BIRD FLU: RAISING PUBLIC AWARENESS.
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410290954
Claudiney P. De Moraes; Giovanna Oliveira Ferreira; Larissa Lais da Silva Montenegro; Luana Lima Leite; Patrícia Teixeira Morote; Orientador: Paola Almeida de Araújo Goes.
RESUMO
Os surtos de gripe aviária já atingem vários países, e o contato entre aves domésticas e migratórias tem sido a origem de muitos surtos epidêmicos, com alto índice de mortalidade em humanos e animais. Há grande preocupação em relação à expansão para continentes ainda não afetados, sobretudo por intermédio de aves migratórias. A transmissão ocorre principalmente através do contato direto com aves infectadas, através de saliva, fezes, secreções respiratórias e aerossóis. Logo, torna-se primordial a conscientização como medida profilática. Portanto, a metodologia do trabalho desenvolvido foi uma pesquisa a fim de analisar o conhecimento da população sobre a doença. Mediante os resultados, foi elaborado e publicado um vídeo informativo. Dessa forma, estando claro as formas de transmissão, pode-se prevenir e evitar a disseminação da influenza aviária.
Palavras Chaves: Aves, Influenza, Vírus, Zoonose.
ABSTRACT
Avian influenza outbreaks have already hit several countries and contact between domestic and migratory birds has been the source of many epidemic outbreaks, with high mortality rates in humans and animals. There is great concern about the spread to continents not yet affected, especially via migratory birds. Transmission occurs mainly through direct contact with infected birds, through saliva, feces, respiratory secretions and aerosols. Awareness-raising is therefore essential as a prophylactic measure. Therefore, the methodology of the work developed was a survey to analyze the population’s knowledge of the disease. Based on the results, an informative video was produced and published. In this way, by being clear about the forms of transmission, the spread of avian influenza can be prevented and avoided.
Key-words: Birds, Influenza, Virus, Zoonosis.
1. INTRODUÇÃO
A gripe aviária, causada pelo vírus H5N1, teve seus primeiros relatos por volta de 1996 na Ásia. O episódio com maior incidência de mortalidade de frangos foi em 2003 na Ásia e Europa, onde houve os primeiros episódios de infecção de seres humanos através do contato com aves doentes (ANDRADE, 2009). Nesta época, acreditava-se que somente as aves contraiam o vírus, que causava uma infecção respiratória e intestinal e que levava à morte rapidamente. Já em 2021, a OMS (Organização Mundial da Saúde) estimou que mais de 40 milhões de aves infectadas, e 15 milhões de aves domésticas morreram em decorrência do vírus e até hoje mais de 200 milhões de aves domésticas foram sacrificadas (SPCKLER, 2016). Devido ao avanço rápido da doença e a contaminação de mamíferos e humanos, os cientistas acreditam que essa doença pode ser a causa da próxima pandemia, visto que sua ocorrência era somente em aves, na Ásia e depois Europa. Porém, hoje há relatos de infecções e mortes de humanos em várias regiões, como América do Norte e Sul. Vale ressaltar que, no Brasil, não houve relatos de morte de humanos (ANDRADE, 2009). Portanto diante do exposto acima é de grande importância realizar pesquisas e disseminar informações sobre a doença, conscientizando a população sobre os riscos, visto que a contaminação pode ocorrer por falta de instrução e conhecimento sobre formas de contágio.
2. OBJETIVO
O objetivo principal deste estudo é avaliar o conhecimento da população sobre a Gripe Aviária, com o intuito de informar e conscientizar não apenas a população em geral, mas com foco especial em tutores e criadores de aves, sobre essa enfermidade. A proposta inclui a divulgação de um vídeo técnico e esclarecedor, enfatizando as medidas preventivas essenciais e ressaltando a importância de agir prontamente diante de sinais clínicos ou resultados positivos para o vírus, destacando a eutanásia como uma recomendação para conter a propagação e agravamento da situação.
