HIPOGONADISMO FUNCIONAL EM HOMENS JOVENS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249181422


Luciana Rocha Alves
Orientador: João de Jesus Oliveira Junior
Maria Raissa Tavares Pereira
Francisco Frota Ramos Júnior
Itallo Gardiny de Araújo Lima
Mariana Sales Leal dos Santos Andrade
Danilo Noleto Santos
Isabelle Lopes Amorim Franco Ferreira
Eduardo Ruben Pereira de Carvalho
Mariana Félix Nóbrega Alencar
José Edvar Coelho Frota Neto
Luna Araújo Santos de Almeida


RESUMO

O hipogonadismo é uma síndrome clínica oriunda da deficiência androgênica, que pode afetar as funções de diversos órgãos e por consequência a qualidade de vida do homem. A constatação de baixos níveis de androgênios circulantes ocasiona anormalidades no sistema reprodutivo, redução de fertilidade, disfunção sexual, distúrbio do metabolismo lipídico, diminuição da força muscular e menor mineralização óssea. O presente trabalho pretende recapitular a fisiopatologia do hipogonadismo em homens jovens e os tratamentos atualmente disponíveis para esta condição. Esse tema foi abordado pela primeira vez em 1939, no entanto apenas em homens acima de 50 anos, o que demonstrou o declínio da testosterona. O diagnóstico de hipogonadismo masculino é baseado habitualmente em aspectos clínicos e demonstração de um nível sérico matinal de testosterona do valor mínimo de referência de jovens adultos, no entanto vale ressaltar que a confirmação do diagnóstico deve ser realizada após a realização de duas testagens da testosterona, vez que a dosagem da testosterona pode variar semanalmente. O tratamento relaciona-se a aliviar os sintomas da deficiência hormonal para restaurar o bemestar físico e mental a fim de alcançar níveis séricos de testosterona apropriados. A reposição hormonal deve ocorrer sempre que os níveis séricos de testosterona total abaixo de 300 ng/dL e níveis de testosterona livre abaixo de 6,5 ng/dL, assim essa reposição irá aliviar os sintomas relacionados à insuficiência androgênica. Existem vários meios de aplicação para a reposição hormonal nos quais englobam andrógenos orais, transdérmicos, subcutâneos e orais. Este trabalho consiste em uma revisão de literatura do tipo exploratória, de natureza descritiva, realizada através de uma pesquisa bibliográfica com coleta indireta de dados pelas vias eletrônica e manual. No levantamento bibliográfico, foram localizadas 49 referências encontradas na SciELO, no SBV e no Pubmed . No entanto, alguns artigos foram encontrados em mais de uma base de dados. Grande parte dos estudos experimentais foram excluídos por desviarem do tema específico proposto. Diante do exposto, o presente estudo de revisão de literatura abordou a deficiência androgênica na saúde do homem causados pelo hipogonadismo, desde as formas diagnósticas até os tratamentos convencionais, baseando-se nos artigos científicos e na literatura levantada. Dessa forma pode-se observar que, a causa principal do hipogonadismo em homens jovens a diminuição das taxas da testosterona no organismo. O seu declínio acontece com o avanço da idade e desencadeia uma serie de efeitos tais como a diminuição da massa e forca muscular, aumento da gordura abdominal principalmente visceral com resistência a insulina e perfil lipídico altos, diminuição da libido, depressão, insônia ,e diminuição da sensação de bem estar.

Palavraschave: Menopausa masculino. Androgenia. Andropausa.  

