REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11843724
Ana Beatriz Seixas Cuellar1
Ana Julia Souto Leite2
Antonio Rosa Mesquita Neto3
Clara Antônia Rosa Pimenta4
Emanuelle Neres Arruda5
Fabrícia Gonçalves Amaral6
Pontes;Geraldo Avelino Dalla Rosa7
Guilherme Gomes Cardoso8
Gustavo Henrique Moraes Oliveira9
Hugho Allex Neves Pontes10
José Rodrigues Moreira11
Laura Mell Santos Lustosa12
Luis Eduardo Rios Oliveira13
Maria Eduarda Ribeiro Andrade14
Maria Eduarda Rocha Borges15
Márcia Ferreira Sales16
Mônya Aparecida Moreira de Araújo17
Rafael Milhomem Tavares18
RESUMO
Introdução: A higiene pessoal é uma prática antiga e essencial para o bem-estar físico e emocional. Desde as civilizações primitivas, como as gregas e romanas, até os dias atuais, a higiene tem um papel crucial na vida social e na saúde coletiva. Na adolescência, fase de vulnerabilidade à imagem e à autoestima, as intervenções educacionais são fundamentais. Objetivo: Estimular a adoção de hábitos higiênicos, de forma simples, na rotina de jovens e adolescentes do em uma escola estadual no municipio de Porto Nacional-TO, a partir de programações interativas e abordagens de fácil compreensão. Metodologia: Trata-se de um estudo, descritivo e observacional, ação educativa realizada em uma escola estadual, a atividade envolveu alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, utilizando atividades práticas, como uma peça teatral e oficinas, separadas por gênero, para abordar higiene íntima e terminologia correta. O estudo utilizou os descritores “Higiene pessoal”, “Autoestima” e “Adolescência” na plataforma DeCS/MeSH, resultando em 33 artigos, dos quais 23 foram selecionados. Resultados: Os resultados mostram que promover hábitos de autocuidado nas escolas não só previne doenças, mas também combate o bullying e situações constrangedoras, criando um ambiente inclusivo. Conclusão: A conscientização da higiene pessoal prepara os jovens para uma vida adulta confiante e equilibrada, o que enfatiza a importância das atividades de aprendizagem no ambiente escolar para o desenvolvimento integral dos alunos.
Palavras-chave: Higiene pessoal; Autoestima; Adolescência; Educação em saúde; Autocuidado.
INTRODUÇÃO
A higienização pessoal não consiste em uma prática contemporânea. Desde as civilizações gregas e romanas, os banhos eram vistos como um evento social, uma vez que eram feitos de forma coletiva e contavam com a presença de jogos, livros e bebidas (Rossini, 2023). Desse modo, diversas civilizações desfrutavam de objetos do dia-a-dia com a finalidade de preservar a sanidade corporal, a exemplo dos mesopotâmicos e egípcios que utilizavam gravetos como ferramenta de higiene bucal.
A adolescência é uma fase da vida repleta de transformações físicas e emocionais, as quais inserem jovens indivíduos em cenários de vulnerabilidade, a exemplo do desafio em lidar com uma nova autoimagem, o que, por sua vez, influencia na autoestima (Moehlecke, Blume, Cureau, Kieling, & Schaan, 2018). Nesse sentido, o autocuidado surge como um mecanismo de promoção para autoestima, dado que hábitos de higiene interferem na maneira como os adolescentes interagem no ambiente escolar.
Ao se tratar de higiene pessoal, deve-se levar em consideração as individualidades da população. Uma vez que, globalmente mais de 500 milhões de pessoas que menstruam não têm acesso ao manejo da higiene menstrual (Lancet Reg Health Americas, 2022). Enfatizando o desprovimento de recursos por parte das famílias, que colabora para uma baixa autoestima do adolescente e resulta em impactos na saúde física e prejuízos mentais a partir de sentimentos de vergonha e constrangimento.
O jovem ao visualizar, reconhecer e compreender as mudanças corporais, a exemplo do aparecimento de pelos em regiões íntimas, da transpiração axilar, da ocorrência de bromidrose, dentre outros, favorece sua inserção em hábitos promotores do autocuidado, quando guiado de forma coerente. Tal imersão necessita do trabalho intervencionistas das instituições educativas junto às famílias, por meio da abordagem lúdica e pedagógica, a fim de conciliar a seriedade do assunto à linguagem mais simples e de fácil entendimento (Cordellini, 2008; Cruz, 2018).
