SKILLS, LEARNING AND POTENTIALITIES OF MONITORING IN SOCIAL SERVICE AT THE FEDERAL UNIVERSITY OF AMAZON: perceptions and reflections from an experience report
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10904269
Victória de Oliveira Felipe 1
Andréia Lima de Souza 2
Resumo
O presente artigo é resultado de um relato de experiência de uma monitora na disciplina Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social IV no curso de Serviço Social na Universidade Federal do Amazonas – UFAM, entre os meses de julho a novembro de 2023. Visa apresentar as percepções e reflexões acerca da vivência na monitoria. Trata-se, portanto, de um relato de experiência fundamentado na pesquisa bibliográfica de artigos sobre a monitoria no Serviço Social e em outros cursos de graduação, e na pesquisa documental de legislações e resoluções pertinentes ao tema, bem como se constituiu numa abordagem qualitativa dos resultados obtidos. Os resultados evidenciam a potencialidade da monitoria no desenvolvimento de habilidades e competências do discente monitor, o fomento da autonomia no processo de ensino-aprendizagem e o contato com as atividades da docência ainda na graduação, como formas de contribuição para a formação acadêmica.
Palavras-chave: Monitoria acadêmica. Ensino-aprendizagem. Serviço Social.
Abstract
This article is the result of an experience report by a monitor in the subject Historical and Theoretical-Methodological Foundations of Social Service IV in the Social Service course at the Federal University of Amazonas – UFAM, between July and November 2023. It aims to present perceptions and reflections on the experience of monitoring. It is, therefore, an experience report based on bibliographical research of articles on monitoring in Social Service and other undergraduate courses, and on documentary research of legislation and resolutions pertinent to the subject, as well as a qualitative approach to the results obtained. The results show the potential of tutoring in developing the skills and competencies of the student monitor, fostering autonomy in the teaching-learning process and contact with teaching activities while still an undergraduate, as ways of contributing to academic training.
Keywords: Academic monitoring. Teaching-learning. Social Service.
1 INTRODUÇÃO
As instituições de ensino superior oferecem uma gama de possibilidades acadêmicas para os discentes que desejam vivenciar o ensino, a pesquisa e a extensão. Uma dessas possibilidades se apresenta nos programas de monitoria. O aluno matriculado em uma instituição de ensino superior poderá vivenciar o ensino e a pesquisa por meio das atividades de monitoria, conforme os critérios e especificidades do Projeto Pedagógico do curso de graduação da instituição ao qual o discente está vinculado (Brasil, 1996)[1].
Enquanto uma metodologia de ensino-aprendizado, respaldada em legislações pertinentes, prevista nos regimentos das instituições de ensino bem como nos projetos pedagógicos, a monitoria pode potencializar e melhorar o ensino nos cursos de graduação por meio da atuação de monitores em práticas e experiências pedagógicas, alinhando a teoria com a prática, ao mesmo tempo em que possibilita ao discente monitor mais autonomia frente a aquisição de conhecimento, assumindo maior responsabilidade e compromisso com a sua formação acadêmica (Frison, 2016).
Dessa forma, a monitoria apresenta-se de forma muito significativa na formação acadêmica, pois possibilita o discente monitor entrar em contato com as atividades de docência ainda na graduação, além de incentivar a busca pelo saber em seu processo de ensino-aprendizagem (Da Silva et al, 2022). Ademais, a monitoria fomenta o desenvolvimento de habilidades e competências do discente monitor para o exercício de atividades pedagógicas (Moura e Chagas, 2019).
Nesse sentido, o presente estudo, que é resultado de um relato de experiência, visa apresentar as percepções e reflexões acerca da experiência vivenciada por uma monitora na disciplina Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social IV no curso de Serviço Social na Universidade Federal do Amazonas, entre os meses de julho a novembro de 2019.
O presente artigo aborda inicialmente a conceituação da monitoria e as legislações pertinentes ao tema a nível nacional, seguido das resoluções que versam sobre o programa de monitoria no âmbito da Universidade Federal do Amazonas. Em um segundo momento, apresentam-se as percepções e reflexões a respeito da experiência vivida na monitoria.
2 METODOLOGIA
O presente artigo é resultado de um relato de experiência, realizado entre os meses de julho a novembro de 2023 e visa apresentar as percepções e reflexões acerca dessa vivência na monitoria. Para fins de fundamentação dos dados apresentados neste artigo, recorreu-se às pesquisas bibliográfica e documental, utilizando-se também da abordagem qualitativa para análise dos resultados obtidos.
Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é produzida a partir de materiais já elaborados, sendo composta, sobretudo, por livros e artigos científicos, enquanto a pesquisa documental, conforme o mesmo autor, tem como base materiais que ainda não foram submetidos a um processo analítio, ou até mesmo aqueles que foram submetidos a processo analítico, mas que podem ser analisados novamente. Em relação à abordagem qualitativa, esta é utilizada quando analisa-se aquilo que não se pode quantificar, o significado das ações e relações humanas (Minayo, 2022).
Neste sentido, com o uso de ambas as pesquisas, a fundamentação teórica desenvolveu-se a partir de artigos acerca da temática da monitoria em Serviço Social, publicados em evento renomado da área em questão, o Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, além de produções sobre a vivência na monitoria e suas contribuições para a formação acadêmica no Serviço Social e em outros cursos de graduação. Além disso, também estão incluídas legislações referentes à monitoria, bem como resoluções pertinentes ao tema no âmbito da Universidade Federal do Amazonas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Conceito e Legislação acerca da Monitoria
A monitoria enquanto uma modalidade de ensino-aprendizado, possibilita aos estudantes matriculados em uma instituição de ensino superior o contato com a docência ainda no decorrer da graduação, a revisão de conteúdos vistos anteriormente e o fomento pela busca de novos conhecimentos, enquanto o aluno-monitor exerce diversas atividades com a supervisão do professor orientador, enriquecendo, dessa forma, a sua formação acadêmica ao mesmo passo que abre portas para novas possibilidades e vivências na graduação. Nesse sentido, de acordo com Da Silva et al (2022)
A monitoria se configura, portanto, como uma prática essencial dentro das Instituições de Ensino Superior (IES). É através da oportunidade de ser um aluno-monitor que inúmeras capacidades poderão ser desenvolvidas para oferecer ao discente uma formação integral. Com isso, o processo da formação acadêmica será enriquecido diante de uma sistematização de conhecimentos, da revisão de conteúdos já vistos pelo monitor, aliado à necessidade de buscar novos saberes e de incitar o debate e a reflexão (Da Silva et Al, 2022, p.3).
Dessa forma, existem algumas legislações que visam regulamentar essa atividade, determinando de que forma a monitoria pode acontecer, suas condições, o papel do monitor e do professor orientador, dentre outros aspectos relevantes. A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei 9.394/96), determina em relação à monitoria que os discentes que cursam o ensino superior poderão atuar nas áreas de ensino e pesquisa nas respectivas instituições em que estão matriculados, realizando atividades de monitoria, conforme o seu rendimento e seu plano de estudos (Brasil, 1996). Destaca-se que a pesquisa pode ser vivenciada por outros meios para além da monitoria, mas é no ensino que a monitoria é evidenciada no curso de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, com possibilidade de aprofundamento dos conteúdos vivenciados na monitoria por meio da pesquisa.
Nessa esteira, no âmbito da UFAM, a Resolução nº 006/2013 – CEG/CONSEPE, responsável por regulamentar o programa de monitoria no contexto desta universidade, dispõe sobre as especificidades da monitoria, como o não estabelecimento de vínculo empregatício com a instituição, as modalidades existentes de monitoria na graduação (sendo elas bolsista e não bolsista), a obrigatoriedade das atividades do monitor serem realizadas com a orientação de um professor orientador, e que tais atividades sejam executadas em regime de 12 horas semanais, de forma a não conflitar com as demais obrigações acadêmicas do discente monitor.
No que concerne às atribuições do monitor que são descritas no Art. 8º da Resolução supramencionada, destacam-se entre elas: ser um facilitador do desenvolvimento da aprendizagem enquanto atua como o elo entre o professor orientador e os discentes da disciplina; prestar apoio ao docente orientador quanto à realização e orientação de trabalhos, na preparação de material didático e em atividades da disciplina, seja em sala de aula, ou extraclasse, bem como na produção técnico-científica relativa às atividades da monitoria; cumprir 12 horas semanais de atividades de monitoria; preencher os formulários de frequência; elaborar em conjunto com o docente orientador, o Relatório Semestral de Atividades de Monitoria, ao final de cada período letivo.
Em relação às atribuições do professor orientador apresentadas no Art. 9º da Resolução em questão, pode-se destacar: a elaboração em conjunto com o monitor do Plano Semestral de Atividades da Disciplina, que deve constar as atribuições do monitor, os objetivos que pretende-se alcançar, as atividades específicas, cronograma de acompanhamento, os procedimentos metodológicos e critérios de avaliação; realizar a seleção dos monitores para sua disciplina; orientar as atividades do monitor, avaliar o desempenho do mesmo; elaborar em conjunto com monitor, o Relatório Semestral de Atividades de Monitoria, ao final de cada período letivo; assinar a frequência do monitor e encaminhar para o departamento responsável; assinar os certificados de monitoria. Ressalta-se que no curso de Serviço Social da UFAM, a seleção dos monitores é realizada através de edital elaborado pelo Departamento de Serviço Social e os certificados são emitidos pelo Departamento de Programas Acadêmicos – PROEG.