ABSTRACT

Hypogonadism is a clinical syndrome arising from androgen deficiency, which can affect the functions of several organs and, consequently, the quality of life of men. The finding of low levels of circulating androgens causes abnormalities in the reproductive system, reduced fertility, sexual dysfunction, lipid metabolism disorder, decreased muscle strength and lower bone mineralization. The present work intends to evaluate the causes and effects of hypogonadism in young men. This issue was addressed for the first time in 1939, however only in men over 50 years old, which demonstrated the decline of testosterone. The diagnosis of male hypogonadism is usually based on clinical aspects and demonstration of a morning serum testosterone level of the minimum reference value for young adults, however it is worth mentioning that confirmation of the diagnosis must be performed after carrying out two testosterone tests, since the testosterone dosage can vary weekly. Treatment relates to alleviating symptoms of hormone deficiency to restoring physical and mental wellbeing in order to achieve appropriate serum testosterone levels. Hormone replacement should always occur when serum total testosterone levels are below 300 ng/dL and free testosterone levels are below 6.5 ng/dL, so this replacement will alleviate symptoms related to androgen insufficiency. There are several means of application for hormone replacement, which include oral, transdermal, subcutaneous and oral androgens. This work consists of an exploratory literature review, of a descriptive nature, carried out through a bibliographical research with indirect data collection by electronic and manual means. In the bibliographic survey, 49 references found in SciELO, SBV and Pubmed were located. However, some articles were found in more than one database. Most of the experimental studies were excluded for deviating from the proposed specific theme. Given the above, the present literature review study addressed androgen deficiency in men’s health caused by hypogonadism, from diagnostic forms to conventional treatments, based on scientific articles and the literature surveyed. Thus, it can be seen that the main cause of hypogonadism in young men is the decrease in testosterone levels in the body. Its decline occurs with advancing age and triggers a series of effects such as decreased muscle mass and strength, increased abdominal fat mainly visceral with insulin resistance and high lipid profile, decreased libido, depression, insomnia, and decreased of the feeling of well being.

Keywords: Male menopause. Androgyny. Andropause.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Melo  2013, o hipogonadismo  consiste em uma síndrome causada por deficiência androgênica que pode afetar negativamente as funções de múltiplos órgãos e a qualidade de vida. Os androgênios possuem papel crucial no desenvolvimento e na manutenção das funções reprodutivas e sexuais do homem. A redução da testosterona no sexo masculino pode estar relacionada a vários fatores, visto que a obesidade impacta a qualidade de vida e ocasiona o aparecimento de comorbidades. Sendo um fator  de risco para várias doenças cardiovasculares, além de contribuir para um aumento da mortalidade. Também predispõe o individuo à distúrbios metabólicos, tais como intolerância à glicose e diabetes mellitus tipo 2, patologias osteoarticulares (osteoartrite), distúrbios do sono (apnéia), anormalidades reprodutivas e distúrbios sexuais.

Ross 2016 diz que, indivíduos obesos apresentam um risco aumentado de morbidades e mortalidade. Além disso, a obesidade está associada com um perfil hormonal reprodutivo alterado que afeta ambos os sexos. Porém, ao contrário das mulheres obesas que experimentam um excesso de andrógenos, os homens obesos demonstram uma propensão a serem hipogonadais.

Em indivíduos do sexo masculino, a disfunção sexual abrange não somente problemas relacionados à ereção, mas também distúrbios associados aos níveis diminuídos de hormônios masculinos tais como, redução da libido, redução de massa muscular e força muscular, diminuição de pêlos corporais, ginecomastia, redução da consistência e do volume testicular, infertilidade, distúrbios do sono, diminuição da capacidade de memorização e concentração, entre outros. Além de promover comorbidades que irão afetar adversamente a função sexual masculina, a obesidade mórbida (Índice de massa corpórea  superior a 40 kg/m2), também pode atuar como um fator de risco independente devido a alterações endócrinas complexas que acarreta, ocasionando desequilíbrio de vários hormônios masculinos.

Nestes casos, um quadro de hipogonadismo pode se estabelecer (MORALES, 2015).

A associação destas condições clínicas ao hipogonadismo evidenciou que os baixos níveis de androgênios circulantes ocasionam os distúrbios no desenvolvimento sexual masculino, o que resulta em anormalidades congênitas do trato reprodutivo, além de causar redução da fertilidade, disfunção sexual, diminuição da força muscular, menor mineralização óssea e distúrbio do metabolismo lipídico. Os níveis hormonais decrescem com o processo do envelhecimento e ocasionam o aparecimento de doenças crônicas e severas (WANG, 2009). 