3. METODOLOGIA
O propósito deste projeto de pesquisa consiste em avaliar o nível de conhecimento da população acerca da Gripe Aviária. Para tal desígnio, emprega-se um método quantitativo através de um questionário com nove perguntas no Google Forms, direcionado à população e principalmente aos tutores e criadores de aves. A pesquisa adota uma abordagem exploratória, fundamentada em revisão bibliográfica, utilizando artigos científicos e fontes documentais como principais fontes de informação. Nesse sentido, o grupo foi direcionado para a abordagem mais eficaz de informação à população, optando pela criação de um vídeo que será postado no perfil do Youtube do grupo de estudos de Medicina integrativa do centro universitário FAM, com a duração de 2 minutos, abrangendo os principais detalhes sobre os modos de contaminação, medidas preventivas e a gravidade da doença.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO – FORMULÁRIO: “GRIPE AVIÁRIA: SUA AVE CORRE RISCO?”
Ao conduzir uma pesquisa por meio de um formulário no Google Forms, composto por nove perguntas, o grupo visou examinar o entendimento acerca da doença, bem como o conhecimento sobre medidas de prevenção, contágio, seus potenciais fontes de contaminação e as medidas preventivas pertinentes, direcionado não apenas à população em geral, mas com foco especial em tutores e criadores de aves. Após a coleta de 56 respostas através do formulário, encerrou-se a recepção de novas contribuições. A avaliação revelou descobertas de notável relevância.
Inicialmente, procuramos avaliar o nível de conhecimento das pessoas acerca da gripe aviária. Constatamos que 25% dos participantes demonstraram desconhecimento sobre o tema. Tal dado sugere que a maioria estava familiarizada com o assunto, o que era previsível devido às campanhas sobre a gripe aviária promovidas pelo MAPA e SEAPI em seus sites e redes sociais. Essa constatação será abordada ao longo do estudo.
É importante destacar que de acordo com a pesquisa, a maioria dos participantes não pertencia ao campo de estudos de medicina veterinária ou biologia.
Imagem 2: Resultado da pergunta “Você sabe o que é gripe aviária?” Fonte: Google Forms – Acervo do grupo.
A gripe aviária é uma doença viral que causa doença e morte em todo tipo de aves, sejam elas silvestres, domésticas, de criação comercial, de subsistência ou migratórias, causada pelo vírus da influenza aviária tipo A (H5N1) altamente patogênico (IAAP). (EMBRAPA,2023)
De acordo com o MAPA o vírus Influenza do tipo A (H5N1) pode infectar aves domésticas e silvestres e, ocasionalmente, mamíferos como ratos, gatos, cães, cavalos, suínos, bem como o homem. Nas aves domésticas a doença é caracterizada principalmente pela mortalidade alta e súbita, sem manifestação de sinais clínicos ou doença severa. (EMBRAPA,2023)
O vírus Influenza, é um vírus RNA da família Orthomyxoviridae. Há duas glicoproteínas de superfície, hemaglutinina que é um antígeno importante que define a capacidade do vírus para invadir a célula e a neuraminidase que tem a atividade de liberação de novos vírus das células infectadas. Até o momento foram descritas 18 hemaglutininas (H1-H18) e 11 neuraminidase (N1-N11). (ANDRADE, 2009)
O vírus influenza A tem probabilidade de sofrer grandes mutações pontuais em seus antígenos de superfície, que é conhecida como shift, e as pequenas variações genéticas dos antígenos de superfície são conhecidas como drift. (ANDRADE, 2009).
