REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10731690
Danyelle da Silva Rios Souza 1;
Karoline Vintureli Felício 2;
Andressa Zagrobelny3;
Francielly de Souza Campos4
Resumo
A educação em saúde, é uma prática importante e saudável para a sociedade, a qual visa a construção de conhecimentos e ideais com a finalidade de contribuir com a autonomia de cada indivíduo sobre o seu cuidado. Essa estratégia é fundamental para a melhoria dos cuidados pré-natais durante e após a gravidez. A formação de grupo de gestantes, é um método utilizado para garantir uma assistência de qualidade e humanizada. Objetivou-se com este estudo relatar as temáticas apresentadas nos encontros e sua importância, realizados com o grupo de gestantes de uma Unidade de Saúde do município de Ponta Grossa. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, sobre atividades de educação em saúde desenvolvidas pelos residentes multiprofissionais em Saúde Coletiva juntamente com uma equipe multiprofissional. Ao todo, foram realizados 4 encontros, que aconteceram em um salão de atividades dos idosos do bairro, cedido para realização do grupo. Foram desenvolvidas palestras, encenação teatral, entregas de brindes e lanches. No primeiro encontro contamos com apenas 7 (17,5%) gestantes presentes, já no quarto encontro 36 (90%) participaram, sendo assim, o aumento na taxa de participação foi de 72,5%. A cada grupo, o aumento da participação das gestantes foi aumentando, mostrando o interesse pela busca de informações e troca de experiências entre as participantes e equipe. Sendo assim, este trabalho demonstrou que a atividade de educação em saúde é uma ferramenta da Estratégia Saúde da Família, sendo mais um dos métodos utilizados a fim de garantir uma assistência pré-natal de qualidade e reduzir os casos de mortalidade materna e infantil no município.
Palavras-chave: Educação em Saúde; Gravidez; Cuidado Pré-natal.
1. INTRODUÇÃO
A gestação é um momento único na vida de uma mulher, trazendo experiências e sensações vivenciadas de formas diferentes por cada uma. A gravidez pode trazer também, medos e dúvidas, as quais levam a mãe a tomar atitudes e escolhas que irão refletir no crescimento e desenvolvimento da criança. Nesse período, a mulher tende a estar mais atenta a orientações, sendo a assistência pré-natal uma oportunidade para a realização de incentivos e trocas de informações entre a equipe multiprofissional e as gestantes (CARDOSO et al., 2019; MALUMBRES et al, 2016).
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram desenvolvidas estratégias, através de metas globais, para a redução das mortalidades materna e infantil, os quais são indicadores que refletem a qualidade da assistência à saúde de mulheres e crianças. O Brasil apresentou nas últimas décadas, redução importante nesses indicadores, porém, ainda não atingiu os índices desejados, tendo um número significativo de mortes, fazendo parte da realidade social e sanitária do nosso país (Brasil, 2019, Brasil, 2013).
A realização eficaz do pré-natal durante a gestação colaborou para a redução da morbimortalidade materna, pois o pré-natal tem como objetivo, assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, não causando impacto para a saúde materna. Dessa forma, a assistência pré-natal deve ser organizada de maneira que atenda as reais necessidades das gestantes, utilizando conhecimentos técnico-científicos e recursos disponíveis e que sejam adequados para cada caso (BRASIL, 2013).
As mudanças assistenciais e organizacionais dos serviços de atenção à saúde devem ser preconizadas, desenvolvendo esforços contínuos dos profissionais e gestores envolvidos. Dessa forma, o Ministério da Saúde (MS) busca assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e, às crianças, o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis (Brasil, 2019).
Em busca da melhoria no cuidado, o Sistema Único de Saúde (SUS), tem uma grande preocupação com a maternidade, buscando garantir um atendimento integral e resolutivo através de serviços que apoiam mães e bebês, especialmente na Atenção Primária à Saúde (BRASIL, 2012).
A Unidade Básica de Saúde (UBS) é a porta de entrada do SUS, oferecendo atendimento para toda a população. Foi desenvolvida buscando a descentralização, e desempenha uma grande importância na garantia à população, ao acesso a uma atenção à saúde de qualidade. Por isso, é fundamental que ela se oriente pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (BRASIL, 2012).
É importante que a gestante seja atendida por uma equipe multiprofissional, tanto na modalidade de atendimento compartilhado em grupo ou individuais. A equipe deve acolher não somente a gestante, mas também seu companheiro e sua família, através do esclarecimento de dúvidas, no planejamento do pré-natal, parto e puerpério e no cuidado do recém-nascido (Brasil, 2019; Alves et al., 2019).