Lima et al. 2000 diz que, estudos também observaram que homens obesos apresentam níveis de testosterona total sérica significativamente diminuídos, quando comparados com os níveis encontrados em homens normais e com idade similar. As pequenas evidências do hipogonadismo masculino não devem ser ignoradas, mas sim utilizadas para um melhor diagnóstico. Além de histórico e exame físico adequados, os profissionais da saúde possuem várias opções para chegar a um diagnóstico de hipogonadismo masculino, como por exemplo, questionários e uma avaliação bioquímica do sangue periférico. Ressaltando-se que é bem relevante a aplicação da anamnese que consiste em uma abordagem com perguntas direcionadas, levando em consideração as respostas obtidas.  

De acordo com Jonest  2009,  toda atenção do estudo voltou-se para o baixo número de publicações brasileiras, o que salienta a proposta do objetivo do estudo, comprovando que não há publicações suficientes para enaltecer o conhecimento do assunto frente a essa nova política de atenção à saúde do homem. Percebe-se que, no Brasil, o atraso quanto a esse tipo de estudo remete à antiga inexistência de uma estratégia de saúde voltada para o público masculino, o que não acontece em outros países que já dominam esse conhecimento desde os anos 90, época onde as publicações a cerca do assunto principal estudado nesse trabalho tomaram maiores proporções e promoveram medidas mais satisfatórias para a prevenção e o tratamento.

JUSTIFICATIVA

É de suma importância proporcionar respostas aos problemas causados pelo hipogonadismo, a fim de promover eficientemente a educação e saúde para a população masculina. Ao observar poucas pesquisas sobre o hipogonadismo masculino em jovens e sua limitada exploração nas áreas da endocrinologia e metabologia, o presente trabalho pretende abordar tais questões.

OBJETIVO

Recapitular a fisiopatologia do hipogonadismo em homens jovens e os tratamentos atualmente disponíveis para esta condição.

2. METODOLOGIA 

Este trabalho consiste em uma revisão de literatura do tipo exploratória, de natureza descritiva, realizada através de uma pesquisa bibliográfica com coleta indireta de dados pelas vias eletrônica e manual. Foram utilizados como fonte de pesquisa publicações encontradas nas bases de dados LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências e Saúde), SciELO, Pubmed, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) referentes ao tema hipogonadismo funcional em homens jovens. Os critérios de inclusão para essa pesquisa foram: trabalhos publicados nos idiomas português e inglês. As palavras-chave usadas em várias combinações foram: “hipogonadismo”, “andropausa”, “testosterona”, “saúde”, “hormônios”, “saúde do homem”, “diagnostic of andropause”.

Refinou-se, contemplando a pesquisa no período de 06/2022 até 10/2022 com a aplicação dos critérios de inclusão previamente estabelecidos na estratégia de busca: artigos publicados de forma online nos últimas décadas (1996 a 2021); disponíveis em língua portuguesa e na íntegra; estudos no formato de artigos originais oriundos de produções científicas diversificadas. 

3. RESULTADOS 

 No levantamento bibliográfico, foram consultadas 49 referências sendo encontradas na SciELO, no Pubmed e no SBV. No entanto, 22 artigos foram  selecionados, pois traziam as informações pertinentes para a revisão que buscava retratar o hipogonadisno funcional em homens jovens.

Figura 1 – Fluxograma da seleção dos estudos.

Fonte: Próprio autor (2023).

4 DISCUSSÂO

4.1 Clínica do hipogonadismo masculino

 De acordo com Nishida (2006), a testosterona é um hormônio masculino produzido pelas células de Leydig nos testículos que são estimuladas por hormônios produzidos por uma glândula na base do cérebro chamada hipófise; por sua vez, a hipófise libera os hormônios luteinizantes (LH) e o folículo estimulante (FSH); nos testículos, o LH atua nas células de Leydig estimulando a produção da testosterona que é o principal hormônio masculino. Na adolescência a testosterona é responsável pelas características sexuais relacionadas à maturidade masculina, tais como o desenvolvimento do pênis, o aumento dos pelos, a mudança na voz e ao aumento da massa muscular.

