FOTOBIOMODULAÇÃO NA REDUÇÃO DOS DISTÚRBIOS MIOFUNCIONAIS NA DTM – REVISÃO DE LITERATURA

PHOTOBIOMODULATION IN THE REDUCTION OF MYOFUNCTIONAL DISORDERS IN TMD

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10203448


Ester Lorena da Silva Campos1
Orientador: Profº Esp. Marcelo Teles2


RESUMO  

A disfunção temporomandibular é de grande recorrência na sociedade. Devido a isto, é necessário o cirurgião dentista estar atento ao seu diagnóstico, pois é comum que os portadores da DTM desenvolvam problemas miofuncionais, os quais podem ser: dor na face, dificuldade de movimentar mandíbula, sensação de mandíbula travada, dentre outros. O laser de baixa potência (fotobiomodulação) é uma opção de terapia que vem sendo empregada cada vez mais na área da Odontologia, por ser um recurso de baixo custo, apresenta eficácia científica e não é invasivo. O objetivo desse trabalho é apresentar a fotobiomodulação como uma forma de terapia reabilitadora no tratamento dos distúrbios miofuncionais, bem como os benefícios da técnica abordada. O presente estudo será realizado através de uma revisão de literatura nas bases de dados Scientific Electronic Livrary Online (SCIELO), PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google Acadêmico, utilizando os artigos das línguas inglesa e portuguesa. Após a seleção dos artigos e de acordo com a relevância do assunto, espera-se encontrar os benefícios da fotobiomodulação na redução dos distúrbios miofuncionais na DTM, por considerando-se o fato de ser um tratamento sem efeitos colaterais. 

Palavras-chaves: fotobiomodulação, disfunção temporomandibular, laser terapia, laser de baixa intensidade. 

ABSTRACT 

Temporomandibular dysfunction is highly prevalent in society. Due to this, it is necessary for the dental surgeon to be attentive to their diagnosis, as it is common for people with TMD to develop myofunctional problems, which can be: pain in the face, difficulty moving the jaw, feeling of a locked jaw, among others. The low-power laser (photobiomodulation) is a therapy option that has been increasingly used in the field of Dentistry, as it is a low-cost resource, has scientific efficacy and is non invasive. The objective of this work is to present photobiomodulation as a form of rehabilitative therapy in the treatment of myofunctional disorders, as well as the benefits of the technique addressed. The present study will be carried out through a literature review in the Scientific Electronic Livrary Online (SCIELO), PubMed, Virtual Health Library (VHL) and Google Scholar databases, using articles in English and Portuguese. After selecting the articles and according to the relevance of the subject, it is expected to find the benefits of photobiomodulation in reducing myofunctional disorders in TMD, considering the fact that it is a treatment without side effects. 

Keywords: photobiomodulation, temporomandibular disorder, laser therapy, low intensity laser. 

1. INTRODUÇÃO 

A DTM é uma patologia multifatorial motivada por fatores emocionais, sociais, e hábitos parafuncionais (Cruz et al., 2020). Portanto, não existem estudos que determinem um diagnóstico clinicamente precoce durante a fase da infância ou adolescência, e não há nenhuma evidência científica sobre a prevenção dessas disfunções. Com o correto diagnóstico das causas individuas, é possível controlar os fatores etiológicos (Ortega et al., 2013). 

Um paciente acometido com a DTM apresenta um quadro clínico bem característico, ou seja: presença principalmente de dor, limitação dos movimentos articulares e mandibulares, som articular, dentre outros. Os sintomas podem variar de indivíduo para indivíduo, e a forma de tratamento vai depender do quadro em que ele se encontra (Ortega et al., 2013). 

Os primeiros sinais encontrados podem ser: falta de coordenação ou limitação dos movimentos mandibulares, sensibilidade à palpação dos músculos e ruídos na região articular. Os sintomas mais comuns relatados por portadores de DTM são: dor orofacial, nos músculos mastigatórios e ATM, cefaléia e dores auriculares. Zumbido, e vertigem também são relatados (Carrara et al., 2010). 

A fotobiomodulação tem ganhado espaço cada vez mais na odontologia, no tratamento de disfunções miofuncionais da DTM devido aos seus benefícios de possuir baixo custo, procedimento não invasivo, indolor, e apresentando uma eficácia significativa nos portadores da patologia em estudo (Cruz et al., 2020). Reparação tecidual, efeito analgésico, anti-inflamatório, biomodulador celular, são alguns dos efeitos que a fotobiomodulação proporciona ao paciente (Dias et al., 2021). 

