REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10011985
Valdecy Nonato de Souza¹
Odilo Ferreira do Nascimento²
Nathália Martins da Silva Reis Pimentel³
RESUMO
Este artigo abrange em uma pesquisa para a viabilidade um parque de geração energia solar em uma comunidade ribeirinha, na área rural que fica a 11 quilômetros do distrito São Carlos no estado de Rondônia, desenvolvida na disciplina Projeto Integrador, do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário São Lucas – Afya, e estuda efetividade um parque de energia solar com um sistema OFF-GRID (sistema isolado ou sistema autônomo). O artigo objetivou viabilidade do abastecimento energético da comunidade Cavalcante, onde moram 120 (cento e vinte) familias sendo que poucas familias tem acesso a energia elétrica através de geradores com a queima de combustível fóssil, custeado pelos próprios moradores. Pois a comunidade encontra-se isolada do sistema de distribuição de energia elétrica rede pública. Prevalece uma metodologia baseada na revisão bibliográfica descritiva não participativa com foco na pesquisa de campo, sites, livro, revista. Como epílogo foi coletado dados de quantas famílias vivem na referida comunidade, calcular a capacidade de geração de energia, levantar as particularidades do local da instalação dos equipamentos de geração de energia solar, verificar o sombreamento do local, que possa interferir na irradiaçao do módulo fotovoltaico. Foi feito dimencionamento do parque solar visando uma melhora na qualidade de vida das pessoas. Também será considerado que cada casa deve ter o consumo previsto de 200 kwh. Para atender essa demanda o parque solar da comunidade contará com pinéis solares de 325w policristalino e um banco de baterias.
Palavra-chave: geração de energia solar na comunidade Cavalcante, usando o sistema, (OFF- GRID).
ABSTRACT
This article covers in a research for the viability of a solar energy generation park in a riverside community, in the rural area that is 11 kilometers from the district of São Carlos in the state of Rondônia, developed in the discipline Integrator Project, of the Electrical Engineering course of the University Center São Lucas – Afya, and studies the effectiveness of a solar energy park with an OFF-GRID system (isolated system or autonomous system).The article aimed at the viability of the energy supply of the Cavalcante community, where 120 (one hundred and twenty) families live, and few families have access to electricity through generators with the burning of fossil fuel, funded by the residents themselves. Because the community is isolated from the electricity distribution system, public network. A methodology based on non-participatory descriptive literature review prevails with a focus on field research, websites, book, journal. As an epilogue, data were collected from how many families live in the community, calculate the power generation capacity, survey the particularities of the place of installation of solar power generation equipment, verify the shading of the site, which may interfere with the irradiation of the photovoltaic module. It was made a mention of the solar park aiming at an improvement in the quality of life of the people. It will also be considered that each house must have the expected consumption of 200 kwh. To meet this demand, the community’s solar park will feature 325w Polycrystalline solar pins and a battery bank.
Keyword: solar energy generation in the Cavalcante community, using the system, (OFF-GRID).
1. INTRODUÇÃO
Se tratando de energia uma das possibilidades é a energia solar fotovoltaica, pois ela é caracterizada como uma fonte energética não poluente, sustentável. Segundo (PINHO; GALDINO,2014 cap 2).
O sol é a principal fonte de energia para a terra. Além de ser responsável pela manutenção da vida no planeta, a radiação solar constitui-se numa inesgotável fonte energética, havendo um enorme potencial de sua utilização por meio de sistema de capitação e conversão em outa forma de energia, como por exemplo, a térmica e a elétrica.
Na região Amazônia, um dos desafios para que a energia elétrica chegue as populações isoladas, se encontra no quantitativo significativo das pessoas que residem em áreas de florestas densas, locais de difícil acesso, outras localidades que alagam em determinados meses do ano (ARAÚJO, 2015).
É nesse contexto que a utilização de sistemas de energia fotovoltaica se insere, se apresenta como uma boa solução para o abastecimento energético de comunidades isoladas do sistema de distribuição.