Nessa perspectiva, ao abordar sobre a higiene pessoal e a autoestima dos adolescentes, objetiva buscar maneiras de ensinar e explicar a importância da manutenção da higiene, transformando-a em um hábito e não apenas em uma obrigação. Apresentar essa temática não só levará conhecimento ao público jovem, como também permitirá o processo do autoconhecimento e autoestima.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo e observacional, relacionado à realização de uma ação educativa executada em maio de 2024, em uma escola do estado, localizado no município de Porto Nacional – TO, na qual gerou esse resumo expandido, nosso público-alvo foram os alunos do Ensino Fundamental II (6º ano ao 9º ano) e Ensino Médio (1º ano ao 3º ano) do período vespertino. Foram utilizados os descritores “Higiene Pessoal”, “Autoestima” e “Adolescência” na plataforma de Descritores em Ciência e Saúde (DeCS/MeSH), com o operador booleano “and”, a partir das bases de dados: LILACS, MEDLINE e Index Psicologia, selecionados nos últimos 5 anos nos idiomas português e inglês. Dessa forma, obtivemos 33 resultados, dos quais foram selecionados 23 gratuitos. O projeto de extensão proposto não envolve a captação de dados primários de pacientes. Dessa forma, não necessita a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP).
A partir dos dados coletados, a ação foi realizada no dia 23/05/2024, às 14:00, com os adolescentes. de modo a sensibilizá-los sobre a importância de manter uma higiene pessoal adequada. Para isso, foi apresentada uma peça teatral simulando uma consulta médica, onde cada paciente encenava uma parte do corpo a ser higienizada. Logo após, os alunos eram separados em grupos femininos e masculinos e direcionados às oficinas de acordo com o sexo, onde eram orientados sobre a anatomia das partes do corpo, bem como o passo a passo da maneira correta de higienizar cada região, sendo elas: boca, axila, pé, mão, além da vulva para as meninas e do pênis para os meninos. Verificamos que foi de suma importância para a população-alvo, visto que, além de ser estimulada a se higienizar corretamente e diariamente, houve o incentivo à desmistificação dos nomes errôneos das genitálias usados no cotidiano dos jovens, e também, a sensibilização sobre as possíveis doenças advindas da má higienização, provendo assim, uma melhora na autoestima dos adolescentes.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Compreender as contribuições advindas de civilizações culturalmente distintas, representam certa preocupação com a própria higiene, pois não consiste em um evento de efeito isolado, uma vez que envolve a própria pessoa e todos aqueles ao seu redor. Isso porque, ao entender o contexto histórico dos hábitos de higiene, instiga tanto o engajamento dos jovens em tais hábitos, quanto propõe a disseminação de saberes que foram ao longo do tempo construídos. Civilizações gregas e romanas utilizavam os banhos como eventos sociais, nos quais continham jogos, leituras e bebidas, sendo, assim, um momento de autolimpeza de forma mais descontraída. Os povos do Islã, desde os primórdios, consideravam a higiene do corpo como preceito religioso, utilizando sabões aromáticos, águas de rosas e perfumes, haja vista que priorizavam o bem-estar corporal como simbolismo religioso. Os chineses assumiram papel protagonista no pioneirismo do surgimento do papel higiênico, material este utilizado no cotidiano da sociedade desde então (Rossini, 2023).
Diante do cenário abordado, pode-se afirmar que a higiene pessoal impacta de forma significativa na autoestima dos adolescentes, em especial, no ambiente escolar. A escola, por sua vez, ocupa uma posição prestigiosa no que se refere à formação e reprodução de saberes na vida do adolescente e jovem em desenvolvimento. Com isso, estratégias educacionais como forma de inserir hábitos salutares de higiene na rotina do público-alvo, considerando a relação entre a falta de cuidados pessoais e o aumento do risco da ocorrência tanto de bullying, quanto de situações constrangedoras que afeta a socialização, tornam-se fundamentais, a fim de cultivar a autoestima e promover relações interpessoais isentas de comentários opressivos e penosos (Gatto et al., 2019).
Sob essa ótica, pode-se inferir que a prática recorrente de hábitos de higiene está intrinsecamente relacionada com a autoestima de crianças e adolescentes. Dessa forma, durante a infância e adolescência o indivíduo adquire hábitos que podem ser mantidos durante a vida adulta, por isso o desenvolvimento de ações em saúde na escola é de suma importância para a contribuição de adoção de hábitos de higiene pessoal. A implantação de ações na escola permite o levantamento de debate e disseminação de conhecimento, pretendendo a prevenção de doenças e agravos (Santos, 2019). Assim sendo, promover hábitos de autocuidado interfere diretamente na satisfação pessoal dos jovens nas escolas e na vida externa.
