PEDIATRIC HEMATOLOGY: PREVALENCE OF IRON-DEFICIENCY ANEMIA IN CHILDREN
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.13120473
Adriane Matoso da Silveira1;
Cristiano Nascimento de Souza2;
Juliana Vitória Saraiva3;
Luiz Eduardo Souza Cameli4;
Orientador: Prof. Me. Adem Nagibe dos Santos Geber Filho.
RESUMO
Introdução: A anemia por deficiência de ferro é uma questão de saúde pública amplamente discutida e estudada globalmente, visto que é uma das anemias que mais atinge a população, especialmente crianças na primeira infância. Objetivo: Este trabalho possui como objetivo explorar a prevalência da anemia ferropriva em crianças. Método: O presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa na qual incluiu artigos originais e de revisão afim de selecionar informações relevantes para o resultado desta pesquisa. Resultados: A anemia ferropriva possui uma alta prevalência em crianças no mundo inteiro, especialmente em países que ainda estão em desenvolvimento, contando
com um extenso diagnóstico diferencial. Unindo teste físico, exames laboratoriais e histórico familiar é possível descobrir qual a melhor forma de tratar cada paciente de maneira apropriada para obter o melhor resultado. Conclusão: A anemia ferropriva pode ser um fator limitante muito considerável no desenvolvimento infantil, especialmente em populações de baixa renda onde há uma carência nutricional, tornando-se essencial o tratamento e a utilização de protocolos de cuidados adequados.
Palavras-chave: Anemia ferropriva; Deficiência de ferro; Anemia.
ABSTRACT
Introduction: Iron deficiency anemia is a widely discussed and studied public health issue globally, as it is one of the most prevalent types of anemia affecting the population, especially children in early childhood. Objective: This study aims to explore the prevalence of iron-deficiency anemia in children. Method: This article is an integrative literature review that included original and review articles to select relevant information for this research outcome. Results: Iron-deficiency anemia is highly prevalent in children worldwide, especially in developing countries, with extensive differential diagnosis. Combining physical examination, laboratory tests, and family history can determine the best approach to treat each patient appropriately for optimal results. Conclusion: Iron-deficiency anemia can significantly limit childhood development, especially in low-income populations where there is nutritional deficiency, making treatment and the use of appropriate care protocols essential.
Keywords: Iron deficiency anemia; Iron deficiency; Anemia.
INTRODUÇÃO
A anemia por deficiência nutricional é uma condição patológica onde ocorre uma queda anormal das taxas de hemoglobina no sangue, sendo estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2022) como valores de abaixo de 11,0 g/dL para as concentrações de hemoglobina que podem ser resultantes da deficiência de ferro, vitamina B12 e/ou ácido fólico. As anemias constituem um problema de saúde pública amplamente distribuído na população, que aumenta o risco de mortalidade, especialmente em crianças, mulheres grávidas e idosos (SANTOS, 2022).
Em termos de distribuição global, a anemia por carência de ferro é a que predomina mundialmente, chegando a prevalências acima de 60% em algumas regiões, principalmente em países subdesenvolvidos. No Brasil, a epidemiologia da anemia ferropriva é bastante distribuída e os níveis são elevados em todo país. Na região Nordeste, a prevalência da anemia apresenta níveis superiores a 60% entre crianças menores de 12 meses. Em concordância, na região Centro-Oeste e na região Norte foi registrada uma prevalência superior a 50% entre crianças indígenas menores de 10 anos e crianças menores de 59 meses, respectivamente. Na região Sudeste havia cerca de 37% de anêmicos, em crianças de 12 a 72 meses. Já na região Sul foi registrada a prevalência próxima de 30%, entre crianças menores de 5 anos (PAIXÃO et al., 2021).
Estudos realizados no Brasil, constataram que a anemia ferropriva pode ser considerada a mais importante carência nutricional do país, com prevalência sempre superior em população de condições precárias. Onde os principais indicadores identificados em pacientes com anemia ferropriva são: baixo nível socioeconômico (falta de alimentação) e alimentação inadequada (deficiência de nutrientes) (LIMA et al., 2019).
