REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202504250041
Jonathas Lima Rodrigues
Orientadora: Erika Cristina Nogueira Marques Pinheiro
RESUMO
A construção de pontes é essencial para a infraestrutura de transporte, promovendo integração regional e facilitando o deslocamento de pessoas e mercadorias. A estabilidade e a durabilidade dessas estruturas dependem da qualidade das fundações, que garantem a segurança e a longevidade das obras ao transferir cargas para o solo. No entanto, a execução dessas fundações enfrenta desafios técnicos significativos, relacionados às condições geotécnicas, ambientais e às especificidades de cada projeto. As características do solo, como resistência e presença de água, influenciam diretamente a escolha do tipo de fundação, sendo as fundações profundas, como estacas e micropilotes, frequentemente utilizadas para superar tais adversidades. A pesquisa foi conduzida por meio de revisão bibliográfica e análise de casos práticos, abordando metodologias aplicadas e inovações no campo da engenharia de fundações. O estudo da Ponte Rio Negro, uma das maiores obras de engenharia do Brasil, exemplifica a importância da escolha adequada das fundações. Devido à complexidade do solo do Rio Negro, optou-se por estacas escavadas com lama bentonítica revestidas por camisas metálicas, garantindo maior estabilidade estrutural. Os resultados destacam que o planejamento e a execução cuidadosa das fundações são fundamentais para o sucesso das obras. Além disso, inspeções regulares e manutenções periódicas são essenciais para garantir a longevidade e a segurança das pontes. Conclui-se que a engenharia de fundações desempenha um papel crítico na infraestrutura de transporte, exigindo abordagens inovadoras e adaptáveis a cada ambiente geotécnico específico.
Palavras-chave: Fundações Profundas; Engenharia de Pontes; Infraestrutura de Transporte.
ABSTRACT
The construction of bridges is essential for transport infrastructure, promoting regional integration and facilitating the movement of people and goods. The stability and durability of these structures depend on the quality of the foundations, which ensure the safety and longevity of the works by transferring loads to the ground. However, the execution of these foundations faces significant technical challenges, related to the geotechnical and environmental conditions and the specificities of each project. The characteristics of the soil, such as resistance and the presence of water, directly influence the choice of the type of foundation, and deep foundations, such as piles and micropilots, are often used to overcome such adversities. The research was conducted through a literature review and analysis of practical cases, addressing applied methodologies and innovations in the field of foundation engineering. The study of the Rio Negro Bridge, one of the largest engineering works in Brazil, exemplifies the The construction of bridges is essential for transport infrastructure, promoting regional integration and facilitating the movement of people and goods. The stability and durability of these structures dependon the quality of the foundations, which ensure the safety and longevity of the worksby transferring loads to the ground. However, the execution of these foundations faces significant technical challenges, related to the geotechnical and environmental conditions and the specificities of each project. The characteristics of the soil, such as resistance and the presence of water, directly influence the choice of the type of foundation, and deep foundations, such as piles and micropilots, are often used to overcome such adversities. The research was conducted through a literature review and analysis of practical cases, addressing applied methodologies and innovations in the field of foundation engineering. The study of the Rio Negro Bridge, one of the largest engineering works.
Keywords: Foundations, Deep; Bridge Engineering; Transportation Infrastructure.
1. INTRODUÇÃO
A construção de pontes é essencial para a infraestrutura de transporte, facilitando a integração entre regiões e promovendo o fluxo eficiente de pessoas e mercadorias. A estabilidade e a durabilidade dessas estruturas dependem, principalmente, da qualidade de suas fundações, que transferem as cargas para o solo e garantem a segurança e a longevidade das obras. No entanto, a execução dessas fundações enfrenta desafios técnicos significativos, relacionados às condições geotécnicas, ambientais e às exigências específicas de cada projeto.
As características do solo, como resistência, compressibilidade e presença de água, influenciam diretamente a escolha do tipo de fundação mais adequado. Além disso, fatores ambientais, como variações climáticas e exposição a agentes agressivos, podem comprometer a integridade estrutural ao longo do tempo. Estudos recentes destacam a importância das técnicas de fundação profunda, como estacas e micropilotes, para superar essas adversidades e garantir a estabilidade das pontes.