Quando administrado de forma correta, tem a finalidade de devolver as funções musculares que foram prejudicadas. Vale ressaltar que esse efeito só é possível ser observado quando há disfunções presentes (Ribeiro et al., 2011).

2. METODOLOGIA  

Foi realizado uma revisão de literatura nacional e internacional, utilizando banco de dados Google Acadêmico, Scielo, Pubmed, Biblioteca Virtual de Saúde. Os artigos utilizados foram de acordo com a relevância referentes ao tema “Fotobiomodulação na redução dos Distúrbios Miofuncionais na DTM”. Foram utilizados os seguintes termos para a pesquisa: laser de baixa potência; laser de baixa intensidade, disfunção temporomandibular, sinais e sintomas de DTM. Os critérios de inclusão para a revisão de literatura inclui artigos de revisão, artigos originais, escritos na língua portuguesa e em inglês. A escolha dessas línguas foi motivada pelo fato de que nas plataformas pesquisadas não foi encontrado artigos em outras línguas. 

3. REVISÃO DE LITERATURA 

O sistema estomatognático é responsável pela respiração, fala, sucção, deglutição e mastigação, que são atividades fisiológicas e funcionais do cotidiano do ser humano e tem como elementos constituintes: ossos, músculos, nervos, dentes, mucosas, glândulas e articulação temporomandibular (ATM). Os movimentos complexos da mandíbula só são possíveis devido a ATM, que se movem simultaneamente e sinergicamente. A harmonia desses movimentos depende do equilíbrio, saúde e função dessa articulação. Quando algum agente patológico interfere na sua funcionalidade adequada do sistema, causa um desequilíbrio chamado de disfunção temporomandibular (DTM), que envolve os músculos do sistema estomatognático (Pereira et al., 2005). 

Um conjunto de anormalidades na função do sistema temporomandibulares é chamado de DTM (disfunção temporomandibular), de sintomatologia dolorosa proveniente de agentes agressores à integridade morfológica ou funcional. (BGD et al., 2009). É notada pela presença de cefaléias crônicas, sons na articulação temporomandibular (ATM), limitações nos movimentos mandibulares, hiperestesia e dor nos músculos da mastigação, da cabeça e pescoço (Cruz et al., 2020). Outros sinais que variam entre os pacientes são: otalgia, cansaço, dor articular, zumbido; sendo a dor apontada como a mais comum (Pereira et al., 2005).

Para a Academia Americana de Disfunções Temporomandibulares, a etiologia é de origem multifatorial, sendo que cada paciente tem sua particularidade do efeito de tais agentes na fisiopatologia. Devido ao acometimento expressivo de pacientes portadores de DTM, é exigido um conhecimento adequado para um correto diagnóstico e intervenção (BGD et al., 2009). 

Dentre os sintomas e sinais na região dos músculos mastigatórios e pré auriculares e ATM, os principais relatados são: espasmo muscular, dor reflexa, dificuldade de movimentação articular, crepitação, cefaléia e perturbações auditivas.  A dor dificulta os movimentos de mastigação dos alimentos, pois a inflamação pelos agentes irritantes na articulação, juntamente com os movimentos de fricção e apertamento, irritam a superfície gradativamente. A limitação dos movimentos de abertura da boca pode modificar a fala, deixando a sensação de “travada”, influencia também na mastigação e deglutição, deixando-as menos eficientes (Pereira et al., 2005). É conhecida como a terceira maior prevalência entre as dores crônicas buco faciais de origem não odontogênica, sendo mais comum em jovens e adultos, com prevalência em mulheres, cuja proporção de mulheres/homens varia entre 3:1 a 9:1 (Pereira et al., 2005; Ferreira et al., 2016; Cruz et al., 2020). 

Estudos apontaram também que grande parte dos universitários possui algum sinal ou sintoma da disfunção temporomandibular decorrente de estresse e ansiedade (Pedroni et al., 2003; Bonjardim et al., 2009). Um grupo de desdentados foi avaliado com a finalidade de abordar a prevalência das disfunções, mas houve uma divergência, segundo Sousa e colaboradores (2014), pois mostraram que alguns estudos afirmaram que esses pacientes possuem alta prevalência, ao passo que outros afirmaram ter baixa prevalência, julgando que, por causa da perda dos dentes e o avanço da idade, uma série de alterações adaptativas ocorrem relacionadas ao desconforto, não desenvolvendo os sinais e sintomas. 

