GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: PREVENÇÃO DE PERDAS EM OBRAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202503091917


João Clever da Silva Mendonça


RESUMO

Os resíduos da construção civil e demolição (RCD) são todos os resíduos provenientes de construções, reformas, reparos ou demolições. Por ser produzido em um setor no qual convivem diferentes técnicas e metodologias de produção, cujo controle da qualidade do processo produtivo é recente, as características são relevantes, no sentido de diagnosticar e contribuir com a melhor metodologia e suas ferramentas de manejo. Expor ideias e soluções para a destinação de resíduos da construção civil e ter como objetivo esclarecer os procedimentos necessários desde o gerador dos resíduos até a destinação final conforme a Resolução CONAMA n° 307/2002 e obrigatoriedade do PGRCC para os grandes geradores , assim definidos conforme regulamentação especifica e abordar a reciclagem e lucros dos resíduos ao destinador final privado, que cobram altos valores aos geradores que não recebem nenhum incentivo ou uso resíduo reciclado em suas obras . Este trabalho foi conduzido por meio de pesquisa bibliográfica exploratória e descritiva realizada a partir do levantamento de artigos científicos e dissertações indexados na base de dados no Google Acadêmico, além de livros relacionados ao tema de gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil. Foram buscados artigos de 2018 a 2023. A gestão de resíduos e a prevenção a perdas em obras surgem como pilares fundamentais para uma abordagem mais sustentável e eficiente na indústria da construção. Ao longo deste estudo, fica evidente que a adoção de estratégias integradas nessas áreas não apenas atende às demandas contemporâneas de responsabilidade ambiental, mas também contribui significativamente para a eficiência operacional e financeira.

Palavras-chave: Resíduos; Gestão; Perdas; Obras.

1 INTRODUÇÃO

O constante aumento populacional e a consequente mudança dos padrões de consumo da sociedade têm causado impactos pela desenfreada geração de resíduos, que pode levar a colapsos ambientais, econômicos e sociais. Uma das indústrias que contribui para essa condição é a da construção civil a indústria da construção civil é um dos principais impulsionadores da economia de um país, tendo considerável contribuição para seu produto interno bruto (PIB), além de ter um significante impacto na geração de renda nas economias locais e regionais, através da construção dos seus projetos de desenvolvimento de estrutura urbana (SILVA et al., 2020).

Os resíduos da construção civil e demolição (RCD) são todos os resíduos provenientes de construções, reformas, reparos ou demolições. Por ser produzido em um setor no qual convivem diferentes técnicas e metodologias de produção, cujo controle da qualidade do processo produtivo é recente, as características são relevantes, no sentido de diagnosticar e contribuir com a melhor metodologia e suas ferramentas de manejo. Assim, a composição e quantidade produzidas dependem diretamente do estágio de desenvolvimento da indústria de construção local e da fase da obra (fundação, estrutura, alvenaria ou acabamento). (MIRANDA et al., 2019).

A crescente geração de resíduos é um dos principais problemas de gestão ambiental na atualidade e, com a expansão do consumo da população e das atividades produtivas, a geração de resíduos é ainda maior, causando problemas de cunho social, econômico e ambiental representando, dessa forma, uma problemática de repercussão coletiva (SIRTOLI, 2019). A resolução também determina a elaboração de um plano integrado de gerenciamento de RCC, cabendo aos municípios buscar soluções para gerenciar os pequenos volumes de resíduos e, da mesma forma, o disciplinamento dos agentes geradores de resíduos de grande porte, por meio da elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (PGRCC). A elaboração do PGRCC deve levar em consideração a legislação municipal, estadual e federal, ou seja, pode apresentar especificidades em função do local de realização da construção (SIRTOLI, 2019)

Os resíduos da construção civil, ou entulhos, como são comumente chamados, são quaisquer materiais de uma obra considerados como lixo, por não terem mais utilização ou aproveitamento. São o resto de tudo que não é mais utilizado e, atualmente, representam mais da metade de todo o lixo gerado no Brasil. Com suma importância para qualquer obra civil, isso porque além de atender as exigências dos órgãos ambientais e fiscalizadores, tem impacto direto nos custos a serem apresentados. Uma correta destinação e aproveitamento dos resíduos pode garantir certificações e evitar custos extras com novas compra as de materiais que podem ser reaproveitados e reutilizado na própria obra.