Nesse viés, analisa-se uma estreita relação entre o autocuidado dos adolescentes e o sexo biológico. Isso porque, a autoestima em meninos é influenciada por desempenho pessoal, como a competição, enquanto para meninas está ligada aos relacionamentos, o cuidado e a integração interpessoal (Schavarem, 2019). Logo, influências culturais sexistas por beleza insere o público feminino em uma maior preocupação com a sua autoimagem. Infere-se, portanto, a necessidade dos espaços educativos compreenderem a autoestima nas nuances envolvidas pelo gênero, com o fito de desenvolverem ações específicas e isoladas de acordo com a sua necessidade.
Nota-se, além disso, que a adolescência consiste em uma fase da vida marcada pela complexidade de transformações físicas e emocionais, além de ser uma etapa de desenvolvimento biopsicossocial. O bombardeio hormonal pode desencadear o aumento da transpiração, surgimento de pelos pubianos, aparecimento de espinhas e cravos, dentre outros. É nesta fase que ocorre também o início do funcionamento das glândulas apócrinas, ou seja, seus produtos geram odores característicos, os quais precisam de cuidados específicos. Os ductos das glândulas estão presentes nas axilas, aréolas mamilares e na região anogenital. Tal fato respalda a necessidade do banho recorrente e o uso diário de desodorante suave e sem álcool a fim de evitar mal cheiro e, quiçá, acometimento de doenças (Kataoka, 2022).
É perceptível que alguns hábitos de higienização são deixados de lado por parte dos alunos. O mau cheiro axilar ou bromidrose plantar (chulé) é uma das principais queixas encontradas no ambiente escolar, em conjunto com roupas sujas ou manchas na região axilar (Costa et al., 2021). Entretanto, é preciso explicar maneiras corretas de higienização, haja vista que nem sempre o jovem sabe como realizá-las, e somado a isso deve-se explicar biologicamente o motivo de tal suor exagerado.
Dito isso, o ambiente escolar representa um espaço pluridisciplinar e multidisciplinar, onde todos os indivíduos contribuem para construção de saberes e conhecimento, representando um espaço potente para a realização de ações de promoção à saúde e prevenção de doenças e agravos (Cordeiro, 2019). Dessa forma, a utilização da escola como um meio de promoção de hábitos de higiene pessoal para adolescentes é imprescindível, em vista do seu papel fundamental no processo educativo, propício para tratar de diversos assuntos e contribuir para análise crítica dos alunos (Pieri, 2020).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A higiene pessoal é uma prática ancestral que transcende culturas e épocas, sendo essencial para o bem-estar físico e emocional dos indivíduos. A abordagem histórica do texto evidencia que desde as civilizações antigas até os dias atuais, a higiene sempre teve um papel fundamental na vida social e na saúde coletiva. Esse entendimento é crucial para fomentar o engajamento dos jovens em hábitos saudáveis, mostrando que a higiene não é apenas uma obrigação diária, mas uma prática que enriquece a qualidade de vida e a autoestima.
No contexto contemporâneo, a adolescência é uma fase crítica em que a autoimagem e a autoestima são especialmente vulneráveis. As intervenções educacionais em ambientes escolares, como a ação realizada no Colégio Estadual Marechal Artur da Costa Silva, demonstram a importância de ensinar e incentivar hábitos de higiene desde cedo. Através de atividades práticas e lúdicas, como a peça teatral e as oficinas, os adolescentes são capacitados a cuidar de si mesmos, compreendendo a relevância do autocuidado para a sua saúde física e emocional. A separação por gênero nas oficinas permitiu uma abordagem sensível às particularidades de cada grupo, reforçando a importância da higiene íntima e da terminologia correta.
Portanto, a relação entre higiene e autoestima é evidente. A promoção de hábitos de autocuidado nas escolas não só previne doenças, mas também combate o bullying e as situações constrangedoras, promovendo um ambiente mais saudável e inclusivo. As instituições de ensino, ao incorporarem programas de educação em saúde, contribuem significativamente para o desenvolvimento integral dos alunos, ajudando-os a construir uma autoestima sólida e saudável. A conscientização sobre a higiene pessoal e suas implicações biológicas e sociais é um passo fundamental para preparar os adolescentes para uma vida adulta mais confiante e equilibrada.
REFERÊNCIAS
ROSSINI, M. C.. Uma breve história da higiene pessoal. Revista Super Interessante, 2023. MOEHLECK, M.; BLUME, C. A.; CUREAU, F. V.; KIELING, C.; & SCHANN, B. D..
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