Conforme o MAPA, 2023 os vírus H5 e H7, por serem os subtipos mais propensos a adaptarem-se e adquirirem alta patogenicidade em aves domésticas, silvestres e mamíferos como o homem, desencadeando surtos graves, com elevada mortalidade, resultando em graves consequências para a saúde humana, saúde animal, economia e para o meio ambiente. A infecção por H5N1 causou a morte de cerca de 58% dos humanos infectados, em outros países, (MAPA, 2023) no entanto a IAAP é considerada exótica no Brasil, ou seja, nunca foi detectada no território nacional em humanos e no setor comercial. (GOV, 2022) Portanto a doença se encaixa em categoria 1, logo, na possibilidade de suspeita a notificação se torna obrigatória e imediata aos órgãos oficiais de defesa sanitária animal do país, Serviço Veterinário Oficial (SVO), os animais confirmados devem ser eutanasiados imediatamente, bem como os contactantes suscetíveis, caso haja, por ser uma doença de alto risco e fatal, as medidas cabíveis serão abordadas durante o desenvolvimento do trabalho. (MAPA, 2023)
Vale ressaltar que a influenza aviária é uma zoonose aberrante. Ou seja, pode contaminar o ser humano acidentalmente. (MAPA, 2023)
Segundo o MAPA, (2023) a adaptação dos vírus de influenza aviária ao homem já foi responsável por uma alta taxa de letalidade, e a possibilidade de transmissão desses vírus entre os seres humanos pode representar um alto risco para a população mundial. Por esse motivo é importante manter a população informada para continuar controlando o vírus, para que esteja restrito aos hospedeiros naturais, que são as aves, sem que avance para a população humana, quanto maior o número de contatos com animais infectados, maior a chance do vírus se adaptar a um novo hospedeiro. (MAPA, Live “Influenza Aviária: Orientações e impacto na avicultura de pequena escala” – YouTube, 2023)
Realizamos a pergunta “Você possui aves como animais de estimação ou é um criador?” com a intenção de distinguir entre os entrevistados que possuem aves e aqueles que não possuem, visando direcionar as próximas perguntas relacionadas à criação.
Os dados revelam que, dentre as pessoas que responderam o formulário, 53,6% não tinham aves como animais de estimação, enquanto 46,4% possuíam aves ou eram criadores.
No decorrer da vida acadêmica, observamos um crescente interesse por animais de estimação não convencionais, destacando-se a criação de aves domésticas como canários, papagaios, calopsitas, entre outros. De acordo com as pesquisas de ALVES (2019), o mercado de animais de estimação está em constante crescimento, totalizando cerca de 41 milhões de aves no país. O CFMV, 2023 destaca que o Brasil encerrou o ano de 2021 com 149,6 milhões de animais de estimação, representando um aumento de 3,7% em relação ao ano anterior, com as aves ocupando o segundo lugar no ranking. Embora a aquisição e criação de aves ainda não sejam tão populares quanto a de cães e gatos, houve um aumento significativo. Em 2018, foram registradas 39,8 milhões de aves, em 2019, 40 milhões, em 2020, 40,4 milhões e, atualmente, 41 milhões.
É relevante mencionar que incluímos a opção “não se aplica” para indivíduos que não possuem aves em questões relacionadas à criação.
Ao serem questionadas se suas aves têm contato com aves selvagens, 80,4% das pessoas responderam negativamente, enquanto 19,6% confirmaram a interação. Embora a maioria tenha feito a escolha correta, ao longo da vida acadêmica, é comum observarmos que a maioria dos tutores permite que as aves permaneçam em varandas e quintais desprotegidos, facilitando o contato com aves selvagens. Essa prática deve ser evitada, pois, de acordo com informações da EMBRAPA de 2023, a principal forma de transmissão entre aves ocorre por meio do contato direto com aves infectadas, envolvendo saliva, fezes, secreções respiratórias e aerossóis. Nesse sentido, a contaminação pode se dar ao compartilhar comedouros, bebedouros e superfícies das gaiolas. Portanto, é crucial que os responsáveis restrinjam o acesso de aves a varandas e quintais com telas, a fim de evitar o contato com aves selvagens e prevenir, essa interação prejudicial, conforme recomendado pelo MAPA.
Em uma das perguntas, os participantes precisavam selecionar medidas preventivas adequadas para suas aves, como evitar o contato com pássaros de vida livre, entre outras opções incorretas, como manter a ave na gaiola, manter a ave no quintal ou na sacada e todas as alternativas. Nesse contexto, 62,5% das pessoas escolheram a opção correta, sendo a mais popular.