Ainda no âmbito da Ufam, destaca-se a Resolução nº 021/2007 – CONSEPE, que versa sobre as normas para Aproveitamento de Estudos. O primeiro parágrafo do Art. 10 aponta quais atividades institucionais poderão ser objetos do processo de aproveitamento, sendo uma delas a atividade que deu origem a este relato de experiência: a monitoria acadêmica. Além disso, também é possível que as atividades institucionais como a monitoria, sejam consideradas em aproveitamento de estudos equivalente ao Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. Para isso, segundo o parágrafo quarto do mesmo artigo, é necessário que o Relatório final da atividade que o discente pretende submeter ao aproveitamento de estudos seja convertido em um Artigo Científico e publicado em um veículo de comunicação da área que disponha de um corpo editorial. Ressalta-se a importância dessa resolução para a monitoria, uma vez que a sua inserção na lista de atividades que podem ser aproveitadas, inclusive em equivalência ao TCC, fomenta a adesão dos discentes ao programa de monitoria, à pesquisa, e à publicação de artigos científicos.
Em síntese, os conceitos apresentados para definir a monitoria, amparados nas legislações pertinentes ao tema, respaldam a realização dos programas de monitoria existentes nas instituições de ensino superior, que tem como objetivo fomentar a participação dos universitários em tal programa, possibilitando o contato com a docência, novas experiências acadêmicas, aquisição de novos conhecimentos e desenvolvimento de habilidades e competências.
3.2 Percepções acerca da Monitoria na disciplina de Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social IV
O Edital Nº 021 de 19 de Maio de 2023, que versa sobre os “Procedimentos Para Participação no Programa de Monitoria no Período Letivo de 2023/01”, com base na Resolução nº 006/2013 – CEG/CONSEPE, responsável por regulamentar tal programa no contexto da Universidade Federal do Amazonas, define no item 2.1 que o objetivo do Programa de Monitoria é “iniciar e estimular a participação de alunos de graduação da Universidade Federal do Amazonas nas diversas atividades docentes de nível superior”.
Nessa mesma lógica, o Projeto Pedagógico do Curso de Serviço Social (2019) da UFAM, destaca que
[…] o Programa de Monitoria tem por objetivo iniciar discentes dos cursos de graduação nas diversas tarefas que compõem a docência de nível superior. Não constitui, no entanto, um programa de substituição do docente titular na sala de aula. As tarefas referidas poderão incluir a orientação acadêmica, a elaboração, aplicação e correção de exercícios escolares, a participação em experiências laboratoriais, entre outras (2019, p. 89).
Nesse sentido, por meio do edital supramencionado, foi possível participar da seleção para o programa de monitoria, no qual foi desenvolvida a atuação na monitoria da disciplina Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social IV, composta por uma turma de 27 discentes, 2 monitoras e uma docente orientadora, a Professora Andréia Lima de Souza.
A disciplina em questão possui como ementa o cenário brasileiro dos anos 1990 e 2000 e suas repercussões no Serviço Social, a aproximação do Serviço Social com as correntes de pensamento marxista e marxiana no processo de formação e exercício profissional, bem como a instrumentalidade no trabalho do Serviço Social. Objetivou-se, portanto, debater sobre a tradição marxista e marxiana na formação e exercício profissional, os desafios, dilemas e perspectivas que estão situados nos espaços da formação e da intervenção profissional.
As aulas iniciaram no dia 31/07/2023 e tinham como dia e horário marcado às segundas-feiras das 18:00 às 22:00 horas, com uma turma composta por 27 alunos, dentre eles, a maioria cursando o 5º período da graduação de Serviço Social. A maioria dos discentes cursaram outras disciplinas do período corrente e de períodos anteriores, juntos, o que possibilitou a construção de um forte vínculo entre a turma e maior participação durante as aulas, dinâmicas e atividades.
Dada a complexidade da ementa da disciplina, somada com as especificidades das turmas noturnas (muitos alunos trabalham ou estagiam durante o dia e chegam às aulas cansados da rotina diária), fez-se necessário o uso de estratégias como dinâmicas, estudos dirigidos, rodas de conversa, recursos audiovisuais como vídeos sobre o contexto histórico e político no Brasil na década de 90 e análise de músicas relacionadas aos conteúdos estudados na disciplina, para fomentar a participação da turma e auxiliar no processo de aprendizagem. Tais recursos foram usados na disciplina Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social IV.
