HIPERTENSÃO ARTERIAL UMA ABORDAGEM NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7315968


Aluno: Hiago Vinícius Castro da Silva
Orientador: Leonardo Guimarães de Andrade


RESUMO:

A hipertensão arterial é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados da pressão arterial. Pacientes hipertensos geralmente aderem ao tratamento medicamentoso de forma incorreta, podendo ocasionar uma diminuição da eficácia dos medicamentos, quer seja por uma dose inadequada ou armazenamento em locais inapropriados, levando a perda da atividade do fármaco, ou até mesmo uma interação com medicamentos ou alimentos. Neste contexto, a Atenção Farmacêutica (AF) torna-se imprescindível para diminuir possíveis problemas relacionados à medicamentos. Diante das comuns possibilidades de complicações, surge, no atual modelo do Sistema Único de Saúde (SUS), a necessidade de não somente diagnosticar e rastrear os hipertensos, como também de acompanhá-los individual e cuidadosamente, por meio de um itinerário, que é a Linha de Cuidado (LC) específica a esses pacientes, buscando a promoção, a prevenção, a cura e a reabilitação dos usuários.

Palavras-chave: Hipertenção Arterial; SUS; Doenças Cardiovasculares; Atenção Farmacêutica; Promoção à Saúde.

ABSTRACT:

Arterial hypertension is a multifactorial clinical condition characterized by high and sustained levels of blood pressure. Hypertensive patients usually adhere to treatment medication incorrectly, which may lead to a decrease in the effectiveness of drugs, either by an inadequate dose or storage in inappropriate places, leading to loss of drug activity, or even an interaction with medicines or food. In this context, Pharmaceutical Care (PA) becomes essential to reduce possible drug-related problems. Given the common possibilities of complications, in the current model of the Unified Health System (SUS), the need arises not only to diagnose and track hypertensive patients, but also to accompany them individually and carefully, through an itinerary, which is the Care Line (LC) specific to these patients, seeking to promote, prevent, cure and rehabilitate users.

Keywords: Arterial Hypertension; SUS; Cardiovascular diseases; Pharmaceutical attention; Health Promotion.

1. INTRODUÇÃO:

A hipertensão é uma doença crônica caracterizada pelo aumento constante da pressão arterial acima dos níveis normais, igual ou superior a 140 mmHg sistólico e 90 mmHg diastólico (FIRMINO et al., 2018). É uma doença que constantemente associa-se á distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, podendo se agravar pelo aparecimento de outros fatores de risco como: obesidade, dislipidemia e intolerância à glicose, também associada aos seguintes eventos: acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio, doença arterial periférica, insuficiência cardíaca, morte súbita e doença renal crônica podendo levar o paciente a morte ou não (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2018).

No contexto do ranking mundial em morte por doenças cardíacas, infarto e HAS, o Brasil lidera o sexto lugar entre homens e mulheres na faixa de 35 a 74 anos. A HAS atinge cerca de 36 milhões de indivíduos adultos no Brasil, em que 60% são idosos (SOCERJ, 2018).

A Sociedade Brasileira de Hipertensão em 2018 relatou que cerca de 77% das pessoas com o primeiro episódio de Acidente Vascular Encefálico (AVE) têm HAS, e isso quer dizer que o HAS aumenta cerca de 4 a 6 vezes casos de AVE. Ademais, a HAS torna suscetível o risco de doença cardiovascular em 50%, no qual 75% das pessoas com insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e 69% das pessoas com primeiro infarto agudo do miocárdio (IAM) têm HAS, além de ser uma das causas de doença renal crônica (BRASIL, 2019).

Além do rastreamento, existe a Linha de Cuidado (LC) proposta pelo SUS e que serve como um itinerário do paciente: nela, reafirmam-se todas as informações dos recursos oferecidos buscando a promoção, a prevenção, a cura e a reabilitação do usuário, tendo por finalidade propor mais atenção aos hipertensos por meio de ações que mantenham enfoque nos três pilares do SUS, ou seja, havendo integralidade, longitudinalidade e coordenação do cuidado. Avalia-se, então, a necessidade individual de cada paciente, na qual a avaliação dos exames e a solicitação é feita quando pode contribuir com a finalidade terapêutica e preventiva (BRASIL, 2019).

