GÊNERO E POLÍTICA EM A CANDIDATA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7693185


Izabel Cristina Oliveira Martins¹
Mayra Tomaz de Oliveira Cavalcante²


I.

“É necessário pensar a literatura não apenas numa perspectiva estética, mas como campo de força que se posiciona.” [1]

A literatura cumpre com eficácia uma função extratextual. Sua missão ultrapassa o “colorido do estético”, para usar a expressão de Jorge Macedo, e ocupa um lugar sociológico em que é possível entrever inquietações, perceber polêmicas, descobrir interlocutores, desafiar e/ou revelar ideologias – escancaradamente ou subentendidas nas entrelinhas –, provocando tensões em lume brando ou em chamas irrefreáveis.

Nessa direção, pode-se dizer, sem risco de cometer alguma impropriedade, que ética e política constituem o texto literário. Um breve olhar para diferentes obras, dos mais variados autores e de distintos contextos, revela-nos o quão é nítida tal presença. “Não há obra literária sem questões éticas e não há literatura sem pertencer a uma situação política de uma temporalidade” (MAGALHÃES, 2015, p. 01). Ainda mais: não há narrativa literária desprovida de interesses. Por mais que alguns autores, críticos e teóricos defendam a ideia de autonomismo estético, não há como desvincular-se completamente do ético e do político por meio do que se escreve.

No caso das chamadas sociedades emergentes, como é o caso dos países africanos de língua portuguesa, a literatura está claramente a serviço de uma ideologia. Ela perpassa a “sua significação estética e simbólica” (MATA, 2012, p. 15), transcendendo sua dimensão cultural, e engendra escritores não preocupados apenas em buscar originalidades de temas e formas ou desviar sua obra das imitações de correntes estrangeiras, mas intencionados a construir discursos manifestantes de sua africanidade.

Assim, concentrando nossa atenção especialmente no universo literário africano de língua portuguesa e acreditando na presença da política na própria literatura e na importância da literatura na esfera política em função de sua ressonância, o presente texto procura, através de um exercício de leitura, olhar para o romance A candidata da escritora cabo-verdiana Vera Duarte e, a partir disso, demonstrar como a autora, através da escrita, procura libertar a mulher de sua condição de invisibilidade nas esferas sociais, históricas e políticas, subvertendo ordens discursivas que as silenciam.

Ressalte-se que não se trata de direcionar nosso interesse para sujeitos nascidos na/com/pela contemporaneidade, mas trazer à luz e pensar velhos-novos sujeitos que foram “esquecidos” ou empurrados para as margens pelo violento controle social e por uma ditadura de acomodação e conservadorismo. Pensamos ainda com esse gesto, à maneira de Mata & Padilha (2006), contribuir para o enfrentamento da ideia da existência de um sentido único, emanado de um centro imutável, no qual, segundo a percepção nele hegemônica, só haveria uma única forma coerente de olhar o mundo e dizê-lo.

II.

“No início era o Verbo, mas o Verbo era Deus, e Homem.” [2]

Quem pode afinal tomar parte no comum? Para Jacques Rancière (2009), há uma distribuição conturbada de lugares e ocupações, um modo negociado de definir quem tem competência para ver e qualidade para dizer, “quem pode tomar parte no comum em função daquilo que faz, do tempo e do espaço em que essa atividade se exerce” (RANCIÈRE, 2009, p. 16).

De fato, um percurso historiográfico permite-nos verificar que alguns sujeitos são visados e aptos a falar, enquanto outros tornam-se estanques, obrigatoriamente, ficando à margem, apesar de seu papel na dinâmica do mundo. Benjamin (1985) já chamava atenção, em Sobre o conceito da história, para aqueles que a historiografia nos instiga a deixar em segundo plano, silenciados ao gosto da ideologia dominante.

Na literatura, essa questão de visibilidade e de dizibilidade – e seus opostos – apontada por Rancière e por Benjamin, necessita ser tratada com emergência[3]. É indiscutível que o cânone literário reserva espaços para alguns integrantes, excluindo determinadas escritas ou marginalizando determinada seção populacional (pobres, negros, mulheres, idosos, entre outros.)