Atualmente, os fatores psicossociais têm ganhado atenção, levantando a discussão sobre a relação dos fatores emocionais (tensão emocional, o estresse, a ansiedade e a depressão) como etiologia e agravante das disfunções temporomandibulares, já que causam hiperatividade muscular (Cruz et al., 2020). Foi avaliado nos pacientes de DTM, que a sintomatologia está relacionada com o estresse, visto que, 89,6% das 48 pessoas que participaram da pesquisa necessitavam de um acompanhamento psicológico. (Borba et al., 2021).

O índice de Helkimo foi criado para auxiliar na classificação da gravidade dos sintomas, acompanhamento e evolução do tratamento nos ambulatórios. Foi relatado que pacientes com cefaléia e DTM apresentam distúrbios do sono (BGD et al., 2009). 

Em estudo foi visto que os estalos também são bastante comuns, devido ao movimento errado que a cartilagem da ATM está exercendo, deslizando inesperadamente para cima do côndilo no momento em que o paciente abre a boca. Constatou-se também que nem sempre o estalo vem acompanhado da dor (Pereira et al., 2005). Além disso, os hábitos deletérios, como por exemplo: onicofagia, sucção digital, uso prologado de chupeta, bruxismo, dentre outros, também podem causar um desequilíbrio neuromuscular do sistema estomatognático, desenvolvendo contrações musculares inapropriadas, podendo também causar dor e diminuição da coordenação dos músculos envolvidos, consequentemente aumentando o risco de ocasionar a DTM (Pereira et al., 2005). 

Por ser uma patologia complexa devido à sua etiologia multifatorial, a anamnese detalhada é o fator principal para o diagnóstico. Deve ser feito um levantamento de hábitos parafuncionais, fatores emocionais e sociais para trabalhar em face desses atenuantes, minimizando e/ou até mesmo excluindo esses agentes irritantes, para que o tratamento tenha a eficácia desejada e um prognóstico satisfatório (Catão et al., 2013). Também deve ser realizado exame físico como: avaliação de ruídos articulares, apalpação dos músculos adjacentes da ATM; dependendo da gravidade, exames complementares, tais como: tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética, são indispensáveis. (Borba et al., 2021). 

A forma de terapia escolhida para qualquer patologia vai depender de um bom diagnóstico e avaliação. É importante considerar o prognóstico, ou seja, se a desordem vai interferir no pós-tratamento (Melo et al., 2009). Segundo a literatura, a primeira escolha de tratamento deve ser o conservador, não invasivo e reversível, já que terapias prescritas inadequadamente podem ser irreversíveis e causar iatrogênias e a cronificação da dor (Sassi et al., 2018; Sartoretto et al., 2012). 

Sobre o tratamento conservador, podem-se adotar os seguintes: intervenções psicológicas, fisioterapia, acupuntura, orientações de autocuidado, placas miorrelaxante, exercícios musculares realizados com fonoaudiólogos, terapias manuais, sendo também associadas e aumentando a efetividade para proporcionar conforto ao paciente. Na literatura, há um consenso entre os autores sobre a eficiência e a praticidade no emprego do laser de baixa potência nas intervenções dolorosas, para redução do estresse da DTM (Reid et al., 2013; Borba et al., 2021). 

Vários estudos comprovam a evidência científica o uso da fotobiomodulação utilizada na fisioterapia e odontologia, uma vez que essas áreas utilizam tal recurso há mais tempo como opção terapêutica na DTM. O laser, que é uma sigla em inglês,  quando traduzido para o português significa uma amplificação da emissão de luz que têm como estimulo a radiação, pode ser classificado em dois métodos: laser de alta potência, utilizado no meio cirúrgico (ablativo), e os laser de baixa potência, usado para fins terapêuticos (Maximo et al., 2021). 

O uso do Laser de Baixa Intensidade (LBI) nas DTMs tem ganhado espaço e sendo discutido nos estudos científicos, por ser uma intervenção não farmacêutica, indolor, rápida, não invasiva e segura ao paciente, devido às reações positivas e eficazes nas dores musculares e articulares, sob os principais efeitos analgésicos, anti-inflamatório e biomodulador das funções fisiológicas celulares. (Dias et al., 2021). O laser transforma a energia luminosa em energia química, fazendo com que ocorram as mudanças metabólicas, funcionais energéticas, e, ao fim do processo, aumentar a resistência e vitalidade celular (Maximo et al., 2021). 