A anemia ferropriva pode causar um atraso significativo no desenvolvimento de crianças e adolescentes, tanto cognitivo e motor quanto intelectual. Essa é uma das principais hipóteses trazidas no presente artigo, como a prevalência dessa condição pode retardar o desenvolvimento infantil.
O presente trabalho traz uma temática de relevância mundial, visto que é uma das anemias mais comuns em diversos países, principalmente aqueles que ainda estão em desenvolvimento. Além da importância de conhecer a anemia ferropriva, seus sintomas e sua prevalência, também é fundamental conhecer os protocolos de tratamento e quais são seus efeitos adversos.
MATERIAL E MÉTODO
CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Pesquisa de método indutivo, com natureza básica, objetivo explicativo e abordagem quantitativa. Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa que utilizou publicações disponíveis em bancos de artigos científicos como os portais SCIELO, Pubmed e Science Direct.
COLETA DE DADOS
Critérios de Inclusão
Foram considerados na inclusão estudos de revisão bibliográfica, publicados nos idiomas português e inglês, descrevendo as principais causas, sintomas e a prevalência da anemia ferropriva em um contexto mundial e local.
Critérios de Exclusão
Como critérios de exclusão, foram considerados os seguintes aspectos: (1) estudos que não estivessem dentro do recorte temporal 2019-2024; (2) estudos que não possuem a anemia ferropriva em crianças como principal temática; (3) estudos com ausência de clareza na descrição dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo de revisão integrativa foi organizado a partir dos seguintes passos: a) temática de pesquisa; b) critérios de inclusão e exclusão; 3) levantamento dos dados relevantes; d) avaliação dos estudos encontrados; e) seleção dos estudos para análise integrativa; f) interpretação dos dados e g) apresentação da revisão integrativa e dos dados coletados conforme o que será exposto a seguir.
Os principais artigos selecionados e analisados estão dispostos na tabela 1, com período de publicação seguindo uma ordem decrescente, dos publicados mais recentemente até ao mais antigo, para melhor compreensão dos dados.
Tabela 1. Principais artigos selecionados para revisão integrativa de literatura considerando autores; ano de publicação; objetivos; métodos; resultados e conclusões.
AUTOR/ ANO | OBJETIVO | METODOLOGIA | RESULTADOS | CONCLUSÕES |
ROGANOVI C 2024 | Neste editorial o autor comenta os dados mais importantes publicados e ressalta a necessidade de considerar seriamente o uso parenteral de ferro em crianças que não respondem à terapia oral. | O autor comenta os dados mais importantes publicados e ressalta a necessidade de considerar seriamente o uso parenteral de ferro em crianças que não respondem à terapia oral. | O ferro intravenoso tornou-se uma modalidade terapêutica importante para IDA em pediatria quando as preparações orais de ferro não têm sucesso. | A utilização adequada de ferro intravenoso oferece benefícios clínicos significativos, reduzindo a morbidade de muitas condições patológicas relacionadas à IDA em crianças. |
AKSU et al., 2023 | Esta revisão enfoca as causas, sinais, sintomas, diagnóstico e tratamento da deficiência de ferro na primeira infância, infância e adolescência. | Revisão integrativa. | A identificação e o acompanhamento de crianças com alto risco de anemia ferropriva e suplementação de ferro reduzirão a A identificação e o acompanhamento de crianças com alto risco de anemia ferropriva e suplementação de ferro reduzirão a incidência de dessa condição. A identificação precoce pode melhorar os problemas de neurodesenvolvimento | Além do tratamento medicamentoso, as recomendações para uma dieta rica em ferro podem prevenir a recorrência de anemia ferropriva. Nos casos em que o tratamento oral não responde bem, existem medicamentos com segurança comprovada para tratamento intravenoso. |
GALLAGHE R 2022 | Esta série de revisões se concentra em áreas comuns na prática da hematologia pediátrica, enfatizando novos desenvolvimentos terapêuticos e diagnósticos. | Revisão integrativa. | Novos agentes farmacológicos e avanços em terapias baseadas em terapia genética têm o potencial de melhorar doenças associadas à anemia e fornecer estratégias de tratamento mesmo nos casos mais difíceis e complexos. | Anemia é um problema comumente encontrado em pediatria. Há um amplo diagnóstico diferencial que pode ser estreitado por uma revisão cuidadosa do histórico do paciente e da família, exame físico e testes laboratoriais. Conhecimento e aplicação de estratégias de tratamento apropriadas permitirão o melhor resultado. |
