GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA DOS ASPECTOS PSICOSSOCIAIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10247231008


Amanda Santos Pereira Ferreira
Orientador: Profª Esp. Alerrandro Guimarães Silva


RESUMO

Esta pesquisa buscou discorrer sobre a gravidez na adolescência, uma revisão de literatura dos aspectos psicossociais, partindo do ponto de que a gravidez na adolescência é um fenômeno complexo influenciado por diversos fatores psicossociais, que incluem aspectos familiares, socioeconômicos, educacionais e culturais. A gravidez precoce frequentemente acarreta preocupações com a saúde materna e infantil, além de desafios adicionais como a manutenção da educação formal e a adaptação a novas responsabilidades parentais em um estágio da vida onde o apoio emocional e financeiro pode ser escasso. A metodologia utilizada foi a bibliográfica, onde aportou-se em, além de artigos, monografias, materiais já publicados, em autores como: Almeida (2003); Breno (2016); Duarte (2020); Giordano (2016); Morgan (2016); Martinez (2018); Oms (2015); Saletti (2017); Silva (2010), dentre outros. Os resultados evidenciam que a gravidez na adolescência se revela como um fenômeno complexo e multifacetado, cujos aspectos psicossociais desempenham um papel fundamental na compreensão e intervenção eficaz. Aspectos familiares, socioeconômicos e culturais emergem como determinantes significativos, influenciando tanto a incidência quanto os desfechos dessa condição. Os resultados mostram ainda que o suporte familiar e comunitário desempenha um papel crucial na experiência das adolescentes grávidas. O apoio emocional e prático oferecido pela família pode ser determinante para o bem-estar físico e psicológico das jovens mães durante essa fase crítica de suas vidas. A sexualidade na adolescência pode ser vista como um campo de aprendizado e desenvolvimento emocional, onde os jovens exploram seus desejos, limites e responsabilidades. A busca por intimidade e a necessidade de pertencimento podem levar a experiências positivas de autodescoberta, mas também podem expor os adolescentes a riscos como gravidez não planejada.

Palavras- Chave: Gravidez na adolescência. Aspectos psicossociais. Revisão de literatura. 

ABSTRACT

This research sought to discuss teenage pregnancy, a literature review of psychosocial aspects, starting from the point that teenage pregnancy is a complex phenomenon influenced by several psychosocial factors, which include family, socioeconomic, educational and cultural aspects. Early pregnancy often brings with it concerns about maternal and child health, as well as additional challenges such as maintaining formal education and adapting to new parental responsibilities at a stage in life where emotional and financial support can be scarce. The methodology used was bibliographic, which included, in addition to articles, monographs, already published materials, by authors such as: Almeida (2003); Breno (2016); Duarte (2020); Giordano (2016); Morgan (2016); Martinez (2018); Oms (2015); Saletti (2017); Silva (2010), among others. The results show that teenage pregnancy is a complex and multifaceted phenomenon, whose psychosocial aspects play a fundamental role in understanding and effective intervention. Family, socioeconomic and cultural aspects emerge as significant determinants, influencing both the incidence and outcomes of this condition. The results also show that family and community support plays a crucial role in the experience of pregnant teenagers. The emotional and practical support offered by the family can be decisive for the physical and psychological well-being of young mothers during this critical phase of their lives. Sexuality in adolescence can be seen as a field of learning and emotional development, where young people explore their desires, limits and responsibilities. The search for intimacy and the need to belong can lead to positive experiences of self-discovery, but they can also expose teens to risks such as unplanned pregnancy.

Keywords: Teenage pregnancy. Psychosocial aspects. Literature review.

1 INTRODUÇÃO

A escolha por este tema advém da grande incidência e reincidência, de casos de gravidez na adolescência que tem acometido muitas cidades, principalmente àquelas em que a população é menos favorecida e o grau de instrução, principalmente quanto a esse assunto é defasador, bem como seus aspectos psicossociais.

A gravidez na adolescência representa um fenômeno complexo que abrange diversos aspectos psicossociais, impactando significativamente a vida da adolescente e seu entorno. Primeiramente, é importante considerar que essa condição pode ocasionar alterações profundas na dinâmica familiar, a adolescência, por si só, é um período de intensas transformações e conflitos internos (SAITO, 2006).

Adolescência é a fase de modificações tanto físicas como comportamentais, é a passagem entre a fase de criança e a fase adulta. Fase das imprecisões, dos descobrimentos, busca de identidade, formação de grupos por analogias, procura da independência, alterações que comprometem a vida familiar e a vida destes adolescentes para com a sociedade (SILVA, 2010).

Adolescência é uma etapa típica do desenvolvimento humano, entretanto não é perfilhada ou não aufere amplo realce em todas as culturas e sociedades. Cada sociedade tem sua forma distinta de idealizar esta fase da vida. Sendo assim, segundo a demarcação da Organização Mundial de Saúde (OMS) a adolescência é o momento abrangido entre 10 e 19 anos de idade. No caso brasileiro desde a Constituição Federal de 1988 os adolescentes passaram a ter primazia sendo avaliados legitimamente como sujeitos de direitos em etapa de desenvolvimento. Em 1990 foi acatado sob a Lei 8.069/90 o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reafirmando os seus direitos convencionalmente. Em concordância com o mesmo, adolescente é a pessoa que tem entre 12 e 18 anos de idade. 

   Autores como ALMEIDA (2003) advertem que a fase da adolescência nos derradeiros      anos   está    tendo uma máxima permanência,          crianças       e adolescentes cursam as escolas para se organizarem para a vida profissional e passam anos nesta prática, a fase da adolescência perdura cada vez mais, estando delongada a aquisição da independência financeira. 

Segundo SILVA (2010), adolescência é a fase de modificações tanto físicas como comportamentais, é a passagem entre a fase de criança e a fase adulta. Fase das imprecisões, dos descobrimentos, busca de identidade, formação de grupos por analogias, procura da independência, alterações que comprometem a vida familiar e a vida destes adolescentes para com a sociedade.

A fase da adolescência nos derradeiros anos está tendo uma máxima permanência, crianças e adolescentes cursam as escolas para se organizarem para a vida profissional e passam anos nesta prática, a fase da adolescência perdura cada vez mais, estando delongada a aquisição da independência financeira. (ALMEIDA, 2003).

Sant’Anna e Coates (2006, p.153) enfatizam que a gravidez na adolescência vem tornando-se “objeto de preocupação e estudos dos especialistas da área com o objetivo de diminuir sua incidência”, uma vez que é considerada como uma questão que precisa estar na pauta de toda a sociedade, dos meios científicos aos sociais e político-econômicos.

O objetivo geral dessa pesquisa é fazer uma revisão de literatura acerca dos aspectos psicossociais da gravidez na adolescência. E de forma específica: discutir sobre a gravidez na adolescência enquanto problema psicossocial; discorrer sobre a gravidez na adolescência e suas consequências e explanar sobre a importância do suporta familiar e comunitário na gravidez na adolescência. 

A problemática dessa pesquisa é saber quais aspectos psicossociais levaram a uma proporção de mães adolescentes tão grande nos últimos 10 anos, sendo considerado questão de saúde pública? 