Concomitante a isso o caderno 32 da Atenção Básica com enfoque na atenção ao prénatal de baixo risco, enfatiza que além do atendimento humanizado, deve-se realizar práticas de prevenção e promoção à saúde, com intuito de efetivar o controle social na participação de educações permanentes, através de ações e atividades realizadas de acordo com as condições socioeconômicas (BRASIL, 2012).
O MS, descreve a educação em saúde como uma das práticas importantes e saudáveis para a sociedade, um processo educativo que visa a construção de conhecimentos e ideais a despeito de um assunto com a finalidade de contribuir com a autonomia de cada indivíduo sobre o seu cuidado, seja ele físico, moral ou psíquico (Falkenberg et al, 2014).
Para Domingues et al. (2013), essa educação no momento da gestação em saúde é de suma importância, pois é nesse período que dúvidas serão sanadas e o conhecimento disseminado, a fim de favorecer uma gravidez tranquila e sem intercorrências.
Uma das formas para realização do trabalho educativo, são grupos com participação multiprofissional, com o intuito de levar informação e proporcionar trocas de experiências entre público alvo, nesse caso, as gestantes.
Sendo assim, o presente trabalho objetiva relatar as temáticas apresentadas nos encontros e sua importância, realizados com o grupo de gestantes de uma Unidade de Saúde do município de Ponta Grossa.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, sobre uma atividade de educação em saúde desenvolvida pelos residentes multiprofissionais em Saúde Coletiva, juntamente com a equipe multiprofissional da Estratégia Saúde da Família (ESF), com as gestantes de uma Unidade de Saúde da área urbana do município de Ponta Grossa, Paraná.
A UFJF em 2017, diz que o relato de experiência nada mais é do que descrever de forma colaborativa a vivência de um profissional ou de um grupo sobre tal assunto, afim de contribuir de forma significativa para a melhoria do cuidado na área saúde, causando discussões e motivações sobre o tema, seja ele de forma positiva ou negativa.
Em conformidade ao autor supracitado, esse trabalho parte de referências estruturadas, onde será mostrado e enfatizado a importância da educação em saúde para as gestantes do município.
O município de Ponta Grossa, localizado no estado do Paraná, possui uma população estimada de 358 mil pessoas (IBGE, 2022). No tocante à saúde, possui atualmente 46 Unidades de Saúde e uma cobertura de 83% na Estratégia Saúde da Família (ESF). Em 2018, foi instituído o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva e desde então, a Fundação de Saúde conta com a atuação dos residentes multiprofissionais na atenção primária.
O exercício das profissões mediante a residência multiprofissional está respaldado e liberado pela Lei Federal 11.129 de 30 de junho de 2015, no artigo 14, em um modelo de pósgraduação, sendo a educação em saúde um dos pilares da mesma.
2.1 Planejamento do grupo
A Unidade de Saúde escolhida para este relato conta com duas equipes atuantes e com uma de cobertura territorial média de 5,14 km. Devido ao número expressivo de gestantes pertencentes à área de abrangência da Unidade, no momento 40 mulheres, as preceptoras do programa de residência idealizaram a estratégia de educação em saúde com o objetivo de criar vínculo com as gestantes e proporcionar um ambiente em que elas pudessem trocar experiências. O grupo de gestantes visava promover a saúde integral, individual e coletiva, a fim de complementar o atendimento individual realizado no pré-natal.
Para convidar e aumentar a participação das mulheres no grupo, ficou acordado que cada profissional agente comunitário de saúde realizasse uma visita domiciliar para as gestantes das suas respectivas áreas e distribuíssem convites que continham o local, a data e os horários dos encontros. Foi criado também, um grupo por meio do aplicativo WhatsApp para repasse de informações. Além disso, todos os profissionais da Unidade foram orientados a divulgar o grupo durante as consultas de pré-natal.
2.2 Operacionalização
As ações foram desenvolvidas no período de maio de 2022 a fevereiro de 2023, com um encontro a cada 2 meses.
O grupo contou com a participação de todos os profissionais efetivos da unidade (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêutico, ACS, odontólogos e auxiliar de limpeza), e de 3 residentes multiprofissionais, sendo elas uma enfermeira, uma nutricionista e uma médica veterinária. As residentes estavam inseridas no primeiro ano da Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva.
Ao todo, foram realizados 4 encontros, que aconteceram em um salão de atividades dos idosos do bairro, cedido para realização do grupo. Foram desenvolvidas palestras, encenação teatral, entregas de brindes e lanches, tudo dirigido pela equipe multiprofissional da ESF juntamente com as residentes.