Este trabalho tem como objetivo analisar os desafios técnicos enfrentados na construção das fundações de pontes, destacando as soluções de engenharia mais eficazes para superá-los. Serão abordadas, em particular, as técnicas de fundação profunda, como estacas e micropilotes, além de outras soluções que permitem a adaptação a diferentes tipos de solo e exigências projetuais. A análise dessas técnicas busca compreender como elas contribuem para o sucesso das obras, considerando as características geológicas e as necessidades específicas de cada projeto.
Por meio de uma investigação detalhada dos processos e das tecnologias aplicadas, espera-se fornecer uma visão abrangente sobre os principais desafios e as soluções inovadoras adotadas na engenharia de fundações para pontes, contribuindo para o aprimoramento contínuo dessas práticas na engenharia civil.
1.1 OBJETIVOS
1.2 OBJETIVOS GERAIS
O desenvolvimento desse trabalho teve como objetivo geral destacar os principais desafios técnicos relacionados às fundações de pontes, com foco nas soluções de engenharia mais eficazes para garantir a segurança, a durabilidade e a sustentabilidade dessas estruturas.
1.3 OBJETIVOS ESPECIFICOS
• Investigar os desafios geotécnicos e ambientais associados à concepção e execução das fundações de pontes, abordando aspectos como o tipo de solo;
• Destacar as tecnologias e inovações de engenharia aplicadas ao aprimoramento das fundações dessas estruturas, com ênfase no uso de fundações profundas;
• Avaliar as estratégias adotadas para mitigar riscos e superar limitações ambientais no processo de construção das fundações.
1.4 JUSTIFICATIVA
A construção de pontes é essencial para a infraestrutura de transporte, permitindo a conexão entre diferentes regiões e facilitando o deslocamento de pessoas e mercadorias. A segurança e a durabilidade dessas estruturas dependem diretamente da qualidade de suas fundações, que devem ser projetadas para suportar cargas e garantir a estabilidade ao longo do tempo.
Entretanto, a execução das fundações de pontes enfrenta diversos desafios técnicos, como a variação das características do solo, a presença de agentes agressivos e as condições ambientais adversas. Nesse contexto, a escolha adequada do tipo de fundação, especialmente as fundações profundas, torna-se um fator determinante para a viabilidade e resistência dessas construções.
Diante disso, este estudo se justifica pela necessidade de investigar os principais desafios técnicos envolvidos na construção das fundações de pontes e analisar as soluções de engenharia mais eficazes para superá-los. A pesquisa contribuirá para o aprimoramento das práticas da engenharia civil, fornecendo informações relevantes para profissionais da área e auxiliando no desenvolvimento de projetos mais eficientes e seguros.
2. METODOLOGIA
Para a realização deste estudo, será adotada uma abordagem qualitativa e exploratória, baseada na revisão bibliográfica e na análise de casos práticos. A metodologia será dividida em três etapas principais: levantamento teórico, análise de estudos de caso e síntese dos dados coletados.
2.1.Levantamento Teórico
Inicialmente, será conduzida uma revisão bibliográfica em artigos científicos, normas técnicas, livros especializados e publicações acadêmicas sobre fundações de pontes. O objetivo é compreender os desafios técnicos enfrentados na execução dessas fundações e identificar as soluções mais empregadas para garantir a estabilidade estrutural.
2.2.Análise de Estudos de Caso
Serão selecionados e analisados estudos de caso de obras reais que apresentaram desafios específicos na construção de fundações de pontes. A análise incluirá a caracterização do solo, os métodos de fundação adotados e os resultados obtidos em termos de desempenho estrutural e durabilidade.
2.3.Síntese e Discussão dos Dados
Após a revisão teórica e a análise dos casos estudados, será realizada uma comparação entre as diferentes abordagens e técnicas utilizadas. A discussão dos dados permitirá identificar tendências, boas práticas e inovações que possam contribuir para a evolução das metodologias de fundação em projetos futuros.