Embora a maioria tenha selecionado a opção correta, o grupo ressaltou a necessidade de difundir informações abrangentes sobre as formas de contágio, suas medidas preventivas e a propagação da doença uma vez que, segundo o MAPA, 2023, a gripe aviária pode ser facilmente transmitida entre aves de espécies diferentes, afetando aves domésticas e selvagens, o que pode facilitar a sua disseminação entre diferentes continentes e dificultar o controle. Por esta razão, é importante desencorajar a prática de algumas pessoas de alimentar pássaros selvagens em suas casas, fornecendo bebedouros e comedouros, pois isso pode introduzir fontes de contaminação no ambiente doméstico, prejudicando tanto os moradores quanto seus animais de estimação. (ANDRADE, 2009)
Outras fontes de infecção incluem aves “peri-domésticas” como pombos. Isso acontece porque as aves expelem o vírus da Influenza por meio das fezes e secreções respiratórias. (EMBRAPA,2023)
As aves migratórias/silvestres são agentes que contribuem para a propagação da influenza aviária. (MAPA, 2023) A transmissão ocorre principalmente pela exposição direta a aves silvestres infectadas, que atuam como hospedeiros naturais e reservatórios dos vírus. (EMBRAPA, 2023) As aves infectadas, que geralmente não manifestam sintomas, espalham o vírus ao longo das rotas migratórias. As aves aquáticas, gaivotas e aves costeiras são as principais espécies envolvidas nesse processo. (EMBRAPA,2023)
De acordo com (MAPA, 2006) o contato entre aves domésticas e aves silvestres é uma preocupação, bem como a introdução do vírus pelas aves migratórias, incluindo as aquáticas.
De acordo com o EMBRAPA, 2023 o período de migração de aves para o hemisfério sul começa em novembro e vai até março ou abril, nesse período, a vigilância deve ser intensificada assim como as medidas de biosseguridade na produção de aves, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) adota ações de prevenção, como o Programa Nacional de Sanidade Avícola-PNSA, que incluem, por exemplo, a coleta de amostras de aves de subsistência criadas em locais de circulação de aves migratórias. Segundo (MACHADO, 2006) o controle da doença é realizado pelo monitoramento de aves migratórias que adentram o território nacional (captura, colheita do soro sanguíneo, anilhagem e soltura, após resultado negativo), por amostragem, segundo os pontos épocas da respectiva rota, dados que podem ser obtidos junto ao IBAMA. A importação de aves deve incluir, sempre que viável, um acompanhamento rigoroso. Caso os testes iniciais sejam negativos, as aves devem ser mantidas em quarentena e submetidas a novos testes no local de desembarque.
Apenas se os resultados forem negativos no segundo teste, as aves poderão ser encaminhadas ao destino. (MACHADO, 2006)
Também de acordo com o MAPA, os marrecos, como o marreco de Pequim, os patos silvestres, os cisnes, os gansos e os irerês são as principais espécies nas quais há maior ocorrência da Influenza Aviária, e são mais resistentes ao vírus.
Conforme orientação da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (SEAPI), caso o tutor identifique sintomas de contaminação em suas aves, tais como dificuldade respiratória, secreção nasal ou ocular, espirros, incoordenação motora, torcicolo e diarreia, é imperativo agir prontamente, uma vez de acordo com o MAPA, se trata de uma enfermidade viral altamente contagiosa que pode afetar aves domésticas, silvestres e até mesmo seres humanos e outros animais, podendo gerar alta mortalidade. Nesse contexto, segundo a EMBRAPA, é obrigatório que o proprietário entre em contato com o Serviço Veterinário Oficial local. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2006) destaca que a notificação pode ser efetuada por telefone em qualquer instância, seja local, regional, estadual ou federal do Serviço Veterinário Oficial (SVO). Este serviço é representado pelos Órgãos Estaduais de Sanidade Agropecuária e pelas Superintendências Federais de Agricultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ou conforme orientação da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (SEAPI). Em caso de detecção de sintomas, é fundamental contatar imediatamente a Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária de seu município, ou notificar através dos seguintes canais: WhatsApp: (51) 98445-2033 e e-mail: notifica@agricultura.rs.gov.br.
