HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS NO CONTEXTO DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7708550


Elicleia Morais Goldoni
Orientadora: Sirlei Ramos


RESUMO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as infecções são responsáveis por 25% das mortes ocorridas no mundo. Dentre essas infecções, constituem um grave problema de saúde pública as que ocorrem no ambiente hospitalar. Sabe-se que as mãos dos profissionais de saúde são consideradas um dos principais mecanismos de transmissão de patógenos causadores dessas infecções, evidenciando, dessa maneira, a importância de sua higienização a fim de reduzir a incidência de infecções. Nesse cenário, a equipe de enfermagem da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) é fundamental pois traz consigo o cuidado para a prevenção e controle da infecção tanto para os demais profissionais, quanto para os pacientes por meio de treinamentos e ações de sensibilização sobre o assunto. Nesse sentido, o presente projeto tem como objetivo identificar, por meio de revisão bibliográfica, os desafios encontrados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para implementação de medidas para adequada higienização das mãos no contexto da assistência à saúde. Para isso, será feito um estudo descritivo, qualitativo e exploratório que utilizará a revisão sistemática da literatura a fim de analisar e sintetizar o conhecimento científico obtido por meio de resultados de pesquisas já realizadas. Serão considerados artigos de três bases de dados eletrônicas, National Library of Medicine (MEDLINE/PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde (LILACS) e Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde (BVS). O período da pesquisa será entre outubro de 2022 à novembro de 2022 e serão incluídos artigos retrospectivos de 10 anos, entre 2012 a 2022. Por fim, espera-se, por meio deste estudo, identificar os Desafios da enfermagem na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para elaborar e implementar medidas para adequada higienização das mãos pelos profissionais da saúde.

Palavras-chave: Higienização das mãos; Infecção hospitalar; Enfermagem.

ABSTRACT

According to the World Health Organization (WHO), infections are responsible for 25% of deaths worldwide. Among these infections, those that occur in the hospital environment constitute a serious public health problem. It is known that the hands of health professionals are considered one of the main mechanisms of transmission of pathogens that cause these infections, thus demonstrating the importance of cleaning them in order to reduce the incidence of infections. In this scenario, the nursing team of the Hospital Infection Control Commission is fundamental because it brings care for the prevention and control of infection both for other professionals and for patients through training and awareness actions on the subject. In this sense, this project aims to identify, through a literature review, the challenges encountered by the Hospital Infection Control Commission for the implementation of measures for adequate hand hygiene in the context of health care. For this, a descriptive, qualitative and exploratory study will be carried out, which will use a systematic review of the literature in order to analyze and synthesize the scientific knowledge obtained through the results of research already carried out. Articles from three electronic databases will be considered, the National Library of Medicine, Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences and the Ministry of Health’s Virtual Library. The research period will be between October 2022 and November 2022 and retrospective articles covering 10 years, between 2012 and 2022 will be included. Finally, it is expected, through this study, to identify the challenges of nursing in the Infection Control Commission Hospital to design and implement measures for proper hand hygiene by health professionals.

Keywords: Hand hygiene; Nosocomial infection; Nursing.

