GESTÃO EM SAÚDE PÚBLICA: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA A MELHORIA DO ATENDIMENTO EM COMUNIDADES VULNERÁVEIS DE MANAUS

PUBLIC HEALTH MANAGEMENT: THE IMPORTANCE OF STRATEGIC PLANNING FOR IMPROVING CARE IN VULNERABLE COMMUNITIES OF MANAUS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10263111


Tatiana Rocha dos Santos1;
Dilson Castro Pereira2;
Janaína Borges Marinho3;
José Ivan Veras do Nascimento4;
Jackson Ribeiro dos Santos5.


Resumo: 

Este estudo aborda o uso do planejamento estratégico na gestão de saúde pública, com foco na região amazônica, onde desafios únicos são impostos pela diversidade geográfica e cultural. A pesquisa visou compreender como o planejamento estratégico pode melhorar os serviços de saúde e diminuir as desigualdades no acesso. A análise ressaltou a importância desta ferramenta não apenas como componente administrativo, mas como mecanismo vital para estratégias específicas que atendam às necessidades da população, promovendo uma abordagem mais humanizada e eficaz. Conclui-se que o planejamento estratégico é essencial para a eficácia dos serviços de saúde, especialmente na Amazônia, garantindo a definição de prioridades, alocação de recursos e integração de diferentes áreas da saúde. Para implementação eficaz, é necessário assegurar condições adequadas para os profissionais de saúde, transparência e políticas públicas adaptadas à realidade local. Sugere-se pesquisas futuras avaliando o impacto de intervenções específicas baseadas no planejamento estratégico na saúde pública amazônica, incluindo a eficácia de programas de capacitação, implementação de tecnologias inovadoras e desenvolvimento de parcerias integradas.

Palavras-chave: Gestão em Saúde Pública; Planejamento Estratégico; Desigualdades em Saúde; Região Amazônica; Serviços de Saúde.

ABSTRACT:

This study addresses the use of strategic planning in public health management, focusing on the Amazon region, where unique challenges are imposed by geographic and cultural diversity. The research aimed to understand how strategic planning can improve health services and reduce access inequalities. The analysis highlighted the importance of this tool not only as an administrative component but as a vital mechanism for specific strategies that meet the needs of the population, promoting a more humanized and effective approach. It is concluded that strategic planning is essential for the effectiveness of health services, especially in the Amazon, ensuring the definition of priorities, resource allocation, and integration of different health areas. For effective implementation, it is necessary to ensure adequate conditions for health professionals, transparency, and public policies adapted to the local reality. Future research is suggested to evaluate the impact of specific interventions based on strategic planning in Amazonian public health, including the effectiveness of training programs, the implementation of innovative technologies, and the development of integrated partnerships.

Keywords: Public Health Management; Strategic Planning; Health Inequalities; Amazon Region; Health Services.

Introdução

A presente pesquisa explora um tema de fundamental importância na área da saúde: “Gestão em Saúde Pública e o Papel do Planejamento Estratégico para um Atendimento de Excelência”. Este estudo enfoca a gestão em saúde pública, um domínio crítico que impacta diretamente na qualidade dos serviços prestados a populações frequentemente marginalizadas e com acesso restrito a cuidados médicos apropriados. A essência desta investigação reside na avaliação da importância do planejamento estratégico no contexto da gestão em saúde pública, particularmente na melhoria da qualidade do atendimento à população de Manaus.

Esta pesquisa tem como objetivo primordial avaliar a eficácia do planejamento estratégico como uma ferramenta gerencial na elevação da qualidade dos serviços de saúde, especialmente para comunidades vulneráveis. Pretende-se, através desta análise, identificar as práticas mais eficazes na gestão de saúde pública, assegurando um atendimento qualitativo e eficiente que atenda às necessidades específicas da população e promova equidade no acesso aos serviços de saúde.