O veterinário tomará as atitudes cabíveis, de acordo com a OMS, caso seja confirmada a suspeita de gripe aviária, o animal terá de ser eutanasiado imediatamente, e a região inteira deverá ser notificada. Segundo a PORTARIA MAPA Nº 578/2023 (22/05/2023) “Que declara estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional, por 180 dias, em função da detecção da infecção pelo vírus da influenza aviária H5N1 de alta patogenicidade (IAAP) em aves silvestres no Brasil.” e deverá ser adotadas medidas de proteção, como a instalação de telas nos viveiros e residências, devem ser adotadas para evitar a propagação da enfermidade. A área adjacente será colocada sob vigilância, com a zona de proteção em 3km e zona de vigilância em 7km, totalizando um raio de 10 km, identificado como potencialmente em risco de contaminação. Essas precauções devem ser estendidas também a outras aves e animais vulneráveis à contaminação.
No âmbito da contaminação humana, almejamos avaliar o grau de conhecimento da população. Ao serem indagadas sobre a possibilidade de contaminação, 66,1% das pessoas erroneamente acreditam na possibilidade de contágio ao consumir aves, ovos ou seus derivados, enquanto somente 33,9% rejeitam essa convicção.
Com base nesta resposta, identificamos uma lacuna de conhecimento entre os indivíduos acerca dos modos de contaminação, o que impulsionou nossa iniciativa de desenvolver um material informativo, visto que a influenza aviária é uma zoonose. De acordo com informações do portal da EMBRAPA (2023), é essencial enfatizar que a transmissão se dá principalmente pelo contato com aves infectadas, quer estejam vivas ou mortas, por meio da ingestão ou inalação do vírus presente nas fezes e secreções, como corrimento nasal, espirros e tosse, de aves contaminadas, desta forma, conforme mencionado por Falcão, 2007, é possível que uma pessoa, suíno ou ave saudável contraia a doença ao ingerir terra ou esterco contaminados, ao respirar sem proteção em ambientes compartilhados com animais doentes, ou ao consumir água de reservatórios (como lagos, bebedouros, etc.) contaminados pelas fezes de aves selvagens infectadas, e não obrigatoriamente pela ingestão direta de aves, ovos ou seus derivados desde que bem preparados, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2006) não há registro de transmissão do vírus através do consumo de carne de frango e ovos pois o vírus da influenza aviária, não resiste a temperaturas altas, sendo destruído no momento em que o produto vai ao fogo, portanto deve-se cozinhar bem os alimentos.
O principal fator de risco para infecção humana parece ser a exposição direta ou indireta a animais infectados ou ambientes contaminados (EMBRAPA,2023).
No que diz respeito à percepção das pessoas sobre a gravidade da gripe aviária em aves pets e sua classificação, é evidente que a maioria subestima a severidade da doença, a maioria (54,9%) das pessoas a consideram uma enfermidade grave, enquanto somente 21,6% reconhecem corretamente sua natureza fatal. Adicionalmente, 15,7% acreditam que a gripe aviária é passível de cura, ao passo que apenas duas pessoas a consideram uma condição leve.
Segundo MAPA, a gripe aviária é uma infecção altamente contagiosa das aves que se apresenta inicialmente com sintomas respiratórios leves e pode matar em até 24 horas. Em aves domésticas, as infecções pelo vírus da gripe aviária são classificadas como de alto e baixo extremos de patogenia, relacionada à capacidade de provocar sintomatologia clínica severa. Sua disseminação nas aves ocorre rapidamente, causando síndrome que afeta múltiplos órgãos internos e a mortalidade pode atingir 100% das aves afetadas. O contato entre aves domésticas e migratórias tem sido a origem de muitos surtos epidêmicos. (MAPA. 2006).
