GESTÃO DE ENFERMAGEM NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI)

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202408161527


Manoel Pereira da Silva Junior; Ianne Roberta Sales dos Santos; Therezinha de Paula da Silva de Oliveira; Andrea Cordeiro da Silva; Emerson Matheus Silva Pereira; Natália Almeida de Oliveira; Mayná Kallayne da Silva; Fernanda Maria Lage Silva; Fernanda Silva Monteiro; Aurélio Molina da Costa.


RESUMO

Introdução: A gestão tem como significado compreender a ação, o pensar e a decisão, desse modo entenderam como a arte de fazer acontecer e obter resultados que podem ser definidos, previstos, analisados e avaliados. Objetivo: O presente trabalho busca compreender a importância e o papel do enfermeiro na gestão da UTI. Metodologia: Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica, com o objetivo de compreender a atuação do profissional enfermeiro, suas competências e funções no gerenciamento em unidades de terapia intensiva (UTI). Resultados: Gerenciar é a ação de gerir, dirigir ou administrar (HOLANDA, 1977), semelhante aos termos gestão ou management. Para Stoner (1992), é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar, sendo esse o trabalho dos membros da organização, tendo em vista alcançar os objetivos estabelecidos. Na enfermagem, o gerenciamento do cuidado se dá nos movimentos ou na dinâmica da prática assistencial, a qual é composta pelo processo de enfermagem: observação, planejamento, execução e avaliação do cuidado prestado. Conclusão: A contribuição desta pesquisa é a de estimular as pesquisas translacionais sobre gestão de UTIs, levando à transformação do conhecimento em ação, fornecendo subsídios que levem às soluções administrativas que resolvam o dilema da saúde que é o de proporcionar qualidade de vida aso clientes, em um modelo de assistência de alta complexidade à população que lá se encontra, baseados em evidências científicas. 

Descritores: Unidades de Terapia Intensiva, Administração Hospitalar, Qualidade de Vida.

Introdução: 

A gestão tem como significado compreender a ação, o pensar e a decisão, desse modo entenderam como a arte de fazer acontecer e obter resultados que podem ser definidos, previstos, analisados e avaliados.

Compreender como o paciente se percebe ao estar internado na terapia intensiva possibilita ao profissional uma postura mais empática e contribui para que possa se planejar e dispensar uma assistência mais individualizada e humanizada, integrando aspectos técnicos aos interpessoais e concebendo neste último também uma forma de cuidado, de recurso terapêutico (SEVERO, PERLINI, 2005). As publicações sobre o tema apontam que os estressores vivenciados pelos pacientes poderiam ser minimizados se houvesse uma equipe de enfermagem mais humana e alerta às falhas contidas no setor e que isso só seria possível se essa equipe trabalhasse em melhores condições (RIBEIRO, SILVA, MIRANDA, 2005).

Segundo Marosti e Dantas (2006, p.7)

Os enfermeiros que trabalham em UTI podem atuar na orientação dos pacientes que estão internados pela primeira vez no ambiente de tratamento intensivo, buscando a diminuição do estresse percebido. O outro aspecto da atuação desses enfermeiros seria a modificação do ambiente minimizando os ruídos e luminosidade dos leitos.

Diante das considerações anteriores, buscou-se com esse estudo compreender a inserção do trabalho em UTI’s que prestam atendimento à pacientes adultos a desvelar os sentimentos advindos desta função.

A Lei do Exercício Profissional nº7498/86, art.11, alínea c, dispõe que o enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe: 1) privativamente – o planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de enfermagem. Assim, desde 1986, o planejamento da assistência é imposição legal e, reforçando a importância e necessidade de se planejar a assistência de enfermagem, a Resolução COFEN nº272/2002 dispõe que a implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) deve ocorrer em toda instituição de saúde, pública e privada, e que as ações privativas do enfermeiro são a implantação, planejamento, organização, execução e avaliação do processo de enfermagem.

Objetivo: 

O presente trabalho busca compreender a importância e o papel do enfermeiro na gestão da UTI.

Material e Método:

Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica, com o objetivo de compreender a atuação do profissional enfermeiro, suas competências e funções no gerenciamento em unidades de terapia intensiva (UTI).

O levantamento bibliográfico foi realizado na biblioteca virtual em saúde na base de dados, caracterizadas como Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde (LILACS) e na Scientifc Eletronic Library Online (Scielo).

Para o levantamento dos artigos, foram utilizados os descritores em Ciências da Saúde (Decs): Enfermagem, Funções, Gestão, UTI. Foram selecionados e combinados de acordo com a base de dados.