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO 5

1.1 TEMA 6

1.2 PROBLEMA 6

1.3 HIPÓTESES 7

1.4 OBJETIVOS 7

1.4.1 Objetivo Geral 7

1.4.2 Objetivos Específicos 7

1.5 JUSTIFICATIVA 8

2 – REVISÃO TEÓRICA 10

2.1 HISTÓRIA DA HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS 10

2.2 INFECÇÕES HOSPITALARES 11

2.3 INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE 11

2.4 COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR 12

2.5 EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE 13

2.6 DESAFIOS RELACIONADOS À HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS 14

3 – METODOLOGIA 15

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 15

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE INVESTIGADO 15

3.3 AMOSTRA 15

3.3.1 Critérios de Inclusão 15

3.3.2 Critérios de Exclusão dos Participantes da Pesquisa 16

3.3.3 Benefícios aos Participantes da Pesquisa, Pesquisador e Ambiente 16

3.3.4 Riscos aos Participantes da Pesquisa, Pesquisador e Ambiente 16

3.4 MATERIAIS E INSTRUMENTOS 16

3.5 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 17

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS 17

3.7 DESFECHOS 17

3.7.1 Desfecho Primário 17

3.7.2 Desfecho Secundário 17

4 – RESULTADOS ESPERADOS 18

5 – CRONOGRAMA 19

6 – ORÇAMENTO 20

BIBLIOGRAFIA 21


1- INTRODUÇÃO

As infecções, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são responsáveis por um quarto das mortes em todo o planeta (BASSO; PULCINELLI; AQUINO; SANTOS, 2016). Dentre essas infecções, por serem um relevante problema de saúde pública no mundo, merecem destaque as que ocorrem durante o ato da prestação de serviços por profissionais da área em centros de saúde, conhecidas como IRAS (Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde) (ALVIM; COUTO; GAZZINELLI, 2019).

As IRAS são infecções adquiridas em um hospital, porém, é fundamental pontuar os critérios para seu diagnóstico a fim de garantir seu monitoramento e notificação de maneira adequada. Para que o paciente se enquadre em alguma infecção adquirida no âmbito da assistência, essa não deve ser manifestada no momento da admissão do paciente e nem estar em processo de incubação. Além disso, por mais que o quadro infeccioso se inicie durante a prestação dos cuidados, vale mencionar que podem se apresentar após a alta-hospitalar (CAVALCANTE; PEREIRA; LEITE; SANTOS; CAVALCANTE, 2019).

A gravidade das IRAS se reflete no prolongamento do período de internação, no aumento dos custos hospitalares de assistência e no aumento da morbimortalidade de pacientes hospitalizados (ALVIM; COUTO; GAZZINELLI, 2019). Dentre as principais, pode-se citar as Infecções de Trato Urinário (ITU), as Infecções Primárias de Corrente Sanguínea (IPCS), as Infecções de Sítio Cirúrgico (ISC) e as Pneumonias Hospitalares (PH) (TAUFFER et al., 2019).

Existem, há anos, evidências de que a higienização das mãos (HM) feita de maneira adequada contribui fortemente para a diminuição da incidência de infecções. Isso, porque, sabe-se que as mãos dos profissionais de saúde podem ser consideradas um importante vetor de agentes patogênicos. Além disso, por ser uma intervenção de baixo custo e rotineira, sua aplicação se torna acessível aos colaboradores das instituições de saúde. (BELELA-ANACLETO; PETERLINI; PEDREIRA, 2017).

Para Barros, Pereira, Cardoso e Silva (2016), nesse cenário, a equipe de enfermagem da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) é fundamental pois traz consigo o cuidado para a prevenção e controle da infecção tanto para os demais profissionais, quanto para os pacientes por meio de treinamentos e ações de sensibilização sobre o assunto. Entretanto, mesmo estando cientes do quão imprescindível a HM é para a redução das IRAS, esse ato simples, ainda, é uma prática com baixa adesão pelos profissionais da saúde envolvidos na assistência, tornando-se um desafio constante nos serviços de saúde (BELELA-ANACLETO; PETERLINI; PEDREIRA, 2017).

Diante disso, este projeto tem por objetivo identificar, por meio de revisão bibliográfica, os desafios encontrados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para implementação de medidas para adequada higienização das mãos no contexto da assistência à saúde.

1.1 TEMA

Desafios da enfermagem na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para elaborar e implementar medidas para adequada higienização das mãos pelos profissionais da saúde: uma revisão bibliográfica.

1.2 PROBLEMA

Sabe-se que milhões de pessoas em todo o mundo sofrem lesões incapacitantes ou morrem em decorrência de falhas durante a prestação da assistência à saúde, apontando a segurança do paciente como uma questão global e de saúde pública.
(BELELA-ANACLETO; PETERLINI; PEDREIRA, 2017).