O uso incorreto dos medicamentos ocasionam erros como a dose errada, frequência inadequada, período insuficiente, além da combinação inadequada com alimentos ou fármacos provocando efeitos indesejáveis (MUNIZ et al., 2017).

O farmacêutico, responsável por diversas funções, inclusive o monitoramento de pacientes com doenças agudas e crônicas, prescrições, revisão dos protocolos de medicamentos prescritos pelo médico, também é de responsabilidade do profissional promover a saúde ou prevenir doenças, além de garantir a segurança e efetividade do tratamento medicamentoso. Essas responsabilidades realizadas pelo farmacêutico demonstram um impacto positivo, assim reduzem custo para a saúde (BRAZ et al., 2017).

2. OBJETIVOS:

2.1 Objetivo Geral:

Analisar a prevalência de Hipertensão Arterial e o acompanhamento no Sistema Único de Saúde.

2.2 Objetivos Específicos:

  • Conceituar o que é hipertenção arterial;
  • Identificar os possíveis sintomas e diagnóstico da HAS;
  • Listar os tratamentos existentes no mercado atualmente;
  • Mencionar o papel do farmacêutico no tratamento da HAS;
  • Direcionar a importância do Sistema Único de Saúde no acompanhamento da hipertenção arterial.

3. METODOLOGIA:

O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica utilizando um limite temporal em um período de 2017 a 2022, por meio do levantamento de dados através de periódicos, monografias, entre outros, através das bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), e outras plataformas como: Literatura Latino Americana em Ciências da Saúde (Lilacs); Scientific Eletronic Library OnLine(Scielo).

Os artigos foram lidos e analisados e aqueles que abordavam os descritores: Hipertenção Arterial; SUS; Doenças Cardiovasculares; Atenção Farmacêutica; Promoção à Saúde; foram utilizados para pesquisa. Os artigos pesquisados basearam-se na conformidade dos limites dos objetivos deste estudo, desconsiderando aqueles que, apesar de aparecerem nos resultado de busca, não abordavam assunto sob o ponto de vista da pesquisa. Quanto à formatação, foram utilizadas as regras da ABNT.

4. JUSTIFICATIVA:

Justifica-se a escolha do tema, prela prevalência de casos de pessoas com hipertenção, o diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento farmacêutico, levam ao sucesso do tratamento.

5. REVISÃO DA LITERATURA:

5.1. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

A HAS tem sido umas das principais causadoras de morte e internações em todo o mundo. Possui alta prevalência, porém mesmo assim a taxa de controle é considerada baixa. A prevenção, detecção, tratamento e controle da HAS são de grande importância para diminuição dos eventos cardiovasculares (SBC, 2010).

Os aspectos que predispõem risco de HAS são muitos. Em relação à idade, a HAS é mais frequente em indivíduos acima dos 60 anos. Os indivíduos de cor não branca possuem duas vezes mais chances de desenvolver um quadro hipertensivo. O excesso de consumo de sal, obesidade, sedentarismo, histórico familiar e consumo de álcool são outros causadores da HAS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) corresponde a principal condição de risco para as doenças cerebrovasculares, doenças isquêmicas do coração e para a carga global de disfunções em homens e mulheres de todas as idades (OMS, 2018).

A prevenção da HAS é fundamental para evitar os eventos cardiovasculares e está relacionada com mudança de hábitos de vida e devem ser praticados desde a infância. São exemplos: a prática exercícios físicos, consumo adequado de sódio e potássio, alimentação saudável e não fumar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).

Doenças relacionadas com a alimentação, como obesidade e diabetes, são decorrentes de uma alimentação desequilibrada rica em gorduras. A obesidade é um fator de risco independente para HAS e para mortalidade, especialmente em mulheres. Dietas hipocalóricas têm sido consideradas uma medida eficaz e efetiva no manejo da HAS. O excesso de gordura abdominal (circunferência abdominal maior que 80 cm, para mulheres e 94 cm, para homens) é associado ao aumento de risco para hipertensão. O risco de desenvolvimento de hipertensão é 2 a 6 vezes maior em indivíduos com sobrepeso do que em indivíduos com alimentação balanceada (SOBRINHO, 2018).

