com o mundo à sua volta (Isnardis, 2009).
As técnicas de produção, que incluem gravuras incisas e pinturas com pigmentos naturais, também refletem níveis de habilidade e conhecimento sofisticados. O uso de ferramentas específicas para criar gravuras profundas ou detalhes finos é evidência de um domínio técnico que era passado de geração em geração, enquanto as pinturas demonstram um profundo entendimento das propriedades químicas e físicas dos materiais disponíveis na natureza. A análise de pigmentos em sítios como os do Parque Nacional da Serra da Capivara indica que esses materiais eram frequentemente transportados de locais distantes, sugerindo redes de troca e um valor ritual ou social atribuído a essas representações (Lage, 1998).
As expressões estilísticas também desempenhavam um papel ativo na formação de identidades coletivas e na comunicação intergrupal. Sítios como os do alto-médio rio São Francisco apresentam uma variabilidade estilística que pode ser interpretada como reflexo de contatos culturais, possivelmente pacíficos ou conflituosos, entre diferentes grupos. Essas interações são marcadas pela coexistência de tradições gráficas distintas, que por vezes se sobrepõem ou se entrelaçam, formando camadas de significados que só podem ser completamente compreendidas dentro de seus contextos arqueológicos e ecológicos (Ribeiro, 2007).
Essas escolhas revelam um entendimento profundo das características do ambiente e, ao mesmo tempo, refletem uma intencionalidade estética e prática. Além disso, a localização das pinturas muitas vezes está associada a espaços ritualísticos ou simbólicos, reforçando seu papel como marcos de identidade cultural e espiritual para os grupos que os produziram (Alvarenga; Luz, 1991).
A interpretação estilística e técnica das artes rupestres também deve considerar o impacto das mudanças ambientais ao longo dos séculos. Alterações climáticas e ecológicas podem ter influenciado diretamente a escolha de materiais, temas e técnicas, além de afetar o significado cultural atribuído às representações. Por exemplo, mudanças nos padrões de ocupação humana, causadas por oscilações climáticas, podem explicar a concentração de certas manifestações em áreas específicas, como abrigos próximos a recursos hídricos que se tornaram escassos em períodos de aridez (Calderón, 1983).
2.2. CONTEXTOS GEO-HISTÓRICOS: RELAÇÕES ENTRE PAISAGENS E SIGNIFICADOS CULTURAIS
As paisagens onde se encontram as manifestações rupestres brasileiras transcendem o papel de meros cenários. Eles são, em si, agentes de significado e história, integrando os sistemas simbólicos de sociedades antigas que nelas deixaram rastros. A interação entre a geografia desses locais e a produção cultural neles registrada reflete uma relação intrínseca e complexa entre o meio ambiente e as populações humanas. Esses espaços não foram escolhidos ao acaso; cada sítio rupestre revela uma profunda conexão espiritual, ecológica e prática entre os habitantes e o ambiente que os cercava, tornando-se territórios de memória coletiva e identidade (Alcântara, 2015).
A escolha de determinadas paisagens para a realização das gravuras e pinturas rupestres sugere uma intencionalidade que vai além do aspecto funcional. Abrigos rochosos, cavernas e encostas protegidas não apenas garantem a preservação das representações ao longo do tempo, mas também eram frequentemente associados a práticas cerimoniais e rituais. No caso do Vale do Perna, na Bahia, a localização dos painéis em áreas de difícil acesso reforça a hipótese de que essas vagas desempenhavam funções sagradas ou restritas, simbolizando uma dimensão transcendente no cotidiano das populações que os utilizavam (Alvarenga; Luz, 1991) .
A configuração geológica de sítios destruídos, muitas vezes marcada pela abundância de formas naturais, como cânions, fendas e rios, também carrega uma influência direta nos temas e nas técnicas empregadas nas representações rupestres. Os contornos das rochas e as texturas naturais funcionavam como “molduras” pré-determinadas, estimulando os artistas a integrar suas criações às características já existentes no ambiente. Essa interação entre arte e geologia não apenas enriquece os significados das gravuras, mas também demonstra a capacidade de adaptação e criatividade desses grupos (Isnardis, 2009).