Quando se trata especificamente da produção feminina, o que se percebe é uma tímida presença de mulheres como escritoras e consequentemente como personagens protagonistas das narrativas. De acordo com Regina Dalcastagnè (2005), essa ausência que costuma ser creditada de uma forma geral à invisibilidade desse grupo na sociedade como um todo, não estaria restrita a uma suposta objetividade de uma situação, mas a uma subjetividade do observador, uma vez que é ele que escolhe o que quer, o que pode ver.

Tal exclusão, lembram Mata & Padilha (2006, p. 13), se repete em todos os sistemas literários nos quais há nitidamente uma predominância de vozes masculinas, “pois os textos, como produtos simbólicos e como ‘documentos do imaginário’ […] submetem-se aos mesmos aparatos de dominação impostos pelas ideologias hegemônicas”.

Na mesma direção, Bonnici (2011, p. 120) acresce que quanto mais os autores diferem dessa maioria masculina, “têm não apenas vários obstáculos a superar para resgatar a sua participação na história […] e para definir a própria identidade como ‘eu enunciador’, mas também para publicar os seus textos”.

As reflexões expostas confirmam que ainda é nítida a dificuldade de a mulher – e demais grupos marginalizados – romper com o padrão hegemônico imposto pelas estruturas sociais. Seu lugar no plano real ainda continua limitado. Como consequência, as dificuldades encontradas no campo literário continuam gritantes. Daí o alerta para a emergência de visibilizar a mulher e as narrativas de autoria feminina. Não por considerar que a escrita feminina seja monolítica e que pode ser representada de forma hegemônica, mas por acreditar que em obras escritas por mulheres surgem maneiras alternativas de discutir arranjos hierárquicos cristalizados pelo contexto social e pela história literária.

III.

“Quis escrever uma estória em que a mulher fosse ‘o herói’.
Uma estória que fixasse para a posteridade o perfil da mulher da segunda metade do século vinte.
Uma estória em que a mulher não tem que ‘morrer’ por amar.
[…]
Quis escrever uma estória de mulheres que amam, sofrem, mas … vivem”. [4]

A candidata (2003) é o primeiro romance escrito por Vera Valentina Benrós de Melo Duarte Lobo de Pina, ou simplesmente Vera Duarte. Previamente, ressalte-se que esse não foi seu livro de estreia na literatura. Antes já havia escrito dois livros de poesia: Amanhã amadrugada (1993) e O arquipélago da paixão (2001). A eles seguiram-se Preces e súplicas ou os cânticos da desesperança (poesia, 2005), Construindo a utopia (ensaio, 2007) e Exercícios poéticos (poesia, 2010). Além disso, a autora possui variada colaboração em prosa e poesia em revistas, jornais e obras coletivas nacionais e internacionais.

Com A candidata (2003), Vera Duarte recebeu o Grande Prêmio Sonangol da Literatura em 2003, prêmio destinado a reconhecer obras inéditas de escritores dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).

Considerada uma das mais importantes representantes do sistema literário cabo-verdiano, Vera Duarte se divide entre o trabalho na magistratura e a produção literária, revelando aos seus conterrâneos e aos leitores em geral sua “vocação poética e seu envolvimento com as questões ligadas à mulher, à cultura e aos direitos humanos” (BENEVENUTO, 2012, p. 07).

Em A candidata, Vera Duarte nos apresenta Cabo Verde [5] – mais precisamente o Mindelo, cidade da Ilha de São Vicente – e coloca em ação a mulher cabo-verdiana, através da personagem Marina, “documentando a historicidade da participação feminina na construção e no desenvolvimento do país” (GOMES, 2010, p. 170).

Por meio dessa narrativa, pode-se dizer que a autora promove uma ação política[6] ao conferir visibilidade à mulher de modo que através da representação do sujeito feminino seja possível convocar espectadores a se posicionarem não apenas diante desse sujeito, mas diante do outro, capturando suas diferenças e singularidades. Dessa maneira, a autora questiona o pensamento consensual acerca do feminino, redesenhando o “espaço das coisas comuns” (RANCIÈRE, 2012, p. 60), e se opõe ao que se costuma ser imposto pelo cânone literário, tirando da obscuridade a mulher que, na maioria das vezes, esteve destinada a permanecer no espaço do invisível e do indizível, quer no plano real, quer no plano da ficção.

