GESTÃO FINANCEIRA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10652017


Klaus Alcantara Queiroz6


REALIDADE¹

Os pequenos negócios respondem por mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Juntas, as cerca de 9 milhões de micro e pequenas empresas no País representam 27% do PIB, um resultado que vem crescendo nos últimos anos.

Os MEIs têm a maior taxa de mortalidade entre os Pequenos Negócios, 29% fecham após 5 anos de atividade. Já as MEs têm taxa de mortalidade intermediária entre os Pequenos Negócios, 21,6% fecham após 5 anos de atividade. As EPPs têm a menor taxa de mortalidade entre os Pequenos Negócios, 17% fecham após 5 anos de atividade.

A maior taxa de mortalidade é verificada no comércio (30,2% fecham em 5 anos) e a menor na indústria extrativa (14,3% fecham em 5 anos).

Fatores que contribuíram para o fechamento dos negócios:

1. Pouco preparo pessoal

  • Em média, 42% estavam desempregados, mas essa proporção chegou a 59% no grupo das empresas fechadas;
  • Mais de 40% dos entrevistados eram funcionários de empresa privada antes de abrir seu próprio negócio. Outros 37% eram autônomos sem empresa constituída;
  • Em média, 42% fizeram alguma capacitação. Mas no grupo das empresas fechadas foi maior a proporção de quem não fez nenhuma capacitação;
  • Entre as empresas em atividade, foi maior a proporção de quem abriu porque “identificou uma oportunidade”.

2. Planejamento do negócio deficiente

  • 17% dizem não ter feito nenhum planejamento e 59% dizem ter feito para no máximo 6 meses;
  • Muitos deixaram de levantar informações relevantes para criar o negócio.

3. Gestão do negócio deficiente

  • Na “gestão do negócio” as empresas que sobreviveram se mostraram mais ativas;
  • Diferenciação/adaptação de produtos/serviços foi estratégia relevante para a sobrevivência.

4. Problemas no ambiente (pandemia)

  • Mais de 40% citaram explicitamente como um dos principais motivos para o fechamento da empresa a pandemia da Covid-19;
  • Entre as empresas fechadas, foi menor a proporção dos que tentaram empréstimo e foi menor a proporção dos que conseguiram.

Ao analisar a sobrevivência por setor, o levantamento mostrou que a maior taxa de mortalidade é verificada no comércio, onde 30,2% fecharam as portas em cinco anos. Na sequência, aparecem indústria de transformação (com 27,3%) e serviços (com 26,6%). As menores taxas de mortalidade estão na indústria extrativa (14,3%) e na agropecuária (18%).

GESTÃO

Gestão financeira refere-se ao processo de planejamento, controle e tomada de decisões relacionadas aos recursos financeiros de uma organização. Envolve a administração eficiente dos recursos financeiros disponíveis, como dinheiro, ativos, investimentos e dívidas, a fim de alcançar os objetivos financeiros da empresa.

A gestão financeira abrange várias áreas, incluindo orçamentação, análise financeira, gestão de caixa, planejamento tributário, gestão de riscos financeiros e investimentos. Ela é essencial para garantir a saúde financeira de uma empresa e maximizar o valor para os acionistas.

As principais atividades da gestão financeira incluem:

  1. Planejamento financeiro: envolve a definição de metas financeiras, a elaboração de um plano estratégico para alcançá-las e a projeção das necessidades financeiras futuras.
  2. Análise financeira: consiste em avaliar a situação financeira atual da empresa por meio de demonstrações financeiras, índices e métricas financeiras. Isso ajuda a identificar pontos fortes, fraquezas, oportunidades e ameaças financeiras.
  3. Gestão de caixa: abrange o controle, monitoramento e otimização dos fluxos de caixa da empresa. Isso inclui o gerenciamento de recebimentos, pagamentos, contas a receber e contas a pagar, para garantir que haja liquidez adequada para as operações diárias.
  4. Planejamento tributário: envolve a gestão dos aspectos fiscais da empresa, buscando minimizar a carga tributária dentro dos limites legais. Isso pode incluir a identificação de incentivos fiscais, a escolha de estruturas fiscais adequadas e a conformidade com as obrigações fiscais.
  5. Gestão de riscos financeiros: refere-se à identificação, avaliação e mitigação de riscos financeiros que possam afetar negativamente a empresa. Isso pode incluir riscos de mercado, riscos de crédito, riscos operacionais e riscos regulatórios.
  6. Investimentos: envolve a análise e seleção de oportunidades de investimento que possam gerar retornos financeiros para a empresa. Isso pode incluir investimentos em ativos tangíveis, como equipamentos e propriedades, bem como investimentos financeiros, como ações, títulos e fundos mútuos.

A gestão financeira é crucial para empresas de todos os tamanhos e setores, pois ajuda a garantir a estabilidade financeira, a sustentabilidade e o crescimento a longo prazo. Uma boa gestão financeira pode ajudar a empresa a tomar decisões, evitar problemas financeiros, aproveitar oportunidades de crescimento e alcançar seus objetivos estratégicos.

Segundo Gitman (2004, p.4) “podemos definir finanças como arte e a ciência de administrar fundos²” . Assim, a gestão financeira ajudam na estabilidade das empresas.