A experiência de atuação como monitora da disciplina em questão, no turno noturno, com todas as especificidades mencionadas, possibilitou, a partir da observação, a interação com os discentes e a professora orientadora, bem como a realização de atividades pertinentes à monitoria e o desenvolvimento de novas habilidades que contribuíram para a qualificação da formação acadêmica da discente monitora. É nesse contexto que a monitoria traz diversas contribuições para o discente monitor que adquire essa experiência.
Nesse sentido, os autores Moura e Chagas (2019), ressaltam uma das potencialidades da monitoria:
[…] estimular a formação de habilidades e competências do discente, ainda na fase de graduação, para o exercício de funções pedagógicas e de aproximação à docência. Associado a isso, a monitoria oportuniza ao docente, a mobilização de apoio para a melhoria do processo ensino/aprendizagem, de aperfeiçoamento do planejamento do ensino e da interação com os alunos (Moura e Chagas, 2019, p. 8).
Tendo em vista que o monitor já cursou previamente a disciplina em que deverá atuar, por ser um dos critérios da seleção para o programa de monitoria, já possui certa afinidade com o conteúdo que será ministrado ao longo do semestre, o que somado com as interações e especificidades dos discentes da turma, lhe permite exercer a criatividade, estimulado pelo professor da disciplina, ao sugerir atividades para serem realizadas com os alunos. Na disciplina de Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social IV, foi possível, em conjunto com a professora da disciplina, planejar coletivamente conteúdos complementares como filmes, séries, livros, vídeos, músicas, auxiliando a professora orientadora com a construção de atividades com tais conteúdo, além de ter sido possível agregar aos debates em sala de aula.
Outras habilidades que a monitoria ensina e desenvolve nos discentes monitores são o olhar crítico, a sensibilidade e a empatia. O monitor, por também ser discente, desenvolve uma sensibilidade e empatia para com os demais alunos da turma em que está atuando como monitor. O olhar crítico que é desenvolvido durante toda a graduação[2] pode e deve ser colocado em prática nas atividades de monitoria, aliado ao exercício de perceber se há discentes com alguma dificuldade no aprendizado ou ao identificar se algum discente está com faltas recorrentes, procurando saber o motivo da ausência nas aulas. Essa sensibilidade e empatia devem ser vistas como pontos positivos no processo de ensino-aprendizagem, pois junto ao professor, o monitor pode debater e construir possíveis soluções para as diversas situações percebidas na monitoria. Tais habilidades foram exercitadas na disciplina em questão.
Dada às circunstâncias que contribuem para a adesão às atividades, o nível de interação e participação da turma com as atividades propostas em sala de aula pode ser considerado elevado. Na experiência com a monitoria na disciplina Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social IV, no quesito fomento da participação da turma, destaca-se a atividade que consistia em assistir o filme “Que horas ela volta?”[3] e em seguida debater, com base nos textos estudados na disciplina e nas aulas ministradas, os aspectos do filme que tinham relação com o conteúdo que vinha sendo estudado ao longo do semestre.
A atividade elaborada em conjunto por monitoras e professora orientadora foi aplicada no dia planejado e durou o tempo estimado com participação ativa de praticamente todos os discentes presentes, que além de relacionarem a história contada pelo filme com os textos estudados e aulas ministradas, exemplificando conceitos como a luta de classes, exploração, alienação, entre outros, acrescentaram suas experiências pessoais ao debate, compararam suas histórias de vida com os personagens e questionaram diversos posicionamentos e falas retratados no filme que são vistos em discussões atuais sobre temas como trabalho doméstico, imigracação e acesso à educação, o que em certo momento deixou os discentes eufóricos durante o debate mas, com a devida mediação, retornou para uma discussão mais tranquila em que todos puderam expor seus argumentos e ouvir as opiniões dos demais colegas. O resultado dessa atividade revelou que a turma estava de fato conseguindo assimilar os conteúdos estudados em sala de aula, bem como conseguiram aplicá-los em situações cotidianas e em aspectos de suas próprias histórias de vida.