Expor ideias e soluções para a destinação de resíduos da construção civil e ter como objetivo esclarecer os procedimentos necessários desde o gerador dos resíduos até a destinação final conforme a Resolução CONAMA n° 307/2002 e obrigatoriedade do PGRCC para os grandes geradores , assim definidos conforme regulamentação especifica e abordar a reciclagem e lucros dos resíduos ao destinador final privado, que cobram altos valores aos geradores que não recebem nenhum incentivo ou uso resíduo reciclado em suas obras . Objetivos específicos: Esclarecer práticas atuais de gerenciamento de resíduos; Expor ideias para que as empresas da construção civil obtenha um retorno maior com a reciclagem da geração de seus próprios resíduos e possa utilizar uma porcentagem em suas próprias obras como forma de incentivo a reciclagem e redução custos com materiais.

1.3 REFERENCIAL TEÓRICO

1.3.1  Gestão de resíduos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) promulgada na Lei Nº 12.305/2010, estabelece um conjunto de diretrizes que são essenciais para o gerenciamento integrado e adequado dos resíduos sólidos gerados no país e possibilita, dessa forma, os avanços necessários na criação de estratégias para o enfrentamento dos problemas econômicos, sociais e ambientais ocasionados por tais resíduo (SILVA et al., 2020).

Entende-se por resíduos sólidos os resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (NBR 10004:2004). Um dos propósitos da PNRS é internalizar custos e responsabilidades para os fabricantes e consumidores. Nesse contexto, a PNRS determina como seu principal pilar a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto que é definida como (SILVA et al., 2020).

Os resíduos podem ser classificados de duas formas: quanto à origem e quanto a periculosidade. Essas classificações são apresentadas nos Tabela 1 e 2, por conseguinte, a literatura que tratou da PNRS no período de 2018 a 2023 foi avaliada e seus principais objetivos estão explanados na tabela 3.

Tabela 1. Classificação dos Resíduos Sólidos quanto à origem

Fonte: (Adaptado pelo Autor, Silva et al., 2020).

Tabela 2. Classificação dos Resíduos Sólidos quanto à periculosidade

Fonte: (Adaptado pelo Autor, Silva et al., 2020).

Através da análise da literatura sobre a PNRS pode-se perceber que apenas o estudo de Da Paz,et al.,(2018) lidou com resíduos da construção civil, avaliando os seus riscos ambientais. Contudo, esses autores não avançaram no estudo do gerenciamento adequado de resíduos da construção civil no sentido de identificar os seus fatores críticos de sucesso, o que ratifica a originalidade desse estudo. São de especial interesse para esse estudo as formas de seu manejo adequado que são detalhadas na resolução nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Sobre a perspectiva dessa resolução, também não foram identificados estudos que tratassem da temática dos FCS para o gerenciamento de RCC. Dessa forma, esse estudo contribui para essas lacunas

Tabela 3. Artigos sobre a PNRS no período de 2018-2023

Fonte: (Adaptado pelo Autor, Silva et al., 2020).

São considerados resíduos da construção civil materiais considerados como entulhos nas obras, tais como:

No Brasil, a lei de nº 12.305/2010 expõe a necessidade da criação de planos de gestão de resíduos nos diversos âmbitos da federação, tornando evidente a necessidade de elaboração de políticas intermunicipais para a gestão integrada de resíduos. A Lei 12.305/2010 diz que: Na gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte prioridade: não geração, redução, reciclagem, tratamento e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

No CONAMA, temos a resolução de Nº 307/2002 : Ela classifica os Resíduos da Construção Civil em quatro fases e tipos distintos, cada um de acordo com a possibilidade de tratamento e/ou destinação adequada. Contudo, o destino não é tratado com exatidão, devendo ser do município este papel. Pela resolução do CONAMA, de número 307 ART. 3º classifica estes resíduos da seguinte forma (CRUZ et al., 2019):

Classe A

São os resíduos da construção civil reutilizáveis ou recicláveis como agregados, são exemplos materiais:

  • De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
  • De construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
  • De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras.

Os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, como por exemplo de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e outras obras de infraestrutura, inclusive solos de terraplenagem. Também podem ser de reparos de edificações como componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento), argamassa e concreto. Ou ainda de processo de fabricação ou demolição de peças pré-moldadas em concreto como blocos, tubos, meios-fios, entre outros. E ainda devem ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou destinados a aterros sanitários, onde deverão ficar dispostos de modo que permita sua reutilização ou reciclagem futuramente (CRUZ et al., 2019).