A relevância do problema de pesquisa é ancorada no fato de que a saúde é um direito fundamental, e o planejamento estratégico representa um meio essencial para a administração eficaz de serviços públicos de saúde. Este estudo é concebido como um artigo de síntese, seguindo a metodologia proposta por Lakatos e Marconi (2008), que define um artigo de síntese como um texto baseado na revisão crítica e integrativa de literatura relevante sobre um tema específico. Este tipo de artigo é construído a partir da seleção, análise e interpretação de várias fontes bibliográficas, visando oferecer uma perspectiva abrangente e atualizada sobre o assunto, facilitando ao leitor o acompanhamento da argumentação do autor e a compreensão das conclusões alcançadas.

A pesquisa busca responder às seguintes questões: Qual é o impacto do planejamento estratégico na gestão em saúde pública? Como pode ser implementado efetivamente para melhorar a qualidade do atendimento em saúde pública? Partindo da hipótese de que o planejamento estratégico é crucial para a eficácia da gestão em saúde pública e que sua implementação resulta na melhoria da qualidade do atendimento, o estudo incluirá uma revisão bibliográfica dos principais estudos e teorias sobre gestão em saúde pública e planejamento estratégico, complementada por entrevistas com profissionais de saúde para examinar a aplicabilidade prática do planejamento estratégico.

Seguindo as diretrizes de Minayo (1997), a revisão bibliográfica será realizada por meio de uma revisão sistemática da literatura científica relevante. Os estudos selecionados serão analisados e categorizados com base em critérios de inclusão e exclusão alinhados com o problema de pesquisa, visando identificar os principais temas e tendências na área. Conforme Lakatos e Marconi (2008), os resultados serão apresentados e discutidos objetivamente, com foco em responder às questões norteadoras da pesquisa.

Os achados da revisão bibliográfica, juntamente com a análise dos dados coletados nas entrevistas e questionários, serão utilizados para identificar as melhores práticas em gestão de saúde pública e as implicações do planejamento estratégico na qualidade do atendimento. Finalmente, esta pesquisa destaca a importância da gestão em saúde pública para garantir acesso e qualidade nos cuidados de saúde às populações amazônicas, evidenciando que o planejamento estratégico é uma ferramenta vital para a efetividade da gestão e a satisfação dos usuários, tornando este estudo um contributo relevante para o aprimoramento das práticas de gestão em saúde pública.

2. Metodologia

A metodologia desta pesquisa foi cuidadosamente estruturada com o objetivo de avaliar a eficácia do planejamento estratégico como ferramenta gerencial na melhoria dos serviços de saúde, e identificar as práticas mais eficientes na gestão em saúde pública que assegurem um atendimento de qualidade e eficiência, atendendo às necessidades da população e promovendo a equidade no acesso aos serviços de saúde.

A natureza deste estudo é predominantemente bibliográfica. Iniciamos com uma revisão sistemática da literatura científica, abordando tanto gestão em saúde pública quanto planejamento estratégico. Esta revisão não se restringe apenas a bases de dados eletrônicas, mas também incorpora uma gama diversificada de fontes, incluindo livros, relatórios, teses e artigos de periódicos relevantes, como o Caderno de Saúde Pública (2018), Saúde e Sociedade (2010-2019) e Saúde em Debate (2010-2020).

Para organizar e gerenciar eficientemente as referências bibliográficas coletadas, adotaremos o Mendeley, uma ferramenta robusta para o gerenciamento de referências, que facilita a coleta, organização e compartilhamento de informações bibliográficas, focando em aspectos cruciais para o contexto amazônico.

Seguindo a metodologia delineada por Fachin (2006), a revisão sistemática é entendida como um método de pesquisa que emprega um processo rigoroso de busca, seleção, análise e síntese de estudos relevantes. Este método é baseado em critérios de inclusão e exclusão pré-definidos, o que assegura a relevância e a objetividade da pesquisa.

Neste estudo, os artigos incluídos serão aqueles que abordam gestão em saúde pública, planejamento estratégico e qualidade do atendimento em saúde pública, enquanto os artigos excluídos serão aqueles que não se relacionam diretamente com o tema, que não possuem relevância científica ou que não se enquadram como estudos científicos.