Em hipótese afirma-se que os fatores relacionados de ocorrência da gravidez na adolescência são: atividade sexual precoce, problemas psicossociais, problemas econômicos e culturais que interagem, causando impactos, que podem ser positivos ou não para a mãe ou bebê. A baixa escolaridade também é um fator predominante à pobreza e desvantagens sociais e econômicas, ricos de mortalidade e morbidade tanto para a mão quanto para a criança.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Fazer uma revisão de literatura acerca dos aspectos psicossociais da gravidez na adolescência. 

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
  • Discutir sobre a gravidez na adolescência enquanto problema psicossocial; 
  • Discorrer sobre a gravidez na adolescia e suas consequências;
  • Explanar sobre a importância do suporte familiar e comunitário na gravidez na adolescência.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA ADOLESCÊNCIA 

A palavra adolescência também tem sua origem latina (ad=para e olescere=crescer) significando literalmente “crescer para”, ao contrário da definição de infância o conceito da adolescência envolve além das transformações físicas, as mudanças e as adaptações psicológicas, familiar e social. A OMS, o Ministério da Saúde (MS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) definem a adolescência como o período que se estende dos 10 aos 19 anos de idade, em contra partida, o ECA considera um adolescente, aquele jovem que tem a idade entre os 12 e os 18 anos. (PLANALTO, 2015).

Existem diversas definições que tentam explicar a adolescência em si, dentre elas é utilizado variados conceitos baseados em estudos da medicina, educação, filosofia, psicologia principalmente entre outros. Atualmente, assim como a infância, a adolescência é o resultado de uma construção social, que ainda é marcada pela dependência da família (devido os estudos e a capacitação profissional), além das transformações biológicas e comportamentais do próprio indivíduo, sendo estas mudanças que determinam como a sociedade irá observar esses adolescentes. (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2015).

O adolescente considera esta uma fase de transição, onde infelizmente alguns acabam escolhendo o caminho da marginalidade. Eles são rodeados de dúvidas e escolhas que de acordo com Stanley Hall em seu primeiro livro publicado em 1904, caracterizou este período como uma “época de tempestade e de tormenta devido à oscilação entre muitas tendências contraditórias” (euforia, alegria, gargalhadas, depressão, melancolia). (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2015) Os jovens em sua maioria são vistos como “os causadores de problemas”, em meio a essa afirmativa a sociedade tenta ajudar os pais e educadores a lidar com esses jovens nesta fase tão eufórica através de livros, revistas e publicações, torna-se evidente que a adolescência tornou-se um tema de interesse específico. (TOMIO, GONÇALVES, 2006).

Diversos estudiosos definem esta fase da vida de acordo com o comportamento dos jovens em suas épocas, no entanto, foi Erickson que em 1976 institucionalizou a adolescência, onde o mesmo passou a servir de inspiração para outros autores. (TOMIO, GONÇALVES, 2006).

Diga-se de passagem, que por um longo período não houve o desenvolvimento de normativas que tratassem especificamente sobre a proteção e a formação social e psíquica do jovem em si, independentemente de sua idade, ao invés disso foram criadas normativas que buscam penalizar o jovem infrator, onde no Código de Menores delegava ao Estado da Federação Brasileira a intervenção dos Estados no controle da população carente, isso no período de 1930 a 1945; de acordo com essa normativa os menores apreendidos nas ruas deveriam ser levados à abrigos de triagem de Serviço Social de menores, onde todos ali tratados como infratores. (ROMÃO, IZAÚ, 2012).

A sociedade em meados dos anos 80 não reconhecia que os jovens tinham suas características próprias e por não os compreenderem, ignoravam esse período tão importante na vida de uma criança e de um adolescente. A psicologia considera esse período como um momento de latência social, onde os mesmos irão produzir seus conflitos e retratar o vínculo do sujeito com a sociedade. (ROMÃO, IZAÚ, 2012).

Na psicanálise os adolescentes passam por transformações físicas e comportamentais negativas que são frutos de uma imaturidade emocional, o que acaba tornando-se “normal” para a sua idade devido ao fator hormonal. Todas essas mudanças são importantes para o amadurecimento pessoal do indivíduo, seja ele criança ou adolescente, a questão é, como o jovem irá lidar com a sociedade e como a mesma passará a observa-lo em meio as suas escolhas.

(TOMIO, GONÇALVES, 2006).

A adolescência é um período de transição complexa entre a infância e a idade adulta, caracterizado por mudanças físicas, cognitivas, emocionais e sociais significativas (STEINBERG, 2014, p. 22). Segundo Arnett (2019), a adolescência é definida como “um período de desenvolvimento que começa com a puberdade e termina quando a independência econômica é alcançada” (p. 2). Este período, que geralmente se estende dos 10 aos 19 anos de idade, é marcado por uma busca crescente por identidade e autonomia (STEINBERG, 2014, p. 45).

Biologicamente, a adolescência é desencadeada pela ativação hormonal que leva ao desenvolvimento físico, como o crescimento acelerado, mudanças corporais e o amadurecimento dos sistemas reprodutivos (STEINBERG, 2014, p. 78). Em paralelo, ocorrem transformações cognitivas importantes, incluindo o desenvolvimento do pensamento abstrato e a capacidade de planejamento futuro (ARNETT, 2019, p. 75). 

3.2 GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA E SUAS CONSEQUENCIAS: a importância do diálogo

Notoriamente falando o período da gravidez na adolescência pode ser considerado como uma atitude ou postura do ser humano durante uma etapa de seu desenvolvimento, uma vez que permite a visualização e a reflexão das expectativas da sociedade sobre as características deste grupo. A adolescência é um papel social (BUENO, 2006).

Por outro lado, Segundo Joffily (2003), a gravidez entre adolescentes nem sempre é fato inconsequente ou desastroso, principalmente quando ocorre com adolescentes que tenham uma vida afetiva estável. Essas adolescentes encontram na gestação um impulso para alcançar sua autonomia, independência e liberdade, contrariando assim, o senso comum que julga a gravidez adolescente como um sério problema social. Porém é imprescindível que se tenha um acompanhamento e que se ofereça subsídios para aquelas adolescentes que são obrigadas a sair de casa expulsas pelos pais vendo ameaçados seu bem-estar e futuro devido aos riscos físicos, emocionais e sociais acarretados por este fato.

Porém, conforme Duarte (2002) compreender a gravidez na adolescência não é um episódio, mas um processo de busca, onde a adolescente pode encontrar dificuldade e acaba por assumir atitudes de rebeldia. As pesquisas realizadas pela Secretaria de Saúde de São Paulo mostram que o aumento do crescente número de gravidez na adolescência não é a desinformação, é comum ouvir das adolescentes que, engravidaram porque se sentiram abandonadas; ou tinham medo de ficar sozinhas, ou precisavam fazer alguma coisa na vida.

Além do suporte emocional, o diálogo aberto também é essencial para o acesso a informações precisas sobre saúde reprodutiva e cuidados pré-natais. A comunicação eficaz entre profissionais de saúde e adolescentes grávidas pode melhorar significativamente os resultados de saúde materna e infantil (GOMEZ et al., 2020, p. 72). Informações claras e acessíveis ajudam as adolescentes a entenderem melhor as mudanças físicas e emocionais que ocorrem durante a gravidez, capacitando-as a tomar decisões informadas sobre sua própria saúde e a do bebê (SMITH & BROWN, 2019, p. 95).

