GRUPO DE TABAGISMO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202411281542


Fernando Antônio de Lima Pires
Juliana da Luz Araújo Ichii
Kellen Bruna de Sousa Leite
Orientadora: Thaynara Ludvig Naves


Resumo

Introdução: O uso do tabaco está presente na humanidade há muitos anos, tornando-se questão de saúde pública altamente relevante com impactos econômicos e humanos, devendo ser um dos focos da Atenção Primária à Saúde. Objetivo: Relatar a experiência de um residente de Medicina de Família e Comunidade na formação e condução de um grupo de tabagismo, destacando informações relevantes do tema, benefícios e desafios. Materiais e Métodos: Trata-se de um relato de experiência acerca de um grupo de tabagismo em nível primário de saúde, composto por 07 participantes e profissionais de saúde da atenção básica. Resultados: Após encerramento e seguimento, uma participante cessou totalmente o tabagismo, três diminuíram pela metade o consumo e três não mudaram o consumo. Discussão: Durante as sessões foram realizadas discussões sobre os benefícios da cessação do tabagismo, aprimorando estratégias e informações para direcionar os esforços dos participantes, oferecendo os meios disponíveis à época do grupo. Conclusão: O grupo de tabagismo demonstrou-se instrumento importante e válido no horizonte de transformação de saúde da população, devendo as dificuldades para sua formação serem enfrentadas. 

Palavras-chave: Tabagismo; Grupo de tabagismo; Atenção primária à Saúde

Abstract

Introduction: Tobacco use has been present in humanity for many years, becoming a highly relevant public health issue with economic and human impacts, and should be one of the focuses of Primary Health Care. Objective: Report the experience of a Medicine resident of Family and Community in the formation and conduct of a smoking group, highlighting relevant information on the topic, benefits and challenges. Materials and Methods: This is an experience report about a smoking group at the primary health level, composed of 7 participants and primary care health professionals. Results: After closure and follow-up, one participant completely stopped smoking, three reduced their consumption by half and three did not change their consumption. Discussion: During the sessions, discussions were held about the benefits of smoking cessation, improving strategies and information to direct the participants’ efforts, offering the means available at the time of the group. Conclusion: The smoking group proved to be an important and valid instrument in transforming the population’s health, and the difficulties in its formation must be addressed.

Keywords: Smoking; Smoking group; Primary Health Care

Introdução

O uso do tabaco está presente na humanidade há diversos anos, sendo principalmente atribuído ao poder e ao status social (Brasil, 2015). A disseminação de seu uso deu-se a partir do final do século XIX, após a invenção das máquinas de fabricação de cigarro (Duncan, 2022), surgindo também, após tal industrialização, gradativamente, intensivas ações de propaganda e marketing, evoluindo para um desafio aos sistemas de saúde (Brasil, 2015).

Por muito tempo o uso do tabaco não foi visto como enfermidade. O consumo do tabaco passou a ser encarado como tabagismo, ou seja, como uma enfermidade apenas após a divulgação de ensaios pelo Ministério da Saúde dos Estados Unidos em 1988 atestando sua capacidade de causar dependência. Em 1992, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adicionou o tabagismo ao rol dos transtornos mentais e comportamentais referentes ao uso de substâncias psicoativas na Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças (Barbosa, 2014).

A OMS afirma que o tabagismo leva ao óbito mais de 8 milhões de pessoas ao ano, sendo mais de 7 milhões diretamente e cerca de 1,2 milhão indiretamente (WHO, 2020). No Brasil, morrem 477 pessoas por dia por conta do tabagismo. Os custos dos danos gerados pelo cigarro ao sistema de saúde são em torno de R$ 153,5 bilhões (Instituto de Efetividade Clínica e Sanitária, 2024).

Vale lembrar que, com o advento da transição epidemiológica, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) tornaram-se cada vez mais prevalentes no cenário nacional e mundial, sendo as doenças cardiovasculares, neoplasias e diabetes mellitus os principais componentes desse grupo (WHO, 2011).

O tabagismo é responsável, anualmente, por cerca 40 a 45% das mortes por câncer, 75% das perdas por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e 11% dos óbitos por doenças cardiovasculares. Calcula-se que o tabaco seja causador de mais de cinco milhões de mortes por ano, estimando-se que tal número possa atingir oito milhões de óbitos anualmente até 2030 (Duncan, 2022; INCA, 2011)

Sabe-se que o tabagismo está entre os principais fatores de risco preveníveis – juntamente com alcoolismo, sedentarismo e obesidade – para o desenvolvimento das DCNT (WHO, 2011), devendo então ser abordado sistematicamente nas políticas públicas e nos sistemas de saúde.