Em linhas gerais, o enredo de A candidata, revela a trajetória de vida da protagonista Marina, desde seus primeiros envolvimentos com as questões sociais e políticas até sua candidatura ao cargo de presidente da república de Cabo Verde. No entremeio desses acontecimentos relatam-se ainda: sua situação diaspórica (Cabo Verde – Portugal – Suécia – Guiné Bissau – Holanda – Cabo Verde); seus vários relacionamentos amorosos; sua gravidez antes do casamento; seu casamento e divórcio; e seu envolvimento com um segundo marido.

Com a construção de Marina, Vera Duarte ficcionaliza uma mulher audaciosa que não se limita ao mundo doméstico e à procriação, nem aos sistemas colonial e patriarcal. Há claramente por parte da autora a reivindicação da esfera pública para a mulher, justamente porque no período em que a narrativa se passa[7] as distinções entre os papéis femininos e masculinos continuavam nítidas; a moral sexual diferenciada permanecia forte e o trabalho da mulher, ainda que cada vez mais comum, era cercado de preconceitos (BASSANEZI, 2006, p. 608).

Ressalte-se que com essa ação, Vera Duarte não deixa passar em silêncio o novo tipo de mulher que se afirmava já nas últimas décadas do século XX em seu país e, ao contrário de alguns dos seus contemporâneos, obstina-se a criar uma personagem com personalidade e com coragem para enfrentar o sistema social em que estava inserida. 

Assim, várias situações apresentadas ao longo da narrativa reforçam o poder de decisão e a mobilidade de Marina, como, por exemplo, sua participação ativa nos movimentos clandestinos das universidades de Lisboa e sua militância no Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). De acordo com Benevenuto (2010, p. 81), através de Marina, temos a representação da mulher cabo-verdiana, “não apenas como portadora do desejo utópico da construção de uma nação independente do poder colonial, mas também como participante das atividades políticas, sociais e econômicas do arquipélago”.

É importante frisar que quanto mais se envolvia com os ideais revolucionários, mais a protagonista despertava atenção para a situação específica das mulheres. Nesse sentido, muitas são as incursões feitas na narrativa para demonstrar como Marina refletia sobre a condição feminina, percebendo claramente como as mulheres se anulavam para viver “suas vidas cinzentas” (DUARTE, 2012, p. 38), condicionadas a esposas e mães. Digna de nota é a reflexão da protagonista sobre a violência pela qual eram/são acometidas as mulheres, destacando a subalternidade feminina no contexto da sociedade patriarcal. Trata-se do episódio em que Marina recorda a forma brutal como o pai de Teja, sua melhor amiga, espancara a mulher simplesmente por esta não ter passado suas calças a contento. A lembrança disso e a certeza de que tal prática era comum entre os homens e as mulheres (e que estas, a maior parte das vezes, aceitavam caladas e envergonhadas) levaram Marina a jurar para si própria que em hipótese alguma se deixaria humilhar pelo homem que fosse o seu marido. Acrescente-se que, enquanto a protagonista direciona sua atenção para as questões de gênero, vê-se nitidamente uma crítica aguda da autora à condição de subalternidade que provoca o apagamento das mulheres no meio social. Isso propicia a reflexão sobre a importância da autonomia econômica, da construção da individualidade independente das mulheres, do seu desenvolvimento profissional e intelectual, da ruptura com os valores de feminilidade assentados na submissão. Ruptura essa que exige, segundo Godinho (2011, p. 08), a transformação de homens e mulheres e que reclama um “investimento político concreto de mudança das condições de vida de mulheres para que as necessidades econômicas ou a maternidade não sejam empecilhos à sua libertação”.