Desse modo, a experiência da monitoria, enquanto uma modalidade de ensino-aprendizado, possibilita aos discentes monitores o contato com a docência ainda no decorrer da graduação, a revisão de conteúdos vistos anteriormente e o fomento pela busca de novos conhecimentos, além do desenvolvimento de habilidades, que enquanto aluna-monitora foram sendo construídas no exercício de diversas atividades com a supervisão da professora orientadora, enriquecendo, dessa forma, a formação acadêmica, ao mesmo passo que foram abertas portas para novas possibilidades e vivências na graduação.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo buscou apresentar as percepções e reflexões acerca da experiência vivenciada por uma monitora na disciplina Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social IV no curso de Serviço Social na Universidade Federal do Amazonas. A partir do exposto, foi possível identificar a contribuição da monitoria para o desenvolvimento de habilidades e competências do discente monitor, bem como para a qualificação da sua formação acadêmica.
A monitoria apresenta a sua relevância para a contribuição da formação acadêmica a partir da potencialidade que tem de desenvolver habilidades e competências no discente monitor, como a criatividade, ao contribuir diretamente em diversas atividades para serem realizadas com a turma; a empatia e a sensibilidade, tendo em vista que por também ser discente compreende as dificuldades e desafios que os discentes podem enfrentar diante de conteúdos complexos; o olhar crítico, que é desenvolvido durante toda a graduação, encontrando na monitoria mais um espaço para ser exercitado o senso crítico, seja contribuindo para os debates em sala de aula seja identificando os diversos tipos de situações e demandas que podem surgir na monitoria.
Outra contribuição da monitoria se dá no campo da formação acadêmica, pois sendo um instrumento metodológico de ensino-aprendizagem, tem a capacidade de fomentar no monitor a busca por novos conhecimentos, o aprofundamento com os conteúdos da disciplina na qual está exercendo a monitoria, a autonomia no processo de aprendizagem e maior compromisso com a qualificação da sua formação acadêmica. Nessa mesma lógica, destaca-se outra contribuição da monitoria ao possibilitar, ainda na graduação, o contato direto do discente monitor com as práticas e atividades da docência, com a orientação direta de um docente orientador, o que torna a experiência da monitoria única e riquíssima para a qualificação da formação acadêmica.
A partir do exposto, é possível identificar a relevância da monitoria diante das múltiplas possibilidades de contribuição para a formação acadêmica do monitor. Faz-se necessário, portanto, o incentivo aos discentes, por parte das instituições de ensino superior, em aderir à monitoria como uma experiência potencializadora no processo de formação acadêmica, seja pela criação de mais vagas para monitores nos programas de monitoria, seja pela oferta de maiores quantitativos de bolsa para o monitor, como forma de fomentar a participação dos mesmos. Por último, mas tão importante quanto, cabe aos professores e especialmente aos discentes que participaram da monitoria, produzir publicações acerca dessa vivência, como uma forma de ampliar o debate e ao mesmo tempo incentivar a participação de mais discentes em programas de monitoria.
REFERÊNCIAS
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[1] A citação se refere ao Art. 84 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, que expressa o seguinte: “Os discentes da educação superior poderão ser aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo com seu rendimento e seu plano de estudos” (Brasil, 1996, art. 84).
[2] O “olhar crítico”, mencionado no parágrafo, é uma habilidade desenvolvida a partir da teoria social crítica, que por sua vez, é fomentada durante a formação acadêmica no curso de Serviço Social. A teoria social crítica com base em Marx pressupõe compreender e analisar a sociedade aprofundando-se na realidade e vendo-a como um todo, levando em consideração o contexto histórico e social. Nesse sentido, a monitoria apresenta-se como um espaço para o desenvolvimento dessa visão mais crítica sobre a realidade, fundamentando-se na teoria estudada durante a graduação e aplicando-a nas atividades desenvolvidas pelo monitor.
[3] O filme apresenta a história de Val, uma empregada pernambucana que saiu de sua terra natal em busca de emprego em São Paulo para possibilitar melhores condições de vida à sua filha Jéssica, que cresceu sendo cuidada por terceiros. Val mora e trabalha na casa de seus empregadores, que sustentam o discurso de que a empregada é parte da família. Quando Jéssica viaja para São Paulo para prestar o vestibular e se hospeda na casa dos patrões de Val, a dinâmica estabelecida entre a família e a empregada começa a passar por mudanças, evidenciando temas como a luta de classes, a exploração e o preconceito.
Victória de Oliveira Felipe – Discente do Curso Superior de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas. E-mail: deoliveira.victóriafelipe@gmail.com1
Andréia Lima de Souza – Mestra em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia com graduação em Serviço Social pela UFAM. Analista Social de Defensoria na especialidade Serviço Social no Núcleo de Saúde da Defensoria Pública do Estado do Amazonas. Foi a docente ministrante da disciplina “Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social IV” no Curso de Serviço Social na UFAM, que deu origem a este artigo, sendo a orientadora deste trabalho. E-mail: souza.andreialima@gmail.com2