A HAS de acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, é considerada como uma condição clínica multifatorial e silenciosa que é caracterizada por níveis elevados e sustentados da pressão arterial. A HAS é definida como pressão arterial sistólica igual ou superior a 140 mmHg e pressão arterial diastólica igual ou superior a 90mmHg naqueles indivíduos que não estão em uso de medicamentos anti-hipertensivos (BRASIL, 2016).

A classificação da pressão arterial em adultos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, segue o seguinte quadro:

QUADRO 1: Classificação da pressão arterial em adultos

FONTE: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2010.

As alterações dos níveis pressóricos ocorrem devido ao aumento na contratilidade da camada muscular lisa que forma a parede da artéria. Algumas substâncias químicas do organismo promovem a contração das artérias, e em situações de desequilíbrio, ou da alteração dessa camada muscular, ocorre o aumento da pressão sanguínea dentro dos vasos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2018).

A incidência da HAS é de aproximadamente 60% em pessoas acima de 65 anos. A prevalência global da HAS é duas vezes mais frequente em indivíduos de etnia negra e semelhante entre ambos os sexos. Ressalta-se que em pessoas mais jovens a prevalência é maior entre os homens, e em idosos é maior nas mulheres (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2018).

Sendo assim, o tratamento da HAS abrange duas abordagens terapêuticas: o tratamento não farmacológico baseado em modificações do estilo de vida (perda de peso, incentivo às atividades físicas, alimentação saudável, entre outros) e o tratamento farmacológico (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2018).

5.2. PRINCIPAIS SINTOMAS

O sintoma que seria o mais frequente e específico observado num indivíduo hipertenso é a cefaleia. A cefaleia suboccipital, pulsátil, que ocorre nas primeiras horas da manhã e vai desaparecendo com o passar do dia, é dita como característica, porém qualquer tipo de cefaleia pode ocorrer no indivíduo hipertenso. A hipertensão arterial de evolução acelerada (hipertensão maligna) está associada com sonolência, confusão mental, distúrbio visual, náusea e vômito (vasoconstrição arteriolar e edema cerebral), caracterizando a encefalopatia hipertensiva. Outros sintomas, tais como epistaxe e escotomas cintilantes, zumbidos e fadiga, também são inespecíficos, não sendo mais considerados patognomônicos para o diagnóstico de hipertensão arterial (SOBRINHO, 2018).

Porém não existe um quadro de sinais e sintomas de suspeição da hipertensão arterial; é uma doença silenciosa, que apresenta sintomas apenas na emergência hipertensiva ou quando há lesões de órgão-alvo específico (BRASIL, 2020).

Frequentemente se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco (BRASIL, 2020).

5.3. DIAGNÓSTICO

Sempre que possível, o diagnóstico de HAS deve ser estabelecido em mais de uma visita médica: de 2 a 3 visitas, com intervalos de 1 a 4 semanas entre elas (dependendo do nível de pressão). O diagnóstico pode ser definido em uma única visita se a PA do paciente estiver maior ou igual a 180/110 mmHg e houver evidência de doença cardiovascular (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

FIGURA 1: Alertas da hipertenção arterial.

FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021.

A avaliação inicial é composta por: confirmação do diagnóstico, identificação de fatores de risco cardiovascular, suspeita e identificação de causa secundária, avaliação do risco cardiovascular, lesões de órgão-alvo (LOA) e doenças associadas. Devem sempre ser feitos a aferição da PA no consultório e/ou fora dele – utilizando técnica adequada e equipamentos validados –, o levantamento da história clínica (pessoal e familiar), o exame físico e a investigação clínica e laboratorial. Sempre que possível, incluir a medição da PA fora do consultório tanto para diagnóstico, quanto para pacientes com PA elevada no consultório mesmo com tratamento otimizado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

São comuns os diagnósticos falso-positivos quando a aferição é feita em situação de estresse, dor ou após atividade física. Por isso, a necessidade da segunda medição (BRASIL, 2020).