GEDFIE et al., 2022 | O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência global e os fatores associados à deficiência de ferro e à anemia ferropriva em crianças menores de 5 anos. | Publicações relevantes publicadas até 30 de março de 2021 foram identificadas em bases de dados como Medline/PubMed, Science Direct, Popline, EMBASE, African Journals Online, Scopus e Google Scholar. O software STATA versão 11 foi utilizado para a análise. | A prevalência global agrupada de anemia por deficiência de ferro e deficiência de ferro foi de 16,42% (IC 95%: 10,82; 22,01) e 17,95% (IC 95%: 13,49; 22,41), respectivamente. Idade inferior a 2 anos (OR = 1,26; IC 95%: 1,14; 1,38) e viver em família grande (OR = 1,38; IC 95%: 1,18; 1,58) foram associados à anemia ferropriva. Crianças nascidas de mãe anêmica, com baixo peso ao nascer e que não bebem leite fortificado com ferro (OR = 1,20; IC 95%: 1,05; 1,36), (OR = 1,15; IC 95%: 1,01; 1,36) e (OR = 1,28; IC 95%: 1,10, 1,46), respectivamente, foram fatores associados à deficiência de ferro em crianças menores de 5 anos. | A prevalência de anemia por deficiência de ferro e deficiência de ferro foi significativa em todo o mundo, particularmente na Ásia e na África. Portanto, são necessários exames regulares e tratamento da deficiência de ferro e da anemia ferropriva, especialmente em crianças de alto risco, para reduzir suas complicações. |
MOSCHEO et al., 2022 | O presente artigo relata os insights clinicamente relevantes mais recentes sobre anemia ferropriva em crianças e oferece um guia prático para ajudar os pediatras, particularmente a escolher as estratégias de prevenção e terapia mais apropriadas. | Revisão prática. | A anemia por deficiência de ferro é a anemia mais difusa na infância. Embora muito já tenha sido aprendido sobre isso, novas fronteiras no diagnóstico e na terapia surgem a cada dia. A identificação e caracterização da molécula de hepcidina poderia ajudar a definir melhor o quadro de sideropenia e monitorar a resposta ao tratamento na presença de determinados momentos etiopatogenéticos, como infecção concomitante, anemia relacionada à inflamação e anemia ferropriva genética refratária ao tratamento oral. | Mais estudos são, portanto, necessários para melhorar o conhecimento e as intervenções diagnóstico-terapêuticas relacionadas a um transtorno tão difundido. |
JULLIEN 2021 | Neste artigo, o objetivo é analisar a eficácia da triagem universal de anemia ferropriva em crianças menores de cinco anos de idade para melhorar o crescimento, a função cognitiva e o desenvolvimento psicomotor. | Foi realizado uma busca bibliográfica até 18 de agosto de 2019 usando termos-chave e busca manual em fontes selecionadas. | Há incerteza se a anemia ferropriva em crianças causa atrasos cognitivos e psicomotores como também há falta de evidências sobre os efeitos da triagem de rotina para anemia em crianças assintomáticas menores de cinco anos de idade nos resultados de crescimento, desenvolvimento cognitivo e psicomotor. | São necessários ensaios controlados bem elaborados que analisem os benefícios e malefícios do rastreamento de anemia ferropriva em crianças para diagnóstico precoce e tratamento de resultados de saúde de curto e longo prazo. |
PAULINO et al., 2021 | O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos de dois programas governamentais de suplementação de ferro em desfechos de saúde relacionados à anemia ferropriva entre crianças de até 4 anos em municípios brasileiros. | Um painel longitudinal abrangendo dados de 5.570 municípios de 1998 a 2019 foi investigado usando uma estrutura de diferença em diferenças com múltiplas intervenções e tempos distintos de adesão. | Os resultados indicam efeitos significativos dos programas federais na redução de hospitalizações e tempos de internação devido à anemia ferropriva, especialmente em municípios não pobres. Houve complementaridade nos efeitos dos programas; no entanto, nenhum dos programas influenciou as taxas de mortalidade. | Municípios em extrema pobreza foram beneficiados pelo NutriSUS em termos de redução do tempo de internação e da taxa de mortalidade infantil. |
