REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411182250
PAULO SÉRGIO DA SILVA RODRIGUES
ANTONIA FRANCISCA DIAS SÁ
MARIA GORETT DA SILVA
EDNALDO SARAN
ESTEVÃO DA SILVA SOUSA
JOANA CARNEIRO DE NAZARE
MAURÍCIO PELLIZZARI TONIOLLI
ITALLY DA CONCEIÇÃO DE SOUSA
JOSE RAYONE DE OLIVEIRA DA SILVA
GUILHERME ROBERTO RIFFEL
Resumo:
Este estudo investiga a complexa relação entre o espaço físico e a subjetividade humana, explorando como a experiência espacial molda nossas emoções, memórias e identidades. Através da análise da cartografia, da memória espacial e da imaginação, a pesquisa demonstra que a identidade é construída em diálogo constante com o ambiente. Ao desvendar os mapas internos que traçamos, compreendemos que os lugares que habitamos carregam significados profundos e moldam quem somos. Os resultados desta pesquisa contribuem para o campo da geografia, oferecendo novas perspectivas para o estudo da experiência humana e abrindo caminho para a construção de espaços mais justos e inclusivos. A Geografia da Alma nos propõe uma nova forma de olhar para o mundo, uma que valoriza a experiência individual e a dimensão subjetiva do espaço. Ao compreender como os lugares nos afetam e como nós os afetamos, podemos construir um futuro mais justo, inclusivo e
sustentável.
Palavras-chave: Construção de identidade; espacialidade; geografia dos mapas e geografia da imaginação.
INTRODUÇÃO
O estudo se revela fundamental para desvendar e analisar as complexas interações que a dinâmica do mundo físico desencadeia na formação e evolução das relações humanas. A imersão no contexto social não apenas molda as experiências afetivas do indivíduo, mas também impulsiona sua busca por conhecimento e sua participação ativa na construção da sociedade.
Nesta narrativa de fundamentalmente relacionar a estrutura física de mundo com o desenvolvimento estrutural, ideológico, emocional e mesmo afetivo que constrói a espacialidade da imaginação e identidade do indivíduo, Kosik (1976) considera que:
“Se a realidade é um todo dialético e estruturado (…) [é] um processo de concretização que procede do todo para as partes e das partes para o todo, dos fenômenos para a essência e da essência para os fenômenos, da totalidade para as contradições e das contradições para a totalidade; e justamente neste processo de correlações em espiral no qual todos os conceitos entram em movimento recíproco e se elucidam mutuamente, atinge a concreticidade. ” (Kosik, p. 50)
O desenvolvimento humano é um processo multifacetado, influenciado por diversos fatores. Entre eles, o espaço físico desempenha um papel fundamental, pois as interações que ocorrem nesse ambiente moldam nossa identidade e influenciam o modo como nos relacionamos com o mundo. Ao considerarmos essa relação, podemos compreender melhor como os diferentes elementos se conectam e contribuem para a formação do indivíduo de forma que é preciso considerar não apenas a fase de desenvolvimento, com sua complexidade de fatores, mas também o contexto espacial em que esse processo ocorre. Afinal, o lugar onde vivemos molda nossa identidade, influenciando as interações que vivenciamos e, consequentemente, o caminho que percorremos em nossa trajetória de desenvolvimento.
Para Ferreira (2002, p 47). “O lugar seria, então, o ‘centro profundo da existência humana’, cuja essência estaria na ‘intencionalidade grandemente não-autoconsciente”
Com tais considerações, Tuan (p. 31) considera ainda que “para além da rede das relações puramente humanas, o lar é, talvez, a nossa primeira e mais forte ligação. Bachelard tem muito a dizer sobre isso. No lar as lembranças e o tempo são transformados em coisas concretas. ”
Considerando a influência do ambiente no desenvolvimento intelectual e social do indivíduo, e a relação desse desenvolvimento com o lugar onde ocorre, este estudo busca fundamentar a dinâmica da espacialidade na construção da identidade. A espacialidade, por sua vez, serve como cenário para uma infinidade de fatores que moldam a concepção de vida de cada pessoa.
Neste debate e no intuito de fundamentar o conceito de espacialidade, embora seja um termo comlexo e visto de diferentes formas por diferentes autores, ainda assim Souza (2020) considera que:
“(…) ao designar uma porção da superfície da Terra sem estar excessivamente amarrada ao aspecto visual, acabou, de maneira não muito frutífera (como foi avaliado após a Segunda Guerra, já nos estertores da Geografia tradicional), servindo quase que como um conceito-chave para a Geografia alemã, conceito esse integrador e onívoro. ” (Souza, 2020, p. 45).