Essa metodologia garantirá uma análise aprofundada e fundamentada sobre o tema, possibilitando a formulação de conclusões relevantes para a engenharia de fundações em pontes.
3.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. FUNDAÇÕES DE PONTES
A construção de pontes tem como principal objetivo possibilitar a travessia de obstáculos naturais, como rios, mares e vales, assegurando a continuidade de vias rodoviárias, ferroviárias ou destinadas a pedestres.
A definição do tipo de ponte a ser utilizado é influenciada por diversos fatores, sendo a extensão da área a ser vencida um dos aspectos mais relevantes. Além disso, condições climáticas e características do solo também são fundamentais para essa escolha. De acordo com Marchetti (2013), um projeto de ponte deve ser desenvolvido de forma a garantir funcionalidade, segurança, viabilidade econômica e um design adequado.
Conforme apontam Magno e Moulin (2016), do ponto de vista estrutural, uma ponte é composta por três partes principais: superestrutura, mesoestrutura e infraestrutura.
· Superestrutura: Constitui a parte da ponte destinada ao tráfego de veículos e pedestres. Essa seção é composta por vigas e lajes, cuja função é suportar as cargas aplicadas e transferi-las para as demais estruturas de sustentação.
· Mesoestrutura: Engloba os pilares e apoios, responsáveis por receber as cargas provenientes da superestrutura e transmiti-las à infraestrutura. A altura total da ponte é influenciada diretamente por essa seção.
· Infraestrutura: Compreende os elementos de fundação, como sapatas, estacas com blocos de coroamento ou tubulões. Sua principal função é transferir as cargas da ponte para o solo, garantindo a estabilidade da estrutura.
3.2.FUNDAÇÃO PROFUNDA
Na engenharia civil, toda obra, independentemente de seu porte, deve iniciar com a realização de ensaios de sondagem. Esse processo é essencial, pois permite a análise das características do solo onde a construção será executada. Sem esse estudo, a escolha da fundação mais apropriada se torna um desafio, podendo comprometer a eficiência e segurança do projeto.
De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 1996), as fundações profundas são elementos estruturais inseridos no solo com a finalidade de transmitir cargas até camadas mais resistentes. Essa transferência pode ocorrer por três mecanismos distintos: resistência de ponta, resistência de fuste (atrito lateral) ou uma combinação de ambos.
Esse tipo de fundação é empregado quando os solos superficiais não apresentam capacidade suficiente para suportar cargas elevadas, quando há risco de erosão ou ainda quando existe a possibilidade de futuras escavações nas proximidades da obra.
Segundo Fernando Rebouças Stucchi (2016), as fundações profundas mais utilizadas em pontes são:
· Estacas: Podem ser pré-moldadas, do tipo Franki ou escavadas;
· Tubulões: Executados a ar comprimido, escavados mecanicamente ou mistos;
· Caixões: Construídos a céu aberto ou sob ar comprimido.
Esses sistemas estruturais desempenham um papel essencial na estabilidade e segurança das pontes, distribuindo de forma eficiente as cargas ao solo e reduzindo riscos estruturais.


As estacas são elementos de fundação profunda executados exclusivamente com o uso de equipamentos ou ferramentas, sem a necessidade de descida de operários durante qualquer fase do processo. Esses elementos podem ser fabricados com diversos materiais, incluindo madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in loco ou uma combinação desses materiais (ABNT 6122, 1996, p. 2).
A estaca Franki é um tipo de fundação moldada in loco, caracterizada pela formação de um bulbo compactado na ponta, o que aumenta sua capacidade de carga. De acordo com a PINI (2017), seu diâmetro pode variar entre 30 e 70 cm, atingindo profundidades de até 30 metros. Essa estaca pode ser utilizada em diferentes tipos de solo, inclusive na presença de lençol freático. Em terrenos mais moles, pode ser necessário o uso de técnicas para reforçar as paredes da perfuração ou a aplicação de camisas metálicas durante a concretagem.