Os textos selecionados serão analisados e categorizados conforme os principais temas e tendências identificados, e a seleção será realizada por dois revisores independentes, com eventuais discordâncias sendo resolvidas por consenso ou com a ajuda de um terceiro revisor, conforme orientado por Paez (2017). Este processo assegura a minimização de viés e aumenta a confiabilidade dos resultados.

Além disso, serão realizadas buscas em bases de dados eletrônicas reconhecidas, como Scopus, PubMed e Bireme, utilizando termos de pesquisa apropriados. Os estudos identificados serão avaliados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, focando no alinhamento com o problema de pesquisa e na relevância para o tema.

A análise crítica dos títulos e resumos dos artigos, seguida da leitura completa dos artigos selecionados, constituirá a etapa inicial da seleção. Conforme Lakatos e Marconi (2008), é essencial registrar os critérios de inclusão e exclusão adotados, bem como os resultados obtidos em cada fase da seleção, para garantir a reprodutibilidade da revisão.

Em suma, esta pesquisa bibliográfica desempenha um papel crucial na investigação científica, contribuindo significativamente para a produção de conhecimento relevante na área de gestão em saúde pública. Com os resultados da revisão, esperamos avaliar a efetividade do planejamento estratégico como ferramenta gerencial e identificar as melhores práticas em gestão de saúde pública para garantir um atendimento de qualidade e eficiência, particularmente no que tange às necessidades da população e à promoção da equidade no acesso aos serviços de saúde. Este é um passo essencial na construção do conhecimento científico e na busca por soluções eficazes para os desafios enfrentados pela sociedade.

3. Resultados e Discussão

A gestão em saúde pública é um tema relevante e atual, tendo em vista a importância do acesso a serviços de saúde de qualidade para a população. Nesse contexto, o planejamento estratégico é uma ferramenta fundamental para garantir a efetividade da atenção em saúde e o bem-estar da população.

Partimos da premissa de que as experiências das populações amazônicas com a gestão de saúde e o planejamento estratégico são complexas e apresentam diversos desafios. Segundo Ladeira (2015), a região amazônica apresenta uma grande diversidade cultural e geográfica, o que gera desigualdades no acesso aos serviços de saúde. Além disso, a falta de infraestrutura adequada, a carência de profissionais de saúde e a falta de financiamento adequado comprometem a qualidade dos serviços oferecidos à população.

Nesse sentido, o planejamento estratégico pode ser uma ferramenta importante para a gestão em saúde pública na Amazônia, uma vez que permite o direcionamento de recursos e a organização dos serviços para atender as necessidades locais. No entanto, como apontam Coelho et al (2021), a aplicação do planejamento estratégico em regiões amazônicas deve considerar as especificidades culturais e geográficas da população atendida.

Dessa maneira, é necessário que as ações de saúde sejam adaptadas às realidades locais, levando em conta as particularidades dos diferentes grupos sociais presentes na região. Além disso, é importante que a participação da comunidade seja incentivada, de forma a promover o diálogo entre os profissionais de saúde e a população atendida, visando a construção de soluções conjuntas para os problemas de saúde na região.

Assim, segundo Souza et al (2019), a gestão em saúde pública na Amazônia deve ser voltada para a promoção da equidade no acesso aos serviços de saúde, tendo em vista as particularidades socioeconômicas e culturais da população atendida. O planejamento estratégico pode ser uma ferramenta importante nesse sentido, desde que seja acompanhado de políticas públicas que visem a redução das desigualdades sociais e o fortalecimento do sistema de saúde na região.

Considerando que o problema de pesquisa busca analisar a importância do planejamento estratégico na gestão em saúde pública e sua contribuição para garantir atendimento de qualidade à população, apreendemos que, a partir dos apontamentos de Mendes (2013), entendemos a necessidade de uma gestão eficiente e eficaz em saúde para garantir a sustentabilidade do sistema e a qualidade da atenção à saúde.

Interpretamos, então, que a gestão eficiente e eficaz em saúde é fundamental para garantir que os serviços de saúde sejam acessíveis, de qualidade e que atendam às necessidades da população.