Com base nas ideias apresentadas, a “Geografias da Alma” nos convidam a expandir nossa compreensão da espacialidade, reconhecendo que ela vai além dos limites do mundo físico. Ao explorar os mapas internos que traçamos, podemos aprofundar nosso autoconhecimento e compreender melhor como a espacialidade molda nossas experiências humanas.
METODOLOGIA
A Geografia além dos mapas
Tradicionalmente, a Geografia se dedica ao estudo dos espaços físicos, dos lugares e das paisagens. No entanto, a perspectiva das “Geografias da Alma” nos leva a expandir essa compreensão, reconhecendo que a experiência espacial não se limita ao mundo exterior. Nossos corpos, nossas mentes e nossas emoções também habitam espaços, criando paisagens internas que são tão reais e significativas quanto as paisagens externas.
Desta forma, Francisco (1998) procura ressaltar a influência das emoções sob as interações e o desenvolvimento das possibilidades no processo de produção e construção de identidade de forma a destacar que:
“A emoção, como já foi dito, é um fenômeno completo que precisa ser compreendido no seu conjunto e, quando nos emocionamos, é sempre em relação a alguma coisa que o fazemos. O corpo, enquanto experiência imediata da consciência, isto é, o corpo que somos, embarca de todo nessa nova atitude frente ao mundo. ” (Francisco, 1998, p. 157).
A cartografia, tradicionalmente vista como um instrumento científico para análise espacial, transcende essa função ao incorporar dimensões subjetivas e existenciais. A confecção de mapas, seja no sentido literal ou metafórico, evoca a ideia de pertencimento, de crescimento pessoal e de criação de um universo particular. A dinâmica evolutiva da construção indenitária, semelhante à elaboração de um mapa, evidencia a relevância do conceito de indenização na formação do sujeito. Nesse contexto, a noção de progresso devolutivo, presente tanto na construção de mapas quanto na formação individual, revela a complexidade das relações entre o sujeito e seu entorno.
O mapa não é apenas um objeto que representa o espaço, mas uma extensão de nossa própria percepção do mundo. Ao traçar linhas e delimitar territórios, estamos, inconscientemente, traçando os limites de nossa identidade e de nossos afetos. Assim podemos entender que a relação entre mapas pessoais (como mapas mentais) e a construção da identidade, a forma como mapas históricos podem evocar nostalgia ou orgulho nacional, e como mapas futuros podem gerar esperança ou ansiedade.
De acordo com Furlanetto (2014, p. 79), ao retratar a Geografia dos mapas evidenciando a sua relação com a conceitualização das emoções, considera-se que “A geografia emocional se refere à experiência emocional e à leitura sensível dos lugares, às sensações e aos sentimentos que integram as paisagens”
É importante então destacar que os mapas não são neutros. Eles são construídos a partir de relações de poder e podem ser utilizados para legitimar dominação, excluir grupos minoritários e reforçar desigualdades assim como também são como convites para a aventura, instigando nossa curiosidade e nosso desejo de descobrir novos lugares. Eles nos prometem paisagens exóticas, culturas diferentes e experiências únicas.
A espacialidade da memória
A memória espacial é uma ferramenta essencial para nossa interação com o mundo. Ela nos permite navegar pelo espaço, reconhecer lugares e construir mapas mentais. Ao compreender como a memória funciona, podemos desenvolver estratégias para melhorar nossa capacidade de orientação e aproveitar ao máximo o ambiente ao nosso redor.
Com esta afirmação, Chauí (1995) destaca a importância da memória considerando a sua relevância para o desenvolvimento do indivíduo da seguinte forma:
”como um palácio com lugares nos quais colocamos imagens e palavras e, passeando por ele, ordenadamente, recordamos as coisas, as pessoas, os fatos e as palavras necessárias para escrever e dizer discursos, poesias, peças teatrais. Não por acaso, santo Agostinho, em trecho famoso de suas Confissões, refere-se aos “campos e vastos palácios da memória”. (apud Chauí, 1995, p.125)
A relação entre memória e espaço é um tema fascinante que tem sido explorado por diversas áreas do conhecimento, como a psicologia, a geografia, a história e a neurociência. A espacialidade da memória refere-se à forma como nossas lembranças se ancoram em lugares específicos, criando uma espécie de mapa mental de nosso passado.