Adicionalmente, o diálogo promove um ambiente de apoio social mais amplo, onde amigos, familiares e membros da comunidade podem oferecer suporte e orientação à adolescente grávida. Segundo Martinez et al. (2018), “o apoio social resultante de um diálogo aberto e acolhedor pode fortalecer os laços familiares e comunitários, reduzindo o isolamento social e promovendo um ambiente de cuidado contínuo” (p. 110). Isso é crucial para mitigar o impacto do estigma social e para garantir que as adolescentes tenham acesso a recursos e suporte durante todo o processo da gestação (GOMEZ et al., 2020, p. 88).

Adicionalmente, a gravidez precoce pode impactar adversamente o futuro educacional e econômico das adolescentes. Segundo Smith e Brown (2019) destacam que “a interrupção dos estudos devido à gravidez pode limitar as oportunidades de emprego e crescimento profissional das jovens mães, resultando em maior vulnerabilidade à pobreza e dependência econômica a longo prazo” (p.112). 

3.3 SUPORTE FAMILIAR E COMUNITÁRIO

A gravidez na adolescência é frequentemente acompanhada por desafios significativos, mas o suporte familiar desempenha um papel crucial no bem-estar da adolescente grávida. Segundo MORGAN et al. (2016), “o apoio da família durante a gravidez pode influenciar positivamente o resultado da gestação e o desenvolvimento emocional da adolescente” (p. 45). A presença de pais ou cuidadores que oferecem suporte emocional, financeiro e prático pode ajudar a reduzir o estresse e promover uma gravidez mais saudável (CHANG et al., 2018, p. 78).

Além do suporte emocional, o suporte financeiro também é essencial para garantir que as necessidades básicas da adolescente grávida e do bebê sejam atendidas. De acordo com Smith e Brown (2019), “o suporte financeiro adequado, seja por meio de benefícios sociais, assistência governamental ou apoio da família, é crucial para mitigar o estresse financeiro e garantir acesso a cuidados de saúde e nutrição adequados durante a gravidez” (p. 78). Esse suporte financeiro pode ajudar a adolescente a se concentrar em sua saúde e no bem-estar do bebê, sem se preocupar com questões econômicas urgentes.

Além do suporte familiar direto, a comunidade também desempenha um papel crucial no apoio à adolescente grávida. Organizações comunitárias, como centros de saúde, escolas e grupos de apoio, oferecem recursos educacionais, assistência médica e oportunidades de networking que são essenciais para o suporte contínuo durante a gravidez (MORGAN et al., 2016, p. 67). Por exemplo, programas que fornecem informações sobre cuidados pré-natais e maternidade podem capacitar as adolescentes a tomar decisões informadas sobre sua saúde e a do bebê (CHANG et al., 2018, p. 92).

O suporte comunitário desempenha um papel crucial no bem-estar das adolescentes grávidas, proporcionando recursos e redes de apoio que são essenciais durante essa fase de transição. Segundo Martinez et al. (2018), “o suporte comunitário, incluindo programas de educação sobre saúde reprodutiva e grupos de apoio para mães adolescentes, pode melhorar significativamente os resultados de saúde materna e infantil” (p. 56). 

Adicionalmente, o suporte comunitário pode desempenhar um papel preventivo ao oferecer oportunidades para a educação continuada e desenvolvimento de habilidades para as adolescentes grávidas. Programas que incentivam a conclusão da educação formal e o desenvolvimento de habilidades profissionais ajudam a preparar as jovens mães para o futuro, reduzindo o risco de pobreza e aumentando suas perspectivas econômicas a longo prazo (MARTINEZ et al., 2018, p. 92).

A importância do suporte social não se limita apenas ao aspecto prático. Pesquisas indicam que o apoio emocional de amigos, familiares e mentores pode ajudar a adolescente a enfrentar os desafios psicológicos associados à gravidez precoce (MORGAN et al., 2016, p. 89). Compartilhar experiências com outras adolescentes em situações semelhantes pode reduzir o isolamento e proporcionar um senso de pertencimento e compreensão mútua (CHANG ET al., 2018, p. 105).

3.4 A CONSTRUÇÃO DA SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA

A construção da sexualidade na adolescência é um tema complexo e multifacetado que tem sido objeto de estudo e debate dentro das ciências sociais e da psicologia. Segundo Erikson (1968), a adolescência é uma fase crucial do desenvolvimento psicossocial onde ocorre a formação da identidade, incluindo a identidade sexual. Durante esse período, os jovens enfrentam desafios significativos ao explorar e integrar sua sexualidade às suas identidades pessoais e sociais (GOMES, 2010).

Além dos conflitos internos, os jovens enfrentam pressões externas significativas que podem dificultar a exploração saudável de sua sexualidade. Rosenthal (2011) destaca a influência das normas culturais e das expectativas familiares no processo de desenvolvimento da identidade sexual na adolescência. As mensagens e estereótipos transmitidos pela família e pela sociedade podem limitar as escolhas e a autoexpressão dos adolescentes, afetando sua capacidade de integrar plenamente sua sexualidade às suas identidades pessoais.

A influência do ambiente familiar e dos pares desempenha um papel crucial na construção da sexualidade na adolescência. Segundo Rosenthal (2011), as relações familiares e as normas culturais transmitidas pelo ambiente familiar têm um impacto significativo na maneira como os jovens exploram e percebem sua sexualidade. Além disso, as interações com amigos e colegas durante a adolescência desempenham um papel importante na socialização sexual, influenciando atitudes, comportamentos e expectativas relacionadas à sexualidade (GIORDANO et al., 2006).

A adolescência é marcada por uma série de transformações físicas, psicológicas e sociais que influenciam diretamente a construção da sexualidade dos indivíduos. Essas mudanças são acompanhadas por uma intensificação das curiosidades e experimentações sexuais, que podem variar amplamente de acordo com fatores culturais, familiares e educacionais (TOLMAN, 2002). Nesse contexto, é fundamental considerar não apenas o aspecto biológico da sexualidade, mas também suas dimensões emocionais e sociais, que são cruciais para a formação de uma sexualidade saudável e integrada (O’SULLIVAN et al., 2006).

As transformações físicas, psicológicas e sociais desempenham papéis interligados e significativos na construção da sexualidade dos indivíduos durante a adolescência. Fisiologicamente, as mudanças corporais como o desenvolvimento dos órgãos sexuais e a ocorrência da puberdade são marcos fundamentais nesse processo. Segundo O’Sullivan, Meyer-Bahlburg e McKeague (2006), essas transformações físicas não apenas despertam a curiosidade sexual, mas também influenciam a percepção individual da própria identidade sexual, contribuindo para a formação de um autoconceito sexual.

A mídia e as novas tecnologias também emergem como atores importantes na construção da sexualidade na adolescência. A exposição a representações sexuais na mídia pode moldar as percepções dos adolescentes sobre relacionamentos, papéis de gênero e práticas sexuais (WARD, 2003). Por outro lado, a internet e as redes sociais proporcionam novas oportunidades para a exploração da sexualidade e o acesso a informações sobre saúde sexual, embora também apresentem desafios relacionados à privacidade e ao cyberbullying (RINGROSE et al., 2013).