Uma questão de extrema importância abordou a reação das pessoas ao depararem-se com uma ave ferida ou caída, um aspecto crucial para prevenir contaminações. Esse cenário resultou em respostas diversas, desde a possibilidade de recolher a ave para prestar cuidados em casa, encaminhá-la a uma clínica veterinária, não intervir de forma alguma, até comunicar o órgão competente. Verificou-se que apenas 42,9% das pessoas optariam por informar o órgão competente, medida essa de extrema importância, embora novamente a maioria tenha escolhido a opção correta, é fundamental que esse conhecimento seja difundido de forma abrangente, visto que essa é uma das principais fontes de contaminação, observamos que o ato de pegar aves feridas é muito comum entre a população e informações de como proceder diante dessa situação precisam ser divulgadas ao máximo.
Com base na resposta dessa pergunta e de outras, o grupo reconheceu novamente a importância de comunicar dados vitais à população visto que a influenza aviária é uma zoonose, ou seja, pessoas que estão em contato com aves infectadas correm o risco de adquirir a doença. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o risco de transmissão de aves para humanos é baixo, quando ocorre, se dá pelo contato direto desprotegido (sem uso de equipamentos de proteção individual com luvas, roupas de proteção, máscaras, respiradores ou proteção dos olhos) com aves infectadas, ou seja, pela exposição ou inalação de partículas contaminadas com suas excreções, portanto, é crucial divulgar medidas preventivas.
Conforme a EMBRAPA (2023), ao se deparar com aves mortas ou exibindo sintomas nervosos, motores ou respiratórios, ferimentos ou quedas, é aconselhável manter uma distância segura, evitar o contato com os animais e, de forma obrigatória, contatar o Serviço Veterinário Oficial local (SOV) e seguir as orientações como mencionado anteriormente.
Quando questionadas sobre a existência de casos no Brasil, 82,1% estavam cientes, indicando uma maioria esclarecida.
Em maio de 2023, o país já contabiliza 151 casos da doença em animais silvestres sendo que 147 foram em pássaros e quatro em leões marinhos. Todos os casos encontrados posteriormente, foram detectados em aves selvagem, longe do setor produtivo. (MAPA, 2023) O registro mais recente foi feito em 5 de abril de 2024, no Rio de Janeiro, segundo o Ministério da Saúde. Portanto é preciso estar atento, para prevenir possíveis surtos.
Segundo o EMBRAPA, 2023 “No dia 22 de maio de 2023, o Ministério da Agricultura e Pecuária publicou a portaria nº 587, que declara estado de emergência zoossanitária em todo o País por 180 dias pela detecção do vírus da influenza aviária H5N1 de alta patogenicidade (IAAP) em aves silvestres no Brasil.”
Ademais, ainda não há casos relatados em aves pets, mamíferos e humanos, apesar de as Américas enfrentarem uma epidemia, apenas quatro casos em humanos foram confirmados nos últimos dois anos, nenhum deles no Brasil, que registrou a doença apenas em aves silvestres. (OMS, 2023)
Vale enfatizar que a influenza aviária é uma enfermidade que deve ser comunicada imediatamente às autoridades de saúde animal do país, ou seja, categoria 1. (MAPA, 2023) A confirmação oficial do diagnóstico deve ser informada aos órgãos internacionais de controle de saúde animal e aos países que importam esses produtos. Portanto, os surtos da doença provenientes de vírus altamente letais resultam em restrições à comercialização de produtos avícolas tanto no mercado interno quanto no externo, trazendo prejuízos econômicos significativos para a avicultura comercial e representando também uma ameaça à saúde humana. Essa medida é justificável, uma vez que produtos avícolas não submetidos a tratamento térmico e provenientes de lotes afetados pela doença podem abrigar e transmitir o vírus. (MAPA, 2023)
É importante ressaltar que o Brasil ainda mantém o status livre de gripe da influenza aviária de alta patogenicidade, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2023) já que nunca foi registrado nenhum caso da doença em aves comerciais do setor produtivo, portanto mesmo com esses os novos casos em aves silvestres mencionados acima, o status sanitário do Brasil não muda. (MAPA, 2023)
Por este motivo, é crucial ressaltar a importância de uma campanha de conscientização para prevenir a propagação do vírus. Como mencionado anteriormente, a gripe aviária é uma zoonose, o que significa que indivíduos e animais em contato com aves infectadas estão suscetíveis à doença. De acordo com a Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), embora o risco de transmissão entre humanos e outros animais seja baixo, é fundamental adotar medidas preventivas. A persistência da doença pode levar a mutações virais, aumentando sua capacidade de contágio.