O laser oferece várias vantagens no tratamento das desordens temporomandibulares, o que o torna bastante conceituado atualmente nas clínicas odontológicas; além de ser um tratamento não invasivo, diminuir os procedimentos cirúrgicos e uso de medicamento, ele possui baixo custo. Sua aplicação nos portadores de DTM tem garantido uma eficácia significativa no alívio da dor e restabelecimento das funções, conferindo aos pacientes maior conforto, e dando uma qualidade de vida melhor (Cruz et al., 2020). 

Quando administrado em doses corretas, há interação positiva com as células que estão desabilitadas, possibilitando um estímulo das suas funções, ocorrendo a ação antinflamatória que vai ativar mastócitos, aumento da produção de ATP na mitocôndria, e estimula os linfócitos. Na literatura recente encontramos a informação de que os efeitos do laser de baixa intensidade são mais visíveis em tecidos e órgãos debilitados, em casos onde há desordens funcionais nos pacientes (Lins et al., 2010; Ribeiro et al., 2011). 

O manuseio da técnica de terapia com o LBI é aplicada na faixa de espectro de 600nm a 1000nm (vermelho visível ou infravermelho), com irradiância de 5 mW/cm² a 5 W/cm² e com potência podendo variar entre 1 mW até 10 W, feixes pulsáteis ou contínuos, e o tempo da aplicação de 30-60 segundos (Zokaee et al., 2018). 

Há alguns questionamentos nos casos em que alguns pacientes não respondem ao tratamento, e outros relatos de aumento da sintomatologia. É possível, sim, que não ocorra o mesmo resultado em outros, e deve ser levado em consideração o nível da gravidade da DTM, bem como o estresse, a perda da dimensão vertical severa e o tempo de progressão da patologia. Tendo esses agravantes que influenciam negativamente na eficácia analgésica da fotobiomodulação, é necessário fazer alguns ajustes na dosagem ou o intervalo entre as sessões de aplicação (Catão et al., 2013). 

No modelo de estudo de Karu, a luz visível produz alterações fotoquímicas nas mitocôndrias, através dos fotoabsorvedores presentes, alterando seu metabolismo e levando à transdução, que é o processo de transferência de energia para as outras partes da célula. Após esse ciclo, é induzida a fotoresposta que é a biomodulação celular e uma cascata de eventos na cadeia respiratória (Ribeiro et al., 2011). 

A absorção molecular do laser promove alterações bioquímicas, bioelétricas e bioenérgicas, aumentando o metabolismo na quantidade de tecido de granulação, diminuição dos mediadores inflamatórios, liberação de fatores de crescimento e síntese de colágeno, auxiliando no processo de reparação tecidual (Lins et al., 2010). 

4. DISCUSSÃO 

A terapia de fotobiomodulação vêm se estabelecendo na área da saúde, principalmente na Odontologia, já que o laser de baixa potência tem garantido sua funcionalidade como forma de tratamento reabilitador, devido aos seus efeitos terapêuticos: analgésico, anti-inflamatório, cicatrizante e modulador celular (auxilia na reparação tecidual e regeneração celular) (Assis et al., 2012). 

A garantia do sucesso dessa terapia nas desordens temporomandibulares, se dá pelo aumento dos níveis de beta-endorfinas que atuam no efeito analgésico, diminuição de bradicinina, diminuição de edemas e substancias álgicas, relaxamento muscular, aumento do suprimento sanguíneo, e reduz o tempo de inflamação (Maia et al., 2012). 

Mesmo o LBI sendo utilizado em outras condições, os efeitos dependem da dosimetria e varia das condições sistêmicas de cada paciente; os parâmetros aplicados são diversificados. Apesar disso, se mostra eficaz na redução dos sintomas de pacientes portadores de DTM (Assis et al., 2012). Ainda não existe um consenso sobre a dosimetria, e em muitos dos ensaios clínicos os protocolos utilizados apresentam variações e não seguem um padrão (Panhóca, 2023). 

Para Okeson, a atuação do laser diretamente na dor é de fundamental importância, já que é a principal queixa da disfunção relatada pelos pacientes, e um agente limitante dos movimentos fisiológicos da ATM (Assis et al., 2012). 