  Em homens adultos jovens, o eixo hipotálamo-hipófise-gônada regula a concentração circulante de testosterona, e, o gerador de pulso hipotalâmico segrega um pulso de hormônio liberador de gonadotropina (GnRH), aproximadamente a cada 90 minutos. Em humanos e animais do sexo masculino, a testosterona também é um hormônio anabólico que aumenta o processo metabólico nos músculos, ossos, medula óssea (eritopoiese), o sistema imunológico e no cérebro a cognição e o humor (BAGATELL e BREMNER, 2008). 

 O hipogonadismo masculino foi descrito pela primeira vez em 1939, onde se caracterizou como o declínio da testosterona plasmática em homens acima de 50 anos. A partir dos anos 1960, numerosos trabalhos confirmaram estas descobertas e identificaram uma redução da perfusão sanguínea nos testículos, com redução significativa da síntese de testosterona. Nessa fase, em 15% dos casos surgem sintomas como perda de interesse sexual, problema de ereção falta de concentração, queda de pêlos e aumento de peso, irritabilidade e insônia, entre outros (BALLONE, 2021).

 Segundo Casulari e Motta (2008) o hipogonadismo de início tardio ocorre devido a alterações nas funções do testículo e hipotálamo-hipófise. A redução tanto na produção hormonal pelas células de Leydig e na secreção de GnRH pelo hipotálamo ocorre, levando à insuficiente secreção de LH pela hipófise.

4.2 Causas do hipogonadismo masculino. 

 No processo de envelhecimento ocorre uma serie de alterações nos níveis circulantes de hormônios, vitaminas e diversas outras substâncias que afetam diretamente o organismo, que bioquimicamente tem um papel relevante na função andrógena do homem. Além do próprio processo de envelhecimento, existem fatores fisiológicos e outros relacionados ao estilo de vida tais como, alimentação, atividade física que influência diretamente a variabilidade destes níveis hormonais (BONACORSSI, 2001). 

 Corroborando com Cunninghan (1999), quanto aos fatores relacionados ao estilo de vida, uma dieta vegetariana e rica em fibras parece estar associada a níveis mais elevados de SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais) e testosterona do que uma a base de carnes com altos conteúdos lipídicos, o que poderia se dever ao fato de uma menor insulinemia acompanhar as dietas vegetarianas.

  Outra causa de redução androgênica transitória é o jejum prolongado, no qual ocorre queda dos níveis de leptina e como consequência uma deficiência gonadotrópica. O processo de envelhecimento é acompanhado de sintomatologias que levam a deficiência andrógena em homens jovens, como a diminuição da massa e forca muscular, aumento da gordura abdominal principalmente visceral com resistência a insulina e perfil lipídico altos, diminuição da libido, depressão, insônia e diminuição da sensação de bem-estar (MARTITS E COSTA, 2004). 

 A maioria dos sinais e sintomas encontrados nos homens com hipogonadismo seria consequência de doenças intercorrentes, habitualmente mais incidentes nesta faixa etária e do processo de senescência. Considera-se que o hipoandrogenismo dos homens pode ser responsável por uma parcela do quadro clínico neles observado (KAUFMAN E VERMEULEN, 1999).

4.3 Diagnósticos do hipogonadismo masculino.             

 De acordo com Krause, Mueller e Mazur(2002) a dosagem de testosterona na saliva pode ser útil para estudar perfis hormonais de grande número de indivíduos, com correlações válidas com as dosagens de testosterona no sangue. Para se confirmar o diagnóstico de hipogonadismo deve-se realizar pelo menos duas dosagens de testosterona uma vez que podem ocorrer variações semanais, cujos níveis flutuam entre o limite baixo do normal e levemente abaixo do normal. Com a demonstração de um nível sérico matinal de testosterona abaixo do valor mínimo de referência 3,4-4,6 ng/dl em jovens adultos (17-40 anos de idade) juntamente com aspectos clínicos dá-se o diagnóstico do hipogonadismo masculino.