2.3 Escolha dos temas
As temáticas abordadas foram escolhidas para que pudessem, da melhor forma, ser aproveitada pelas gestantes. Os assuntos selecionados são corriqueiros na fase gestacional e no puerpério, e, apesar de considerados básicos para alguns profissionais de saúde, ainda podem gerar desconhecimento, dúvidas e até influenciar negativamente o desenvolvimento do prénatal, a evolução do parto e o pós-parto.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 1 – Descrição dos encontros realizados
Fonte: As autoras, 2023
Com relação à adesão das gestantes ao grupo e ao número de participantes nos encontros, a tabela acima demonstra que houve um crescimento contínuo nas participações mediante a realização da atividade. No primeiro encontro contamos com apenas 7 (17,5%) gestantes presentes, já no quarto encontro 36 (90%) participaram, sendo assim, o aumento na taxa de participação foi de 72,5%.
Em todos os encontros foram avaliadas as carteiras das gestantes pelo médico e/ou enfermeira, observando se havia atrasos em consultas e realização dos exames (testes rápidos, exames laboratoriais e ultrassom). Como resultado, foram identificadas duas situações: a primeira, um alarmante déficit em consultas odontológicas e na segunda a falta da realização dos testes rápidos para Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s).
A saúde geral da gestante está intimamente ligada a sua saúde bucal, a qual também pode influenciar na saúde geral e bucal do bebê. Os problemas bucais mais comuns durante esse período são cárie dentária, erosão do esmalte dentário, a gengivite e periodontite entre outros. Porém, a gravidez por si só, não é um fator determinante no desenvolvimento de doença periodontal, sendo a resposta imune e a concentração de hormônios sexuais da gestante influenciar no desenvolvimento delas (BRASIL, 2013).
Com relação aos testes rápidos, as IST’s identificadas, podem ocorrer antes ou durante a gestação, podendo acarretar riscos para mãe e o bebê, como parto prematuro, aborto, baixo peso ao nascer e até atraso no desenvolvimento. Dessa forma é importante garantir a promoção da saúde durante o período gestacional, uma forma seria através dos testes rápidos (BRASIL, 2011). A realização de teste rápido para diagnóstico de alguma das IST’s, é realizada na UBS já na primeira consulta da gestante. É realizado teste para HIV, sífilis e hepatites B e C.
As palestras ministradas foram a despeito da importância do pré-natal como prevenção de comorbidades futuras que influenciam na saúde materna ou fetal, evolução do corpo durante a gestação, como os órgãos respondem ao crescimento fetal e as sintomatologias materna durante esse processo, juntamente com os sinais de alarme que podem surgir como sangramentos vaginais, dores ininterruptas, cefaleias contínuas, e outros sinais associados.
Quando se aborda o tema sobre os sinais de alarme, muitas gestantes se sentem desconfortáveis com o medo do possível acontecimento, Paz et al. (2021) refere que esse medo pode se desencadear em um ansiedade gestacional que se caracteriza como um estado de alerta mediante ao medo de alguma situação que indique um perigo eminente, ou ao medo do desconhecido, sendo influenciado também pela oscilação hormonal. Nas abordagens os profissionais explicam mediante as comprovações científicas de como proceder as situações como sangramentos e dores intensas sem melhora progressiva, a fim de evitar que uma ansiedade fisiológica se torne patológica nessas mulheres, com o intuito de que as mesmas pudessem sentir confiança de como agir mediante a essas situações.
Outro assunto importante que foi abordado, diz respeito a importância da alimentação adequada durante a gestação, pois ela desempenha um papel fundamental no bem estar da mãe e no desenvolvimento saudável do feto. Enfatizando a proeminência da ingestão de nutrientes essenciais durante esse período, como o ácido fólico o qual é uma vitamina importante para o desenvolvimento do tubo neural do feto, o ferro, que ajuda a prevenir a anemia durante a gestação, e o cálcio para formação de ossos e dentes do bebê.
É de suma importância, a ingestão líquida durante esse período, dando preferência a água, pois além de manter a hidratação como um todo, ela é uma importante aliada para a produção de leite humano materno. Brasil (2022), enfatiza que o consumo dos alimentos durante a gestação precisa ser mais ‘in natura’ e menos processados, além de suprir os déficits de nutrientes ela auxilia na prevenção de hipertensão Arterial Sistêmica (HAS); Diabetes gestacional e ganho excessivo de peso.