Classe B

São resíduos da construção civil recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e gesso. resíduos recicláveis como plásticos, papel/ papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens de tintas vazias e gesso (CONAMA, 2015). Também deverão ser reutilizados, reciclados ou destinados a áreas de armazenamento temporário, e deverão estar dispostos de modo que permita sua reutilização ou reciclagem futuramente (CRUZ et al., 2019)

Classe C

São os resíduos da construção civil para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação. São exemplos de resíduos da classe Cos: sacos de cimento e argamassas, espumas expansivas, fitas de amarração de blocos de concreto, telas de proteção, dentre outros.

Os resíduos que ainda não têm alguma tecnologia ou aplicação economicamente viável que possibilite sua reciclagem ou recuperação, e se tratando de sua destinação, deverão ser realizadas conforme as normas técnicas específicas.

Classe D

São resíduos da construção civil perigosos, oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos ou demais materiais contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e objetos que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

OS resíduos perigosos como tintas, solventes, óleos e outros. Ou ainda que estejam contaminados, provenientes de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais, materiais que contenham em sua composição amianto ou qualquer outro material prejudicial à saúde. E quanto a sua classificação deverão ser armazenados, transportados e designados em conformidade com as normas técnicas específicas

Podemos observar o quanto o meio ambiente se torna cada vez mais importante nos dias atuais, o ele sofre impactos, que sobrecarregam nosso ecossistema. Meu projeto de pesquisa falou sobre o gerenciamento e conflitos de resíduos na CTR de Seropédica, foram abordados métodos de gerenciamento e conflitos com base nessa temática. Com a confecção desse estudo podemos notar, o grande avanço que a Central de Tratamento de Resíduos traz para o meio ambiente.

É um empreendimento projetado para atender uma grande demanda de resíduos, prevendo assim uma vida útil deste local de mais uns 20 anos. Para a construção dessa Central de Tratamento, foi feito um projeto para ser seguido de acordo com os meios favoráveis ambientais, entretanto existe uma extrema preocupação, com o seu funcionamento, por ter sido construído em cima do Aquífero Piranema, que com isso pode- se acontecer uma série de danos, caso ocorro um vazamento de chorume. Tratando- se da exploração da areia, esse “negócio” traz um impacto ambiental grande para o município, pois após terminar a 15 exploração, é deixado um buraco com conexão direta com o lençol freático, fato que pode contaminá-lo, trazendo malefícios e transtornos para a população em relação ao uso de água.

O resíduo é de extrema importância para a sociedade, pois ele sempre esteve e estará presente nela, diante do nascimento a sua morte, o ser humano com esse trajeto deixa suas marcas no meio ambiente. Entretanto foram décadas que se passavam e a questão dos resíduos não era discutida, e com isso foi-se prejudicando a cada dia mais a questão de não se ter uma Central de Tratamento para o mesmo. Enfim a partir da década de 70, começaram- se a discutir sobre de fato o quão viável e importante para o meio ambiente ele é.

Cada resíduo deve ter seu local certo, para seu tratamento, pois eles passam um risco ao equilíbrio ambiental, para evitar esses danos procedentes desta atividade, é necessário o local adequado, pois o mesmo é responsável pela degradação ambiental da área de influência. A técnica de disposição dos RSU no solo é a mais empregada em termos globais, por construísse uma técnica de baixo custo. O acúmulo de resíduos vem aumentando em todo o planeta e já é o maior causador da degradação ambiental.

Este projeto, da CTR de Seropédica já foi criado com interesses, globais ligados ao desenvolvimento econômico que muitas vezes passam ao largo de questões locais relativas aos impactos locais por ele gerados. Foram identificados os conflitos para esse gerenciamento, em relação a gestão das águas, dado que este trabalho se debruça sobre as competências do comitê de bacia hidrográfica.

A inclusão dos catadores de resíduos sólidos se torna cada vez mais uma prioridade a ser tratada, a inserção das atividades dos catadores no contexto dos referidos serviços públicos enaltece sua importância para o equilíbrio ecológico, além de inaugurar o dirigismo estatal na definição e concretização de políticas públicas para a efetiva inclusão socioprodutiva dos catadores, traz também um método de desenvolvimento sustentável, para esses resíduos.