Lugares, objetos e até mesmo cheiros podem servir como gatilhos para memórias específicas. Ao visitar um lugar onde vivemos uma experiência marcante, por exemplo, podemos reviver emoções e sensações daquele momento assim como a relação com o espaço que molda nossa identidade e, consequentemente, nossas memórias. Lugares onde passamos a infância, estudamos ou trabalhamos são carregados de significado e fazem parte da nossa história pessoal de forma que a espacialidade da memória também se manifesta na esfera coletiva. Cidades, monumentos e paisagens carregam memórias compartilhadas por grupos sociais, moldando a identidade cultural de uma comunidade.
Considerando o desenvolvimento formativo pessoal e social de cada indivíduo, a memória se destaca em marcar e posicionar o conhecimento e as lembranças enquanto construção, mas também em marcar a formulação histórica, e para esse entendimento, Ghiraldelli considera que a memória produz “narrativas sobre o nascimento, criação, vida e morte dos povos, do mundo, as aventuras dos antepassados, seu contato com os deuses ou a própria vida deles e, enfim, o que virá pela frente”. (Ghiraldelli Jr., 2002)
Neste contexto, deve ser considerado que a espacialidade da memória é um conceito que explora a relação entre os lugares físicos e a nossa capacidade de recordar e construir narrativas sobre o passado. Lugares de memória são mais do que simples locais geográficos; são repositórios de histórias, emoções e experiências que transcendem o tempo.
Para reafirmar a complexa porem importância da memória no desenvolvimento humano, Squire e Kandel (2009) consideram que:
Apesar da variação nas classificações, é razoavelmente bem aceita a ideia de que a memória humana consiste de uma complexa aliança de sistemas os quais, para serem adequadamente qualificados, devem ser capazes de registrar informação, armazenar esta informação por algum período de tempo e recuperá-la quando necessário (Squire; Kandel, 2009).
A memória, por exemplo, é profundamente espacial. Lugares específicos podem evocar memórias vívidas, sensações e emoções intensas. Uma casa de infância, uma rua, uma praça – cada um desses lugares carrega consigo um conjunto de associações e significados que moldam nossa identidade e nossa relação com o mundo. A Geografia da Alma nos convida a explorar essas conexões, a mapear os lugares da memória e a compreender como eles influenciam nossa percepção do presente e do futuro.
A espacialidade da identidade
A espacialidade da identidade é um conceito que busca compreender como o espaço físico e social influencia a formação e expressão da nossa identidade. Em outras palavras, os lugares que habitamos, os territórios que ocupamos e as relações que estabelecemos nesses espaços moldam quem somos.
De acordo com Gouveia (1993, p.100) a identidade se destaca “como um processo em que se toma um outro como modelo implica necessariamente a formação do Ideal do Ego, e também do Superego, enquanto instâncias que internalizam normalizações e regulações culturais”.
Nossa identidade também é construída em relação ao espaço. Os lugares onde vivemos, as culturas que nos cercam, as paisagens que frequentamos – todos esses elementos contribuem para a formação de nossa identidade cultural, social e pessoal. A Geografia da Alma nos ajuda a entender como esses espaços moldam nossa visão de nós mesmos e como nos relacionamos com os outros.
Neste contexto por exemplo, consideramos que os lugares onde vivemos, trabalhamos e nos divertimos influenciam diretamente nossa percepção de nós mesmos. Por exemplo, uma pessoa que cresce em uma cidade grande pode desenvolver uma identidade urbana, enquanto alguém que vive em uma pequena vila pode ter uma identidade mais ligada à natureza e às tradições locais.
Dessa forma, enquanto indivíduo e formador de identidade, Ciampa (1987) considera importante afirmar que:
“Dizer que a identidade de uma pessoa é um fenômeno social e não natural é aceitável pela grande maioria dos cientistas sociais […] Com efeito, se estabelecermos uma distinção entre o objeto de nossa representação e a sua representação, veremos que ambos se apresentam como fenômenos sociais […] Não podemos isolar de um lado todo um conjunto de elementosbiológicos, psicológicos, sociais, etc. que podem caracterizar um indivíduo, identificando-o , e de outro lado a representação desse indivíduo como uma duplicação mental ou simbólica, que expressaria a sua identidade. Isso porque há uma interpenetração desses dois aspectos, de tal forma que a individualidade dada já pressupõe um processo anterior de representação […]” (Ciampa, 1987,p.64-65).
O espaço simbólico se refere aos significados que atribuímos aos lugares. Certas cidades, por exemplo, podem ser associadas a determinadas culturas ou estilos de vida, o que influencia a forma como nos identificamos com ela de tal forma que os grupos sociais aos quais pertencemos, nossa classe social, nossa etnia e nossa cultura também definem nossa identidade espacial. A forma como nos relacionamos com outros grupos e como somos percebidos por eles influencia nosso auto percepção.