A HM, tradicionalmente considerada como a medida mais importante e eficaz na prevenção e controle de tais eventos, caracteriza-se como uma intervenção rotineira, padronizada, de baixo custo e com indicações sustentadas por fundamentação científica sólida (BELELA-ANACLETO; PETERLINI; PEDREIRA, 2017).

Contudo, apesar inúmeras campanhas e dados científicos sobre sua eficácia e necessidade, muitos profissionais da saúde não a realizam de maneira adequada e frequente, ocasionando a disseminação de microrganismos causadores de infecções (SANTOS et. al., 2021).

Diante disso, torna-se evidente a existência de desafios enfrentados pela CCIH para implementação de medidas para adequada higienização das mãos por parte das equipes assistenciais, sendo esse o problema norteador do projeto de pesquisa.

1.3 HIPÓTESES

  • A pouca oferta de estrutura adequada para higienização das mãos, como locais para lavagem das mãos com água e sabão ou pontos com álcool 70% de fácil acesso nos ambientes hospitalares é um dos principais fatores responsáveis pela inadequada higienização das mãos.
  • Apesar de amplamente difundidas, profissionais da saúde desconhecem as etapas necessárias para adequada higienização das mãos, ocasionando na não remoção completa dos microrganismos causadores de infecções.
  • Os profissionais da saúde não comprometidos com a adequada higienização das mãos desconhecem as repercussões infecciosas ocasionadas por microrganismos em cadeia de contaminação/infecção.
  • A falta de investimentos na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar reduz a alcance de medidas para adequada redução das taxas de infecção nosocomial.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Identificar, por meio de revisão bibliográfica, os desafios encontrados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para implementação de medidas para adequada higienização das mãos no contexto da assistência à saúde.

1.4.2 Objetivos Específicos

  • Analisar as práticas de higienização das mãos pelas equipes de saúde no contexto assistencial;
  • Identificar a percepção do profissional quanto a responsabilidade frente à higienização das mãos;
  • Compreender a importância e os desafios da equipe de enfermagem no controle de infecções hospitalares;
  • Identificar complicações causadas pela falta de adequada higienização das mãos, bem como principais agentes etiológicos envolvidos nas infecções.

1.5 JUSTIFICATIVA

As infecções associadas à assistência à saúde (IRAS) são um dos problemas de saúde pública mais relevantes em todo o mundo. Isso se deve ao fato de que aumentam as taxas de morbimortalidade, apresentam um ônus financeiro relevante e contribuem significativamente para a resistência antimicrobiana. As mãos dos profissionais de saúde desempenham um papel fundamental na transmissão de paciente para paciente ao tocar superfícies ou pacientes contaminados durante as atividades de atendimento (FACCIOLÀ et. al., 2019).

Sabe-se que a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) é um dos principais eixos de uma instituição em saúde. Um hospital que investe no controle de infecção hospitalar reduz a transmissão de patógenos em suas enfermarias, o que diminui o número de pacientes infectados/contaminados (DROHAN; LEVIN; GRENFELL; LAXMINARAYAN, 2019).

A educação em saúde é algo que deve ocorrer de maneira permanente. Com isso, profissionais da saúde podem sempre aprender sobre novos assuntos e reciclar conhecimentos previamente adquiridos. Contudo, os programas de educação permanente em saúde nas instituições hospitalares encontram barreiras como falta de equipe capacitada bem como janelas de oportunidades para que profissionais possam parar suas atividades assistenciais para participarem das capacitações. Nesse sentido, percebe-se que a pouca oferta de atividades de educação em saúde torna-se um grande desafio para a implementação de medicas de controle infeccioso (FERREIRA; BARBOSA; ESPOSTI; CRUZ, 2019).

Com base no exposto, a realização deste projeto de pesquisa evidenciará os desafios enfrentados pelas equipes de CCIH para implementação de medidas para adequada higienização das mãos por parte das equipes de assistência à saúde.