MACCAN et al., 2020 | Os objetivos desta revisão são investigar a relação entre o estado de ferro e o desenvolvimento cerebral e avaliar se essa relação difere de acordo com a idade de exposição (gravidez, 0–6 meses, 6–24 meses ou 2–4 anos de idade) ou domínio do desenvolvimento (função neurofisiológica, desenvolvimento cognitivo, motor ou socioemocional. | Os estudos foram divididos em observacionais (transversais/longitudinais) ou (de intervenção e posteriormente agrupados de acordo com o momento da exposição e o domínio de desenvolvimento avaliado. Os artigos que relatavam estudos de intervenção, mas que utilizavam o nível de ferro como exposição (ou seja, não reportavam por grupos de ensaio) foram categorizados como observacionais. | Dadas as funções estabelecidas do ferro nos processos de neurodesenvolvimento, é provável que a deficiência de ferro e a anemia ferropriva tenham impacto no desenvolvimento cognitivo, particularmente se ocorrer no útero ou na primeira infância. No entanto, a força das evidências atuais permanece ambígua e nem um limite para o impacto nem um período crítico foram estabelecidos nesta revisão. | São necessários mais estudos de alta qualidade sobre o impacto da suplementação de ferro nos resultados do desenvolvimento. |
MANTADAK IS et al., 2020 | Analisar e explorar a anemia por deficiência de ferro em crianças residentes em países de alta e baixa renda, incluindo os fatores de risco, como prevenir, diagnosticar e tratar. | Revisão integrativa. | A anemia ferropriva continua a afetar um grande número de crianças e mulheres em idade fértil em todo o mundo. As medidas para prevenir a deficiência de ferro nos países desenvolvidos devem visar populações específicas em risco, uma vez que os métodos para aumentar a ingestão de ferro na população em geral podem ser inseguros para as pessoas afetadas pela sobrecarga de ferro. | Médicos de diversas especialidades que tratam pacientes com deficiência de ferro e anemia ferropriva de diversas etiologias devem familiarizar-se com as suas diferentes causas e com os diversos produtos terapêuticos orais e parenterais de ferro disponíveis, a fim de melhor atender seus pacientes. |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de dois bilhões de pessoas ou 25% da população mundial são anêmicas, onde aproximadamente metade delas sofre de anemia ferropriva. Além disso, para cada paciente com anemia ferropriva, há pelo menos mais um que possui uma carência nutricional de ferro sem anemia. Portanto, há mais de dois bilhões de pessoas com deficiência desse nutriente com ou sem anemia, sendo a maioria delas residentes de países com poucos recursos, onde há causas adicionais de anemia que incluem outras deficiências nutricionais (vitamina B12, ácido fólico, riboflavina), doenças crônicas, infecções parasitárias como hemoglobinopatias, malária e envenenamento por chumbo.
Através do estudo de Moscheo et al. 1, é possível notar o quanto a patogênese da anemia ferropriva pode ser complexa. Entre as causas que podem levar a essa condição, podemos citar a ingestão reduzida de ferro, a perda crônica ou aguda de sangue, ou ainda, quando há má absorção intestinal de ferro, entretanto a causa mais comum segue sendo a deficiência nutricional mesmo em países industrializados.
Segundo a revisão de Gallagher et al. 2, o uso de intervalos apropriados ao definir anemia é importante. Ao longo do primeiro ano de vida, os eritrócitos perdem suas características fetais e neonatais, alterando a composição da globina, metabolismo, tamanho, volume, estrutura da membrana e função. Essas alterações são refletidas por diminuições na Hb, bem como no volume corpuscular médio (VCM), Hb corpuscular média (HCM) e concentração corpuscular média de Hb (HCCM). Os níveis de Hb aumentam gradualmente durante a infância e depois se estabilizam durante a idade adulta. Após a puberdade, ocorrem diferenças de gênero devido à menstruação e à subsequente perda de ferro nas mulheres. Outros fatores influenciam os níveis de Hb, como dieta, viver em grandes altitudes ou fumar. Curvas de valores de Hb normalizados foram desenvolvidas para crianças que vivem em grandes altitudes. 4 Além disso, estudos de associação em todo o genoma revelaram que a variação genética individual contribui para diferenças nos índices de eritrócitos.