Diante do exposto, é notória a importância do tema, bem como sua abordagem nos diversos âmbitos do sistema de saúde. Cabe ao profissional de saúde, em todas as ocupações, oferecer e estar preparado para estimular e apoiar o indivíduo que seja tabagismo a abandoná-lo. 

Neste sentido, este texto apresenta um relato de experiência sobre o acompanhamento de um grupo de tabagismo em uma UBS no município de Anápolis, Goiás, durante o programa de residência médica em Medicina de Família e Comunidade.

Objetivos

Objetivos Gerais

Expor a visão de um residente de Medicina de Família e Comunidade na formação e condução de um grupo de tabagismo na Atenção Primária à Saúde (APS).

Objetivos Específicos

Relatar a experiência sobre a participação em um grupo de tabagismo na atenção primária.

Apresentar os benefícios e desafios enfrentados para abandono do tabagismo.

Destacar informações pertinentes acerca do tema tabagismo no contexto do trabalho

Metodologia

Trata-se de artigo do tipo relato de experiência sobre um grupo de tabagismo formado no contexto da APS em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na cidade de Anápolis, com 398.869 habitantes, do estado de Goiás (IBGE, 2022).

A motivação da formação do grupo, além da atribuição intrínseca para tal da APS, foi a procura anônima de alguns usuários da rede pelo programa. Inicialmente, foram mobilizados os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) para busca ativa dos pacientes, bem como orientados todos os profissionais que trabalham na UBS para realizá-lo, inclusive durante as consultas médicas. Ao final de tal processo, apesar dos esforços, conseguiu-se apenas um total de sete pacientes participantes (cinco mulheres e dois homens), além dos profissionais de saúde que conduziram o grupo (uma farmacêutica, odontóloga, enfermeira, médico). Vale destacar que nem todos os participantes foram da área adstrita da UBS em questão.

Os encontros foram estruturados conforme preconizado em caderno de tabagismo oferecido pelo Ministério da Saúde (MS). Foram realizadas quatro sessões, com duração média de cerca de uma hora e meia, semanais, totalizando um mês de encontros, abordando-se os seguintes tópicos, respectivamente: entender por que se fuma e como isso afeta a saúde; primeiros dias sem fumar; como vencer os obstáculos para permanecer sem fumar; benefícios obtidos após parar de fumar e encerramento do grupo. (Brasil, 2019). 

Durante os encontros foram realizadas as etapas preconizadas no material base citado para cada sessão, sendo que foram adicionadas contribuições específicas de cada área dos profissionais de saúde presentes, bem como orientações adicionais trazidas pelos internos do curso de medicina presentes em cada reunião.

Resultados

Os encontros foram realizados semanalmente durante o horário de funcionamento da UBS, no período vespertino. Todos os 07 participantes compareceram em todas as reuniões, sem faltas, durante um mês.

Foi relatado pela odontóloga que, apesar de agendado horário para avaliação, apenas dois participantes (do sexo feminino) compareceram ao consultório odontológico. Não foram possíveis consultas com Psicologia devido à longa lista de espera.

Ao final dos encontros, foi exequível apenas, a despeito dos esforços com busca ativa, o seguimento médico em consultas ambulatoriais de apenas uma paciente, sendo esta a única cessação completa do tabagismo no grupo em questão. Três participantes (dois do sexo feminino e outro masculino) reduziram pela metade o número de cigarros/dia. Os demais apresentaram feedback positivo sobre todas as informações recebidas, porém ainda não desejavam cessar o hábito do uso do cigarro no momento, postando-se receptivos para novas abordagens neste sentido.

Discussão

O tabagismo colabora diretamente para o surgimento de situações negativas para os sistemas de saúde, demandando esforços progressivos para diminuir os crescentes custos econômicos e sociais gerados (Brasil, 2015).

Estudos mostram que cerca de 70% dos fumantes demonstram desejo de sua cessação, porém a maioria demanda de cinco a sete tentativas para efetivamente fazê-lo (Dupont, 1995). Mesmo ponto é abordado em outra referência, a qual informa que aproximadamente metade dos tabagistas buscam cessá-lo, no entanto minoria tem acesso a aconselhamento e a acompanhamento profissional adequados (INCA, 2011).

Tendo em vista que o hábito tabagista é um fator de risco modificável e relevante no âmbito da saúde pública, devem os profissionais de saúde da APS estar aptos para receber e direcionar os indivíduos dispostos a parar de fumar. Vale destacar que a APS detém função estratégica dentro desse contexto, por conta de características como o primeiro acesso, integralidade, longitudinalidade e coordenação do cuidado (Brasil, 2010).