O processo de execução da estaca Franki (2017) ocorre em quatro etapas principais:
• Cravação do tubo metálico no solo com o auxílio de uma “bucha” composta por brita e areia. O pilão é liberado de uma altura entre 5 e 7 metros, permitindo que o tubo atinja a profundidade desejada;
• Expansão da base da estaca, momento em que o tubo é mantido fixo enquanto o pilão expulsa a bucha. Pequenas quantidades de concreto são então adicionadas à base para garantir maior resistência;
• Instalação da armação metálica, que reforça a estrutura da fundação;
• Concretagem final e remoção do tubo metálico, realizada cuidadosamente para evitar falhas estruturais.
As estacas escavadas com lama bentonítica são uma alternativa para solos instáveis ou com presença de lençol freático. Segundo Barros (2018), a utilização 10da lama bentonítica garante a estabilidade das paredes da escavação, permitindo que a fundação atinja grandes profundidades e suporte cargas elevadas.
O método de execução consiste nas seguintes etapas:
1. Perfuração do solo, acompanhada da injeção de lama bentonítica para evitar desmoronamentos;
2. Remoção do solo escavado, mantendo a lama bentonítica no local para estabilizar as paredes;
3. Colocação da armação metálica, garantindo resistência estrutural à estaca;
4. Concretagem por meio da substituição da lama bentonítica, em que o concreto é lançado no furo, forçando a lama a sair.
Esse tipo de fundação é especialmente eficiente em solos rochosos, pois a lama bentonítica facilita a escavação. Além disso, seu processo de execução não gera ruídos nem vibrações, sendo uma alternativa viável para obras em áreas urbanas (PINI, 2017).
As estacas hélice contínua, conforme definido pela NBR 6122 (ABNT, 1996, p. 3), são fundações profundas moldadas in loco, executadas por meio de um trado contínuo com injeção simultânea de concreto.
Segundo Marangon (2018), a execução desse tipo de estaca ocorre da seguinte maneira:
1. Perfuração do solo com o trado helicoidal acionado por motores hidráulicos, sem que ele seja removido durante o processo;
2. Injeção de concreto através da haste central do trado, garantindo o preenchimento da perfuração;
3. Colocação da armação metálica, ainda com o concreto fresco, para reforço estrutural.
Esse método é amplamente adotado devido à sua rápida execução e ao baixo impacto ambiental, pois reduz a movimentação de solo e a emissão de vibrações. Além disso, pode ser aplicado tanto em solos arenosos quanto coesivos, independentemente da presença de lençol freático.
Os tubulões são elementos cilíndricos de fundação profunda que exigem a descida de operários na fase final da escavação. Conforme a NBR 6122 (ABNT, 111996, p. 2), podem ser executados a céu aberto ou sob ar comprimido, com ou sem base alargada.
Esses elementos podem contar com revestimentos de aço ou concreto, sendo que a camisa metálica pode ser perdida ou recuperada, dependendo das condições do solo e da carga estrutural. Os tubulões são empregados em situações que exigem a transferência de cargas elevadas para camadas profundas do solo.
Os caixões pneumáticos são fundações profundas prismáticas, concretadas na superfície e instaladas por escavação interna. De acordo com a ABNT (1996, p. 2), sua execução pode envolver o uso de ar comprimido, e sua base pode ou não ser alargada.
Segundo Orrico (2018), esses caixões são geralmente construídos em concreto armado e montados próximos a cursos d’água ou sobre flutuadores. Após a concretagem inicial, são transportados até o local da fundação e submergidos. A escavação interna ocorre dentro de uma câmara pressurizada, permitindo que operários realizem a preparação da base com segurança. Esse método é amplamente utilizado na construção de pontes e estruturas submersas, onde é necessário alcançar grandes profundidades e garantir estabilidade.
4. ESTUDO DE CASO: FUNDAÇÃO SUBMERSA DA PONTE RIO NEGRO E OS DESAFIOS DA ENGENHARIA GEOTÉCNICA
A construção da Ponte Rio Negro, inaugurada em outubro de 2011 no estado do Amazonas, exigiu soluções inovadoras para sua fundação submersa, devido às características do leito do Rio Negro. Este estudo investiga os desafios geotécnicos enfrentados e as técnicas empregadas na fundação da ponte estaiada, com ênfase no uso de estacas escavadas com lama bentonítica e revestidas por camisas metálicas. A pesquisa analisa os processos construtivos, a adaptação do projeto às condições do solo e a importância dessa tecnologia para garantir a estabilidade estrutural da ponte.