Para a amostra dos estudos selecionados na revisão bibliográficas, foram estabelecidos como critérios de inclusão: artigos científicos publicados disponíveis entre os anos de 2009 a 2017, nas bases de dados: Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde (LILACS) e na Scientifc Eletronic Library Online (Scielo).

Como critérios de exclusão os artigos que não estivessem relacionados ao tema. Foram encontrados, 20 artigos sendo selecionados 5 artigos a que compõe a amostra do estudo.

Resultados e Discussões:

TituloAutorAno de publicaçãoTipo de estudoResultados
Gestão em Unidades de Terapia Intensiva Brasileiras: Estudo Bibliométrico dos Últimos 10 AnosHOLANDA1977Estudo bibliométricoEste estudo mostra que predominam as publicações sobre as condições de trabalho da enfermagem e aponta oportunidades de pesquisa na análise de impactos nos custos da UTI, segurança do paciente e condições de trabalho de outros profissionais de saúde, corroborando com a identificação de campos de estudo desconhecidos e/ou de abordagens não utilizadas.
O papel do Enfermeiro na Gestão de Pessoal e os Reflexos na Qualidade de ServiçoCASTRO; RUBEN; SERVA1996Estudo de pesquisa bibliográficaAo analisar as citações do decorrer do trabalho, observou-se que os autores têm varias formas de expressar o gerenciar, o cuidar e o educar, mas mesmo assim comungam pontos de vista sobre o problema. Pode-se ver que o gestor tem papel fundamental no reflexo do atendimento e que todos ganham, pois o atendimento é diferenciado, rápido e bem sucedido, fazendo com que o cliente fique alegre e satisfeito com atendimento, ou seja, pode-se dizer que o bom gestor é o alicerce da boa casa.
Organização do trabalho da enfermagem hospitalar: abordagens na literaturaGAIDZINSKI2004Revisão de LiteraturaÉ possível afirmar que os modelos de organização participativos e a distribuição das atividades pelo modelo de cuidados integrais podem possibilitar a realização do trabalhador no processo de trabalho, bem como o atendimento das reais necessidades dos usuários. Há, portanto, que se construir com base nos elementos já disponíveis, novas formas de organização do trabalho que permitam um fazer seguro, com qualidade, prazer e satisfação, considerando os atores do processo – usuários e trabalhadores.

Gestão da Enfermagem

Gerenciar é a ação de gerir, dirigir ou administrar (HOLANDA, 1977), semelhante aos termos gestão ou management. Para Stoner (1992), é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar, sendo esse o trabalho dos membros da organização, tendo em vista alcançar os objetivos estabelecidos. Na enfermagem, o gerenciamento do cuidado se dá nos movimentos ou na dinâmica da prática assistencial, a qual é composta pelo processo de enfermagem: observação, planejamento, execução e avaliação do cuidado prestado.

A assistência ao paciente feita com excelência e segurança depende de uma liderança que saiba conduzir a equipe multiprofissional, e de um grupo que trabalhe em sinergia; ter conhecimento sobre gestão é essencial para que o profissional de enfermagem possa gerenciar sua equipe com mais segurança.

A função gerencial é um instrumento que permite organizar, política e tecnicamente, o processo de trabalho, com o objetivo de torná-lo mais qualificado e produtivo. Neste contexto, o enfermeiro torna-se um elo de comunicação que objetiva o gerenciamento adequado, conectado às expectativas dos dirigentes da Instituição com as dos trabalhadores da linha operacional. Cabe às Instituições de saúde incentivar e desenvolver o perfil gerencial do enfermeiro, para obter como vantagem, uma prática gerencial sustentada cientificamente, um profissional mais seguro no desempenho de suas atividades, o que colabora para a garantia da qualidade da assistência prestada como também contribui na satisfação profissional e na construção do trabalho em equipe.

O grande avanço do campo científico da administração ocorreu com a formulação da Teoria das Organizações. As teorias do campo científico da administração até então utilizadas, compartilhavam entre si do mesmo objeto, o qual se caracterizava por ser o trabalho do gerente ou o trabalho do subordinado. A Teoria das Organizações altera esse objeto e passa a enfocar as organizações em si mesmas, como lugar próprio das significações institucionais do sócio histórico, cujo trabalho é concebido, realizado e reproduzido seja o do gerente, do técnico ou do operário (CASTRO; RUBEN; SERVA, 1996).

O conhecimento sobre gestão é fundamental para o profissional de enfermagem para que o mesmo possa desempenhar suas atividades. É dele a responsabilidade da administração da assistência em todas as áreas de prestação de serviços desenvolvidas no Hospital. É ele quem planeja, organiza, direciona cobra resultados e avalia os processos de trabalho que envolve a assistência ao cliente/paciente, sempre focado na qualidade e satisfação dos serviços a eles oferecidos.