5.4. TRATAMENTO

A redução gradativa da PA é fundamental para a prevenção das complicações cardiovasculares. As metas terapêuticas refletem a agressividade ou não do tratamento, dependendo do estágio do nível pressórico, da existência de comorbidades e de lesões de órgãos-alvo (BRASIL, 2020).

O método para monitorização clínica do hipertenso é baseado na aferição do nível pressórico, seguindo os parâmetros de qualidade para o procedimento. A Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) pode ser útil para o autogerenciamento do controle pressórico pelo usuário e a avaliação do cumprimento de metas (BRASIL, 2020).

5.4.1. Tratamento medicamentoso

O objetivo primordial do tratamento da hipertensão arterial é a redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares. Assim, os anti-hipertensivos devem não só reduzir a pressão arterial, mas também os eventos cardiovasculares fatais e não fatais, e, se possível, a taxa de mortalidade. Qualquer medicamento dos grupos de anti-hipertensivos comercialmente disponíveis, desde que resguardadas as indicações e contraindicações específicas, pode ser utilizado para o tratamento da hipertensão arterial. Os principais grupos de anti-hipertensivos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2018).

  • Diuréticos;
  • Inibidores adrenérgicos;
  • Ação central – agonistas alfa-2 centrais;
  • Betabloqueadores – bloqueadores beta adrenérgicos;
  • Alfabloqueadores – bloqueadores alfa-1 adrenérgicos;
  • Vasodilatadores diretos;
  • Bloqueadores dos canais de cálcio;
  • Inibidores da enzima conversora da angiotensina;
  • Bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II;
  • Inibidor direto da renina.

O tratamento medicamentoso utiliza diversas classes de fármacos selecionados de acordo com a necessidade de cada pessoa, com a avaliação da presença de comorbidades, lesão em órgãos-alvo, história familiar, idade e gravidez. frequentemente, pela característica multifatorial da doença, o tratamento da HAS requer associação de dois ou mais anti-hipertensivos (BRASIL, 2018).

5.4.2. Tratamento não medicamentoso

O tratamento não medicamentoso consiste em (7ª Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2018):

  • Controle de peso;
  • Estilo alimentar (dietas DASH, mediterrânea, vegetariana e outras);
  • Redução do consumo de sal;
  • Ácidos graxos insaturados (ômega 3);
  • Consumo de fibras, proteína de soja, oleaginosas, chocolate amargo, laticínios, alho, chá e café;
  • Moderação no consumo de álcool;
  • Realização constante de atividade física;
  • CPAP e outras formas de tratamento da síndrome da apneia/hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS);
  • Controle do estresse psicossocial;
  • Cessação do tabagismo;
  • Acompanhamento com equipe multiprofissional – médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, professores de educação física etc.

Outro ponto a ser observado é o uso de anticoncepcionais hormonais orais. A substituição de anticoncepcionais hormonais orais por outros métodos contraceptivos promove a redução da pressão arterial em pacientes hipertensas (ATTHOBARI et al., 2017).

5.5. O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA HAS

A atenção farmacêutica é um conceito usado antes de 1975 e demorou aproximadamente 15 anos para estabelecer suas ideias e estratégias. O farmacêutico, responsável por diversas funções, inclusive o monitoramento de pacientes com doenças agudas e crônicas, prescrições, revisão dos protocolos de medicamentos prescritos pelo médico, também é de responsabilidade do profissional promover a saúde ou prevenir doenças, além de garantir a segurança e efetividade do tratamento medicamentoso. Essas responsabilidades realizadas pelo farmacêutico demonstram um impacto positivo, assim reduzem custo para a saúde (BRAZ et al., 2017).

O uso incorreto dos medicamentos ocasionam erros como a dose errada, frequência inadequada, período insuficiente, além da combinação inadequada com alimentos ou fármacos provocando efeitos indesejáveis (MUNIZ et al., 2017).