2- REVISÃO TEÓRICA

Sabe-se que a higienização das mãos é um dos hábitos mais importantes para que microrganismos patógenos, como bactérias multirresistentes e vírus, não sejam disseminados no ambiente de assistência à saúde e, com isso, infecções sejam prevenidas. A higienização das mãos é relativamente um procedimento básico e de baixa complexidade que, se realizado adequadamente, garante a segurança do profissional, bem como do paciente (BELELA-ANACLETO; PETERLINI; PEDREIRA, 2017).

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a higienização das mãos é uma medida primária de controle de infecções. Dessa forma, torna-se fundamental a presença de estrutura física adequada nos espaços de saúde, além de profissionais habilitados a aplicar a técnica preconizada pelos órgãos de saúde. É importante pontuar, também, que juntamente com as mãos, superfícies e objetos devem ser higienizados rotineiramente com técnica e produtos assépticos disponíveis nos serviços (BELELA-ANACLETO; PETERLINI; PEDREIRA, 2017).

2.1 HISTÓRIA DA HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

Florence Nightingale é considerada a fundadora da Enfermagem Moderna em todo mundo. Isso se deve pelo fato de que durante suas atuações, preconizou e articulou os cuidados fundamentais relacionados à saúde de maneira a sustentar a prática da enfermagem (COSTA et al., 2009). Obteve maior projeção após seu voluntariado na Guerra da Criméia, em 1854. Para Costa et al. (2009):

A Enfermagem, para Nightingale, era uma arte que requeria treinamento organizado, prático e científico; a enfermeira deveria ser uma pessoa capacitada a servir à medicina, à cirurgia e à higiene. O grande mérito de Florence Nightingale foi dar voz ao silêncio daqueles que prestavam cuidados de enfermagem, que provavelmente não percebiam a importância dos rituais que seguiam, que já indicavam uma prática profissional organizada. Desde então, atividades como higienização das mãos (HM), higiene oral, mudança de decúbito, cuidados com a pele e com cateteres são elementares no processo de cura, manutenção da saúde, promoção de conforto e prevenção de complicações. Entretanto, ainda que a premissa hipocrática “não cause danos” constitua requisito para todos os profissionais que prestam assistência, evidências revelam a existência de uma ampla e perigosa lacuna entre o cuidado que o paciente deveria receber e aquele que é efetivamente realizado, cenário que se caracteriza pela ocorrência sucessiva de danos decorrentes desse atendimento.

Nesse sentido, a fim de validar a técnica e as orientações pertinentes à higienização das mãos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, Centers for Disease Control and Prevention), a partir de 1975, normatizou guias e diretrizes acerca da prática de higiene das mãos, de modo a recomendar as situações nas quais se torna necessária sua utilização (COSTA et al., 2009).

2.2 INFECÇÕES HOSPITALARES

A infecção hospitalar é definida como aquela adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares (OPPONG; YANG; AMPONSEM-BOATENG; DUAN, 2019).

Nos casos de infecção hospitalar, o paciente – hospedeiro – é um dos principais pontos da cadeia epidemiológica, uma vez que abriga microrganismos com potencial de ocasionar processos infeciosos significativos. Além disso, o paciente internado pode apresentar algum comprometimento imunológico devido a seu problema de base, o que pode favorecer a ocorrência de uma infecção hospitalar. Algumas situações com altas taxas de infecção: grande queimado; desnutrição; deficiências imunológicas; bem como o uso de alguns medicamentos e os extremos de idade (OLIVEIRA; DAMASCENO, 2010).

Os procedimentos invasivos realizados nos pacientes – para diagnóstico ou tratamento – também favorecem o surgimento das infecções. Durante a realização ou permanência, agentes infecciosos podem ser veiculados. Isso deixa ainda mais evidente a importância da aplicabilidade das medidas de assépticas e antissépticas quando feitas de maneira adequada (OPPONG; YANG; AMPONSEM-BOATENG; DUAN, 2019).