Um dos possíveis argumentos para aumentar o engajamento dos participantes é contrapor a ideia de que não há benefício para aqueles que são tabagistas de longa data. Cessar o uso do cigarro antes dos 50 anos gera uma diminuição de 50% no risco de morte por causas referentes ao tabagismo após 16 anos de abstinência. Ainda, a chance de morte por neoplasia pulmonar reduz de 30% a 50% após dez anos sem tabagismo e, por fim, o número de doenças cardiovasculares diminui pela metade depois de um ano de cessação (INCA, 2001). Ademais, podem ser elencadas a melhora da autoestima, saúde bucal, do hálito, melhora do desempenho nas atividades cotidianas, economia financeira.

O tratamento do tabagismo pode ser realizado em grupos e/ou individualmente. Possui um enfoque cognitivo-comportamental, contribuindo, então, para o indivíduo desenvolver e fortalecer capacidades que ajudem a cessação do tabagismo. Atividades em grupo permitem o exame de vários ângulos da mesma questão, análise de diferenças e semelhanças em formas de agir em torno de determinada problemática. A atividade coletiva ergue-se, portanto, como instrumento de apoio a cada participante para alcançar os objetivos, respeitando cada individualidade (Fialho, 2020)

No grupo de tabagismo do presente trabalho, uma das estratégias utilizadas foi a orientação, em forma de mini palestras e panfletos, dos benefícios evidentes, nos mais diversos âmbitos da vida, decorrentes da cessação do tabagismo. Percebeu-se que a orientação clara e com linguagem adequada para entendimento do público-alvo ministrada por profissional de saúde é capaz de afastar ideias preconcebidas como a de “não vale a pena parar de fumar depois de tanto tempo”.

Inicialmente, apesar da grande procura pelo grupo, apenas sete participantes frequentaram as reuniões. Tal fato pode ser atribuído ao horário das reuniões (período vespertino e semanalmente) e pela dificuldade da busca ativa realizada pelos ACS. 

Outros pontos a serem destacados são, por conta de particularidades do fluxo do município, participantes de outras áreas terem participado e, à época, ter sido disponibilizado apenas tratamento medicamentoso com bupropiona para aqueles com indicação.

Tais elementos podem ter contribuído negativamente no resultado do grupo, afinal os participantes de outras áreas não puderam ser absorvidos para seguimento médico na UBS de realização do grupo. Apenas uma participante fez o seguimento correto das consultas médicas, com utilização do teste de Fagerstrom e prescrição de bupropiona, não sendo possível oferecer adesivos de nicotina por conta de indisponibilidade à época. Felizmente, foi o suficiente para que tal pessoa cessasse completamente o tabagismo.

Como residente em Medicina de Família e Comunidade, durante as sessões, pode-se observar que a atitude empática e acolhedora, aliada a informações e estratégias embasadas em evidências sólidas, repassadas de forma clara e adequada para o entendimento do público em questão, tem efeito significativo. Apesar de apenas um participante ter cessado totalmente o tabagismo, percebeu-se a mudança de pensamento nos demais, inclusive como replicadores dos conhecimentos adquiridos nas reuniões.

Tendo em vista os elementos essenciais como primeiro contato, integralidade, longitudinalidade e coordenação do cuidado, a APS é o local primordial para realização e fomento de tais atividades, pelo acesso próximo aos usuários, bem como capacidade de adequação e individualização de casos.

Conclusão

Diante da experiência relatada, conclui-se que a abordagem da cessação do tabagismo por meio de grupos não é uma tarefa fácil, encontrando limitadores na disponibilidade de medicamentos, dificuldades no acompanhamento multiprofissional e na busca ativa dos pacientes. Porém, por outro lado, ficou evidente que a APS ocupa posição importantíssima na questão, devendo incentivá-la, pois considera-se como sucesso mesmo apenas um participante cessando totalmente o tabagismo. Ademais, vale destacar o estreitamento dos vínculos entre os usuários e a equipe.

Para ampliar a participação, pode-se sugerir a flexibilização dos horários, com grupos em horários alternativos, bem como maior capacitação dos próprios profissionais para acolher e direcionar os indivíduos que buscam orientações sobre o tema em questão. Ainda, criação de uma rotina de grupos, por exemplo, um a cada semestre, no intuito de promover melhor adesão e desfechos, com mudança positiva no horizonte de saúde da população ao longo do tempo.

Referências 

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