Com a ênfase na necessidade de reconstrução dos modelos de gestão, estão surgindo novas abordagens gerenciais nos dias atuais, como a gerência participativa e os programas de qualidade que preconizam, dentre outras, a descentralização das decisões e aproximação de todos os elementos da equipe de trabalho, oferecendo a estes oportunidades de participarem efetivamente da discussão e aperfeiçoamento constantes do processo de trabalho. Em outras palavras, é delegada às equipes, autonomia para desenvolver novos projetos e métodos de trabalho, formular políticas de pessoal, bem como sugerir novas diretrizes para a organização (FERNANDES et al; 2003).

A inserção do enfermeiro nesse contexto de mudanças, acompanhando a evolução do mundo globalizado, faz-se necessária para a busca do progresso de seu conhecimento por meio da implantação da política do saber e fazer crítico, que certamente, o tornaria um profissional capaz de resolver desafios do cotidiano (AGUIAR et al; 2005).

Para Gaidzinski et al; (2004), a gerência é como a arte de pensar, de decidir e de agir; a arte de fazer acontecer e de obter resultados. Compreende-se gerenciamento não como um processo apenas científico e racional, mas também como um processo de interação humana que lhe confere, portanto, uma dimensão psicológica, emocional e intuitiva.

Conclusão:

A contribuição desta pesquisa é a de estimular as pesquisas translacionais sobre gestão de UTIs, levando à transformação do conhecimento em ação, fornecendo subsídios que levem às soluções administrativas que resolvam o dilema da saúde que é o de proporcionar qualidade de vida aso clientes, em um modelo de assistência de alta complexidade à população que lá se encontra, baseados em evidências científicas. 

Observa-se que as características intrínsecas da UTI, como a rotina de atendimento mais acelerada, o clima constante de apreensão e as situações de morte iminente, acaba por exacerbar o estado de estresse e tensão, que tanto o paciente, quanto a equipe vivem nas vinte e quatro horas do dia. Esses aspectos adicionados à singularidade do sofrimento da pessoa internada – dor, medo, ansiedade e isolamento do mundo – trazem fatores psicológicos que interagem, muitas vezes de maneira grave na manifestação orgânica de sua doença (SEBASTIANI, 1984 APUD GUIRARDELLO et al., 1999).

Referências Bibliográficas

CASTRO, M. L.; RUBEN, G.; SERVA, M. Resíduos e complementariedade: das relações entre teoria da administração ea antropologia. Rev.Adm.Publ., v. 30, n.3, p.68-80, 1996.

Conselho Federal de Enfermagem. Lei Cofen nº 7.498/86. Regulamentação do exercício de enfermagem. [acesso 14 jul 2010]. Disponível em-09i: http://www.portalcofen.gov.br/ Site/2007/materias.asp?ArticleID=22&sectionID=35.

FERNANDES, M. S. et al. A conduta gerencial da enfermeira: um estudo fundamentado nas teorias gerais da administração. Ribeirão Preto (SP). Revista Latino-americana de Enfermagem, v. 11, n. 4, p. 161-167, 2003.

GAIDZINSKI, R. R.; PERES, H. H. C.; FERNANDES, M. F. P. Liderança: aprendizado contínuo no gerenciamento em Enfermagem. Brasília (DF). Revista Brasileira de Enfermagem, v. 57, n.4, p.464-466, 2004.

GUIRARDELLO, E.B. et al. A percepção do paciente sobre sua permanência em Unidade de Terapia Intensiva. Disponível em: http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/html/481/body/v33n2a03.htm. Acesso em: 29 abril. 2018.

HOLANDA, A, B. Mini Dicionário Aurélio. Rio de Janeiro, 1977. Gardner J.W. Liderança. Rio de Janeiro: Record; 1990.

MAROSTI, C.A., DANTAS, R.A.S. Relação entre estressores e características sócios demográficos e clínicas de pacientes internados em unidade coronariana. Revista LatinoAmericana de Enfermagem, v.14, n.5, p. 1-8, 2006.

RIBEIRO, C.G. et al. O paciente crítico em uma Unidade de Terapia Intensiva: uma revisão da literatura. REME – Revista Mineira de Enfermagem, v.9, n.4, p.371-377, 2005.

STONER, J, A. F. Administração. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1992.

SEVERO, G.C., GIRARDON-PERLINI, N.M. Estar internado em Unidade de Terapia Intensiva: percepção de pacientes. Scientia Medica, v. 15, n. 1, p. 21-29, 2005.