A educação sexual desempenha um papel crucial na promoção de uma construção saudável da sexualidade na adolescência. Programas educacionais que abordam não apenas aspectos biológicos, mas também emocionais e relacionais da sexualidade, têm o potencial de capacitar os jovens a tomar decisões informadas e responsáveis em relação à sua sexualidade (KIRBY, 2007). No entanto, a implementação desses programas muitas vezes enfrenta resistências políticas e culturais, destacando a necessidade de abordagens sensíveis e inclusivas (SANTELLI et al., 2017).

Autores como Kirby (2007, p. 112) destacam que programas educacionais eficazes devem ir além da mera transmissão de informações biológicas, focando também na promoção de comportamentos sexuais saudáveis e na redução de comportamentos de risco. Ao integrar componentes emocionais e relacionais, tais programas visam não apenas informar, mas também capacitar os jovens a desenvolverem habilidades de tomada de decisão informada e assertividade nas relações interpessoais.

A implementação de programas educacionais que abrangem aspectos biológicos, emocionais e relacionais da sexualidade é respaldada por evidências que demonstram benefícios significativos para os adolescentes. De acordo com Widman et al. (2016, p. 278), tais programas contribuem para uma redução na taxa de gravidez na adolescência, bem como para uma maior comunicação entre os jovens e seus pais sobre questões sexuais. 

3.5 A SEXUALIDADE E SUA COMPLEXIDADE

A complexidade da sexualidade também é evidenciada pela diversidade de expressões e identidades sexuais presentes nas sociedades contemporâneas. Autores como Diamond (2008, p. 320) argumentam que a sexualidade não se limita a uma simples dicotomia entre masculino e feminino, mas sim abrange um espectro amplo de identidades de gênero e orientações sexuais. Essa diversidade desafia noções tradicionais e binárias de sexualidade, promovendo uma compreensão mais inclusiva e respeitosa das experiências individuais.

A diversidade de expressões e identidades sexuais é um fenômeno significativo nas sociedades contemporâneas, desafiando concepções binárias tradicionais de gênero e sexualidade. Segundo Diamond (2008, p. 132), a compreensão das identidades sexuais não se limita a uma simples dicotomia entre masculino e feminino, mas sim abrange um espectro vasto de experiências individuais e coletivas. 

Autores contemporâneos têm destacado como a mídia contribui para a padronização de comportamentos e identidades sexuais, influenciando significativamente as percepções coletivas e individuais. Como observado por Ward (2016, p. 45), a saturação de imagens e narrativas sexuais na mídia popular pode consolidar noções simplistas ou idealizadas de sexualidade, que por sua vez moldam as experiências e expectativas dos indivíduos. Essa influência da mídia pode reforçar estereótipos de gênero, sexualidade normativa e marginalizar outras formas de expressão sexual.

Além de refletir normas culturais existentes, a mídia também desempenha um papel ativo na produção e disseminação de novos discursos sobre sexualidade. Segundo Gill (2007, p. 112), a mídia contemporânea não apenas transmite mensagens sobre sexualidade, mas também participa na criação de novas identidades e práticas, muitas vezes desafiando normas tradicionais. Essa dinâmica torna a análise crítica das representações midiáticas essencial para compreender como a diversidade sexual é percebida e negociada na sociedade atual.

A sexualidade também é um campo de estudo que atravessa disciplinas acadêmicas, incluindo psicologia, sociologia, antropologia e estudos de gênero. Autores como Plummer (2003, p. 17) destacam a importância da interdisciplinaridade na pesquisa sexual, permitindo uma análise abrangente das experiências individuais e coletivas. Essa abordagem integrada contribui para uma compreensão mais rica e contextualizada da sexualidade humana.

Além de proporcionar uma compreensão mais holística, a interdisciplinaridade na pesquisa sexual facilita a construção de pontes entre teoria e prática, possibilitando a aplicação de insights teóricos em contextos práticos e políticas públicas. Conforme argumentado por Diamond (2008, p. 215), a colaboração entre disciplinas não só enriquece o desenvolvimento teórico, mas também fortalece a relevância e o impacto das descobertas na vida cotidiana das pessoas. 

Além disso, a interdisciplinaridade permite uma reflexão crítica sobre conceitos e práticas estabelecidas dentro do campo da sexualidade. Ao integrar perspectivas teóricas e metodológicas divergentes, os pesquisadores podem questionar pressupostos normativos e ampliar as fronteiras do conhecimento sobre temas como identidade de gênero, orientação sexual e diversidade sexual (CONNELl, 2002). Essa diversidade de abordagens não só enriquece o debate acadêmico, mas também fortalece o compromisso com a justiça social e a igualdade, promovendo uma compreensão mais completa e empática das experiências sexuais humanas.

Em suma, a sexualidade humana é um fenômeno multifacetado que transcende explicações unilaterais, exigindo uma abordagem interdisciplinar e sensível às variações individuais e contextuais. Compreender e respeitar essa complexidade é fundamental não apenas para o avanço da ciência, mas também para a promoção de direitos humanos e a criação de sociedades mais inclusivas e igualitárias.

4 METODOLOGIA
4.1 TIPO DE ESTUDO

Esse trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa com embasamento teórico, à luz de autores renomados que estudaram mais a fundo a temática aqui trabalhada.

De acordo com Fonseca (2012)

[…] a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta.

Esse procedimento de pesquisa é relevante, uma vez que facilita a vida do pesquisador quando tiver que lidar com um problema de pesquisa que enfatiza determinadas informações e dados que se encontram muitas vezes dispersos ou fragmentados. 

A pesquisa bibliográfica, de acordo como o pensamento de Prodanov e Freitas (2016, p. 54), coloca o pesquisador em contato direto com toda a produção escrita sobre a temática que está sendo estudada. Para os autores, “Na pesquisa bibliográfica, é importante que o pesquisador verifique a veracidade dos dados obtidos, observando as possíveis incoerências ou contradições que as obras possam apresentar”.

De acordo com Minayo (2019, p. 21) a abordagem qualitativa é utilizada em pesquisas que têm como objetivo principal elucidar a lógica que permeia a prática social que efetivamente ocorre na realidade, “[…] pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes”. A pesquisa desenvolveu-se no período de fevereiro a junho de 2024.

4.2 PERÍODO DE ESTUDO

Esta pesquisa foi realizada no período de fevereiro a junho de 2024.

4.3 AMOSTRAGEM

A amostra foi composta por manuscritos selecionados em bases de dados, como Scielo, Biblioteca Virtual e Google Acadêmico, dentre os manuscritos que serão selecionados estão: artigos científicos e livros. Foram selecionados manuscritos publicados nos últimos 10 anos, bem como manuscritos da língua portuguesa, inglesa e espanhol. Não foram selecionados manuscritos que não foram publicados em periódicos indexados.