Interações medicamentosos tem incidência clinicamente relevante necessária intervenção farmacêutica, com variação de 0 a 22% e o surgimento de eventos adversos a uso de medicamentos de maneira imprópria pode ser um dos principais fatores que se associam a morbidade e mortalidade nos serviços de saúde (CASSIANO et al., 2015).

O farmacêutico contribui com outros profissionais da saúde, auxiliando o prescritor na seleção apropriada e na dispensação de medicamentos, sendo responsável pela proteção do paciente para atingir um resultado terapêutico esperado e o principal beneficiado é o usuário que tem a garantia de informações corretas transmitidas pelo farmacêutico (ASSIS, 2014).

O papel do farmacêutico compreende a ética, atitude, habilidades, comportamentos, compromissos e responsabilidade na promoção e recuperação de saúde, também na prevenção de doenças junto à equipe de saúde (PÁDULA et al., 2014).

O farmacêutico é um profissional extremamente importante para monitorização em saúde, sendo também um dos profissionais da Saúde responsável pelo combate e prevenção da HAS. O farmacêutico participa da farmacoterapia do paciente com HAS realizando atividades simples como o ato da aferição da pressão arterial em farmácias e drogarias, bem como realização do acompanhamento da terapia medicamentosa do paciente. A aferição de parâmetros fisiológicos ou bioquímicos pode ser oferecida nas drogarias e farmácias sendo atividade reconhecida como parte da atenção farmacêutica pela resolução da diretoria colegiada (RDC) n°44 de 17 de agosto de 2009 (TOLEDO et al., 2016).

Em farmácias e drogarias o farmacêutico pode colaborar com o tratamento medicamentoso de um paciente com HAS por meio dos serviços regulamentados pela RDC nº 44 de 2009. Para a prestação desse serviço o farmacêutico deve elaborar um Procedimento Operacional Padrão (POP) de acordo com o perfil do paciente que pretende fazer o acompanhamento e especificar os parâmetros com finalidade de dar subsídio à atenção farmacêutica (TOLEDO et al., 2016).

Outra importante atividade realizada pelo farmacêutico no tratamento da HAS é realizar o acompanhamento farmacoterapêutico. O acompanhamento farmacoterapêutico tem como objetivo garantir o tratamento mais indicado, efetivo, seguro e adequado a esses usuários, sendo assim a atividade do farmacêutico passa a ser deslocada do produto para o serviço e do medicamento para o paciente, valorizando os problemas de saúde e buscando resolvê-los através de intervenções farmacêuticas (BRAZ et al., 2017).

5.6. HIPERTENSÃO NO SUS

As informações da Linha de Cuidado foram construídas partindo do ponto em que o paciente se encontra para avaliação e do diagnóstico que foi definido:

  • Pontos de atendimento possíveis:
  • Domicílio, com primeira avaliação pelo Serviço de Atendimento Móvel – Samu (192);
  • Unidade de atenção primária;
  • Unidade de pronto atendimento;
  • Unidade hospitalar (emergência).
  • Diagnósticos:
  • HAS crônica;
  • Crise hipertensiva (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

O Processo completo retrata o itinerário a ser percorrido por um paciente na Rede de Atenção à Saúde. Ele é composto pelos pontos assistenciais (unidades de saúde), que recebem o paciente, e pelo processo de cuidado, descrito como macroatividades. Dentro das macroatividades temos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021):

  • Hipótese diagnóstica: realizada no primeiro ponto assistencial em que o paciente se apresenta (porta de entrada);
  • Confirmação diagnóstica: ponto em que se é capaz de confirmar o diagnóstico;
  • Regulação/transferência: situações nas quais o cuidado é referenciado para outra unidade de saúde;
  • Planejamento terapêutico: o paciente recebe o tratamento integral neste ponto assistencial;
  • Prevenção secundária: de responsabilidade da Atenção Primária à Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

O processo assistencial ocorre de forma multidirecional, de acordo com critérios de encaminhamento, com base em parâmetros clínicos e de capacidade estrutural de atendimento de cada Unidade de Saúde, mantendo o vínculo com a unidade de origem/ referência na Atenção Primária (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