Outro elemento que merece destaque na narrativa e, portanto, de grande contribuição para a formação identitária da protagonista é a diáspora, uma vez que, durante seus deslocamentos, a personagem acumula conhecimentos e, sobretudo, experiências a respeito da participação feminina na vida social. Isso contribui para o rompimento da protagonista com o passado patriarcal, machista e castrador ao qual as mulheres de sua terra foram tanto tempo confinadas e favorece ao enfrentamento de situações que se impuseram durante sua vida na narrativa.

Por meio da protagonista, a narrativa destaca uma geração “que já não queria [apenas] a salvação individual” (DUARTE, 2012, p. 39), evidenciando a necessidade que a mulher tinha de sair das retaguardas, assim como outras que já haviam conseguido “escapar à gigantesca roda trituradora do preconceito” (DUARTE, 2012, p. 19), para proclamar “o acordar do gênero” e demonstrar que “a mulher confinada aos limites domésticos e reflexo do homem estava dando lugar a um ser aspirante à grande vaga da vida e da liberdade” (DUARTE 2012, p. 39).

Nesse sentido, mesmo após o casamento, Marina não mantém atuação limitada ao privado, nega-se à condição de subalterna e atua como produtora na sociedade, militando politicamente e participando de forma ativa no seu projeto de emancipação da mulher cabo-verdiana:

Com a pequena Djamilia nos braços e de mãos dadas com Pedro, Marina regressou às ilhas num entusiasmo adolescente de criação e participação. Ajudou a mobilizar e reunir mulheres, falou na emancipação, no planejamento familiar, no trabalho, na independência e na responsabilidade. Citou Engels e citou Lenine. Sobretudo, citou Cabral. Fez-se uma profissional competente e empenhou-se entusiasmadamente nos programas de reconstrução nacional, na terra livre e independente. Seguiu o discurso da libertação d’África, dos não alinhados, da nova ordem econômica internacional, do povo palestiniano, do Zimbabwe. E acreditou em algo em construção (DUARTE, 2012, p. 54).

Há expressamente na narrativa a construção de uma mulher que transita do privado ao público, destituída em ambos os espaços de sua posição secundária. Seu envolvimento com as questões sociais e políticas a conduzem ao fim da narrativa ao cargo de candidata à presidência da república de seu país. Sua altivez, não a permite viver um casamento “faz-de-conta” após a traição do marido. Muito pelo contrário, a impulsiona a pedir o divórcio e a reconstruir sua vida casando-se outra vez.

Como considera Vera Duarte, em epígrafe que agora é resgatada e ampliada de acordo com o texto original, seu desejo era apresentar uma personagem feminina que não tivesse um desfecho trágico, marcado pelo assassinato, suicídio ou loucura. Queria dar vida e voz a uma mulher que pudesse se sobressair, projetando um futuro de igualdade entre os gêneros e liberdade:

Quis escrever uma estória em que a mulher fosse ‘o herói’. Uma estória que fixasse para a posteridade o perfil da mulher da segunda metade do século vinte. Uma estória em que a mulher não tem que ‘morrer’ por amar.
Cansei-me das histórias tragicamente belas de Madame Bovary que adorei, li e reli até a exaustão e relerei sempre para disfrutar [sic] da beleza infinita dos quadros traçados pela mestria de Flaubert.
Cansei-me das histórias epicamente trágicas de Anna Karenina que me destroçou prematuramente pela impossibilidade do amor mas que adorei, li e reli pela beleza inexcedível da escrita de Tolstoi, embora Anna se mate e o conde Vronsk siga triunfante.
Cansei-me das Desdémonas, belas, submissas e trágicas, ainda que o profundo conhecimento da alma humana de Shakespeare tenha feito com que o seu Othelo a acompanhasse na morte por amor.
Cansei-me da imensa beleza das histórias em que as mulheres amam e a única saída é a morte.
Quis escrever uma estória de mulheres que amam, sofrem, mas… vivem.