A OMS, criou em 2003 uma Agenda Global de Vigilância e Controle da Influenza, com o objetivo de criar planos nacionais e globais de intervenção e facilitar a integração dos países nas atividades de prevenção e para o controle das epidemias. O principal objetivo é alcançar através dessas ações, a vigilância epidemiológica rigorosa e constante, conhecer o verdadeiro impacto da doença e estar pronto com todos os conhecimentos para caso haja uma epidemia.
Em adição, o MAPA e o SEAPI possuem materiais de divulgação para a população em geral, incluindo produtores de granja, tutores e criadores de aves pets, disponível em seus sites, contendo informações relevantes sobre a gripe aviária, como” spot de rádio”; “Cards sobre sintomas da Influenza Aviária”; “Pack de cards com dicas de biosseguridade”;” Redes sociais – Pack de cards e stories sobre Gripe Aviária”;” cartaz A3 sobre Gripe Aviária”. “Material da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) – Vídeos, cards, cartazes”.
Bem como vídeos, (Arquivos MP4 para download), como: “Conhecendo a Influenza Aviária”; “Sinais clínicos da Influenza Aviária”;” A prevenção na propriedade rural”; “Aves Migratória”; “Aves Migratórias e Boas Práticas Agropecuárias”; “Medidas de prevenção para viagem ao exterior” e” O que fazer em caso de suspeita”.
5. MATERIAL INFORMATIVO
Após analisarmos as respostas do Google Forms, identificamos a necessidade de criar um material informativo para conscientizar a população sobre a gravidade e os modos de contágio da gripe aviária, dado que grande parte das pessoas que responderam ao questionário, não possui conhecimento aprofundado sobre o tema.
Foi realizado um vídeo com a duração de 2 minutos e postado no Youtube no perfil do grupo de estudos de medicina integrativa do centro universitário FAM.
O propósito desse material é educar a população sobre a importância de conhecer e adotar medidas preventivas para evitar a disseminação da doença entre suas aves de estimação, além de reduzir o risco de contaminação pessoal.
Essa conscientização visa reduzir o risco de aumento de casos e eventuais surtos, que poderiam impactar não apenas a saúde pública, mas também o comércio de aves, especialmente no que diz respeito às exportações.
6. CONCLUSÃO
A influenza aviária é uma ameaça constante para as populações de aves domésticas, representando não apenas um risco para a saúde dos animais, mas também para a saúde humana, segurança alimentar e a economia agrícola. Tendo em vista que o vírus tem alto potencial de mutação, a vacinação não é a melhor medida profilática. Portanto, é necessário evitar o contato de humanos e aves pets com aves silvestres, principalmente realizando um rigoroso controle de acesso de aves silvestres em gaiolas de aves pets.
Além disso, investimentos contínuos em pesquisa, educação e capacitação também são essenciais para melhorar as estratégias de prevenção e resposta a surtos, garantindo assim a proteção contínua das populações de aves domésticas.
7. REFERÊNCIAS
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ANDRADE, C. R. de et al. Gripe aviária: a ameaça do século XXI. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 35, p. 470-479, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/vMMwHvW5g8MwWb8wCbRDzJR/. Acesso em: 25 de maio de 2024.
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MACHADO, A. N. Influenza Aviária: E agora? Revista CFMV, Brasília, 2006. p. 15-17, n°37. Disponível em: Influenza aviária – Portal Embrapa. Acesso em: 24 de maio de 2024.
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