Além disso, ao iniciar o tratamento do paciente, o foco do Ministério da Saúde não é apenas que haja uma redução da PA, como também que se evite a ocorrência de eventos cardio e cerebrovasculares. Diante dessa perspectiva, inicialmente o tratamento deve preconizar a conscientização e a mudança no estilo de vida (MEV), só recomendando o uso de medicamentos desde o diagnóstico em casos de: PA no estágio 2 ou 3 e alto Risco Cardiovascular (RCV), mesmo que o paciente ainda esteja com o nível pressórico no estágio 1. Em pacientes nesse estágio, que aderiram à MEV e ainda assim, no prazo máximo de 6 meses, não houve nenhuma melhora no quadro de HAS, recomenda-se a monoterapia, receitando-se algum diurético, sendo a conhecida primeira linha de tratamento. É válido ressaltar que os Agentes Simpaticoplégicos, principalmente os betabloqueadores, jamais devem ser utilizados como fármacos de primeira linha, visto que possuem baixa correlação com a prevenção de um possível AVC ou doença coronariana (MANEJO, 2018).

A partir do estágio 2, recomenda-se o uso combinado de dois anti- hipertensivos de baixa dose. A adoção de uma politerapia, entretanto, não deverá ser de fármacos de mesma classe, do mesmo mecanismo de ação. Recomenda-se, por exemplo, diurético associado com IECA/BRA, diurético associado com BCC, BCC associado com BRA, sendo essas as associações mais amplamente difundidas (MANEJO, 2018).

No SUS, por outro lado, geralmente só há disponibilidade de Captopril e Enalapril (IECA), Hidroclorotiazida (Diurético), Propanolol e Atenolol (Betabloqueador) e Losartana (BRA), o que tem justificado a dificuldade do médico em conseguir passar o melhor tratamento para o paciente, dado que, muitas vezes, não há disponibilidade de medicamentos (MENGUE, 2016).

Caso a medicação aderida comece a ocasionar efeitos adversos e/ou não obtenha efeito quanto ao controle da PA, o médico deverá analisar o perfil e os efeitos ocasionados no paciente, podendo aumentar a dose, trocar a combinação ou até acrescentar um terceiro medicamento (BRASIL, 2019).

6. CONCLUSÃO

É necessidade Ter uma equipe multidisciplinar atuando de maneira planejada e engajada, acompanhando o paciente e prevenindo possíveis enfermidades associadas, ou seja, o tratamento precisa ser multifatorial, com profissionais atualizados para se ter um melhor prognóstico dos pacientes assistidos no Sistema Único de Saúde (SUS).

A percepção da necessidade do adequado acompanhamento dos usuários portadores de doenças crônicas e a promoção de mudanças no estilo de vida pessoal contribuem para a melhora das condições de saúde da população e são fundamentais para o controle da HAS. Considerando que cabe aos profissionais da saúde se responsabilizar pelo adequado controle das doenças e promover ações para alcançar esse objetivo e tendo em conta que com poucos recursos e maior aproximação se consegue melhorar notavelmente a qualidade de vida.

REFERÊNCIAS:

ASSIS, A. J. C. A Importância do farmacêutico comunitário na dispensação demedicamentos entre idosos na rede pública de saúde: Revista de literatura. Revista Especializada On-line IPOG, Goiânia, v. 1, n. 9, p. 6, 2014.

BRASIL. Ministério da saúde. Linha De Cuidado À Pessoa Com HipertensãoArterial Sistêmica. Série A. Legislação em Saúde. 2019. Disponível em:
https://saude.sc.gov.br/index.php/documentos/informacoes-gerais/atencao-
basica/linha-de-cuidado-ab-aps/linha-de-cuidado-a-pessoa-com-hipertensao-arterial-
sistemica/16393-linha-de-cuidado-a-pessoa-com-hipertensao-arterial-sistemica/file
. Acesso em: 18 de agosto de 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Hipertensão Arterial Sistêmica para o Sistema Único de Saúde.
Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Nota técnica para organização da rede de atenção à saúde com foco na atenção primária à saúde e na atenção ambulatorial especializada – saúde da pessoa com diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica. São Paulo: Hospital Israelita Albert Einstein: Ministério da Saúde, 2020.