Inicialmente foram selecionados manuscritos, que após análise, foram cuidadosamente analisados de forma crítica e reflexiva, por meio de um fichamento. Para tanto, o campo de busca de pesquisa serão as bases de dados da SCIELO, Google acadêmico, PUBMED, Medline, biblioteca virtual da saúde, dentre outros. Foram adotados os descritores: gravidez na adolescência; aspectos psicossociais. Dos 25 artigos analisados, somente 10 foram selecionados para o desenvolvimento dessa pesquisa, aplicando-se os critérios de inclusão e não inclusão. A pesquisa foi realizada no período de fevereiro a junho de 2024. Não foram selecionados manuscritos que não foram publicados em periódicos indexados. Inicialmente foram selecionados manuscritos, que após análise, foram cuidadosamente analisados de forma crítica e reflexiva, por meio de um fichamento. 

4.4. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
4.4.1 Inclusão

Artigos científicos e trabalhos acadêmicos do tipo dissertação e tese, que neste caso terão sua qualidade considerada com base na instituição e programa de pós-graduação (mestrado ou doutorado) ao qual são vinculados, publicados nos últimos 10 anos considerando a ocasião em que o projeto será iniciado, em língua portuguesa ou inglesa, quantitativos, qualitativos ou de revisão e com acesso integral e gratuito ao texto.

4.4.2 Não inclusão 

Artigos não relacionados ao problema descrito neste projeto ou que não possibilitem alcançar os objetivos da pesquisa, e outros tipos de trabalhos acadêmicos distintos dos mencionados na seção acima, isto é, resumos, resumos expandidos e monografias (graduação ou especialização).

4.6 COLETA DE DADOS

Foram utilizadas como fontes de busca de referências as bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) Internacional e Brasil, Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), National Library of Medicine (NIH/PubMed) e o Portal de Periódicos CAPES/MEC. Tais bases foram selecionadas em função do rigor científico das mesmas para que haja indexação de um periódico. Em todos esses locais de busca foram utilizados descritores combinados que em tese retornarão trabalhos relacionados com cada um dos objetivos previamente elencados.

A coleta de dados desempenha um papel fundamental na pesquisa científica, proporcionando a base empírica para a investigação, análise e formulação de conclusões. Segundo Hox (2010), “a qualidade dos dados é essencial para a validade e confiabilidade dos resultados de pesquisa” (p. 35). Através de métodos como questionários, entrevistas, observação e experimentação, os pesquisadores podem capturar informações precisas e detalhadas sobre fenômenos complexos, possibilitando a testagem de hipóteses e a identificação de padrões ou relações causais. A coleta sistemática e rigorosa de dados não apenas valida as descobertas científicas, mas também permite a replicação de estudos e a comparação de resultados entre diferentes contextos, promovendo o avanço contínuo do conhecimento científico.

5 RESULTADO E DISCUSSÕES

Após leitura minuciosa dos artigos selecionados e elaboração dos pontos de maior relevância. Foram escolhidos 25 artigos, contudo, após análise prévia de cada um, 15 foram excluídos por não proporcionarem contextualização com a temática abordada, assim, a amostra final foi constituída por 10 produções consideradas elegíveis, variando entre artigos científicos e monografias.

Quadro1: Distribuição dos materiais/artigos, segundo ano de publicação, base de dados e modelo para publicação eletrônica, idioma e país da pesquisa

Fonte: Ferreira (2024)

Quadro2: Distribuição dos materiais/artigos selecionados para leitura e aplicação dos critérios de inclusão

Fonte: Ferreira (2024)

Após leitura dos 15 artigos/materiais selecionados para leitura e aplicação dos critérios de inclusão, chegou-se aos seguintes resultados:

Ao analisar o artigo 1 que faz uma revisão integrativa sobre os aspectos envolvidos na gravidez na adolescência, pode-se dizer que a pré-adolescência, também conhecida como puberdade, engloba uma série de alterações importantes na vida da pessoa. Entre os 10 e 12 anos, a puberdade é caracterizada por intensas transformações corporais, além de ser vista como uma fase de intensa maturação hormonal (MACEDO; SPERB, 2017).

Já a adolescência, período compreendido entre 12 e 18 anos, é vista como um período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado pelos impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social. A adolescência se inicia com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o indivíduo consolida seu crescimento e sua personalidade além da integração em seu grupo social (EISENSTEIN, 2005).

Após análise do artigo 2 que fala sobre gravidez e parentalidade na adolescência: perspectivas teóricas, pode-se dizer que as mais recentes abordagens e modelos, bem como a tendência atual da investigação, abrem caminho à consideração não só de fatores de risco para um desenvolvimento comprometido da adolescente, uma parentalidade disfuncional e respetivas consequências para os bebés, como também de fatores protetores potenciadores de resiliência no desenvolvimento da mãe e do bebê.

Os resultados de estudos recentes enquadrados nas perspectivas ecológicas desafiam a visão da maternidade na adolescência como um evento negativo e determinante de percursos inadaptativos futuros; porém, é ainda irrefutável que a sua ocorrência pode ampliar vulnerabilidades prévias e dificultar trajetórias de desenvolvimento favoráveis para as jovens que engravidam e para os seus filhos.

Ao analisar o artigo 3, que trata da gravidez na adolescência, com foco no conhecimento e prevenção entre os jovens, observa-se que, de acordo com Maia (2004) mostram que os adolescentes conhecem métodos contraceptivos, pelo menos a camisinha. Investigações sobre esse tema poderiam ajudar na maior compreensão dos adolescentes de modo a manipular o uso dos métodos contraceptivos com eficiência, pois conhecê-los não é suficiente, uma vez que não significa usá-los.

Na pesquisa de Provenzi (2003), constatou-se que, ao ficar grávida, a adolescente abandona de vez a escola, o que não foi uma constante na presente pesquisa, pois somente seis das 22 participantes deixaram os estudos. A valorização pela escolaridade manifestou-se pela permanência na escola durante a gravidez e após o nascimento do bebê. Como na contribuição de Provenzi, Vianna (2000) constatou resultado contrário: as adolescentes possuíam escolaridade baixa e 40% abandonou a escola. Ao passo que as do presente estudo estavam em um contexto educacional melhor, inclusive no que concerne a manter-se na vida acadêmica.

Maia (2004) outra vez afirma após pesquisa que, 60,7% das adolescentes não usaram métodos contraceptivos antes da gravidez e 23,5% usaram. Sobre anticoncepção, na investigação de Pantoja (2003), observou-se que os conhecimentos prévios sobre contracepção nas adolescentes não resultaram no uso dos métodos correspondentes que pudessem prevenir a gravidez e constatouse, ademais, um sentimento de “imunidade” das jovens diante dessa possibilidade. Na pesquisa atual, observa-se que o resultado não foi muito diferente.

Após leitura e análise do artigo 4, que aborda questões sobre a gravidez na adolescência sob a perspectiva dos familiares: compartilhando projetos de vida e cuidado, constatou-se também que, para os familiares, a gravidez na adolescência pode ser permeada por significados positivos, se ocorre em condições preestabelecidas por elas mesmas. Ou seja, em uma sociedade que culturalmente admite o matrimônio como condição prévia para a formação de uma família, a união estável da adolescente com o pai da criança parece contribuir para a representação da gestação precoce como evento natural e desejado.