2.3 INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE

As taxas de infecções relacionadas à assistência à saúde são significativas, atingindo um em cada 20 pacientes durante a hospitalização, sendo o mais frequente tipo de evento adverso ocasionado pelas práticas de cuidado (RAIMONDI et al., 2017).

Com isso, os impactos repercutem de maneira multidimensional, atingindo pacientes, profissionais e instituições. As infecções são responsáveis por altas taxas de morbimortalidade, internações prolongadas, resistência de microrganismos aos antibióticos disponíveis, incapacidades, gastos elevados para famílias e instituições, óbitos preveníveis, além de terem grande impacto nos custos financeiros do sistema (RAIMONDI et al., 2017).

Dentre as causas, podemos citar as relacionadas às limitações de estrutura, como ausência de equipamentos para higienização das mãos em pontos estratégicos, aos múltiplos processos intricados ao complexo sistema de saúde e ao comportamento humano, esse condicionado, entre outros, ao seu processo de educação (RAIMONDI et al., 2017).

As mãos não adequadamente higienizadas se tornam altamente contaminadas, potencializando, assim, as infecções relacionadas a assistência. A disseminação de infecções relacionadas à assistência à saúde frequentemente advém da contaminação cruzada. A via mais comum de transferência de patógenos ocorre entre as mãos de profissionais de saúde e pacientes. Nesse sentido, a higienização adequada das mãos se torna uma abordagem básica para prevenir a transmissão de microrganismos patogênicos (OLIVEIRA; DAMASCENO, 2010).

2.4 COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

Diante das questões apresentadas nos tópicos anteriores, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) se torna indispensável nos hospitais e há muito sua implantação tem sido recomendada pela Associação Americana de Hospitais (HORR; ORO; LORENZINI; SILVA, 1978).

Nesse sentido, a CCIH atua de frente com problemáticas relacionadas com infecção hospitalar, suas repercussões negativas e graves consequências, tais como aumento da taxa de mortalidade, morbidade, taxa elevada de ocupação e média de permanência hospitalar. Os componentes de uma CCIH vão variar de acordo com fatores que caracterizam a instituição como tipo de hospital, número de leitos, taxa de ocupação e taxa de infecção (HORR; ORO; LORENZINI; SILVA, 1978).

É fundamental que a CCIH trabalhe articulada com os diversos setores hospitalares, tendo em vista que suas atribuições são transversais em várias áreas. Nesse sentido, ao se tratar da infecção hospitalar, as medidas de educação e orientação devem ser amplamente divulgadas. O bom êxito na profilaxia e controle das infecções, depende do esforço permanente e sistematizado de todo pessoal hospitalar e não apenas da C.C.I.H., isoladamente, pois trata-se de um trabalho difícil que exige a colaboração contínua e eficiente de todos (HORR; ORO; LORENZINI; SILVA, 1978).

Por fim, sobre os atributos de uma CCIH, pode-se pontuar: Controle do ambiente; Controle do pessoal; Controle de produtos químicos; Elaboração de normas e rotinas; Investigação epidemiológica; e Reuniões periódicas (HORR; ORO; LORENZINI; SILVA, 1978).

2.5 EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE

O Sistema Único de Saúde (SUS) está presente nos mais variados setores do contexto brasileiro, indo do setor hospitalar à fiscalização da produção de alimentos. Com isso, percebe-se que em determinado momento se acaba por usar os serviços oferecidos pelo sistema de maneira direta e/ou indireta. Em contrapartida, apenas um pequeno estrato da população brasileira compreende a organização e atuação do SUS em seu cotidiano (OUVERNEY, 2013), o que compromete a procura dos serviços de saúde adequados e específicos para cada demanda apresentada pelo usuário

A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) tornou evidente a necessidade de mudança na formação dos profissionais de saúde. No Brasil esses profissionais são formados com grande domínio de técnicas, porém diversas vezes são incapazes de compreender a subjetividade e a diversidade da cultura das pessoas. Não são preparados para o trabalho de forma multi e interdisciplinar e apresentam dificuldades de implementar os princípios do SUS no seu serviço diário (MATTOS et. al, 2020).