Se acaso não tiver um catador, acaba gerando uma preocupação com os resíduos sólidos públicos e a caracterização das ações de gerenciamento dos mesmo trazendo os danos ambientais, decorrentes (destinação irregular que pode provocar contaminação dos bens naturais que compõem o patrimônio ambiental, tais como o solo, o ar e a água), e é resultado da necessidade de o Estado ser o protagonista do dever constitucional de proteção ambiental, sob o prisma do Estado Democrático e Social de Direito. Como o site do Ministério de meio ambiente diz:

Os catadores de matérias reutilizáveis e recicláveis desempenham papel fundamental na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), com destaque para a gestão integrada dos resíduos sólidos. De modo geral, atuam nas atividades da coleta seletiva, triagem, classificação, processamento e comercialização dos resíduos reutilizáveis e recicláveis, contribuindo de forma significativa para a cadeia produtiva da reciclagem (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2020).

Como identificamos esses catadores, muita das vezes são pessoas invisíveis pela sociedade, mas que desenvolvem uma tarefa de suma importância para o meio ambiente, os catadores acabam sendo os responsáveis em aproveitar grande parte dos resíduos, que são dispostas de forma inadequado. De acordo com Araújo, (2020) há quatro tipos de catadores, sendo eles: Trecheiro: que vivem no trecho entre uma cidade e outra catando resíduos, basicamente latas, para compra de alimentos; Catadores de Lixão: que se instalam nos lixões ou vazadouros e não possuem jornada fixa de trabalho; Catadores Individuais: que catam por conta própria e preferem trabalhar independentes, percorrendo as ruas das cidades puxando carrinhos; Catadores Organizados: que se estruturam em cooperativas ou ONGs.

Alguns, valores sociais se encontram, através de algum circuito econômico, entretanto alguns conjuntos estão relacionados o da produção material e das trocas, constituindo-se assim em valores econômicos.

Um valor faz parte do outro, no entanto, nem todos os valores, sociais são valores econômicos. Referente a questão ambiental diversos valores são relacionados ao uso dos recursos ambientais, não tendo haver com a motivação econômica, está relacionado a ética de preservação e respeito à vida.

A economia ambiental está relacionada a diversos, valores, sendo assim, um conjunto de valores econômicos correntes, especialmente os de mercado, que, como sabemos, por si só não conduzem ao uso sustentável dos recursos ambientais. Os valores sociais que não são econômicos relativos à conservação ou uso sustentável dos recursos ambientais. Os valores econômicos derivados da apreensão de tais valores sociais não econômicos e da “internalização” destes no conjunto das variáveis econômicas.

Apesar dos valores e julgamentos humanos relativos à conservação e uso sustentável dos recursos ambientais referirem-se a fatos concretos, é todavia algo incerto, relativo e controverso o que sejam tais valores ambientais e quais suas grandezas. Foi entendido, portanto, que, a questão central para a valoração econômica ambiental, definindo os valores sociais positivos relativos à conservação e uso sustentável dos recursos ambientais e como realizar a mediação econômica destes para a determinação de seus valores econômicos normativos correspondentes.

A economia neoclássica, foi fundada dentro dos princípios do individualismo Metodológico, Utilitarismo e Equilíbrio, fica entendido então o bem estar como finalidade ou prioridade última das relações econômicas e como fundamento último das grandezas econômicas e da Utilidade. O Bem Estar, a rigor, é uma categoria não econômica, que na visão neoclássica denomina e resume, pela perspectiva do indivíduo, o conjunto das categorias não econômicas expressas nos valores sociais em geral.

Conforme foi discutido em Amazonas entre (1998 e 2001), mostra-se uma grande limitação relacionado aos vários elementos de valores sociais, como o que estão relacionados ao meio ambiente e aos valores sustentáveis, que não podem ser devidamente apreendidos nos marcos do comportamento dos indivíduos. Existe aqui um comportamento de transgressão da hierarquia, que existe em tratar-se o conjunto mais geral dos valores sociais por meio das categorias pertencentes a um subconjunto específico seu, qual seja, o dos valores econômicos subjetivos dos indivíduos.

Essa teoria neoclássica é baseada, na do bem estar, e dos bens públicos, correspondendo e dando importância ao valor ambiental, dando utilidade ou preferências que os indivíduos atribuem ou associam, em termos monetários (sua disposição-a-pagar), aos bens, serviços, amenidades ou de amenidades ambientais.