Um dos assuntos de grande dúvida das gestantes no início dos grupos era referente aos exames, do por que realizá-los trimestralmente e qual o intuito de cada um. Nas palestras abordamos os exames de sangue primordiais como hemograma, glicemia em jejum, fator RH, testes rápidos para IST’s, parcial de urina e urocultura. Em cada exame foi explanado a sua importância, destacamos o hemograma pois a partir dele conseguimos avaliar os níveis de hemoglobina e investigar possíveis anemias. Parcial de urina e urocultura para diagnóstico de infecção do trato urinário, Ribeiro et al. (2020), relata que essa infecção pode causar complicações durante a gestação pôr a maioria das mulheres serem assintomáticas e pode causar aborto espontâneo, parto prematuro e baixo peso do feto ao nascimento.
O outro tema abordado, foi sobre toxoplasmose, doença que pode ocorrer na gestação e gerar graves danos para o recém-nascido, como encefalite e doença oftalmológica, sendo importante o acompanhamento das gestantes desde o início da gravidez, preferencialmente no primeiro trimestre, realizando além dos exames sorológicos, orientações sobre cuidados diários para evitar a contaminação (BRASIL, 2018)
O diagnóstico materno consiste na triagem sorológica para anticorpos IgG anti-T.gondii por meio do método de Elisa. As orientações para prevenção seriam a lavagem das mãos com água e sabão antes de manipular alimentos; lavar bem frutas, verduras e legumes antes de ingerilos; evitar a ingestão de carnes cruas, mal cozidas, mal passadas; evitar contato com fezes de gato entre outros (GNIECH et al., 2021).
Para oferecer experiências diferentes para as gestantes, a fim de proporcionar o autocuidado durante a gestação, contamos com convidados que compareceram para realizar palestras e escalda pés. Para explanar sobre a manobra de desengasgo no recém-nascido convidamos uma enfermeira emergencista do município, para explicar como, quando e o porquê de realizar a manobra. A manobra é realizada com o recém-nascido de bruços sobre o braço dominante do responsável, com a região cefálica levemente em direção ao chão, fazendo assim compressões entre as escápulas cinco vezes e se a criança não desengasgar, virar a barriga para cima e realizar cinco compressões sobre o esterno. Após a explanação foi apresentado um vídeo para o melhor entendimento das gestantes.
Os cuidados ao recém-nascido também foram abordados. Realizamos a montagem de um berço em um canto estratégico do local, e com uma boneca explicamos como deveria ser aplicado esses cuidados, dividimos as gestantes em grupo de cinco, e assim foi ocorrendo uma breve explicação de como realizar o banho, cuidado com o coto umbilical para prevenir infecções, higiene oral com gaze e água filtrada após da oferta do leite materno, vestimentas, e o mais importante a posição correta para dormir, a fim de evitar sufocamentos e a morte súbita do recém-nascido. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (2018), diz que a respeito das lesões não intencionais (sufocamento) que inclui a morte súbita do lactente, ocorre cerca de 53,9 óbitos para 100.000 nascidos vivos, apresentando no Estados Unidos a quinta causa de morte infantil, e para prevenir tal acontecimento a recomendação do ‘sono seguro’ para os bebês é colocar o mesmo em decúbito dorsal, cabeceira levemente elevada, posição de lado e prona devem ser desestimuladas. E evitar a exposição da criança ao fumo e ao sono compartilhado com os pais.
Para tornar o grupo lúdico, obter a atenção das mulheres, e sanar algumas dúvidas sobre o momento do parto, as residentes junto com as enfermeiras da unidade realizaram um teatro dos cuidados primordiais para um parto sem complicações, documentos necessários na maternidade e exercícios que ajudariam na flexibilização da região pélvica das gestantes, nesse momento gestantes que são multíparas deram seus relatos de parto, contribuindo com a discussão no grupo.
Contamos também com colaborações de residentes em fisioterapia da residência de saúde coletiva, e estagiários de saúde mental de uma faculdade do município que levaram os cuidados mentais durante todo o processo gestacional, parto e pós parto, com intuito de evitar ansiedade, depressão pós parto, síndromes associadas como baby blues. De acordo com a Secretária do Estado do Paraná (2023), cerca de 15% das mulheres sofrem de depressão pós parto, e o estado possui um incentivo do Ministério da Saúde para realização da campanha Maio Furta-cor que tem o objetivo de alertar sobre os cuidados da saúde mental materna. No estado do Paraná também está em vigor a lei 20.127 de 2020, que garante o direito a gestante paranaense a escolher a sua via de parto seja ele natural ou cesárea, desde que a mesma mediante critério médico seja considerada risco habitual e não obtenha risco algum para a sua saúde e a do feto (SECRETARIA DO ESTADO DO PARANÁ, 2023).