A construção de pontes sobre cursos d’água impõe desafios estruturais e geotécnicos, exigindo técnicas específicas para garantir a estabilidade da fundação. No caso da Ponte Rio Negro, os estudos preliminares revelaram um solo composto por areia, rochas e argila orgânica, inviabilizando o método convencional de fundação por estacas inclinadas. Assim, adotou-se um sistema de estacas escavadas com lama bentonítica, capaz de oferecer maior resistência e estabilidade em solos saturados.
Este estudo analisa o processo de fundação submersa da Ponte Rio Negro, abordando os métodos empregados, os desafios encontrados e os benefícios dessa tecnologia para a durabilidade da estrutura. A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica e análise técnica dos dados da obra. Foram consultadas fontes especializadas em engenharia civil, além de publicações sobre fundações em ambientes submersos. O estudo foca no processo de fundação adotado, considerando os aspectos geotécnicos e estruturais da construção.
4.1. Características gerais da Ponte Rio Negro
Com 3.595 metros de extensão, a Ponte Rio Negro conecta Manaus ao município de Iranduba e se destaca como a maior construção do Brasil sobre águas doces. Sua estrutura conta com:
• Altura do mastro central: 185 metros acima do nível da água;
• Altura livre para navegação: 55 metros na cheia e 70 metros na seca;
• Configuração das pistas: quatro faixas de tráfego, duas por sentido, além de passarelas laterais para pedestres;
• Largura variável: 20,70 metros nos trechos convencionais e 22,60 metros na seção estaiada.
O projeto utilizou 15 mil toneladas de aço e aproximadamente 161 mil metros cúbicos de concreto estrutural, assegurando a resistência e a longevidade da ponte.
4.2. Estudo do solo e escolha da técnica de fundação
O primeiro passo na construção foi a análise geotécnica do leito do Rio Negro, realizada por meio de ensaios de sondagem. O estudo revelou uma composição de areia, rochas e argila orgânica, o que impossibilitou a aplicação de fundações convencionais, como estacas inclinadas de 80 cm de diâmetro.
Para garantir a estabilidade da estrutura, foi necessário adotar um sistema mais robusto: estacas escavadas com lama bentonítica e revestidas por camisas metálicas. Essa técnica permitiu a instalação das fundações em um solo heterogêneo e saturado, prevenindo desmoronamentos durante o processo de escavação.
A primeira etapa de fundações é executada com a sondagem, e para este projeto foi necessária a realização de sondagem em terra e água
Figura 02: Sondagem em Terra

Figura 03: Sondagem em água

A fundação em terra constituída pelos apoios iniciais, na faixa de 01 a 06 foi realizada por estaca hélice contínua e estaca raiz.
Figura 04: Fundação na terra

4.2.1 Processo de execução da fundação submersa
O método de fundação adotado seguiu um procedimento rigoroso para garantir a resistência estrutural da ponte. As principais etapas foram:
1. Escavação do solo no ponto de instalação das estacas, utilizando equipamentos específicos para perfuração submersa;
2. Colocação das camisas metálicas, fundamentais para estabilizar a escavação e evitar o colapso do solo;
3. Lançamento da lama bentonítica, que preenchia o furo da estaca e impedia a entrada de água, mantendo a estabilidade durante a perfuração;
4. Preenchimento com concreto, que substituía a lama bentonítica de forma controlada, garantindo a compactação adequada e a resistência estrutural da estaca.
Para o projeto de fundações na água visou-se a previsão da variação do nível de água, considerando as projeções máximas durante a cheia. O tipo de solo encontrado nos primeiro metros foi areno-argiloso e ao longo da escavação foi encontrado o solo tipo arenito-argilito.