Nesse sentido, o planejamento estratégico se mostra como uma ferramenta importante para a gestão em saúde pública, já que permite identificar as principais necessidades e demandas da população, planejar ações que visem suprir essas necessidades e demandas, bem como avaliar os resultados das ações realizadas.

Além disso, Viana e Lima (2015) apontam que a gestão em saúde pública deve ser baseada em políticas públicas que visem à promoção da saúde e à redução das desigualdades sociais. Essas políticas devem estar alinhadas com as necessidades da população e serem implementadas de forma integrada e coordenada, envolvendo diversos setores e atores.

Portanto, é fundamental que a gestão em saúde pública seja baseada em um planejamento estratégico que considere as necessidades e demandas da população, e que esteja alinhado com as políticas públicas de promoção da saúde e redução das desigualdades sociais. 

Dessa forma, será possível garantir a efetividade da atenção em saúde e o bem-estar da população, atendendo aos objetivos da gestão em saúde pública.

Conforme mencionado, Mendes (2013) destaca que uma gestão eficiente e eficaz em saúde é fundamental para garantir a sustentabilidade do sistema de saúde. Para isso, é preciso considerar aspectos como a organização dos serviços de saúde, a gestão dos recursos humanos e financeiros, a implementação de políticas públicas efetivas, a promoção da participação social e a utilização de tecnologias em saúde, entre outros aspectos.

Dessa maneira, observamos que esses autores enfatizam a importância do planejamento estratégico como uma ferramenta para alcançar esses objetivos. Nas palavras de um deles: “O planejamento estratégico é fundamental para garantir a eficácia da atenção em saúde e para alcançar a melhoria contínua na qualidade dos serviços prestados” (MENDES, 2013, p. 90).

Nesse sentido, a gestão em saúde pública tem como objetivo garantir o acesso da população aos serviços de saúde de forma integral, equitativa e resolutiva. Nesse cenário, a partir do planejamento estratégico, é possível definir objetivos, metas e estratégias para a gestão e organização desses serviços, visando garantir a efetividade e eficiência dos processos de trabalho, otimização dos recursos e melhoria na qualidade dos serviços oferecidos.

Tomando como referencial o resultado do que as bases de dados como Scopus e Pudmed evidenciaram, percebemos que Albuquerque et al (2017) discutem os desafios enfrentados na implementação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) em comunidades rurais do Amazonas, e apontam a falta de infraestrutura e recursos oriundos do poder público, principalmente como agravo dos obstáculos para a atuação dos profissionais de saúde.

Isto é, percebemos que esses autores abordam que “O alto grau de exclusão social e a grande heterogeneidade social dos grupos populacionais da região amazônica impõem desafios consideráveis para a efetivação da gestão em saúde pública” (ALBUQUERQUE et al, 2017, p. 293).

Por sua vez, Souza et al (2019) discutem os desafios enfrentados na gestão dos serviços de saúde em comunidades rurais do Amazonas, destacando a necessidade de investimentos em recursos humanos, infraestrutura e tecnologia para melhorar a qualidade do atendimento e garantir o acesso aos serviços de saúde nessas regiões.

A partir das palavras deles, compreendemos o seguinte: “Os desafios para a efetivação da gestão em saúde pública na região amazônica são múltiplos e envolvem aspectos socioeconômicos, culturais e ambientais” (SOUZA et al, 2019, p. 149).

Já em Costa et al. (2017) visualizamos que eles discutem a implementação da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) em comunidades ribeirinhas do Amazonas, apontando desafios como a falta de recursos humanos qualificados, a dificuldade de acesso e transporte, e a necessidade de adaptação das políticas públicas às realidades locais. Como afirmam, “Há uma necessidade urgente de melhorias significativas na infraestrutura dos serviços de saúde, a fim de superar os obstáculos existentes e garantir uma maior eficácia e efetividade da atenção à saúde na região” (SOUZA et al, 2017, p. 174).

Em suma, abordam os desafios enfrentados na gestão da saúde pública no Amazonas, onde as condições socioeconômicas, culturais e ambientais são fatores que impactam o acesso à saúde e a qualidade do atendimento.