O quarto grupo contou com a presença da farmacêutica da unidade, onde a mesma explicou sobre as medicações disponíveis para as gestantes na rede pública de saúde. A gestação junto com suas características biológicas, deixam a mulher e seu bebê expostos a alguns riscos, dentre eles está o uso de medicamentos. Existem alguns parâmetros, tais como idade da mãe, idade gestacional da exposição ao medicamento, fármaco ou substâncias utilizadas e frequência, é necessário uma seleção adequada dos medicamentos, para evitar os riscos e reações para a mãe e o feto (AGUIAR et al., 2020).
De acordo com o autor supracitado, apesar de alguns riscos que os medicamentos podem trazer para a mãe, há também alguns que é um evento comum para tratar doenças que a paciente já utilizava antes da gravidez, como por exemplo para tratar diabetes, hipertensão e a depressão. Há também casos como as vitaminas, que são essenciais para este processo, tal como o ácido fólico e o ferro, que são usados para fins protetores na gestação
A gravidez é um período de fortes modificações para a vida da mulher. Aproximadamente todo o organismo da gestante é afetado, e dentre alguns órgãos que sofrem com as mudanças, está a pele. A maior parte das alterações no corpo é decorrente de alterações mecânicas ou hormonais, que se caracterizam por uma grande elevação dos hormônios durante a gestação. No que se refere à pele, as alterações gestacionais estão divididas em: dermatoses específicas, dermatoses alteradas na gestação e as alterações fisiológicas mais comum para este período, são as estrias, acnes, edemas, varizes, alterações nas unhas, cabelo e etc. Com isso foi considerada medidas simples que podem colaborar para a saúde e bem estar da gestante, com cuidados preventivos com o uso de dermocosméticos e cosméticos, como cremes hidratantes e protetores solares (ARRUDA E SILVA, 2022).
Dessa forma, de acordo com o ator citado anteriormente, alguns profissionais como farmacêuticos e dermatologistas podem oferecer suporte a mulher neste período, auxiliando-as no autocuidado, como na ingestão hídrica, uso de hidratantes para a pele, exercícios físicos, para que a mulher neste período de modificações corporais e estéticos, possa conviver em harmonia e bem estar com seu corpo e saúde mental
Assim, vemos que a implementação de grupos na assistência gestacional, tem grande significância na construção de conhecimentos, vivências, ou até, na aproximação das gestantes com a equipe de saúde. A cada grupo, o aumento da participação das gestantes foi aumentando, mostrando o interesse pela busca de informações e troca de experiências entre as participantes e equipe.
4. CONCLUSÃO
A criação do grupo foi idealizada buscando uma proximidade entre usuários e a equipe de saúde, fazendo também, que esses encontros se tornassem um complemento do atendimento pré-natal. A demanda dentro da unidade de saúde é demasiada, e os atendimentos muitas vezes precisam ser realizados de forma ágil, ocasionando assim uma abordagem mais seletiva na consulta.
Ao todo, foram realizados quatro encontros. No decorrer da atividade, foi possível observar um aumento significativo na participação das gestantes, o que motivou também, a equipe a elaborar os próximos grupos com mais dedicação e entusiasmo. Cada profissional ficou responsável por um determinado assunto ou função, mas sempre com trocas de ideias e opiniões, gerando também, uma proximidade entre a equipe.
Desse modo, o grupo possibilitou aos residentes a construção e a participação no processo de atividades de educação em saúde. Já para as gestantes, o grupo teve o intuito de levar conhecimento, desenvolver a autonomia e o raciocínio crítico, para que elas pudessem, através das informações e vivência adquirida, cuidar de si e de sua família. Neste sentido, este trabalho demonstrou que a atividade de educação em saúde é uma ferramenta da Estratégia Saúde da Família, sendo mais um dos métodos utilizados a fim de garantir uma assistência pré-natal de qualidade e reduzir os casos de mortalidade materna e infantil no município.
REFERÊNCIAS
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF). Instrutivo para elaboração de relato de experiência, estágio em Nutrição em Saúde Coletiva. Rev.UFJF – Campus GV, 2017.
1Residente em Saúde coletiva da Fundação Municipal de Saúde de Ponta Grossa- PR e-mail: danyrios10@hotmail.com;
2Residente em Saúde coletiva da Fundação Municipal de Saúde de Ponta Grossa- PR e-mail: karoline011@hotmail.com;
3Residente em Saúde coletiva da Fundação Municipal de Saúde de Ponta Grossa- PR e-mail: andyzagrobelny@hotmail.com.br;
4Doutoranda em Desenvolvimento Comunitário pela Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) e Tutora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva da Fundação Municipal de Saúde de Ponta Grossa-PR e-mail: franciellysouzacampos@gmail.com