 De acordo com Martitis e Costa (2004), o diagnóstico de hipogonadismo masculino é baseado habitualmente em aspectos clínicos e demonstração de um nível sérico matinal da dosagem de testosterona total. Os laboratórios clínicos utilizam imunoensaioscomerciais do tipo competitivo que utilizam a tecnologia de quimio luminescência. Os valores normais de testosterona total para o sexo masculino são de 240 a 820 ng/dL.

  Em suma, no diagnóstico clínico, os principais sintomas do hipogonadismo masculino são: a diminuição da libido e disfunção erétil; depressão; diminuição do tecido muscular, aumento do tecido fibroso muscular e diminuição da força muscular; aumento do tecido adiposo total e redistribuição de gordura; osteopenia e osteoporose além da diminuição do volume testicular (Vermeulen,1999). 

 De acordo com Martitis e Costa (2004), o questionário de ADAM (Androgen Deficiency, in the Aging Male) com dez sintomas comumente observados em homens com testosterona biodisponível baixa foi usado como triagem para detectar deficiência androgênica em homens acima de 40 anos. Outra forma desenvolvida foi o AMS (The Aging Male´s Symptoms Scale) onde mensura e compara saúde e qualidade de vida no envelhecimento masculino. Esse método de diagnostico com oito itens foi desenvolvido baseado em idade, IMC (Índice  de massa corpórea), diabetes, asma, cefaleia, sono, preferências de dominação e tabagismo. 

 O questionário se mostrou significativamente melhor que o acaso em identificar homens com níveis baixos de testosterona e encoraja homens em risco de testosterona baixa a procurar avaliação profissional de seus níveis de testosterona. Para se confirmar o diagnóstico de hipogonadismo devem-se realizar pelo menos duas dosagens de testosterona uma vez que podem ocorrer variações semanais na dosagem principalmente no homem mais velho, cujos níveis de testosterona flutuam entre o limite baixo do normal e levemente abaixo do normal (Bonaccorsi, 2001).

4.4 Modalidades de tratamento.

 A pesquisa de Vermeulen (2001) refere que o tratamento visa aliviar os sintomas da deficiência hormonal para restaurar o bem-estar físico e mental a fim de alcançar níveis séricos de testosterona apropriados.

  Corroborando Martitis e Costa (2004), sempre há a indicação de reposição hormonal quando existe a presença de sintomas sugestivos de deficiência androgênica acompanhados de níveis séricos de testosterona total abaixo de 300 ng/dL e níveis de testosterona livre abaixo de 6,5 ng/dL. 

 Sendo assim, Kaufman e Vermeulen (1999) acrescentam que o objetivo da reposição hormonal é o alívio dos sintomas relacionados à insuficiência androgênica, alcançando níveis de testosterona sérica que se assemelhem a níveis e próprios dos adultos jovens.

  Existem vários meios de aplicação para a reposição hormonal nos quais englobam andrógenos orais, transdérmicos, subcutâneos e orais. Como principais benefícios do tratamento de reposição hormonal estão a restauração da massa óssea, força muscular e composição corporal, restauração da libido e função sexual firmada na pesquisa de Wang et al que relata a capacidade de elevar a força muscular dos membros inferiores aumentando a massa magra e reduzindo a massa gorda em homens hipogonádicos jovens. Com o uso da reposição hormonal ocorre o aumento progressivo da libido e a excitação sexual sendo que a disfunção sexual é um dos grandes problemas que afeta significativamente a qualidade de vida do homem com o hipogonadismo (BRITO, 2021). 

 Como descrito na pesquisa de Noronha et al (2000), a terapia de reposição hormonal ainda possui forte influência sobre o metabolismo de lipídeos e carboidratos, tendo seus efeitos em indivíduos hipogonádicos demonstrados na diminuição dos níveis de HDL (lipoproteínas de alta densidade) sem alterar os níveis de LDL (lipoproteínas de baixa densidade) e triglicérides.