1.4  METODOLOGIA

Este trabalho foi conduzido por meio de pesquisa bibliográfica exploratória e descritiva realizada a partir do levantamento de artigos científicos e dissertações indexados na base de dados no Google Acadêmico, além de livros relacionados ao tema de gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil. Foram buscados artigos de 2018 a 2023.

Trata – se de estudo de caso, visto que este método é considerado altamente rico sob o ponto de vista didático. Dessa forma, o estudo de caso foi a alternativa expositiva escolhida para apresentar o equacionamento das soluções dos conflitos que o envolvem.

O presente trabalho foi dividido em cinco capítulos:

No capítulo 1 foi feita a introdução do mesmo, composta por uma breve apresentação do tema, sua justificativa, seus objetivos gerais e específicos, e a metodologia do trabalho. No capítulo 2 tem-se o desenvolvimento teórico que será dividido em seis sub tópicos. No capítulo 3 traz o desenvolvimento do estudo baseado nas pesquisas bibliográficas. No capítulo 4 traz os resultados e discussão acerca da análise da obra escolhida. No capítulo 5 traz as considerações finais acerca do tema proposto.

2  PREVENÇÃO DAS PERDAS

Com base nas informações da Noventa (2023), para que a obra seja eficiente e lucrativa é importante que a gestão disponha de um bom planejamento, consiga acompanhar os resultados e tenha uma boa interação entre os setores. Olhando assim parece até uma missão impossível de se concretizar, mas você verá que não: desde que você utilize o recurso certo.

Desenvolver uma rede de cadeias e ciclos das perdas na construção civil, identificando por exemplo, que todas as categorias possuem uma relação de causa- efeito, não apenas com o desperdício de materiais e de capital, mas também com outros tipos de perda.Outro estudo relevante que busca analisar a relação de causa e efeito entre essas três categorias de perdas foi o proposto por Scaramussa (2017), no qual a autora indica que elas possuem causas comuns, o que implica emuma relação de desencadeamento de uma perda em detrimento da outra.

Para otimizar custos com perdas de mão de obra, matérias, matéria-prima e projetos, a Noventa acredita que esteja relacionado com um bom planejamento de gerenciamento, tanto no campo e no escritório.

2.1  Cuidados para a prevenção de desperdicios

Existem alguns cuidados que podem ser adotados para prevenir estas perdas e evitar surpresas desagradáveis, sendo eles:

Figura 1. Conscientização do uso de materiais

Fonte: Casashow, 2023

2.1.1 Faça um planejamento detalhado

Independente do projeto. É de suma importância o planejamento do mesmo. É uma forma de relacionar o que vai ser utilizado de materiais, a mão de obra que será preciso contratar e em quanto tempo será possível concluir a reforma ou construção.

Uma construção ou projeto que não obtiver um planejamento tem um alto índice de desperdício, como problemas nas compras e erros nas contratações de profissionais.

2.1.2 Compra adequada de Materiais

Com o planejamento em mãos você vai saber exatamente a quantidade de material que precisará para concluir o trabalho. Mas não precisa comprar tudo de uma vez. Lembre-se que imprevistos podem modificar os rumos do trabalho e alterar a previsão inicial.

O ideal é ir adquirindo os insumos à medida que a obra avança. Assim você não compra nada em excesso e nem tem problemas com o armazenamento. Uma boa prática é adquirir os materiais a cada semana.

2.1.3 Local adequado para o armazenamento

É importantíssimo o local adequado para o material da obra pois, boa parte das perdas de materiais ocorre devido ao mal armazenamento ou pelo transporte inadequado. Mal acondicionadas, as telhas se quebram e o cimento se danifica com a umidade.

Estes são apenas alguns exemplos de perdas. Antes de iniciar a obra prepare o local para guardar os materiais e evite trocá-los de lugar a toda hora. Isso é um prato cheio para o desperdício.

2.1.4 Conscientização da Equipe

O fator humano também pesa para o desperdício na obra. A maioria das vezes por simples desconhecimento por parte dos trabalhadores quanto às melhores práticas para evitá- lo. Explicar o que pode ser feito para evitar as perdas é outra medida indispensável.

Treinar os profissionais para que sejam mais responsáveis e conscientes ajuda a aproveitar melhor o material da obra. Os processos em uma obra requerem profissionais capacitados, que entendam as etapas e instruções de execução de cada parte do projeto. Quanto mais qualificados e experientes forem os colaboradores, maior será a fidelização com o cronograma, auxiliando também no controle de perdas na construção.