Dessa forma, pode-se considerar que a espacialidade da identidade é um conceito multifacetado que nos ajuda a compreender como o espaço molda quem somos. Ao estudar essa relação, podemos desvendar os complexos processos que dão forma às nossas identidades e construir um mundo mais justo e inclusivo.
A espacialidade da imaginação
O conceito de espacialidade da imaginação nos convida a explorar como nossos pensamentos, sonhos e criações se estendem e moldam o espaço ao nosso redor, e como o espaço, por sua vez, influencia e delimita nossa imaginação.
É como se a mente fosse um universo particular, com suas próprias dimensões, paisagens e leis. Ao imaginar, criamos mapas mentais, construímos cenários e traçamos rotas que transcendem os limites do mundo físico. Essa capacidade de construir espaços mentais é fundamental para a nossa compreensão do mundo e para a nossa capacidade de criar e inovar.
Para promover compreensão da influência da imaginação no contexto indenitário, Brann (1991) considera a imaginação como:
(…) a captura da imaginação como um pedaço observável da natureza começa planejando-se maneiras de extrair evidências mensuráveis das estruturas e processos imaginais. Isto se inicia, de fato, um pouco antes, com a formulação difícil e tortuosa de um critério para a existência das imagens mentais, ou melhor, para se ter a formação de imagens mentais. (Brann, 1991, p.211)
A imaginação, por sua vez, nos permite criar espaços mentais que vão além da nossa experiência imediata. Sonhos, fantasias, utopias – todos esses são exemplos de espaços imaginários que habitamos e que exercem uma profunda influência sobre nossas ações e nossas escolhas. A Geografia da Alma nos convida a explorar esses espaços imaginários, a compreender como eles se relacionam com os espaços reais e como eles moldam nossa visão de futuro.
Para esta narrativa, Held (1980, p. 39) dique que a imaginação “é livre para compor mundos inteiros com pedras, sementes e insetos, encontrando a multiplicidade das formas e a imprevisibilidade do comportamento dos organismos. A relação da criança com a natureza é animista, “ela dá vida ao que toca.”
A relação entre a imaginação e a realidade é complexa e multifacetada. Por um lado, a imaginação nos permite escapar da realidade e explorar mundos alternativos. Por outro lado, ela também nos ajuda a dar sentido ao mundo que nos cerca, a criar novas possibilidades e a transformar a realidade e isto porque a imaginação não é apenas uma fuga da realidade, mas sim uma ferramenta poderosa para compreendê-la, transformá-la e criar um futuro melhor.
Destaca-se então que a imaginação também molda os espaços sociais que compartilhamos. Ao imaginarmos como as pessoas interagem, como as sociedades funcionam e como o futuro será, estamos ativamente construindo os espaços sociais em que vivemos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao longo deste trabalho, exploramos a rica intersecção entre a Geografia e a subjetividade humana. Vimos como a experiência espacial transcende os limites do mundo físico, moldando nossas emoções, memórias e construindo nossas identidades. A cartografia, tradicionalmente vista como uma ferramenta objetiva de representação espacial, revelou-se um poderoso instrumento para a compreensão dos nossos mundos internos. Ao desvendar os mapas da alma, podemos desvelar as complexas relações entre o indivíduo e o espaço, compreendendo como nossas experiências e percepções moldam as paisagens que habitamos.
Assim como exploramos a intrincada relação entre a memória e o espaço. Vimos como nossos recuerdos se ancoram em lugares específicos, criando mapas mentais que moldam nossa identidade e nossa percepção do mundo. A Geografia da Alma nos convida a olhar para além das coordenadas geográficas e a desvendar os significados profundos que os lugares carregam em nossas vidas. Ao compreender como a memória se entrelaça com o espaço, podemos desvendar os segredos de nossa identidade e construir um futuro mais consciente e conectado.
Vimos como os lugares que habitamos, as culturas que nos cercam e as relações que estabelecemos moldam profundamente quem somos. A Geografia da Alma nos convida a olhar para além das coordenadas geográficas e a desvendar os significados profundos que os espaços carregam em nossas vidas. Ao compreender como o espaço influencia nossa identidade, podemos construir um mundo mais justo e inclusivo, onde as diferenças sejam valorizadas e as desigualdades sejam superadas.