 De acordo com Bagatell (2008),  ressalva-se que a reposição hormonal em homens com baixos níveis de testosterona livre ou total traz efeitos altamente benéficos sobre o humor, a libido sexual, a massa muscular, a massa óssea e principalmente a qualidade de vida, todavia, é importante ressaltar que tais efeitos são mais evidentes em indivíduos com níveis de testosterona baixos.

4.5 Assistências à saúde dos homens.

 O encaminhamento da consulta de enfermagem, tendo como finalidade última a promoção da saúde sexual, deve desdobrar-se em objetivos amplos, que considerem pelo menos quatro aspectos essenciais: os direitos sexuais históricos; processos geradores de vulnerabilidades e potenciais de enfrentamento; perfis sócio-epidemiológicos específicos; necessidades e demandas dos sujeitos alvos de cuidados (MANDU, 2004)

 Sendo assim Mandu (2004), a consulta de enfermagem à saúde sexual deve se constituir em um espaço reservado de atendimento dirigido também aos homens. Cada sujeito deve saber que tem um espaço próprio e reservado em que será respeitada a sua privacidade. Sempre que interessar, entretanto, a participação conjunta de companheiros e/ou de seus familiares no atendimento deve ser garantida, tratando-se cada participante como alvo de atenção. É desejável que os envolvidos conheçam, aceitem, e participem ativamente das propostas de atendimento do serviço/de enfermagem.

 Corroborando com Figueiredo (2005), os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de adoecer. Uma questão bastante apontada pelos homens para a não procura pelos serviços de atenção primária está ligada a sua posição de provedor. Alega-se que o horário do funcionamento dos serviços de saúde coincide com a carga horária do trabalho. 

 A mobilização da população masculina brasileira para a luta pela garantia de seu direito social à saúde é um dos desafios dessa política, que pretende politizar e sensibilizar homens para o reconhecimento e a enunciação de suas condições sociais e de saúde, para que advenham sujeitos protagonistas de suas demandas, consolidando seu exercício e gozo dos direitos de cidadania (GOMES et al, 2007).

5. CONCLUSÃO

A presente revisão abordou a deficiência androgênica em homens jovem causada pelo hipogonadismo, seus métodos diagnósticos e tratamentos convencionais. Observou-se que a causa principal deste distúrbio é a diminuição dos níveis séricos de testosterona total < 300 ng/dL e livre < 6,5 ng/dL associada ao avanço da idade, desencadeando efeitos como a diminuição da massa e força muscular, aumento da gordura abdominal com resistência a insulina e perfil lipídico altos, diminuição da libido, depressão, insônia e diminuição da sensação de bemestar.   Sendo assim, sempre há a indicação de reposição hormonal quando existe a presença de sintomas sugestivos de deficiência androgênica acompanhados de níveis séricos de testosterona total abaixo dos valores de referência.

Permitiu-se com o estudo verificar que através da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem (PNAISH) que tem o objetivo facilitar o acesso do homem na faixa etária de 20 a 59 anos aos serviços básicos de saúde, garantindo promoção prevenção e reabilitação, além de incentivar a adotarem hábitos saudáveis, norteados pelos princípios da integralidade, desse modo trazer impactos nos que diz respeito à saúde do homem. A compreensão das barreiras socioculturais e institucionais é importante para a proposição estratégica de medidas que venham a promover o acesso dos homens aos serviços de atenção primária, a fim de resguardar a prevenção e a promoção como eixos necessários e fundamentais de intervenção entre os homens das diferentes classes sociais e muitas seriam as chances de resolução dos agravos que se relacionam com o hipogonadismo em homens jovens, se essa população tivesse todas as orientações e esclarecimentos sobre como poderiam evitar os seus males. 

Desse modo sugere-se a implantação de programas de politicas na saúde pública no âmbito do SUS voltados a saúde do homem possam abordar as questões do hipogonadismo em homens. Vale ressaltar a importância da implantação de programas específicos na gestão pública na saúde do homem, de modo a garantir que a temática seja abordada e debatida em dia/mês estabelecido em calendário definido do SUS, bem como é feito com o câncer de próstata no “Novembro Azul” e demais programas institucionalizados no SUS nas unidades básica de saúde.

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