Durante a revisão bibliográfica feita por Aksu e Unal 3, são citados os achados clínicos mais comuns durante a anemia ferropriva. A palidez é o principal sinal clínico e pode não ser notada até que a hemoglobina caia abaixo de 7-8 g/dL, sendo melhor observada nas palmas das mãos, leito ungueal e conjuntiva. Outros sintomas e sinais clínicos de anemia são palpitações, dispneia ao esforço, dores de cabeça, zumbido, vertigem e síncope. Crianças mais velhas e adolescentes podem sentir fadiga, calafrios, diminuição da função cognitiva e tontura. Se os níveis de hemoglobina estiverem muito baixos, pode haver perda de apetite, inquietação, letargia, taquicardia e insuficiência cardíaca.
Na análise quantitativa e qualitativa realizada por Gedfie, Getawa e Melku 4foi possível observar que crianças menores de 2 anos tiveram 1,26 vezes mais probabilidade de adquirir anemia ferropriva, fato esse que pode ser atribuído a uma maior necessidade de ferro nessa faixa etária como resultado do rápido crescimento e desenvolvimento combinados com a falta de ingestão nutricional. Além disso, como seu sistema imunológico não está bem desenvolvido nessa idade, as crianças correm um risco significativo de infecção.
Mantadakis et al. 5, traz durante o estudo as questões que requerem consideração no momento de escolher a terapia oral ou a parenteral para o tratamento de anemia ferropriva em crianças. No momento de optar por terapia oral, é necessário receitar uma dose clinicamente eficaz e bem tolerada, além de escolher um produto com boa disponibilidade e ainda uma dose minimizada para evitar grandes consequências e efeitos adversos quando essa ingestão necessita ser prolongada.
Roganovic 6 destaca em seu estudo os principais benefícios do ferro intravenoso em comparação à administração oral de ferro, que inclui a redução da não adesão relacionada aos efeitos colaterais gastrointestinais e o desvio da absorção intestinal, evitando assim mais danos à mucosa. Além disso, o ferro parenteral é indicado em casos de intolerância ou refratariedade a formulações orais em crianças que apresentam anemia ferropriva grave com sangramento contínuo, onde a perda de ferro é maior do que o ferro oral pode fornecer, e em crianças com doenças renais crônicas que estão em hemodiálise. No entanto, a cautela com a segurança das crianças, frequentemente fazem com que médicos e pais relutem em mudar para o ferro intravenoso. Apesar das reações adversas serem raras quando há o monitoramento cuidadoso do paciente em um ambiente hospitalar com equipe experiente, as desvantagens potenciais do ferro parenteral incluem menor disponibilidade, maior custo e maior impacto na criança devido a punções venosas e ao ambiente clínico. Além disso, o risco de sobrecarga de ferro, sobrecarregado por um potencial efeito pró inflamatório, deve sempre ser considerado.
CONCLUSÃO
A anemia por deficiência nutricional de ferro é uma condição que atinge uma parte significativa da população, sendo uma importante questão de saúde pública, visto que está presente não somente em países em desenvolvimento como também em países já desenvolvidos. A terapia oral, apesar de ser a recomendada na maior parte dos casos, nem sempre será efetiva, considerando que o público mais atingido por essa anemia é o público infantil, dos primeiros meses de vida até os 5 anos de idade, sendo indicado portanto a terapia parenteral, que todavia ainda é, necessariamente, alvo de investigações longitudinais.
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1Acadêmica de Medicina. Centro Universitário Uninorte, AC, Brasil,
adrianematosodasilveira@gmail.com;
2Acadêmico de Medicina. Centro Universitário Uninorte, AC, Brasil;
3Acadêmica de Medicina. Centro Universitário Uninorte, AC, Brasil;
4Acadêmico de Medicina. Centro Universitário Uninorte, AC, Brasil