Um parque de energia solar com um sistema OFF-GRID (sistema isolado ou sistema autônomo), tem como principal característica o “autossustento”, ou seja, não conectado à rede elétrica, e armazena a energia excedente em baterias para ser utilizada quando não houver produção.
Assim, delimitamos o foco da pesquisa na comunidade Cavalcante que conta com 132 (cento e trinta e duas) famílias, segundo (NAPRA.,2021. P.41).
Pois eles se organizam com gerador compartilhado onde atende mais de uma casa com o custo do combustível dividido entre o compartilhamento. Outros tem seu próprio gerador individual que arca com a despesa sozinho do combustível, também tem família que não possui nenhuma fonte de geração de energia elétrica em sua casa, cerca de 25% dos moradores têm entre 3 e 6 horas de geração de energia elétrica diariamente, isso gera uma despesa de quase 1 um mil real mês custeado pelas famílias.
Dessa maneira, as razões que nos levaram a escolha da temática para atender necessidade da comunidade, dos benefícios que será oportunizado a população, além da experiência enquanto estudante de engenharia elétrica.
Em algumas comunidades rurais e regiões mais afastadas dos pontos de atendimento da concessionária local não há fornecimento contínuo energia elétrica. Como a comunidade Cavalcante, as pessoas possuem geradores que fornecem energia em um determinado período, como o noturno e apenas para alguns poucos pontos de fornecimento.
Como solucionar esse problema local? Quais os benefícios da instalação de um parque solar com um sistema OFF-GRID na comunidade (sistema isolado ou sistema autônomo).
A energia é elemento imprescindível para o desenvolvimento humano e da sociedade. Os índices de consumo de energia por pessoa é um importante indicador de desenvolvimento, nos lugares em que há um o maior consumo de energia existe o favorecimento do aumento da expectativa de vida, assim como a diminuição dos índices de analfabetismo, da fertilidade e, também da mortalidade infantil (GOLDEMBERG, 1998).
Se tratando da região Amazônica, algumas comunidades, particularmente aquelas em que a localização é de difícil acesso, ainda se encontram sem fornecimento de energia elétrica, ficando dependente de outras formas para iluminar suas moradias, como lampiões, velas e geradores, que geralmente oferecem riscos, devido ao uso de combustíveis.
Nesse sentido, a elaboração de estudos para implantação de um parque fotovoltaico na comunidade Cavalcante é indispensável, pois trata-se de uma fonte de energia razoavelmente simples, sustentável, que possibilita autonomia e economia de recursos financeiros ao longo do tempo. Também é um recurso importante, que pode ser mais bem aproveitado e potencializar o desenvolvimento humano, social e econômico da localidade.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Crescimento da Energia Solar
A energia solar foi descoberta em 1839 pelo físico francês Alexandre Edmond durante alguns experimentos com eletrodos. Os experimentos consistiam em mergulhar placas metálicas de platina e prata, que quando mergulhadas em um eletrólito e expostas à luz geravam uma diferença de potencial pequena. Este fenômeno foi chamado de efeito fotovoltaico. (PINHO; GALDINO,2014)
A primeira célula fotovoltaica surgiu em 1884, feita com selênio, mas sua eficiência era de apenas 1%, e foi por meio da explicação de Albert Einstein sobre o efeito fotovoltaico, a mecânica quântica com a teoria das bandas de energia, física dos semicondutores com os processos de purificação e dopagem aplicadas aos transmissores que a geração de energia solar passou a evoluir. Esse estudo rendeu a Albert Einstein o prêmio Nobel de física em 1923.
Em 1954 a primeira célula fotovoltaica feita com silício, com eficiência de 6%, desenvolvida por um grupo de pesquisadores do laboratório americano Nokia Bell Labs, que também é responsável pela criação de diversas tecnologias atuais, com a linguagem de programação C e o sistema operativo UNIX. Assim, a geração de energia através do aproveitamento da radiação solar deixou de ser uma tecnologia inalcançável e passou a ser uma realidade, sendo hoje em dia uma das formas de geração mais promissoras e importantes.