Em Souza et al (2019), a discussão é voltada para a necessidade de investimentos em recursos humanos, infraestrutura e tecnologia para a qualidade do atendimento, enquanto em Costa et al (2017), a abordagem é sobre a implementação da Política Nacional de Atenção Básica em comunidades ribeirinhas.

Enfim, interpretamos que os autores destacam a urgência em superar os obstáculos existentes e a gestão da saúde pública deve ser orientada por políticas públicas que visem à promoção da saúde.

A esse respeito, inclusive, Franco e Merhy (2010) afirmam que o planejamento estratégico em saúde é fundamental para a organização do sistema de saúde, para a garantia do acesso da população aos serviços de saúde e para a promoção da equidade no atendimento, de um lado.

De outro, Carvalho et al (2016) argumentam que o planejamento estratégico é uma ferramenta fundamental para a gestão em saúde pública, permitindo a definição de objetivos claros, a identificação de problemas e a proposição de soluções para melhorar a qualidade da atenção à saúde e a efetividade do sistema de saúde. Em síntese, “A gestão em saúde pública deve ser capaz de desenvolver processos de trabalho que priorizem a atenção humanizada e o acolhimento aos usuários dos serviços de saúde” (FRANCO; MERHY, 2010, p. 358).

Logo, a implementação do planejamento estratégico na gestão em saúde pública tem como premissa a identificação das necessidades da população e das demandas do sistema de saúde, a partir da análise de dados epidemiológicos e estatísticos.

Essa ferramenta permite a elaboração de um plano de ação para a gestão, com a definição de objetivos, metas e indicadores de desempenho, que permitem a avaliação e monitoramento da qualidade dos serviços.

No contexto da gestão em saúde pública no Amazonas, a implementação do planejamento estratégico é fundamental para identificar as necessidades e demandas da população e do sistema de saúde. É possível definir objetivos, metas e indicadores de desempenho para a gestão, o que permite a elaboração de um plano de ação para garantir a qualidade dos serviços oferecidos.

Interpretamos que essa prática é importante, uma vez que se trata de uma região vasta e diversa, com realidades distintas e desafios específicos, como a falta de recursos humanos qualificados, a dificuldade de acesso a serviços de saúde, a falta de infraestrutura e a necessidade de adaptação das políticas públicas à realidade local. Assim, pode contribuir para uma gestão mais eficiente e eficaz, capaz de atender às necessidades da população e superar os desafios impostos.

A literatura sobre gestão em saúde pública aponta para a importância do planejamento estratégico como uma ferramenta fundamental para a organização dos serviços de saúde, com a finalidade de garantir a equidade no acesso e a qualidade da atenção à saúde.

Nesse bojo, Paim e Teixeira (2011) destacam que a gestão em saúde pública deve ser baseada em políticas públicas que visem à promoção da saúde e à garantia de acesso aos serviços de saúde, e que o planejamento estratégico é uma ferramenta essencial para a elaboração e implementação dessas políticas. Nas palavras deles: “A gestão em saúde pública deve ser pautada pela universalidade, equidade e integralidade no acesso e na prestação dos serviços de saúde” (PAIM; TEIXEIRA, 2011, p. 30).

Isto é, interpretamos na premissa de Campos (2000) que é pontual resolver a necessidade de uma gestão que priorize a promoção da saúde e a prevenção de doenças, enfatizando a importância da participação social e da integralidade do cuidado.

Ao relembrarmos uma de nossas questões norteadoras: Como o planejamento estratégico pode ser implementado para garantir a qualidade do atendimento em saúde pública? Entendemos que o planejamento estratégico pode ser implementado na gestão em saúde pública para garantir a qualidade do atendimento através da identificação das necessidades da população e das demandas do sistema de saúde.

A partir da análise de dados epidemiológicos e estatísticos, é possível definir objetivos, metas e indicadores de desempenho que orientam a elaboração de um plano de ação para a gestão, como já mencionado.

Em suma, esse plano de ação pode incluir ações para a melhoria da infraestrutura e dos recursos humanos, o investimento em tecnologia, a capacitação dos profissionais de saúde, a adoção de medidas preventivas e a promoção da saúde.