A educação permanente é uma proposta político-pedagógica que favorece, aos trabalhadores, um processo de ensino-aprendizagem dentro do seu cotidiano laboral. Tal processo defende uma filosofia de reflexão e crítica sobre os processos de trabalho dos profissionais. Os processos de qualificação dos trabalhadores de saúde devem ter como referência as necessidades da população, da gestão e do controle social7. É importante que tenham como objetivos a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho sendo estruturados a partir da problematização do processo de trabalho (MATTOS et. al, 2020).

2.6 DESAFIOS RELACIONADOS À HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

Considerando a higienização das mãos como a remoção dos “microrganismos que colonizam as camadas superficiais da pele, assim como o suor, a oleosidade e as células mortas, retirando a sujidade propícia à permanência e à proliferação de microrganismos”, e que um dos maiores índices de transmissão de infecção se dá pelas mãos, sua adoção deveria ser contemplada por todos os profissionais de saúde, para isso seria necessário o preparo adequado dos mesmos e investimentos em sua conscientização (COELHO, MS et al., 2011).

Contudo, observações do ambiente hospitalar reafirmam a não uniformidade de condutas e rotinas referentes à sua realização, e que apesar de todas as evidências e comprovações da importância à adesão a esta medida, as mãos dos profissionais de saúde ainda se constituem como a o maior vínculo de disseminação das infecções hospitalares (COELHO, MS et al., 2011).

Entre os principais motivos relacionados ao não cumprimento desta prática, segundo estudos recentes, está a falta de motivação, ausência ou inadequação de pias ou dispositivos de álcool gel próximos aos leitos, falta de materiais como sabão e álcool além de toalhas de papel e lixeiras, reações cutâneas ocasionadas pelo uso dos produtos recomendados, o grande número de tarefas a serem realizadas ocasionando a falta de tempo, irresponsabilidade e a ignorância (COELHO, MS et al., 2011).

3- METODOLOGIA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa será sustentada através de um estudo descritivo, qualitativo e exploratório que utilizará a revisão sistemática da literatura a fim de analisar e sintetizar o conhecimento científico obtido por meio de resultados de pesquisas já realizadas. Segundo DE-LA-TORRE, et al. (2011), com o número elevado de estudos científicos de um mesmo tema, se faz fundamental a realização de revisões sistemáticas, pois tem por finalidade, captar, reconhecer e sintetizar as principais evidências científicas para fomentar propostas de práticas qualificadas em saúde e fortalecer a prática baseada em evidências.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE INVESTIGADO

Serão considerados artigos de três bases de dados eletrônicas, National Library of Medicine (MEDLINE/PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde (LILACS) e Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde (BVS). O período da pesquisa será entre outubro de 2022 à novembro de 2022 e serão incluídos artigos retrospectivos de 10 anos, entre 2012 a 2022.

3.3 AMOSTRA

A seleção dos artigos científicos será estabelecida por um protocolo que atenda aos critérios de busca relacionada ao tema: Higienização das mãos no contexto da assistência à saúde. A questão norteadora da pesquisa será: Desafios da enfermagem na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para elaborar e implementar medidas para adequada higienização das mãos pelos profissionais da saúde.

3.3.1 Critérios de Inclusão

Somente serão artigos somente em língua portuguesa, espanhola e inglesa, com disponibilização online completa e em revistas indexadas. Serão considerados apenas um artigo, quando o mesmo repetir em outras bases eletrônicas.

3.3.2 Critérios de Exclusão dos Participantes da Pesquisa

Não serão considerados estudos com falha na descrição metodológica; Artigos que não possibilitem acesso completo aos gráficos e tabelas; Artigos com mais de 10 anos; Artigos em outros idiomas que não os selecionados; Trabalhos científicos divulgados em outras formatações, como materiais educativos; congressos e revistas não indexadas.