2.1.5 Importantíssimo a conscientização da reciclagem

Muitas construtoras já contam com um programa próprio para reciclagem de resíduos. Assim, todas as sobras de tijolos, gesso, cimento e peças de metal são reutilizados e transformados novamente em matéria-prima, que pode ser utilizada em diversas etapas da construção, desde a fundação até o piso. Em uma obra, vários materiais excedentes, como plásticos, madeiras e até o cimento podem ser reaproveitados. Mas para isso é preciso montar uma estrutura básica para separá-los e armazená-los.

Caçambas exclusivas para separar este tipo de material ajuda a organizá-los. Assim, além de diminuir as perdas, sua obra fica ambientalmente mais sustentável. Em uma reforma ou construção, são muitos os fatores que podem gerar perdas. Estas, por sua vez, trazem prejuízos e podem até comprometer o resultado final. Previna-se contra o desperdício na obra com planejamento adequado.

2.1.6 Tempo de rotação de estoques

A rotação de estoque é uma medida que mostra quanto tempo uma obra precisa para acabar com o estoque de um insumo e precisa repô-lo. Ou seja, quando as entradas e saídas não são devidamente controladas, o resultado é o desperdício de materiais.

2.1.7 Percentual de tempos improdutivos em relação ao tempo total

Esse indicador avalia a proporção entre as horas totais do expediente e aquelas que realmente foram produtivas. Quanto maior a diferença, mais grave é a situação, pois isso indica que não há um equilíbrio e os trabalhadores estão tendo muito tempo ocioso

2.1.8 Horas-homem gastas em retrabalho em relação ao consumo total

Esse indicador é medido somando homens-horas (hh) gastos, dividido pela quantidade de serviço executado. Ele ajuda a medir a produtividade de cada equipe ou funcionário e o esforço gasto em retrabalhos. Dessa forma deve-se evitar o retrabalho.

2.1.9 Espessura média de revestimentos de argamassa

A alta variabilidade na espessura dos revestimentos de argamassa é um indicador de desperdício de material. Um estudo da Enegep mostrou que o índice de desperdício de argamassa no canteiro de obras resulta em um valor médio 66% acima do previsto no planejamento. Isso faz da argamassa um dos materiais que mais sofre perdas na construção civil.

3. A IMPORTÂNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

Nos dias atuais, é crescente a necessidade de ter um canteiro com um maior nível organizacional. Por conta disso, é muito comum ouvirmos com frequência o termo layout de produção. Quanto menores forem as distâncias de transporte de materiais, diminuem também as chances de mal uso dos recursos. Além disso, a localização dos estoques e do almoxarifado são cruciais para aumentar a produtividade e reduzir o tempo ocioso.

A intenção de um layout do canteiro bem pensado é aumentar a eficiência das etapas dentro dos projetos, trazendo maior autonomia e dinamicidade para as atividades que estão sendo executadas. Para isso, a construtora deve ter procedimentos padronizados, segundo as normas técnicas, para que o trabalho flua com rapidez e qualidade. O recebimento, o armazenamento e o deslocamento dos materiais devem ser planejados.

Nesse contexto, vale contar com o apoio da tecnologia para monitorar as condições de trabalho. O uso de indicadores pode ser muito útil para se averiguar níveis de perdas e de fazer eventuais correções em caso de baixo desempenho.

3.1 Central de produção

O ciclo de produção e os equipamentos de transporte da argamassa estão diretamente relacionados à organização do canteiro de obras. Essa organização requer o estudo e o estabelecimento do local de armazenagem dos materiais, do local de produção da argamassa e do seu transporte até o local de aplicação, de forma a proporcionar o adequado andamento dos serviços. No caso da argamassa preparada em obra, é aconselhável que seja projetada uma central de produção, com número de equipamentos de mistura adequado ao volume diário de consumo e próxima ao equipamento de transporte vertical que vai levar a argamassa até o seu ponto de aplicação na fachada. Essas definições devem constar do projeto.