As relações entre as paisagens e os significados culturais das artes rupestres também podem ser observados nas práticas de mobilidade humana. Muitos sítios destruídos no Brasil estão localizados em corredores ecológicos, como os vales fluviais e as rotas de transição entre biomas, deixando que esses espaços não abrigassem apenas representações culturais, mas também serviam como pontos de encontro e de passagem para diferentes grupos. Essas áreas, como o Parque Nacional Serra da Capivara, funcionavam como verdadeiros “nós” culturais, promovendo uma troca de saberes, técnicas e símbolos entre relações distintas (Buco, 2012).
O estudo dos contextos geo-históricos também permite compreender como as mudanças ambientais influenciaram os usos e significados das paisagens ao longo do tempo. A transição de climas mais úmidos para períodos de aridez, por exemplo, não moldou apenas os padrões de ocupação humana, mas também as temáticas representadas nas artes rupestres. Elementos associados a recursos específicos, como a água, aparecem com frequência em momentos de escassez, reforçando o papel das paisagens como espaços de sobrevivência e resistência cultural (Calderón, 1983).
Além disso, os locais de arte rupestre frequentemente incluíam referências culturais que transcendiam os próprios grupos que os produziam, sendo apropriadas por comunidades posteriores que reinterpretaram seus significados. Esse processo de ressignificação cultural é evidente em sítios como os do Alto São Francisco, onde diferentes tradições gráficas se sobrepõem, revelando a continuidade e a transformação de práticas culturais em resposta a novas demandas sociais e ecológicas (Ribeiro, 2007).
A associação entre paisagens e significados culturais também se manifesta na presença de figuras zoomorfas e antropomorfos em contextos específicos. Muitas dessas representações estão intimamente ligadas à fauna e à flora locais, estabelecendo uma conexão direta entre os elementos visíveis do ambiente e as narrativas simbólicas gravadas nas rochas. Esses elementos, por sua vez, funcionaram como mediadores entre o mundo natural e o espiritual, unificando os significados culturais à geografia circundante (Viana et al., 2016).
Outro aspecto relevante é a continuidade do uso simbólico dessas paisagens em contextos contemporâneos. Em várias comunidades tradicionais brasileiras, os sítios rupestres ainda são tratados como espaços sagrados ou de ancestralidade, mantendo vivas as conexões psicológicas entre os habitantes modernos e seus antecessores pré-históricos. Essa relação dinâmica entre passado e presente reforça a ideia de que as paisagens não são estáticas, mas campos específicos em constante transformação cultural e histórica (IPHAN, 2024).
Os contextos geo-históricos, portanto, não apenas ajudam a interpretação das artes rupestres, mas também evidenciam as dinâmicas mais amplas de interação humana com o território. O ato de gravar nas rochas não era apenas uma forma de expressão artística, mas também um meio de inscrever na paisagem uma narrativa de rigidez, que refletia as relações sociais, os conflitos e as adaptações de grupos humanos às mudanças ambientais (Valle, 2012).
3. CONCLUSÃO
A análise das expressões estilísticas e técnicas das artes rupestres brasileiras, considerando os contextos geo-históricos em que foram produzidas, permitiu compreender a riqueza e a complexidade dessas manifestações como reflexos das interações entre os grupos humanos e os territórios ocupados. Os resultados do estudo confirmam as hipóteses iniciais, evidenciando que a variabilidade estilística e técnica está diretamente relacionada às condições ambientais, culturais e simbólicas de cada região. Além disso, foi possível verificar que as escolhas de materiais, temas e locais das representações artísticas foram profundamente influenciadas pelas dinâmicas sociais e ecológicas das populações pré-históricas.