Segundo (HSPENGENHARIA,2021). No Brasil, a primeira usina de energia solar foi construída em 2011, na cidade de Tauá, no Ceará. Em 2012 a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) criou a resolução 485/2012, que foi um grande marco regulatório para a produção de energia alternativa. Após essa medida da ANEEL houve um grande crescimento da energia solar no Brasil, de tal forma que em 2015 houve a necessidade de criar critérios e parâmetros. Já em 2020 a produção de energia elétrica chegou a 6 GW (Gigawatts), e compunha 1,7% da matriz elétrica brasileira.
Imagem 1: Matriz Elétrica Brasileira – 2020.
Fonte: BEM-2021.
Segundo o (G1;2023) o Brasil “Saiu de pouco menos de 1.200 megawatts em 2017; dobrou no ano seguinte: e praticamente manteve o ritmo de crescimento a cada ano. Em apenas 6 meses de 2023, instalada já é 26% maior que em 2022”
2.2. Painel Solar
O protagonista da geração solar, um painel solar é constituído por uma grande placa solar composta por células fotovoltaicas e materiais semicondutores, como o silício, que é um elemento que absorve a luz do sol e a converte em energia. Elas funcionam da seguinte forma: No momento em que os fótons (partículas componentes da luz solar) incidem sobre as células fotovoltaicas eles causam uma movimentação de elétrons, produzindo uma corrente elétrica que pode ser usada para carregar uma bateria ou alimentar um sistema elétrico (MARIANO; JUNIOR,2022). Atualmente existem diversos tipos de painéis solares, os mais usados são monocristalino, policristalino ambos feitos de silício.
- Painel solar fotovoltaico de silício monocristalino;
- Painel solar fotovoltaico de silício policristalino;
De acordo com (PORTAL SOLAR), seu funcionamento durante a incidência do sol atinge o módulo solar, faz com que alguns elétrons do qual passam os átomos desgarra e muda em direção a célula de silício que se encontra com ausência de elétrons, com isso cria-se uma corrente elétrica denominada energia fotovoltaica, a imagem abaixo mostra seu funcionamento.
Imagem 2: como é gerada a corrente elétrica no módulo.
Fonte: Solstício Energia-2017
Imagem 3: como é a formação de um modulo fotovoltaico policristalino.
Fonte: Portal Solar-2022
O mais eficiente entre eles é o de silício monocristalino, com uma eficiência média de 15 a 22%. Eles possuem uma vida útil de mais de 30 anos, com uma garantia de 25 anos, tem uma boa funcionabilidade em condições de pouca luz e tendem a ocupar uma menor quantidade de espaço. Porém é um equipamento mais caro, e por vezes o fator financeiro faz com que outras placas possuam um melhor custo-benefício.
Outro tipo popular de painel solar é o policristalino, passa por um processo de fundição, mas não forma um único bloco de cristal é transformado em cubos que são fatiados em finas células solar. Que tende a ser mais barato que o monocristalino, porém com uma eficiência menor, ficando em torno de 14 a 20%. A vida útil desse painel é maior que 30 anos, com uma garantia de 25 anos.
Imagem 4: Exemplos de Módulos solar. À esquerda um painel monocristalino e à direita um painel policristalino.
Fonte: Portalsolar.com-2021
O módulo monocristalino são fabricados pelo processo de Czochralski no qual emprega apenas um cristal de silício altamente puro, suas células têm os quantos arredondados com uma cor azul escuro fácil sua identificação, esse tipo de módulo custa mais caro do que o policristalino, mas sua eficiência de geração de energia é maior ocupa menos espaço em sua instalação, gera mais energia mesmo com pouca irradiação solar (MARIANO; JUNIOR, P 73.2022)
2.3. Radiação Solar
É a energia emitida pelo sol, imprescindível para a vida na terra, ela se propaga em todas as direções por meio de ondas eletromagnéticas, sendo responsável pela dinâmica dos processos atmosféricos e climatológicos, a manutenção de uma temperatura compatível com a vida na terra, a fotossíntese das plantas e, pode ser aproveitada para a geração de energia elétrica. (PINHO; GALDINO,2014) ela é o principal parâmetro técnico para a geração.