Essa argumentação, vem ao encontro também dos apontamentos de Viana e Lima (2015) que, ao analisarem a relação entre as políticas públicas e a gestão em saúde pública no contexto do SUS, destacaram a importância da participação social, da intersetorialidade e da integralidade no planejamento e na implementação das ações em saúde.

Nessa perspectiva, a implementação do planejamento estratégico na gestão em saúde pública pode ser uma ferramenta complexa, pois envolve diversos fatores como a identificação das necessidades da população, a análise de dados epidemiológicos e estatísticos, a definição de objetivos e metas, a alocação de recursos e a gestão de equipes de profissionais de saúde. É importante ressaltar que o sucesso do planejamento estratégico depende da participação ativa dos profissionais de saúde, gestores e usuários dos serviços de saúde.

Ademais, a revisão bibliográfica dos principais estudos e teorias sobre gestão em saúde pública e planejamento estratégico é fundamental para compreender como essa ferramenta pode ser implementada na prática e quais são os resultados esperados. A partir das entrevistas com profissionais da área de saúde que os autores mencionados chegaram a realizar, foi possível identificar as principais dificuldades e desafios na implementação do planejamento estratégico e as melhores práticas na gestão em saúde pública. Isto é, “O processo participativo mostrou-se uma importante ferramenta para identificar necessidades, elaborar e implementar planos de ação, além de promover a integração entre os diferentes atores envolvidos na gestão da saúde” (ALBUQUERQUE et al, 2017, p. 247).

Em outros termos, interpretamos que o monitoramento e avaliação das ações também são essenciais para garantir a efetividade do planejamento estratégico na gestão em saúde pública.

É necessário acompanhar a execução das metas e objetivos propostos, avaliar o desempenho das equipes de saúde e a satisfação da população em relação aos serviços oferecidos, ou seja, “o planejamento em saúde é essencial para a organização dos serviços e para garantir a efetividade das ações de prevenção, promoção e tratamento da saúde” (FRANCO; MERTHY, 2010, p. 524).

A partir desse acompanhamento, é possível identificar pontos críticos e tomar medidas para corrigir possíveis falhas e melhorar continuamente a qualidade do atendimento em saúde pública. Em resumo, o planejamento estratégico é uma ferramenta fundamental para garantir a efetividade da atenção em saúde e o bem-estar da população.

A esse respeito, compreendemos pelos apontamentos de Vieira e Domingues (2018), que na discussão deles abordam a importância da alocação adequada de recursos financeiros, sobretudo na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), fazem-nos apreender que a implementação de um modelo de avaliação de custo-efetividade para auxiliar na tomada de decisão sobre investimentos em saúde, sobretudo no Amazonas. A região ribeirinha do Brasil, por exemplo, apresenta um cenário complexo quando se trata de políticas de saúde e gestão pública. Segundo dados do Ministério da Saúde de 2013, mas que pouco mudou em um cenário atual, visualiza-se que, a região possui uma das maiores concentrações de populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica e, consequentemente, maiores índices de morbidade e mortalidade.

Devido às características geográficas e logísticas, o acesso aos serviços de saúde é precário, especialmente em áreas remotas, tornando ainda mais desafiadora a gestão pública em saúde nesta região.

Outra pesquisa realizada, agora por Cunha et al (2019), eles mostraram que as políticas de saúde implementadas na região ribeirinha têm sido insuficientes para atender às demandas da população, ou seja, ao que se refere à gestão e ao planejamento, porque falta uma integração efetiva entre os governos (União, Estado e Município).

Ao interpretar e comentar essa situação, Costa et al. (2017), afirmam que é emergente a implementação de políticas de saúde que atendam às especificidades da população ribeirinha e é um desafio que exige o envolvimento das comunidades locais.

Nesse cenário, colabora para uma gestão eficaz e um planejamento objetivo, sem indicativos de prejuízos ao gasto público. Em suma, “a implementação de políticas de saúde que atendam às especificidades da população ribeirinha é um desafio que exige o envolvimento das comunidades locais, além da alocação de recursos adequados para a melhoria da infraestrutura e da oferta de serviços de saúde” (COSTA et al, 2017, p. 102).