Os objetivos traçados foram concluídos, destacando a importância da análise crítica das artes rupestres para a compreensão das práticas culturais e identitárias das sociedades antigas. Ao identificar as características técnicas e estilísticas, investigar o significado das influências das paisagens e explorar as representações culturais, o estudo contribuiu para ampliar o conhecimento sobre esse patrimônio único. Além disso, a relevância da preservação dos sítios destruídos foi reafirmada como uma estratégia fundamental para garantir que esses registros continuem a inspirar reflexões sobre a relação entre o ser humano e seu ambiente ao longo do tempo.
Portanto, que as artes rupestres não representam apenas as primeiras expressões artísticas das paisagens pré-históricas, mas também se configuram como elementos indispensáveis para a compreensão da história cultural e ambiental do Brasil. Ao promover uma visão integrada que considera os contextos geo-históricos e as dinâmicas sociais, o trabalho reforça a importância de preservar e valorizar esse patrimônio, contribuindo para o fortalecimento das identidades culturais e para o avanço das investigações científicas sobre as interações entre a humanidade e a natureza no passado.
4. REFERÊNCIAS
ALCÂNTARA, H. (2015). Escolhas gravadas: técnica e experiência: uma análise das gravuras da Lapa do Posseidon, Montalvânia-norte do Sertão Mineiro (Trabalho de Conclusão de Curso). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.
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KUMAR, Giriraj; PRAJAPATI, Ramkrishna. Understanding the creation of cupules in Daraki-Chattan, India. In: GUIDON, Niède; BUCO, Cristiane; ABREU, Mila S. de (Eds.). Global Rock Art – Anais do Congresso de Arte Rupestre IFRAO 2009. FUMDHAMentos IX, 2, p. 167-186. São Raimundo Nonato: Fundação Museu do Homem Americano, 2010.
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RIBEIRO, Loredana. Repensando a tradição: a variabilidade estilística na arte rupestre do período intermediário de representações no alto-médio rio São Francisco. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, n. 17, p. 127-147, 2007.
VALLE, R. (2012). Mentes graníticas e mentes areníticas: fronteira geo-cognitiva nas gravuras rupestres no baixo rio Negro, Amazônia setentrional (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
VIANA, Verônica; BUCO, Cristiane; SANTOS, Thalison dos; SOUSA, Luci Danielli. Arte rupestre. In: GRIECO, Bettina; TEIXEIRA, Luciano; THOMPSON, Analucia (Orgs.). Dicionário IPHAN de Patrimônio Cultural. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, Brasília: IPHAN/DAF/Copedoc, 2016. (verbete). ISBN 978-85-7334-299-4.
1Mestrando em Educação. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: samuelbiologo11@gmail.com
2Pós-Doutora em Educação. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: neilaosorio@uft.edu.br
3Mestre em Educação. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: leonardosbsantana@gmail.com
4Mestre em Ciências Florestais e Ambientais. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: valteranalista01@gmail.com
5Mestre em Biotecnologia. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: claudianymilk@gmail.com
6Mestre em Linguística Aplicada. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. E-mail: leila.machado@uems.br
7Mestranda em Letras. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: marilene.oliveira@mail.uft.edu.br
8Mestranda em Educação. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: karinneoliveirameneses@hotmail.com
9Mestrando em História Indígena. Universidade Federal da Grande Dourados. E-mail: macleisonvera19@gmail.com
10Especialista em Educação Matemática. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: jorecarlosab@gmail.com
11Especialista em Educação Matemática. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: orcimar.amorim@professor.to.gov.br
12Especialista em Matemática. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: mourajunior100@gmail.com
13Graduada em Pedagogia. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: dalaynelopesdossantos@gmail.com
14Graduado em Geografia. Universidade Estadual do Pará. E-mail: matheus.mar@gmail.com
15Bacharel em Psicologia. Universidade Federal do Tocantins. E-mail: joaonetosat@gmail.com