Como a solar, é necessário realizar a medição de radiação solar sobre a superfície, pois ela não incide de maneira uniforme sobre o planeta Terra. Para isso é utilizado um sensor de radiação ou piranômetro, que deve ser colocado orientado para o sul em um local livre de sombras. Os dados são coletados em unidade de potência, Watts por metro quadrado (W/m²), medidos em intervalos 10 minutos ou em 24 horas. Para converter esse valor para unidade de energia, é preciso multiplicar a potência pelo número de segundos compreendendo os 10 minutos (600) ou as 24 horas (86.400). Esta unidade mede a quantidade de energia recebida por metro-quadrado em um dia. O valor representa a média anual que terá variação mensal de acordo com a localização e regimes meteorológicos, e não a quantidade de energia recebida diretamente pela placa, já que a instalação não é feita de maneira horizontal.
Imagem 5: medidor de radiação solar Piranômetro
Fonte: Canal Solar-2022
De acordo com (PEREIRA et al. 2017) o potencial de geração de energia fotovoltaica no Brasil é muito grande, em local com índices inferiores de insolação gera mais energia solar do que certos países da Europa com muita isolação. O mesmo referido autor ainda diz que, um sistema bem projetado com equipamento de procedência no território nacional tem atuação média anual 80% seja usina de grande ou pequeno porte como as instaladas sobre telhados.
3. METODOLOGIA
Localização da comunidade Cavalcante: à margem direita do Rio Madeira, próximo ao Distrito de
São Carlos,
Mapa de localização da comunidade Cavalcante
Fonte: Global Solar 2016
Mapa de localização da comunidade Cavalcante Porto velho – RO
Fonte: Global Solar 2016
-08,231355°, -063,282427 latitude e longitude Rondônia, Brasil Porto Velho
Tabela de potência de energia fotovoltaica no local da comunidade Cavalcante | |||
Saída de energia fotovoltaica específica | PVOUP | 4.150 | Kwh/kwp por dia |
Irradiação normal direta | DNI | 3.831 | Kwh/m² por dia |
Irradiação global | GHI | 5.144 | Kwh/m² por dia |
Irradiação difusa | DIF | 2.401 | Kwh/m² por dia |
Irradiação inclinada global no ângulo ideal | GTI opt | 5.252 | Kwh/m² por dia |
Inclinação ideal dos módulos fotovoltaicos | OPTA | 13/0 º | |
Temperatura | 26.6ºc | ||
Elevação | 72 m |
Fonte: autores
3.1. Sistema Fotovoltaico
Para uma geração solar completa, não basta apenas uma placa fotovoltaica, mas sim um sistema, composto pelos seguintes dispositivos:
- Placa Solar – responsável pela captação da luz solar e geração de energia elétrica;
- Controlador de Carga – Dispositivo instalado entre o painel solar e a bateria, responsável por controlar a voltagem de entrada nelas, evitando sobrecargas e descargas excessivas, o que otimizando a vida útil;
- Baterias – Parte responsável por armazenar e garantir o fornecimento de energia elétrica durante a noite, ou em dias nublados, quando a capacidade de geração fica comprometida;
- Inversor – Responsável pela conversão da corrente contínua fornecida pela bateria em corrente alternada para alimentar os dispositivos conectados na rede.
Esses são os componentes básicos para uma geração solar funcionar e ser efetiva, mas como cada sistema de geração é pensado de maneira a atender uma demanda especifica, pode ocorrer incrementos no sistema.