BRAZ, A. L.; FERREIRA, E. C.; GUEDES, D. N.; COSTA, K. V. M. C.; COREIA,
N. A.; ALBUQUERQUE, K. L. G. Atenção Farmacêutica em pacientes hipertensos do Hospital Universitário Lauro Wanderley. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, João Pessoa, v. 16, n. 1, p. 45-51. 2017.

CASSIANO, T. T. M.; FELICIO, I. M.; SILVA, R. O. N.; MONTENEGRO, C. A.;
FECHINE, I. M. Assistência Farmacêutica como estratégia para o uso racional de medicamentos por pacientes idosos em uma UBSF em Campina Grande. 4º Congresso Internacional de Envelhecimento, v. 2, n. 1, p. 3-4, 2015.

DUNCAN et al., Medicina Ambulatorial. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

FIRMINO, P. Y. M.; T. O. Vasconcelos, C. C.; Ferreira, L. M.; Moreira, N. R.;
Romero, L. A.; Dias, M. G. R.; Queiroz, M. V. O.; Lopes, M. M. F. Fontele
Cardiovascular risk rate in hypertensive patients attended in primary health care units: the influence of pharmaceutical care. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, Fortaleza, v. 51, n. 3, sep., 2018.

LIM, S. S. et al. A comparative risk assessment of burden of disease and injury attributable to 67 risk factors and risk factor clusters in 21 regions, 1990–2010: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study2010. Lancet. 2012.

MANEJO. da Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus na Atenção Primária à Saúde. Brasília – DF: COMISSÃO PERMANENTE DE PROTOCOLOS DE ATENÇÃO À SAÚDE, 2018. Disponível em: http://www.saude.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/04/hipertencao-e-diabetes-
Manejo_da_HAS_e_DM_na_APS.pdf
. Acesso em: 16 de setembro de 2022.

MENGUE, Sotero Serrate; BERTOLDI, Andréa Dâmaso. Acesso e uso demedicamentos para hipertensão arterial no Brasil. Rio Grande do Sul: Revista de
Saúde Pública, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006154.pdf. Acesso em: 16 de setembro de 2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://www.prosaude.org/publicacoes/diversos/cad_AB_hipertensao. Acesso em: 27 de agosto de 2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Linha de Cuidado do Adulto Com Hipertensão Arterial Sistêmica. 2021. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_adulto_hipertens%C3%A3o_arterial.pdf. Acesso em: 02 de setembro de 2022.

MUNIZ, E. C. S., Goulart, F. C., Lazarini, C. A., & Marin, M. J. S. (2017). Análise do uso de medicamentos por idosos usuários de plano de saúde suplementar. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

PÁDULA, M.; PINTO, A. V.; MATOS, G. C.; SIQUEIRA, D. T.; VIEIRA, R. C.
Atenção Farmacêutica e Atenção Flutuante: formações de compromisso entreFarmácia e Psicanálise. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 2014.

SOBRINHO LS. Educação nutricional e hipertensão arterial sistêmica: abordagem individual e capacitação de uma equipe de saúde da família. 31f. Monografia (Pós-graduação em nível de especialização em Atenção
Básica e Saúde da Família) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2018.

SOCERJ. Manual de Insuficiência Cardíaca. 2018. Disponível em: https://cssjd.org.br/imagens/editor/files/2019/Manual%20de%20Insuficie%CC%82ncia%20Cardi%CC%81aca%20SOCERJ2019.pdf. Acesso em: 18 de agosto de 2022.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 7ª Diretriz Brasileira deHipertensão Arterial. Arquivo Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, 2018.

TOLEDO, T. R., et al. Abordagem farmacoepidemiológica dos pacientes hipertensos frequentadores de uma drogaria de um município de Minas Gerais. Revista Científica Da Faminas, 2016.