Para a execução foram utilizadas camisas metálicas com comprimento variando de 45 a 75m, diâmetro interno de 2,20m e externo de 2,50m. O transporte até o local de execução se deu por balsa, onde após a identificação do local correto se realiza o içamento e posicionamento da camisa metálica e após isso, a cravação por vibrocravador da camisa metálica até as primeiras camadas de rocha conforme nível definido em projeto. A escavação até o ponto de projeto é auxiliada por um trado com capacidade de atravessar os níveis necessários de camada de rocha. Por fim a armadura da estaca é posicionada no interior do tubo-camisa e logo em seguida concretada. É finalizada então com o bloco de fundação que irá suportar os pilares da ponte.
Figura 05: Projeto de Fundações da Ponte Rio negro

Figura 06: Projeto executivo – estacas escavadas

Figura 07: Trado e Caçamba para a fase de escavação

4.2.2. Vantagens do uso de estacas escavadas com lama bentonítica
A escolha dessa técnica trouxe diversos benefícios para a construção da ponte, incluindo:
• Maior estabilidade estrutural, devido à ancoragem profunda das estacas;
• Redução do risco de colapso da escavação, já que a lama bentonítica impede a entrada de água;
• Adaptação ao solo heterogêneo do Rio Negro, permitindo a execução da fundação em um ambiente geotécnico desafiador;
• Durabilidade da estrutura, uma vez que o concreto substitui a lama bentonítica de forma controlada, evitando falhas na compactação.
Figura 08 – Içamento e posicionamento da camisa metalica

Figura 09 – Transporte da Camisa Metálica

4.2.3. Comparação com outras técnicas de fundação
Para entender a relevância do sistema adotado, é útil compará-lo com outras soluções comuns em fundações submersas:

Dessa forma, a escolha das estacas escavadas com lama bentonítica se mostrou a mais viável para a Ponte Rio Negro, garantindo segurança e eficiência na construção.
A fundação submersa da Ponte Rio Negro representou um dos maiores desafios técnicos da obra, exigindo soluções inovadoras para lidar com as condições adversas do solo. A adoção de estacas escavadas com lama bentonítica foi fundamental para garantir a estabilidade e a durabilidade da estrutura, permitindo a construção da maior ponte do Brasil sobre águas doces.
A experiência adquirida nesse projeto reforça a importância do estudo geotécnico na definição da técnica de fundação mais adequada para cada ambiente. Esse conhecimento pode ser aplicado em futuras obras de infraestrutura, especialmente em regiões com solos instáveis e elevados níveis de saturação.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos temas abordados neste trabalho, reforça-se a importância da fundação na construção de pontes sobre rios e mares. Essa estrutura é a base de sustentação de qualquer obra e sua escolha depende diretamente das características do solo onde será implantada. Conforme as pesquisas realizadas, verifica-se que o primeiro passo para a execução de uma obra dessa magnitude é a sondagem do solo, processo essencial para determinar o tipo de fundação mais adequado. No caso de grandes construções em ambiente aquático, utilizam-se fundações submersas profundas, sendo escolhidos métodos específicos conforme a necessidade do terreno.
Para trazer uma visão mais aplicada do tema, optou-se por apresentar exemplos de pontes brasileiras, analisando os diferentes tipos de fundações adotadas em cada caso.
A seleção das estruturas teve como critério sua localização em diferentes estados e a utilização de técnicas distintas de fundação, permitindo uma comparação entre os métodos utilizados em cenários variados.
No campo da engenharia, construções em meio aquático demandam inspeções frequentes, pois estão expostas a processos de desgaste e corrosão. Após a conclusão da obra, é essencial a realização de manutenções periódicas, geralmente em intervalos de cinco anos, para avaliar a condição da fundação e elaborar relatórios que acompanhem possíveis desgastes estruturais ao longo do tempo.
Por fim, independentemente do tipo de obra, uma fundação bem planejada é fundamental para garantir a estabilidade e a segurança da construção. No caso de pontes sobre rios e mares, essa necessidade se mantém, exigindo ainda um acompanhamento rigoroso após sua conclusão, a fim de evitar problemas estruturais e reparos complexos no futuro.
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