O mecanismo de ação do LBI atua diretamente na analgesia local, reduzindo o quadro inflamatório, eliminando substâncias alogênicas responsáveis pela inflamação, e estimula a produção de endorfina para que a dor não se manifeste. Dessa forma, a microcirculação local é retomada, e as áreas com tensão muscular são aliviadas, pois o laser trabalha como um estabilizador do potencial de membrana em repouso, diretamente nas terminações nervosas, bloqueando a transmissão de estímulos dolorosos e permitindo o efeito analgésico por mais tempo no local (Catão et al., 2013). 

A ação da laserterapia em questão na redução dos espasmos musculares da ATM está relacionada aos níveis de energia absorvida pelas mitocôndrias e membrana celular, através dos citocromos e porfirinas. Esses níveis de energia vão fazer com que aconteça dentro da célula uma pequena disponibilidade extra de oxigênio; a partir daí, ocorre uma aceleração de glicólise e a oxidação fosforilativa com maior disponibilização de ATP (Assis et al., 2012). 

Além disso, a ação da histamina liberada por meio da ação do laser leva à ativação de microcirculações e proporciona mais nutrientes para que as células otimizem seus metabolismos. A resposta obtida pela terapia com fotobiomodulação ira depender também do tecido em questão, e quando as terapias reabilitadoras estão associadas, a contribuição do laser é satisfatória (Assis et al., 2012). 

Dentre as opções de tratamento para DTM, a placa miorrelaxante é muito utilizada, pois ela causa uma interferência positiva na dinâmica da oclusão, uma vez que atua diretamente na desprogramação e programação da ATM, fazendo com que aconteça uma modificação do tônus muscular e descomprimindo o disco da articulação temporomandibular, gerando alivio da sintomatologia da DTM. Com isso, os estudos da associação da fotobiomodulação e placa miorrelaxante apresentaram estatísticas significativas antes e depois do tratamento (Candirli et al., 2016). 

Em um estudo realizado por Malgorzata et al., 2017, foi observado como essa placa miorrelaxante atua na redução da carga sobre a articulação, especificamente na porção anterior do disco. Pfizer et al., 2017, conseguiu confirmar esse desempenho positivo com uma metanálise, quando foram feitos trinta e três estudos clinicos randomizados, os quais, num curto prazo, apresentou um sucesso geral, pois diminuiu a sensibilidade muscular, reduziu os episódios de dores e sua intensidade, apresentando melhoria na abertura bucal. 

Apesar do laser se mostrar eficaz no tratamento dos distúrbios decorrentes da disfunção temporomandibular, é importante levar em consideração a necessidade de se traçar um planejamento com tratamento interdisciplinar com atuação multiprofissional, tais como: médico, psicológico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, ou até mesmo em mais de uma especialidade odontológica, para que a reabilitação se mostre mais eficiente, visto que é a patologia da DTM é multifatorial (Seabra et al., 2012). 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A DTM é uma patologia multifatorial e muito recorrente entre os indivíduos. sua sintomatologia é principalmente dolorosa, e pode dificultar a mastigação, causar zumbidos, dores orofaciais, dentre outros sinais e sintomas. A importância do seu diagnóstico correto implicará de forma positiva se a reabilitação for efetiva para que seja reestabelecida a sua a função adequada da ATM e consequentemente o sistema estomatognático, concedendo melhor qualidade de vida ao paciente. Com base nos estudos deste trabalho, pôde-se analisar que a necessidade de conhecimento dos profissionais vem aumentando, já que é notável o crescimento de casos na população em geral. Esta disfunção pode ser tratada com diversos métodos, como se observou em várias abordagens aqui estudadas sobre a eficácia do tratamento reabilitador das disfunções temporomandibulares com a laserterapia de fotobiomodulação, bem como seus efeitos positivos, devido a sua ação analgésica, antinflamatória, e biomodulação celular, os quais promovem conforto ao paciente já nas primeiras sessões. Verificamos também, que a associação do laser de baixa potência com outras terapias reabilitadoras intensifica os resultados, mostrando um prognóstico promissor. Vale ressaltar a importância de um bom plano de tratamento alinhado a uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, para que  se obtenha resultados mais rápidos e eficazes. 

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1Discente do curso de odontologia da faculdade de Ilhéus, Centro de Ensino Superior, Ilhéus-Bahia

2Especialista em Prótese dentária, Docente do curso de Odontologia da Faculdade de Ilhéus, Centro de Ensino Superior, Ilhéus, Bahia, Docente do curso de dupla certificação Prótese/Implante do Centro de odontologia Avançada- Ilhéus