Seguindo essa linha de pensamento, Nunes (2011, p. 45) diz que A percepção positiva da gravidez na adolescência também pode estar ligada às expectativas culturais e sociais em torno da maternidade. Em alguns contextos, a gravidez na adolescência pode ser valorizada como um rito de passagem e uma transição natural para a vida adulta. 

À medida que a notícia da gravidez passa a ser difundida entre os membros da família, expressam-se, entre eles, sentimentos positivos de satisfação, influenciando a convivência que passa a ser mais tranquila e denotando boas expectativas em relação ao nascimento da criança.

Os familiares entrevistados percebem o crescimento pessoal da adolescente uma vez que ela se torna mais responsável com o acontecimento da gravidez. As novas responsabilidades e o amadurecimento pessoal são fatores que podem estimular, inclusive, o cuidado ao recém-nascido. Em muitas famílias, o cuidado das jovens com os bebês é percebido como atencioso, zeloso, dedicado e supridor das necessidades básicas da criança. (MACHADO, MEIRA, MADEIRA, 2003).

Além disso, a gravidez na adolescência pode reforçar o sentido de pertencimento e identidade dentro da família. Segundo Silva e Figueiredo (2013), para algumas adolescentes, a chegada de um bebê pode ser vista como uma oportunidade de reafirmar seu papel e posição no núcleo familiar, gerando sentimentos de aceitação e inclusão (SILVA & FIGUEIREDO, 2013, p. 103). Este processo pode fortalecer a autoestima da jovem mãe e promover um ambiente familiar mais acolhedor e solidário, contribuindo para a construção de relações interpessoais mais saudáveis e resilientes.

Após análise do quinto material foi possível notar que no Brasil, a taxa específica de fecundidade de adolescentes entre 2008 e 2017 apresentou tendência decrescente em todas as regiões, mas as taxas ainda são altas quando comparadas aos países de maior renda. Em 2017 a taxa específica de fecundidade no Brasil foi de 54,4 por mil mulheres adolescentes, de 15 a 19 anos de idade, com diferenças entre as regiões do país (DECHANDT et al., 2021). 

A Organização Mundial da Saúde- OMS corrobora quando afirma que a taxa de gravidez na adolescência é substancialmente mais alta em regiões de baixa renda, com cerca de 21 milhões de meninas de 15 a 19 anos e 2 milhões de meninas menores de 15 anos engravidando anualmente (OMS, 2020). Este fenômeno é frequentemente associado a fatores como educação limitada, acesso restrito a métodos contraceptivos, normas culturais e práticas de casamento precoce. Essas gravidezes precoces resultam em maiores riscos de complicações durante a gestação e o parto, além de limitar as oportunidades educacionais e profissionais das jovens, perpetuando um ciclo de pobreza e desigualdade (UNICEF, 2019).

Além disso, a fecundidade adolescente em países de baixa renda acarreta impactos econômicos e sociais profundos. A literatura aponta que as adolescentes grávidas são mais propensas a abandonar a escola, o que compromete seu potencial de desenvolvimento econômico e aumenta a dependência de programas de assistência social (GANCHIMEG et al., 2014). A análise de Ganchimeg et al. (2014) destaca que a prevenção da gravidez na adolescência requer intervenções multifacetadas, incluindo programas de educação sexual abrangente, acesso a serviços de saúde reprodutiva e políticas públicas que promovam a igualdade de gênero. 

A análise do referido material permitiu ver que a gravidez e o parto na adolescência podem ter consequências negativas para as meninas quanto à saúde física e mental, bem-estar social, desempenho educacional e geração de renda. Isso ocorre em grande parte devido à persistente desigualdade de gênero e discriminação nas estruturas jurídicas, sociais e econômicas, resultando em estigma, marginalização e violação de direitos humanos fundamentais (Fundo de População das Nações Unidas, 2013). 

Who, (2020, p. 15) confirma dizendo que a gravidez e o parto na adolescência podem acarretar consequências negativas significativas para as meninas, afetando sua saúde física e mental. Estudos indicam que adolescentes grávidas apresentam maior risco de complicações obstétricas, como préeclâmpsia, anemia e parto prematuro. Além disso, a imaturidade biológica dessas jovens pode aumentar a incidência de mortalidade materna e neonatal. Psicologicamente, a gravidez na adolescência está associada a um aumento nos níveis de estresse, ansiedade e depressão, impactando negativamente o bem-estar mental das jovens mães (SMITHBATTLE, 2013, p. 243).

O impacto da gravidez precoce também se estende ao bem-estar social, desempenho educacional e geração de renda das adolescentes. Adolescentes grávidas frequentemente enfrentam estigmatização e exclusão social, o que pode levar ao isolamento e à diminuição do suporte social (KIRCHENGAST, 2016, p. 208). No âmbito educacional, a gravidez precoce contribui para a alta taxa de abandono escolar, comprometendo o desenvolvimento acadêmico e limitando as oportunidades futuras de emprego (PIROTTA, 2017, p. 132). Consequentemente, essas jovens tendem a ter menores perspectivas de geração de renda, perpetuando ciclos de pobreza e dependência econômica (UNFPA, 2015, p. 27).

Após leitura do sexto material, que trata da adolescência como construção social: um estudo destinado a pais e educadores, foi possível observar que a adolescência é vista como uma construção social com repercussões na subjetividade e no desenvolvimento do homem moderno e não como um período natural do desenvolvimento. É um momento significado, interpretado e construído pelos homens. Estão associadas a ela marcas do desenvolvimento do corpo. Essas marcas constituem também a adolescência enquanto fenômeno social, mas o fato de existirem enquanto marcas do corpo não deve fazer da adolescência um fato natural.

A abordagem sócio-histórica, ao estudar a adolescência, não faz a pergunta “o que é a adolescência”, mas, “como se constituiu historicamente este período do desenvolvimento”. Isto porque para esta abordagem, só é possível compreender qualquer fato a partir da sua inserção na totalidade, na qual este fato foi produzido, totalidade essa que o constitui e lhe dá sentido. Responder o que é a adolescência implica em buscar compreender sua gênese histórica e seu desenvolvimento.

As famílias que enfrentam a gravidez de um de seus membros durante a adolescência passam por experiências complexas e multifacetadas, que impactam suas dinâmicas e relações. Segundo Oliveira (2018, p. 145), a descoberta da gravidez pode gerar um mix de emoções, incluindo choque, medo, preocupação e, em alguns casos, até alegria e aceitação. Este evento frequentemente força os pais e responsáveis a reavaliarem suas expectativas e planos para o futuro do adolescente, ao mesmo tempo que precisam lidar com o estigma social e a pressão comunitária. Além disso, a estrutura familiar pode sofrer alterações significativas, uma vez que membros da família, especialmente os pais, tendem a assumir um papel mais ativo no cuidado da nova mãe e do bebê, gerando uma redistribuição das responsabilidades domésticas e financeiras (MARTINS & SILVA, 2020, p. 223).