Associação de Módulos Fotovoltaicos
As instalações fotovoltaicas podem ter suas ligações série e/ou paralelo, seja no sistema (OFF GRID) ou (ON GRID), podendo ainda ter a combinação dos dois modos, dependendo da corrente e tensão desejada para o sistema OFF GRID, é levado em consideração o controlador de carga e o inversor. A ligação série e/ou paralelo se faz necessário quando precisa alterar as tensões ou a correntes. (PINHO; GALDINO)2014.
CONEXÃO DOS MÓDULOS FOTOVUITAICO EM SÉRIE
Imagem 6: conexão em série
Fonte: ( PINHO; GALDINO) 2014
É feita da seguinte forma conecta o terminal positivo ao terminal negativo de outro módulo e assim sucessivamente, usando cabos de especificação para sistema solar que tem proteção contra efeito da irradiação e intemperes do tempo. Onde é somada as tensões e mantem sua corrente.
CONEXÃO DOS MÓDULOS EM PARALELO
Imagem 7: conexão em paralelo
Fonte: (PINHO; GALDINO) 2014
Usa o seguinte esquema ligando-se todos os terminais positivos entre si do mesmo modo é feito com os terminais negativos. O resultado dessa ligação soma as correntes dos módulos mantendo a tensão.
Imagem 8: comportamento do banco de baterias
Fonte:(NEOSOLAR) 2023
Baterias Fotovoltaicas – são projetadas para ciclos diários de profundidade rasa a moderada com taxas de descarga reduzidas C/10, C/20, C/100 suportando profundas esporádicas à ausência de geração de energia. As baterias de lítio são produzidas de um material mais leve em comparação com a de chumbo, de acordo com NEOSOLAR).
As baterias solares de lítio possuem diversas vantagens em relação às baterias de chumbo-ácido, especialmente a maior densidade energética com menor peso e menor tamanho, a maior capacidade de armazenamento de energia e a vida útil superior (enquanto uma bateria de chumbo-ácido dura uma média de 1.200 ciclos, as baterias de lítio disponível hoje no mercado podem chegar a mais de 6.000 ciclos, podendo passar de 10 anos de funcionamento)
A metodologia da pesquisa consiste em uma série de passos que serão seguidos para realizar o dimensionamento do sistema de energia solar para uma residência de baixa tensão.
Inicialmente, será realizado um levantamento de dados detalhado sobre a residência. Isso inclui o consumo energético mensal (em kWh), as potências dos equipamentos utilizados e outros parâmetros relevantes. Essas informações serão obtidas por meio de medições diretas, consulta a contas de energia elétrica anteriores ou entrevistas com os moradores. Também nesta etapa se fará uma análise da disponibilidade de área na residência para a instalação dos painéis solares, sendo considerados, para tanto, fatores como a orientação solar, a inclinação do telhado ou a possibilidade de instalação em outros locais, como o solo ou as fachadas, dentre quaisquer outros aspectos que possam afetar a produção de energia do sistema de energia solar no local.
Feito isto, a próxima etapa será de cálculo da carga média diária por meio da multiplicação do consumo médio mensal pelo fator de conversão mensal para diário (30 dias) (1).
O próximo cálculo será o da energia solar disponível. Para tanto, será preciso consultar dados de radiação solar para a região. A energia solar diária média será obtida por meio da multiplicação da radiação solar média pelo fator de conversão de radiação para energia, que, a depender das características dos painéis solares utilizados, será de 15 a 20% (2).
O próximo passo será o de dimensionamento do sistema, a ser realizado por meio da divisão da carga diária pelo fator de utilização solar (geralmente entre 0,75 e 0,85) para considerar as perdas do sistema (3).
A etapa seguinte é a de cálculo do número de painéis solares necessários, considerando, para isso, a capacidade nominal dos painéis e a capacidade do sistema calculada anteriormente. A equação a ser utilizada para este fim é a seguinte (4):
A partir destes dados, será escolhido um inversor solar com capacidade adequada para o sistema e tecnologia compatível com os painéis solares selecionados. Será verificada, também, a intenção de armazenamento de energia para uso durante a noite ou em dias nublados, caso em que será analisada a adição de baterias ao sistema, cujo dimensionamento irá depender do consumo de energia durante o período sem sol.