Com esse objetivo, alcançado como se confirma ao fim da narrativa, Vera Duarte distancia sua protagonista dos principais tipos femininos encontrados nas narrativas literárias (a jovem que busca um casamento feliz, mas que acaba sozinha e grávida; a esposa que sofre resignadamente as infidelidades do marido; a casada culpada pelo adultério) e cria sua heroína ou “mulher-herói” que se apresenta à vida com personalidade e exigências próprias. Heroína que protesta contra a insubmissão feminina e que não se restringe a ser eco ou mero apêndice do marido. 

IV.

Se a literatura de ficção não reflete necessária e objetivamente a realidade ela é, sem dúvida, uma forma de expressar pontos de vista e ideologias. [8]

Quando relacionada com questões políticas, a função do escritor é refutada por aqueles que acreditam numa arte pura, verdadeiramente mítica, como considera Silva (2010), e entendida como categoria idealizada da criatividade humana, proveniente da inspiração inacessível aos homens comuns.

Em seu texto Política, Aristóteles já dizia que o homem é um animal político por natureza. Nesse sentido, quando se trata da obra literária e do homem como produtor literário, falar em descomprometimento com a realidade parece-nos utopia, logo porque acreditamos que para apresentar efeitos políticos não é preciso escrever uma obra panfletária de cunho político e estilo retórico.  Fechar os olhos, portanto, à função social da literatura – sobretudo nas sociedades emergentes – é “negar a própria essência da expressão estética, que na sua mais íntima natureza é, antes de tudo, plural” (SILVA, 2010, p.39).

A candidata reflete necessária e objetivamente a realidade de Cabo Verde. Em seu enredo, retrata a mulher cabo-verdiana que, na segunda metade do século XX, já não mantinha atuação única e exclusivamente limitada ao espaço doméstico. É uma mulher que transita do privado para o público, mas que também almeja constituir família, embora não se curve diante da traição do marido e da possibilidade de separação. Como diz a própria autora, em A candidata narra-se a estória da mulher que ama e que sofre, mas que vence não tendo a morte ou os castigos como punição quando suas decisões não condizem com o que está estabelecido pelos padrões sociais.

A proposta da autora, nesse sentido, volta-se para a criação de uma possibilidade de emancipação feminina. Vera Duarte parece acreditar que através da arte pode libertar os sujeitos subalternos de sua condição de invisibilidade, tornando sua obra política por questionar o processo consensual acerca do lugar inferior atribuído à mulher. Ressalte-se que assim sua obra não se configura como política por procurar impor modelos ou transmitir mensagens, mas por procurar chamar a atenção do leitor, convidando-o a enxergar a existência da mulher que se dedica, cada dia com maior frequência, a todas as manifestações da vida, capaz de produzir e de expressar seus sentimentos, emoções, enfim, capaz de libertar sua voz.

Não se trata de uma tentativa de superiorizar a mulher em relação ao homem, mas de deixar o feminino em situação de equidade ao masculino, retirando a mulher de sua posição a-histórica e apresentando-a como sujeito capaz de realizar as mesmas ações sócio-político-afetivas, sem que com isso sofra preconceitos ou banimentos dentro da sociedade.

REFERÊNCIAS

BASSANEZI, Carla. Mulheres dos anos dourados. In: Priore, Mary Del. História das Mulheres no Brasil. 8. ed. São Paulo: Contexto, 2006.

BENEVENUTO, Aparecida de Fátima Bosco. Nações em trânsito em Árvore das palavras e A candidata: Moçambique – Cabo Verde. São Paulo, 2010. (Dissertação – Mestrado – Universidade de São Paulo, 2010).

BENEVENUTO, Aparecida de Fátima Bosco. Prefácio de A candidata. In: DUARTE, Vera. A candidata. Belo Horizonte: Nandyala, 2012.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985.

BONNICI, Thomas. O cânone literário e a crítica literária: o debate entre a exclusão e a inclusão. In: BONNICI, Thomas. FLORY, Alexandre Villibor. PRADO, Márcio Roberto do. Margens instáveis: tensões entre teoria, crítica e história da literatura. Maringá: EDUEM, 2011.

DALCASTAGNÈ, Regina. Personagens do romance brasileiro contemporâneo: 1900-2004. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n. 26. Brasília, julho-dezembro de 2005, p. 13-71.