O impacto psicológico e emocional sobre os familiares também é um aspecto crucial a ser considerado. De acordo com Souza e Castro (2019, p. 178), muitos pais de adolescentes grávidas relatam sentimento de culpa e fracasso parental, questionando suas habilidades em guiar e proteger seus filhos. Essa situação pode resultar em tensões e conflitos familiares, exacerbando problemas de comunicação e levando, em alguns casos, ao afastamento emocional. No entanto, alguns estudos apontam que, com o tempo e com o suporte adequado, as famílias podem desenvolver mecanismos de resiliência e adaptação, fortalecendo os laços familiares e promovendo um ambiente mais coeso e solidário para a jovem mãe e seu bebê (FERREIRA & RODRIGUES, 2017, p. 89).

O impacto psicológico e emocional sobre os familiares de adolescentes grávidas é substancial e multifacetado. Pais e responsáveis frequentemente experimentam sentimentos intensos de culpa, vergonha e preocupação em relação ao futuro da jovem e do bebê. Estudos apontam que muitos pais se sentem responsáveis pelo ocorrido, questionando suas habilidades parentais e sentindo-se fracassados em proteger e guiar seus filhos (SOUZA & CASTRO, 2019, p. 178). Além disso, a gravidez na adolescência pode provocar um estado de crise familiar, caracterizado por altos níveis de estresse e ansiedade, que afetam a dinâmica familiar e a saúde mental dos membros da família (OLIVEIRA, 2018, p. 147).

Em suma, o estudo do material de nª 7, mostrou que a idade das adolescentes na época da ocorrência da gravidez variou de14 a 18 anos, sendo que 15 se casaram e quatro permaneceram solteiras. Dentre as que casaram, oito continuaram morando com os pais, cinco foram morar com a família dos maridos e duas constituíram suas próprias famílias nucleares. Entre as que continuaram solteiras, todas continuaram morando com os próprios pais (FROTA, 2014).

Com base na leitura e análise do material de n. 8 foi possível perceber que adolescência, o indivíduo ainda não possui capacidade para racionalizar as consequências futuras, decorrente do seu comportamento sexual, deparando-se frequentemente com situações de risco, como gravidez não planejada ou desejada.

Percebeu-se também que a falta de apoio, despreparo ou abandono por parte do parceiro, causando a interrupção do processo normal do desenvolvimento psico-afetivo-social: na maioria dos casos a gestante não tem nem vínculo com o parceiro, nem o apoio da família (FREDIANI, 2017).

A carência de apoio do parceiro também impacta negativamente o desenvolvimento social da adolescente, muitas vezes resultando em isolamento e estigmatização social. Conforme Ferreira (2018, p. 89), o suporte emocional e financeiro do parceiro é crucial para garantir a continuidade da educação e o acesso a serviços de saúde, essenciais para o desenvolvimento integral da jovem mãe e do bebê. 

As dificuldades encontradas pelas adolescentes são diferentes, dependendo de sua classe social. Entre as de baixa renda, há famílias que acolhem melhor, com apoio essencial, podendo as adolescentes continuar os estudos e/ou trabalhar. Por outro lado, os pais podem rejeitá-las e/ou abandoná-las, restando a elas, muitas vezes, a prostituição. Já em classes sociais de renda mais alta a adolescente tem, geralmente, como alternativas o casamento ou o aborto (GILDEMEISTER, 2015).

Após análise do material de número 9, que trata de um estudo de revisão de literatura sobre a gravidez na adolescência, ficou nítido que A gravidez na adolescência está principalmente relacionada a questões sociais e econômicas e merece maior atenção, uma vez que, possui elevado risco de morbimortalidade materna e infantil e por significar um possível evento desestruturador da vida das adolescentes e de sua família.

Dentre as causas da gravidez na adolescência, além da formação dos papeis sociais prematuros, há questões socioeconômicas, entre as quais, destacam-se a baixa escolaridade, trabalho de baixa remuneração e menor importância, dependência financeira da família e do companheiro (RODRIGUES et al., 2008).

Discutindo os principais fatores biológicos da gravidez na adolescência, Sant’anna e Coates (2006) sustentam que o início precoce da puberdade e da idade da menarca tem contribuído para a antecipação da iniciação sexual.

Um dos principais fatores que desencadeiam a gravidez na adolescência, segundo a literatura é o desejo de ser mãe, cuja condição era percebida como uma possibilidade concreta para sair de casa e constituir sua própria família, sendo que o seguimento desta trajetória levaria à conquista da liberdade e da autonomia que as adolescentes não tinham quando moravam com os pais (HOGA; BORGES; REBERTE, 2010).

Após análise do material de número 10, percebeu-se que os elevados índices estatísticos de gravidez na adolescência provocaram um maior interesse sobre essa questão por parte dos profissionais de saúde brasileiros. A literatura existente relaciona essa situação às mudanças sociais ocorridas na esfera da sexualidade, as quais provocaram maior liberalização do sexo, sem que, simultaneamente, fossem transmitidas informações sobre métodos contraceptivos para os jovens.

Os elevados índices de gravidez na adolescência no Brasil despertaram um crescente interesse entre os profissionais de saúde, motivando uma série de estudos e intervenções direcionadas a essa questão. De acordo com Ribeiro et al. (2020, p. 214), a alta incidência de gestação precoce levou à implementação de programas de saúde pública focados na educação sexual e na promoção do uso de contraceptivos entre jovens. Profissionais da saúde têm se mobilizado para desenvolver estratégias de prevenção e suporte, reconhecendo que a gravidez na adolescência está frequentemente associada a fatores socioeconômicos e culturais, como a falta de acesso à informação e recursos adequados. 

Além disso, a comunidade científica brasileira tem intensificado suas pesquisas sobre os determinantes e consequências da gravidez na adolescência, visando informar políticas públicas eficazes. Estudos indicam que adolescentes grávidas enfrentam desafios significativos, incluindo maior risco de complicações obstétricas e impactos negativos na educação e na vida profissional (Costa et al., 2018, p. 172). Esta abordagem integrada tem se mostrado crucial para fornecer um atendimento abrangente e humanizado, visando minimizar os impactos adversos e promover um ambiente favorável ao desenvolvimento saudável dessas jovens e de seus filhos (Ferreira & Amaral, 2017, p. 98).

 O artigo mostrou que as famílias das adolescentes entrevistadas apresentam uma média de quatro filhos por família, fato esse que se articula com a noção de filho como um bem, um valor, para essa classe social. O desejo de ter o filho repararia a carência narcísica dos próprios pais, que moram na favela, são mal remunerados no trabalho e não têm condições econômicas para terem um melhor nível de vida.

Os pais frequentemente incentivam a união de suas filhas com seus namorados quando estas iniciam a vida sexual, refletindo uma valorização precoce do casamento como instituição social. Segundo Ribeiro (2019, p. 147), essa prática é motivada por normas culturais e sociais que atribuem alto valor ao casamento, visto como uma forma de garantir segurança e estabilidade para as jovens. 

De acordo com Souza (2020, p. 189), a pressão para casar cedo pode limitar as oportunidades educacionais e profissionais das adolescentes, restringindo seu desenvolvimento pessoal e autonomia. A união precoce, frequentemente incentivada pelos pais, pode também perpetuar ciclos de dependência e desigualdade de gênero, uma vez que as jovens passam a assumir responsabilidades adultas antes de estarem plenamente preparadas para tal. Dessa forma, é crucial que as políticas públicas e os programas de saúde reprodutiva incluam abordagens que promovam a autonomia das jovens e incentivem a continuidade de sua educação, ao mesmo tempo em que oferecem suporte para decisões informadas sobre suas vidas afetivas e sexuais (FERREIRA & ALMEIDA, 2017, p. 203).