3.3.3 Benefícios aos Participantes da Pesquisa, Pesquisador e Ambiente

Por se tratar de revisão de literatura, não haverão participantes diretamente envolvidos na pesquisa. Para o pesquisador, será possível uma maior experiência em relação a busca de dados nas principais plataformas científicas disponíveis. Por meio do desenvolvimento da pesquisa, poderá haver possibilidades da elaboração de medidas para compreensão e intervenção na questão norteadora do estudo.

3.3.4 Riscos aos Participantes da Pesquisa, Pesquisador e Ambiente

A pesquisa será feita por meio de bases de pesquisas remotas, não oferecendo, dessa forma, riscos.

3.4 MATERIAIS E INSTRUMENTOS

Para adequada coleta de dados, será elaborada planilha no programa Excel a fim de categorizar e organizar os dados. As variáveis serão estabelecidas de acordo com os dados encontrados na literatura e que apresentem relevância para a temática do presente projeto.

3.5 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

Para uma busca eficaz e confiável nas plataformas científicas, serão utilizados descritores de saúde. Serão levados em consideração os critérios de inclusão e de exclusão a fim de se obter dados diretos e pertinentes com o proposto.

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS

Após a disponibilização dos dados, os mesmos serão comparados de maneira a identificar semelhanças e diferenças nas realidades distintas no que tange a higienização das mãos adequada no contexto da assistência à saúde. A ferramenta Excel também poderá ser usada para elaboração de gráficos e tabelas.

3.7 DESFECHOS

3.7.1 Desfecho Primário

Espera-se, por meio deste estudo, identificar os Desafios da enfermagem na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para elaborar e implementar medidas para adequada higienização das mãos pelos profissionais da saúde.

3.7.2 Desfecho Secundário

Apresentar as conclusões obtidas aos órgãos interessados a fim de se elaborar estratégias de intervenções para resolução da questão norteadora/temática da pesquisa. Além disso, espera-se apresentar os dados em eventos científicos, redigir e publicar artigo em revistas da área.

4 RESULTADOS ESPERADOS

As infecções associadas à assistência à saúde (IRAS) são um dos problemas de saúde pública mais relevantes em todo o mundo. Com isso, a adequada higienização das mãos se torna uma das principais ferramentas para o controle das IRAS no contexto da assistência à saúde (FACCIOLÀ et. al., 2019). Tendo isso em vista, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) tem como função primordial gerenciar questões relacionadas a prevenção das IRAS, bem como a educação permanente dos profissionais da saúde (FERREIRA; BARBOSA; ESPOSTI; CRUZ, 2019).

Com base nessas ideias principais e com o encontrado na literatura nacional e internacional, espera-se como resultados encontrar respostas plausíveis que justifiquem a não adequada higienização das mãos por profissionais de saúde no contexto da assistência.

Identificar possíveis barreiras que tornam o processo rápido e de baixa tecnologia, que é a higienização das mãos, em algo desafiador será fundamental para elaboração de medidas de intervenção pela CCIH (DROHAN; LEVIN; GRENFELL; LAXMINARAYAN, 2019). Diante disso, compreender a realidade dos diferentes serviços, principais problemáticas (estruturais ou não) e intervenções realizadas é um dos resultados esperados.

5 CRONOGRAMA

2022/2023

ATIVIDADEOUTNOVDEZJANFEVMAR
Revisão bibliográficaXXXXXX
Coleta de dadosXXXX
Análise e interpretação dos dadosXXXX
Elaboração da monografiaXXX
ApresentaçãoX

6 ORÇAMENTO

MaterialQuantidadeValor unitárioValor Total
Combustível50LR$ 4,50R$ 225,00
Cartucho para impressão2R$ 50,00R$ 100,00
Folhas A42 pacotesR$ 20,00R$ 40,00
Reprografia200 páginasR$ 0,30R$ 60,00
Tradução de artigos100 páginasR$ 3,00R$ 300,00

TotalR$ 725,00

BIBLIOGRAFIA

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Projeto de Pesquisa apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem à Banca Examinadora do Instituto de Ensino Superior de Foz do Iguaçu – IESFI.