Para a argamassa industrializada e fornecida em sacos é ideal que sejam empregadas argamassadeiras para a mistura da argamassa nos próprios pavimentos do edifício, correspondentes ao local da fachada onde está sendo executado o revestimento, eliminando-se a necessidade de organização de uma central de produção. Essa argamassadeira desloca-se para cada pavimento à medida que a execução do revestimento vai avançando. A argamassa fornecida em silos dispensa a organização de uma central de produção

3.2 Armazenamento de materiais

Todos os materiais utilizados para a produção da argamassa devem estar armazenados adequadamente e próximos a central de produção. A norma NBR 7200 (ABNT, 1998), determina a forma de armazenagem dos diversos materiais que compõem as argamassas. No caso dos agregados, por exemplo, essa norma define que os mesmos devem ser estocados em compartimentos separados de acordo com a natureza e classificação granulométrica, tais como a areia grossa e a areia fina. Quanto aos materiais fornecidos em sacos, tais como a cal hidratada, o cimento e as argamassas industrializadas, estes devem ser estocados no almoxarifado ou em um local coberto e fechado, sobre um tablado de madeira.

É bastante comum encontrar canteiros de obras desorganizados, onde os materiais e máquinas são estocados sem nenhum critério ou cuidado. Nesse processo, boa parte dos materiais perde suas características originais, quebra, resseca e se torna impróprio para aplicação.

Por isso, é fundamental organizar o layout do canteiro de obras e o armazenamento de acordo com o tamanho, tipo, quantidade e local de utilização de cada material. Sacos de cimento, por exemplo, devem ficar próximos do local de utilização, já que o transporte para outro lugar tomaria tempo extra dos funcionários. Confira aqui algumas dicas sobre armazenamento de materiais que podem na organização das obras.

A organização desses materiais deve observar a sua utilização segundo a ordem de compra, para que sejam utilizados dentro do prazo de validade. Assim, no caso da argamassa industrializada, esse material deve estar armazenado adequadamente e próximo à argamassadeira, ocorrendo a diminuição das áreas de armazenagem, uma vez que não é preciso armazenar individualmente cada um dos materiais componentes da argamassa, mas somente os sacos de argamassa. E, no caso da argamassa fornecida em silos, também ocorre uma diminuição das áreas de armazenagem porque todos os materiais constituintes da argamassa ficam armazenados no próprio silo

4 CONCLUSÕES

A gestão de resíduos e a prevenção a perdas em obras surgem como pilares fundamentais para uma abordagem mais sustentável e eficiente na indústria da construção. Ao longo deste estudo, fica evidente que a adoção de estratégias integradas nessas áreas não apenas atende às demandas contemporâneas de responsabilidade ambiental, mas também contribui significativamente para a eficiência operacional e financeira.

A gestão de resíduos, quando aplicada de maneira eficaz, desempenha um papel vital na redução do impacto ambiental associado à construção civil. A minimização de resíduos, a reciclagem de materiais e a reutilização de elementos em obras não apenas aliviam a pressão sobre os aterros sanitários, mas também preservam recursos naturais e reduzem a pegada de carbono da indústria da construção.

A prevenção de perdas em obras não se limita apenas à redução de resíduos, mas também abrange uma abordagem mais ampla para evitar desperdícios de recursos, tempo e dinheiro. A identificação e mitigação de fontes potenciais de perdas, seja através da otimização de processos construtivos, do gerenciamento eficiente de estoques ou da capacitação da equipe, resulta em uma operação mais eficiente e econômica.

A conclusão é reforçada pela necessidade contínua de inovações tecnológicas e educação continuada na indústria da construção. A integração de tecnologias como a construção modular, a modelagem de informações da construção (BIM) e o uso de materiais sustentáveis desempenha um papel crucial na modernização das práticas construtivas, otimizando a gestão de resíduos e a prevenção a perdas.

A colaboração entre todas as partes interessadas, desde os projetistas e construtores até os fornecedores e autoridades reguladoras, é fundamental para o sucesso das estratégias de gestão de resíduos e prevenção a perdas. A comunicação eficaz e a cooperação ao longo de toda a cadeia de suprimentos possibilitam a implementação de práticas mais sustentáveis e eficientes.

A conclusão final destaca a importância de promover uma cultura sustentável dentro da indústria da construção. Isso envolve não apenas a implementação de políticas e práticas sustentáveis, mas também a promoção de uma mentalidade que valorize a responsabilidade ambiental e a eficiência operacional em todos os níveis da organização.

Em resumo, a gestão de resíduos e a prevenção a perdas não são apenas componentes isolados da construção sustentável, mas sim partes integrantes de uma abordagem holística para o desenvolvimento e a execução de projetos de maneira responsável e eficiente. Ao adotar e aprimorar constantemente essas práticas, a indústria da construção pode desempenhar um papel crucial na promoção de um ambiente construído mais sustentável e resiliente.

REFERÊNCIAS

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