Nas palavras desses autores, “Cada real a mais investido em saúde deve produzir mais saúde, isto é, deve ser um investimento que gere um retorno em termos de saúde, em termos de anos de vida salvos, em termos de anos de vida saudáveis salvos” (VIEIRA; DOMINGUES, 2018, p. 56). Essa afirmação deles vem ao encontro sobre a necessidade de um bom planejamento na gestão de políticas públicas quando pensamos em saúde pública.

Em suma, apreendemos que esses autores concordam na afirmação ou constatação de que as políticas de saúde na região ribeirinha são insuficientes para atender às demandas da população, principalmente por falta de integração efetiva entre os governos. Além disso, a implementação de políticas de saúde que atendam às especificidades da população ribeirinha significa a melhoria da infraestrutura e oferta de serviços de saúde.

É necessário que haja uma reflexão crítica sobre a gestão pública na região ribeirinha e a necessidade de uma atuação mais eficaz dos governos na implementação de políticas de saúde que atendam às demandas da população, com base em um planejamento estratégico bem elaborado e recursos adequados. 

Em outros termos, a afirmação de que “cada real a mais investido em saúde deve produzir mais saúde” ressalta a importância de um bom planejamento na gestão de políticas públicas, visando a obtenção de um retorno em termos de anos de vida saudáveis salvos.

Ademais, Silva et al. (2020), em pesquisa realizada, abordam ainda a importância da alocação de recursos para o enfrentamento da COVID-19 no Brasil, em um cenário mais contemporâneo, e discutem estratégias para otimização do uso de recursos disponíveis para prevenção, educação e controle, como também a tomada de decisões baseadas em evidências científicas.

É pontual ainda ressaltar que a pandemia da COVID-19 expôs as fragilidades da gestão e do planejamento na saúde pública não só no Brasil, mas em muitos países do mundo. Diante dessa observação, devemos entender que a alocação inadequada de recursos, como também a falta de coordenação entre os governos, a falta de preparação para lidar com uma crise de saúde pública e a desinformação são alguns dos problemas que têm afetado a resposta à pandemia estiverem presentes na realidade amazônica.

Como exemplo, inserem-se nessa discussão a necessidade de boa gestão e eficaz planejamento na saúde. Isto é: “A alocação de recursos é um processo complexo e dinâmico que envolve a avaliação da disponibilidade e adequação dos recursos, da efetividade das intervenções e do contexto em que a intervenção será implementada” (SILVA et al., 2020, p. 3).

É importante não esquecer que o planejamento estratégico permite uma gestão mais eficiente e efetiva dos serviços de saúde, promovendo a equidade no acesso aos cuidados e contribuindo para o bem-estar da população. Nessa perspectiva, a implementação do planejamento estratégico é essencial para garantir a efetividade da gestão em saúde pública e a satisfação dos usuários.

4. Considerações Finais

A problemática que estimulou esta pesquisa centrou-se na necessidade de compreender como o planejamento estratégico pode ser efetivamente aplicado na gestão em saúde pública, especialmente na região amazônica, onde desafios únicos são impostos pela diversidade geográfica e cultural. Este estudo buscou desvendar como essa abordagem poderia melhorar os serviços de saúde oferecidos à população mais vulnerável, considerando as desigualdades existentes no acesso aos serviços de saúde.

Os objetivos da pesquisa foram plenamente alcançados. A análise enfatizou a importância do planejamento estratégico na gestão da saúde pública, demonstrando que esta ferramenta não é apenas um componente administrativo, mas sim um mecanismo vital para definir estratégias específicas que atendam às necessidades da população amazônica, diminuindo as desigualdades e promovendo uma abordagem mais humanizada e eficaz. 

Conclui-se que o planejamento estratégico na gestão em saúde pública é fundamental para a eficácia dos serviços oferecidos, especialmente na Amazônia. Ele permite não só a definição de prioridades e alocação de recursos, mas também a integração de diferentes áreas da saúde e a participação ativa da comunidade na formulação de soluções para os problemas identificados.