DUARTE, Vera. A candidata. Belo Horizonte: Nandyala, 2012.

GODINHO, Tatau. Introdução. In: KOLONTAI, Alexandra. A nova mulher e a moral sexual. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2011.

FERNANDES, Margarida. Os textos e os contextos: As literaturas africanas de língua portuguesa entre a ficção e a realidade. In: GONÇALVES, António Custódio. Multiculturalismo, Poderes e Etinicidades na África Subsariana. Porto: SerSilito, 2001.

GOMES, Simone Caputo. O texto literário de autoria feminina escreve e inscreve a mulher e(m) Cabo Verde. In: SECCO, Carmen Tindó; SALGADO, Maria Teresa; JORGE, Silvio Renato. África, escritas literárias: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; Angola: UEA, 2010.

MACEDO, Jorge. Literatura angolana e texto literário. Porto: Edições ASA, 1989.

MAGALHÃES, Antonio Carlos de Melo. Literatura, Ética e Política. Em buscas de fundamentações.2015. Material de uso exclusivo em sala de aula.

MATA, Inocência. Ficção e história na literatura angolana: o caso de Pepetela. Lisboa: Edições Colibri, 2012.

MATA, Inocência; PADILHA, Laura Cavalcante. A mulher em África: Vozes de uma margem sempre presente, Lisboa: Edições Colibri/Centro de Estudos Africanos – FLUL, 2006.

PEREIRA, Érica Antunes. De missangas e catanas: a construção social do sujeito feminino em poemas angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos e são-tomenses. São Paulo, 2010.

PERROT, Michelle. As mulheres ou o silêncio da história. Bauru: EDUSC, 2005.

RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. São Paulo: Editora 34, 2009.

RANCIÈRE, Jacques. O espectador emancipado. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

SILVA, Maurício. Identidade cultural e consciência nacionalista nas literaturas africanas lusófonas: uma introdução. IPOTESI, Juiz de Fora, v. 14, n. 2, p. 39-43, jul./dez. 2010.


[1] A epígrafe que abre essa primeira seção do texto originou-se a partir de um dos primeiros “conselhos” dados pelo Professor Doutor Antônio Carlos de Melo Magalhães, no encontro inaugural da disciplina “Literatura, Ética e Política” (2015.1), oferecida no Doutorado em Literatura e Interculturalidade do PPGLI – Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.

[2] Michelle Perrot. As mulheres ou o silêncio da história. Bauru: EDUSC, 2005.

[3] Estenda-se isso para a arte em geral.

[4] Vera Duarte. Em texto dedicado “Ao leitor” nas páginas iniciais do romance A candidata.

[5] Cabo Verde é formado por alguns ilhéus e dez ilhas: Sal, Boa Vista, Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau, Santiago, Fogo, Brava e Maio. As seis primeiras ilhas localizam-se ao Norte; são as Ilhas de Barlavento. As outras quatro compõem as chamadas Ilhas de Sotavento, localizadas ao Sul.

[6] A expressão ação política citada vai de encontro com as ideias de Rancière (2012). Nesse sentido, foi usada de modo a definir uma ação que “reconfigura os âmbitos sensíveis nos quais se definem objetos comuns” (RANCIÈRE, 2012, p. 59), rompendo com a ordem que “antevê as relações de poder na própria evidência dos dados sensíveis” (RANCIÈRE, 2012, p. 60).

[7]  O tempo do discurso de A candidata inicia-se nos anos sessenta e segue no pós-independência de Cabo Verde, findando em meados dos anos noventa.

[8] Margarida Fernandes. Os textos e os contextos. In: Multiculturalismo, poderes e etnicidades na África Subsariana. 2001, p. 42.


¹Graduada em Letras pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, especialista e Doutora em Literatura e Interculturalidade – UEPB.
²Graduada em Letras e Pedagogia pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, especialista em “Língua, Linguística e Literatura” pela Faculdade Integrada de Patos – FIP – e Especialista em Educação de Jovens e Adultos pelo Instituto Federal de Rondônia – IFRO.