Pode-se também observar que nossos pensamentos, sonhos e criações moldam os espaços que habitamos e como, por sua vez, esses espaços influenciam nossa imaginação. A Geografia da Alma nos convida a olhar para além dos limites do mundo físico e a desvendar os mecanismos pelos quais a mente humana cria e transforma a realidade. Ao compreender como a imaginação se entrelaça com o espaço, podemos desvendar os segredos da nossa criatividade e construir um futuro mais rico e imaginativo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O texto apresenta uma contribuição importante para o campo da Geografia e para a compreensão da experiência humana. Ao explorar a relação entre o espaço, a identidade, a memória e a imaginação, o texto abre novas perspectivas para a pesquisa e para a prática geográfica.
Desta forma, ao refletir sobre as “Geografias da Alma”, estamos convidadas e convidados a embarcar em uma jornada de autoconhecimento. É uma oportunidade de explorar os mapas internos que traçamos, de desvendar os territórios emocionais que habitamos e de compreender como a espacialidade molda nossas experiências humanas.
Ao longo desta jornada, desvendamos os mapas intrincados da alma, onde a Geografia e a subjetividade se entrelaçam. A experiência espacial, além de física, molda nossas emoções, memórias e identidades. A Geografia da Alma nos convida a olhar para além das coordenadas, compreendendo que os lugares carregam significados profundos e moldam quem somos. Ao desvendar esses mapas, construímos um futuro mais consciente, conectado e humano.
Desta forma, esta abordagem nos revela uma nova dimensão da experiência humana, onde o espaço não é apenas um cenário, mas um co-construtor da nossa identidade. Ao desvendar os laços entre memória, cultura, imaginação e lugar, compreendemos que somos seres profundamente espaciais. Essa compreensão nos desafia a repensar nossas relações com o mundo e a construir um futuro mais justo, inclusivo e sustentável, onde cada indivíduo possa se sentir conectado e valorizado em seu lugar no mundo.
Considera ainda o fato de que esta narrativa abre novas possibilidades para a pesquisa e a prática. Ao integrar a subjetividade à análise espacial, podemos desenvolver ferramentas e metodologias mais eficazes para compreender as complexidades da experiência humana. Essa perspectiva nos permite construir cidades mais humanas, promover o bem-estar e a saúde mental, e fomentar a criação de espaços que promovam a diversidade e a inclusão. Ao desvendar os mapas da alma, estamos construindo um futuro mais justo, sustentável e humano.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BRANN, E. T. H. The World of Imagination: sum and substance, Rowman & Littlefield Publishers, 1991.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 5. ed. São Paulo: Ática, 1995.
CIAMPA, A. da C. Identidade. In: LANE, S.T.M; CODO; W. (orgs). O homem em movimento.
5. ed. São Paulo: Editora Brasiliense. p 59 – 75, 1987.
FERREIRA, Luiz Felipe. Iluminando o Lugar: três abordagens (Relph, Buttimer e Harvey). Boletim Goiano de Geografia. Goiânia, jan/julho de 2002. v. 22, n.01. p. 43-72.
FRANCISCO, Paulo Roberto. (1998) Emoções e personalidade. In: BERTOLINO, Pedro et al. As emoções. Florianópolis: NUCA Edições Independentes, p. 145-159.
FURLANETTO, Beatriz Helena. Paisagem sonora do boi-de-mamão no litoral paranaense: a face oculta do riso. Tese de Doutorado em Geografia. UFPR, Curitiba, 2014.
Ghiraldelli Jr., P. Introdução à filosofia. São Paulo: Manole, 2002.
GOUVEIA, T. M. V. Repensando alguns conceitos – sujeitos, representação social e identidade coletiva. Dissertação (Mestrado em Sociologia). Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1993.
HELD, J. O imaginário no poder: as crianças e a literatura fantástica. 3. ed. São Paulo: Summus, 1980. 240 p.
KOSIK, Karel. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Os conceitos fundamentais da pesquisa socioespacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2020.
Squire, L.R.; Kandel, E. Memory: from mind to molecule. 2nd Ed. Greenwood Village, CO: Roberts & Company, 2009.
TUAN, Yi-Fu. 1961. Topophilia or, sudden encounter with landscape. Landscape, v.11, n. 1, p. 29-32.
paulo.sergio4@unemat.br
antonia.sa@unemat.br
maria.gorett@unemat.br
saran.ednaldo@unemat.br
estevaofaria2005@gmail.com
joana.nazare@unemat.br
mauriciopellizzaritoniolli@gmail.com
itally.sousa@unemat.br
jose.rayone@unemat.br
guilhermeriffel@unemat.br
antonia.sa@unemat.br