Por fim, será feita uma análise econômica, levando em consideração o investimento inicial necessário para a instalação do sistema solar, os custos de manutenção ao longo do tempo e a estimativa de retorno financeiro.
Para atender as necessidades da comunidade de Cavalcante, que fica localizada no interior do estado de Rondônia e não possui conexão com a rede elétrica do estado, foi pensado um parque solar OFF GRID. Esse sistema é indicado para locais remotos isolados se sem acesso à rede de energia, que é exatamente o caso da comunidade.
O dimensionamento do parque solar foi feito visando uma melhora na qualidade de vida das pessoas, por isso será considerado que cada casa deve ter o consumo previsto de 200 kwh. Para atender essa demanda o parque solar da comunidade contará com pinéis solares de 325w policristalino e um banco de baterias.
- Módulos solares de 325W Policristalino da Canadian – Serão instalados 1.080 módulos solares, dispostas da seguinte maneira.
- A planta será no modo mesa ou fixa, com 15º grau de angulação para melhor aproveitamento da radiação solar, com isso abastecendo o banco de baterias de forma garantia energia a comunidade no período da ausência de sol.
- Essa organização foi pensada para garantir o fornecimento total da comunidade e o carregamento do banco de baterias.
Imagem 9: Imagem ilustrativa para demonstrar uma previsão de instalação do parque solar.
Fonte: Divulgação/Semuc/PMBV.
- Banco de Baterias – Será instalado um banco com 82 baterias de 4,8KWH de 48 Volts, capazes de armazenar 393,6 KWH de potência, quantidade suficiente para manter o fornecimento elétrico durante a noite e evitar que a comunidade fique sem energia, mesmo durante dias chuvosos, quando a geração sofre um déficit devido à baixa radiação solar.
- Baterias Fotovoltaicas – são projetadas para ciclos diários de profundidade rasa a moderada com taxas de descarga reduzidas (C/10) suportando profundas esporádicas à ausência de geração
Imagem 10: Exemplo de um banco de baterias instalado.
Fonte: noticias.ufsc.br.
- Controlador – Esse será o equipamento responsável pelo monitoramento completo do sistema Off Grid. Ele possui um display onde é possível verificar a tensão e corrente das baterias e das placas, a temperatura do equipamento e erros que podem ocorrer. Serão necessários 1 controladores.
Imagem 11: Exemplo de um Controlador.
Fonte: 60hz.com.
- Inversor 36kw 12V/127 – Próprio para o sistema OFF GRID, esse equipamento suporta faltas de energia, garantindo energia limpa e sustentável durante 24 horas. Serão necessários 8 inversores.
Imagem 12: Exemplo do Inversor.
Fonte: hayonik.com.
- Limpeza da área de instalação – Como a comunidade fica no baixo madeira, próxima ao rio, uma área será limpa para a instalação do parque solar e do banco de baterias, que terá um local ideal para ser instalado e armazenar, para garantir a maior durabilidade do sistema. A Subestação será cercada para garantir a segurança das pessoas e animais.
4. CONCLUSÃO
Com base no estudo de viabilidade econômica realizado para a instalação de uma usina solar off-grid na comunidade de Cavalcante, conclui-se que esse projeto apresenta uma excelente oportunidade para atender às necessidades energéticas das 120 famílias da região.
Ao considerar o consumo médio de 200 kW por residência, identificamos que a demanda total de energia elétrica da comunidade é de 24.000 kW. Com a instalação de uma usina solar off-grid, é possível suprir essa demanda de forma sustentável e autônoma, reduzindo a dependência da rede elétrica convencional.
A análise dos custos envolvidos na implementação do projeto demonstrou que, apesar do investimento inicial necessário para a aquisição e instalação dos painéis solares, inversores e demais equipamentos, a longo prazo, a usina solar off-grid se mostra uma alternativa economicamente viável.