6 CONCLUSÃO

Com essa pesquisa foi possível perceber que a gravidez na adolescência é um fenômeno complexo que envolve não apenas questões físicas, mas também psicossociais. A adolescência é um período crucial de desenvolvimento, caracterizado por mudanças biológicas, emocionais e sociais significativas. A ocorrência de uma gravidez durante esse período pode ter impactos profundos na vida da adolescente e em seu ambiente social. Segundo Araújo e Alves (2017, p. 45), “a gravidez na adolescência pode ser percebida como um desafio para a identidade pessoal e social da adolescente, influenciando sua autoestima e visão de futuro”.

No contexto psicológico, a gravidez na adolescência pode desencadear uma ampla gama de reações emocionais, incluindo ansiedade, medo, estresse e até mesmo negação inicial da situação. Essas emoções são frequentemente exacerbadas pela falta de apoio emocional e compreensão por parte dos pares e da família (SMITHBATTLE, 2016, p. 328). Além disso, a adolescência é uma fase em que os jovens estão em busca de identidade e autonomia, e a gravidez pode representar uma interrupção significativa desses processos de desenvolvimento pessoal e social.

Do ponto de vista social, a gravidez na adolescência pode estar associada a estigmas e julgamentos por parte da comunidade, o que pode aumentar o isolamento social da adolescente e dificultar seu acesso a recursos e suporte necessários (WHITAKER et al., 2016, p. 115). Além disso, as expectativas culturais e sociais em relação ao papel da adolescente como mãe podem influenciar suas decisões quanto ao futuro da gestação e ao cuidado com o bebê.

É importante considerar também os impactos educacionais da gravidez na adolescência. Muitas vezes, a gestação precoce pode resultar em interrupção ou dificuldade na continuidade dos estudos, o que pode limitar as oportunidades educacionais e profissionais futuras da adolescente (MARSHALL & BURTON, 2018, p. 98). Esse aspecto pode perpetuar ciclos de desigualdade social e econômica, afetando não apenas a adolescente, mas também o desenvolvimento socioeconômico de sua comunidade.

Além dos desafios individuais enfrentados pela adolescente grávida, é fundamental examinar os impactos familiares da gravidez na adolescência. A dinâmica familiar pode ser significativamente afetada pela notícia da gravidez, desencadeando uma variedade de reações entre os membros da família e potencialmente exacerbando tensões pré-existentes (Peterson, 2015, p. 97). A forma como a família responde à gravidez pode influenciar tanto o apoio emocional disponível para a adolescente quanto as decisões futuras sobre o cuidado com o bebê.

No que diz respeito às políticas públicas e intervenções sociais, é essencial considerar estratégias que visem não apenas prevenir a gravidez na adolescência, mas também apoiar adequadamente as adolescentes grávidas e suas famílias. Programas educativos abrangentes, acesso facilitado a serviços de saúde sexual e reprodutiva, além de políticas de apoio à educação e ao emprego para jovens mães são essenciais para mitigar os impactos negativos da gravidez na adolescência (SANTANA & COELHO, 2018, p. 80). Essas intervenções devem ser holísticas, considerando as necessidades físicas, emocionais, sociais e educacionais das adolescentes grávidas.

Em conclusão, a gravidez na adolescência é um fenômeno complexo que envolve múltiplos aspectos psicossociais. A compreensão desses aspectos é fundamental para desenvolver intervenções eficazes que possam apoiar adequadamente as adolescentes grávidas, promovendo seu bem-estar físico e emocional, assim como sua integração social e educacional.

Essa pesquisa permitiu perceber que o impacto psicológico e emocional sobre os familiares de adolescentes grávidas é profundo e multifacetado. Pais e responsáveis frequentemente experimentam sentimentos intensos de culpa, vergonha e preocupação em relação ao futuro da jovem e do bebê. Segundo Souza e Castro (2019, p. 178), muitos pais se sentem responsáveis pela gravidez da filha, questionando suas habilidades parentais e sentindo-se fracassados em proteger e guiar seus filhos. A descoberta da gravidez pode desencadear um estado de crise familiar, caracterizado por altos níveis de estresse e ansiedade, afetando a saúde mental de todos os membros da família. Além disso, a presença de sentimentos de medo e incerteza sobre o futuro pode exacerbar o sofrimento emocional, criando um ambiente doméstico tenso e instável (OLIVEIRA, 2018, p. 147).

Ademais, o impacto emocional não se restringe apenas aos pais, mas também se estende a outros membros da família, como irmãos e avós, que frequentemente precisam ajustar suas rotinas e assumir novas responsabilidades. A literatura destaca que esses familiares podem sentir-se sobrecarregados e emocionalmente exaustos, o que pode levar a conflitos internos e a uma diminuição na qualidade das interações familiares (MARTINS & SILVA, 2020, p. 225). Irmãos mais novos podem enfrentar dificuldades em entender a situação, enquanto avós podem se ver obrigados a assumir um papel parental mais ativo. No entanto, com o suporte adequado, como aconselhamento psicológico e redes de apoio social, as famílias podem desenvolver estratégias de resiliência, promovendo um ambiente mais estável e coeso, essencial para o bem-estar da jovem mãe e do bebê (Ferreira & Rodrigues, 2017, p. 91).

Essa pesquisa revelou ainda que A carência de apoio do parceiro impacta negativamente o desenvolvimento social da adolescente, criando um ambiente de vulnerabilidade que afeta diversos aspectos de sua vida. Quando o parceiro não fornece suporte emocional, financeiro e prático, a adolescente grávida pode enfrentar dificuldades significativas na manutenção de suas relações sociais e no desempenho de suas atividades diárias. Segundo Oliveira e Souza (2019, p. 154), a ausência de apoio do parceiro aumenta a probabilidade de isolamento social, uma vez que a jovem pode se sentir estigmatizada e julgada pela comunidade. Este isolamento pode limitar o acesso a redes de suporte essenciais, como amigos, colegas e grupos de apoio, dificultando ainda mais sua adaptação à nova realidade.

Além disso, a falta de suporte do parceiro pode levar a consequências mais amplas no desenvolvimento socioeconômico da adolescente. Estudos indicam que a ausência de apoio está associada a maiores taxas de abandono escolar e dificuldades na inserção no mercado de trabalho, 2020, p. 213). Sem a ajuda do parceiro, muitas adolescentes grávidas são forçadas a assumir responsabilidades adultas prematuramente, como cuidar de um bebê, enquanto tentam continuar sua educação ou buscar emprego. Esse cenário pode perpetuar ciclos de pobreza e exclusão social, limitando as oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. Portanto, é crucial que políticas públicas e programas de saúde reprodutiva ofereçam suporte abrangente para adolescentes grávidas, incluindo orientação psicológica e assistência social, para mitigar os efeitos negativos da falta de apoio do parceiro (FERREIRA & RODRIGUES, 2017, p. 98).

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