DESAFIOS

A gestão financeira enfrenta diversos desafios que podem impactar a eficiência e o sucesso das empresas. Lidar com esses desafios requer habilidades de gestão financeira, conhecimento atualizado do mercado, análise rigorosa e adaptabilidade às mudanças. Alguns dos principais desafios incluem:

  1. Tomada de decisões acertadas: Os gestores financeiros devem tomar decisões complexas e estratégicas, como investimentos, financiamentos, orçamentação e gestão de riscos. Essas decisões podem ter impacto significativo no desempenho financeiro da empresa, e é fundamental tomar escolhas informadas e acertadas.
  2. Mudanças econômicas e de mercado: As condições econômicas e as flutuações dos mercados financeiros podem apresentar desafios para a gestão financeira. Mudanças nas taxas de juros, flutuações cambiais, volatilidade dos preços das commodities e incertezas políticas podem afetar as operações financeiras e exigir ajustes na estratégia financeira da empresa.
  3. Gestão de fluxo de caixa: A gestão eficiente do fluxo de caixa é fundamental para a saúde financeira de uma empresa. Desafios como ciclos de caixa longos, sazonalidade das receitas e despesas imprevistas podem impactar a disponibilidade de caixa e a capacidade de pagar fornecedores, salários e outras obrigações financeiras.
  4. Financiamento adequado: Garantir o financiamento adequado é um desafio para muitas empresas. É necessário identificar fontes de financiamento apropriadas e obter capital suficiente para investimentos, crescimento e operações diárias. Isso pode envolver a negociação com instituições financeiras, a captação de recursos junto a investidores ou o uso de instrumentos financeiros como empréstimos, linhas de crédito ou emissão de ações.
  5. Gestão de riscos financeiros: A gestão de riscos financeiros envolve a identificação, avaliação e mitigação de riscos que possam afetar negativamente a empresa. Riscos financeiros, como volatilidade de preços, risco de crédito, risco de liquidez e risco operacional, exigem estratégias adequadas de gestão de riscos para reduzir suas consequências e proteger a empresa de perdas financeiras significativas.
  6. Evolução tecnológica: A rápida evolução tecnológica traz oportunidades e desafios para a gestão financeira. Por um lado, a automação e a digitalização podem otimizar processos financeiros e melhorar a eficiência. Por outro lado, as empresas precisam acompanhar as mudanças tecnológicas e investir em sistemas e infraestrutura adequados para garantir a segurança dos dados financeiros e a integração eficiente de novas tecnologias.

As empresas que conseguem enfrentar esses desafios de forma eficaz têm mais chances de alcançar o sucesso financeiro a longo prazo.

Segundo Chiavenato (2008, p. 15), “atualmente nos novos negócios, a mortalidade precoce é elevadíssima, pois os riscos são inúmeros e os perigos não faltam³”.

Numa empresa pequena, muitas vezes não há um órgão especifico responsável pelo gerenciamento das operações financeiras, ficando essas atribuições distribuídas entre a contabilidade e o proprietário.4

A elaboração de planos financeiros e orçamentos cria direções estratégicas para a empresa, juntamente com ferramentas para monitorar o desempenho. Estas orientações devem incluir a definição de metas financeiras, a avaliação das discrepâncias entre os objetivos estabelecidos e a realidade financeira atual da empresa, e a formulação de estratégias necessárias para atingir esses objetivos.5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo teve o propósito de examinar o papel vital da gestão financeira em empresas brasileiras de pequeno porte e como a sua ausência pode afetar a sobrevivência dessas empresas nos primeiros cinco anos após a abertura. Conclui-se que a gestão financeira é crucial tanto para pequenos quanto para grandes negócios, pois ajuda a assegurar a sobrevivência e o crescimento da empresa, além de oferecer ao empreendedor uma visão clara do caminho que está trilhando.

A dinâmica constante dos mercados de produtos e serviços requer que as organizações se atualizem com as novidades e tendências para se manterem relevantes e competitivas no ambiente econômico. Por isso, é fundamental que a empresa implemente uma gestão financeira eficaz que sustente as operações necessárias para a sua atividade. Uma gestão financeira sólida proporcionará à empresa a estabilidade necessária para ampliar seu ciclo de vida e alcançar resultados que permitam sua expansão no futuro.


¹SEBRAE (site: https://sebrae.com.br);
²GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 10ª ed. São Paulo: Pearson, 2004;
³CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: Dando asas ao espírito empreendedor. 2. Ed São Paulo: Saraiva, 2008;
4SILVA, Edson. Como administrar o fluxo de caixa das empresas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
5MASIERO, Gilmar. Administração de empresas. 3. ed. Saraiva, 2012.
6Klaus de Alcantara Queiroz é um profissional altamente experiente e qualificado, com mais de 15 anos de expertise em consultoria de turismo, hospitalidade e marketing, além de uma sólida formação acadêmica. Possui um bacharelado em Administração de Empresas pelo IPESU Instituto Pernambucano de Ensino Superior e uma especialização em MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.
Sua trajetória profissional teve início como Escriturário na agência comercial do Bradesco S/A, onde desempenhou várias funções, incluindo operador da rede e auxílio aos caixas. Com o tempo, progrediu para cargos de maior responsabilidade, como Chefe de Serviço no Departamento Internacional e Câmbio do Bradesco S/A em Recife, onde era encarregado de questões relacionadas à exportação, importação e câmbio financeiro.
Com uma vasta experiência de 10 anos na mesa de câmbio do Bradesco em Recife, incluindo 4 anos como chefe da mesa, Klaus de Alcantara Queiroz possui um profundo conhecimento em cotações de moeda estrangeira, negociações cambiais e gestão de riscos financeiros.
Ao longo de sua carreira, demonstrou um alto nível de dedicação, comprometimento e capacidade de liderança, sendo reconhecido por sua habilidade em transformar teoria em prática e por sua contribuição significativa para o setor financeiro e de negócios internacionais. Com sua vasta experiência e competência comprovada, Klaus de Alcantara Queiroz é um profissional altamente valorizado e capaz de enfrentar desafios complexos com confiança e eficácia.