Ao considerar a redução significativa dos gastos com energia elétrica das famílias atendidas, a possibilidade de venda do excedente de energia para a rede elétrica e outros benefícios econômicos, como a geração de empregos locais, o retorno financeiro do investimento é promissor.
Além disso, a análise de riscos identificou que, embora existam desafios relacionados à variação do preço da energia elétrica, à manutenção dos equipamentos e às condições climáticas, esses riscos podem ser mitigados por meio de estratégias adequadas de gestão e manutenção.
Outro ponto importante a ser considerado é a existência de políticas e incentivos governamentais relacionados à energia solar off-grid, que podem contribuir para a viabilidade financeira do projeto e facilitar o acesso a financiamentos ou subsídios.
Portanto, com base nos resultados obtidos, recomenda-se a instalação da usina solar off-grid na comunidade de Cavalcante para atender às necessidades energéticas das 120 famílias, proporcionando benefícios econômicos, sociais e ambientais significativos, além de promover o desenvolvimento sustentável da região.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, C. F. Eletrificação rural em comunidades isoladas da Amazônia: Introdução a energia fotovoltaica na Reserva Extrativista do Rio Unini, AM. 2015. 82 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) – Universidade Federal do Amazonas, Amazonas, 2015.
GOLDEMBERG, J. Energia e desenvolvimento. Estudos avançados, v. 12, n. 33, p. 7-15, 1998.
PINHO, GALDINO. A principal fonte de energia na terra. 2014. Disponível em http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_2014. Acesso 6/08/2023.
MARIANO; JUNIOR. Protagonistas da geração solar, um painel solar é constituído por uma grande placa solar composta por células fotovoltaicas.2022. Disponível em https://www.atenaeditora.com.br/catalogo/redirect-ebook/4921. Acesso em 20/08/2023.
PINHO, GALDINO. A descoberta da energia solar e surgimento da primeira célula fotovoltaica. 2014. Disponível em http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_2014. Acesso 6/08/2023.
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Instrumento de medição de irradiação solar sobre uma superfície. Disponível em https://canalsolar.com.br/instrumentacao-aplicada-a-medicao-da-radiacao-solar/ Acesso 19/08/ 2023
O potencial de geração de energia fotovoltaica no Brasil.2017. Disponível em http://mtc-m21b.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/mtc-m21b/2017/08.15.18.20/doc/Atlas_Brasileiro_Energia_Solar_2a_Edicao_rev-01-compactado.pdf?metadatarepository=sid.inpe.br/mtc-m21b/2017/08.15.18.20.28&mirror=sid.inpe.br/mtc-m21b/2013/09.26.14.25.22. Acesso 17/08/2023
PINHO; GALDINO. Esquema de ligação de módulos fotovoltaico, série e paralelo. Disponível em http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_2014. Acesso 6/08/2023.
(BATISTA, et al. 2022). Controlador de carga nas baterias monitoramento do sistema off grid. Disponível em https://www.unipac.br/barbacena/wp-content/uploads/sites/2/2022/06/Artigo-Fazendas-Solares-Eng.-Civil-Probic-2021-2022-2.pdf Acesso 23/08/2023
¹Valdecy Nonato de Souza. Acadêmico do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário São Lucas- Afya Educação Tecnologia Saúde, Porto Velho, Brasil. E-mail valdecy.ndsouza@gmail.com
²Odilo Ferreira do Nascimento. Acadêmico do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário São Lucas-Afya Educação Tecnologia Saúde, Porto Velho, Brasil. E-mail odilo-ferreira@hotmail.com
³Nathalia Martins da Silva Reis Pimentel. Mestre em Ciências Ambientais, docente e orientadora do Curso de Engenharia Elétrica – Centro Universitário São Lucas-Afya Educação Tecnologia Saúde, Porto Velho, Brasil. E-mail Nathalia.pimentel@saolucas.edu.br