Ainda se pode concluir que a implementação eficaz desta ferramenta exige a garantia de condições adequadas para a atuação dos profissionais de saúde, transparência e prestação de contas, e a necessidade de políticas públicas adaptadas à realidade local. Estas medidas são essenciais para superar os obstáculos existentes e promover a equidade no atendimento, bem como para garantir a sustentabilidade do sistema de saúde e a melhoria contínua na qualidade da atenção à saúde.

Como sugestão de pesquisas futuras, destaca-se a necessidade de analisar o impacto de intervenções específicas baseadas no planejamento estratégico na saúde pública amazônica. Isto inclui a avaliação da eficácia de programas de capacitação de profissionais de saúde, a implementação de tecnologias inovadoras em saúde, e o desenvolvimento de parcerias para a integração de diferentes níveis de atenção à saúde. Adicionalmente, seria valioso explorar o impacto das políticas de saúde adaptadas à realidade local sobre os indicadores de saúde da população ribeirinha, ampliando o escopo para entender como as estratégias de planejamento podem ser aprimoradas para atender de forma mais eficiente e eficaz às necessidades das comunidades amazônicas.

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1Mestranda em Saúde Pública pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Especialista em Saúde Pública com ênfase em saúde da família pela Faculdade Iguaçu.  Especialista em saúde Coletiva e ESF pela Faculdade Iguaçu.  Especialista em Enfermagem em Atenção Primária à Saúde pela Faculdade Iguaçu. Especialista em Enfermagem em Saúde da Família pela Faculdade Iguaçu. Especialista em Urgência e Emergência pela Faculdade Literatus (UNICEL). Bacharel em Enfermagem. Atualmente é Analista em Enfermagem da Prefeitura Municipal de Manaus e servidora civil no Hospital Militar do Exército Brasileiro. Tem experiência na área de Enfermagem. Possui experiência na área de Saúde Pública, Saúde Materno-Infantil, na assistência e gestão de enfermagem. Tem 18 (dezoito) anos de serviço em atividade de enfermagem. É autora e organizadora de livros técnicos e acadêmicos. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3677-1985;

2Especialista em Direito Militar pela Universidade Cruzeiro do Sul – SP. Bacharel em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul. Bacharel em Segurança Pública pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. Oficial da Polícia Militar do Estado do Amazonas, atuando principalmente nos seguintes temas: polícia comunitária; redução da criminalidade e política criminal; ronda escolar; defesa dos direitos humanos. Tem 14 (quatorze) anos de serviço em atividade militar. É autor e organizador de livros técnicos e acadêmicos;

3Especialista em Política e Gestão em Segurança Pública pela Faculdade Única de Ipatinga  – Manaus/Am (2022). Especialista em Educação Física Escolar pela Faculdade La Salle – Manaus/Am (2016). Possui graduação em Licenciatura em Educação Física pela Faculdade La Salle – Manaus/Am (2013). Bacharel em Direito pela Universidade Luterana do Brasil – Manaus/Am (2021). Cabo da Polícia Militar do Amazonas;

4Especialista em Segurança Pública pela Facuminas Faculdade. Especialista em Planejamento Governamental e Orçamento Público pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Bacharel em Ciências Contábeis pela Escola Superior Batista do Amazonas (ESBAM). Atualmente, se dedica a diversos cursos de formação complementar nas áreas de segurança pública e direito. Também é autor de diversos trabalhos acadêmicos nas áreas de segurança e administração pública. Atualmente é Sargento da Polícia Militar do Estado do Amazonas. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3404-5066.

5Especialista em Gestão Pública aplicada à Segurança pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. Especialista em Inteligência Policial pela Faculdade Literatus (UNICEL). Especialista em Ciências Jurídicas pela Universidade Cruzeiro do Sul – SP. Especialista em Inteligência Estratégica pela Faculdade DAMAS – PE. Possui graduação em Segurança Pública pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA e em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul – SP. Major da Polícia Militar do Estado do Amazonas.