FORMAS DE PROPORCIONAR CONFORTO EM PACIENTE COM CUIDADOS PALIATIVOS: REVISÃO DE LITERATURA

WAYS TO PROVIDE COMFORT IN PATIENTS WITH PALLIATIVE CARE: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7872806


Suelen Pereira de Sousa¹
Jessica Lopes dos Santos²


RESUMO
Os cuidados paliativos integram a filosofia do cuidar e são aplicados em pacientes que possuem doenças crônicas e degenerativas. Objetivo: verificar na literatura evidências científicas sobre as formas de proporcionar conforto em pacientes com cuidados paliativos. Métodos: este estudo compreendeu em uma revisão de literatura do tipo integrativa. Foram achadas 8 publicações científicas referentes ao período de 2018 a 2022, seguindo os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Resultados: o conforto na prática dos cuidados paliativos pode ser proporcionado por meio da musicoterapia, radioterapia, espiritualidade, banhos, conversas, contato com a natureza, troca de afeto e fortalecimento de vínculo entre equipe, paciente e família. A comunicação clara e a atuação humanizada da equipe multiprofissional são fatores preponderantes na qualidade de assistência à saúde do paciente, contribuindo para redução de ansiedade e depressão, assim como no alívio da dor e sofrimento. Conclusão: o conforto é um componente fundamental na prática dos cuidados paliativos, pois visa amenizar sintomas angustiantes em decorrência da progressão da doença, levando o paciente a finitude da vida de forma pacífica.

Palavras-chave: Cuidados paliativos. Conforto. Paciente. Prática. Assistência.

ABSTRACT
Palliative care is part of the philosophy of care and is applied to patients who have chronic and degenerative diseases. Objective: to verify, through the literature, scientific evidence, ways to provide comfort in patients with palliative care. Methods: this study comprised an integrative literature review. Eight scientific publications were found referring to the period from 2018 to 2022, following the established inclusion and exclusion criteria. Results: comfort in the practice of palliative care can be provided through music therapy, radiotherapy, spirituality, baths, conversations, contact with nature, exchange of affection and strengthening of the bond between the team, patient and family. Clear communication and the humanized performance of the multidisciplinary team are preponderant factors in the quality of patient health care, contributing to the reduction of anxiety and depression, as well as the relief of pain and suffering. Conclusion: comfort is a fundamental component in the practice of palliative care, as it aims to alleviate distressing symptoms due to the progression of the disease, leading the patient to the end of life in a peaceful way.

Keywords: Palliative care. Comfort. Patient.

1 INTRODUÇÃO

Os cuidados intensivos caracterizam-se pela utilização de diversos recursos tecnológicos e tratamentos especializados, que por vezes, vão além do desejo e da decisão de pacientes e seus familiares. Devido à complexidade e gravidade da doença, resultados desanimadores podem surgir, sendo inevitável o processo de morte (PEGORARO; PAGANINI, 2019).

Com isso, sugere-se a aplicação dos cuidados paliativos para esses pacientes, vistos como parte da assistência completa de saúde. Entende-se como como uma filosofia do cuidar que visa melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e familiares na presença de doenças crônicas e degenerativas, reiterando a vida e a morte como processos naturais. Podem ser aplicados a nível domiciliar, em clínicas, ambiente hospitalar e em unidades de terapia intensiva (UTI). (PERÃO et al., 2021).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define cuidados paliativos como uma abordagem visa proporcionar a melhora da qualidade de vida de pacientes e familiares que enfrentam problemas relacionados a doenças que ameaçam a vida. Buscam fornecer prevenção e alívio diante do sofrimento por meio da identificação precoce, avaliação e tratamento corretos da dor e de outros problemas, seja de caráter físico, psicológico, social ou espiritual (WHO, 2021).

Estima-se que no mundo 40 milhões de pessoas necessitam de cuidados paliativos a cada ano. E a apenas 14% dos pacientes de precisam desses cuidados realmente o recebem. Ressalta-se que 78% de adultos que necessitam de cuidados paliativos residem em países de baixa e média renda (WHO, 2021).

Devido os pacientes se encontrarem fora das possibilidades de cura em decorrência da progressão da doença crônica ou degenerativa, busca-se fornecer um cuidado multidimensional que lhe traga força, dignidade e conforto, elevando seu mente e corpo para uma passagem entre a vida e morte de forma pacífica. Diante disso, visando aprofundar os conhecimentos sobre este contexto, elaborou-se o seguinte problema: quais as formas de proporcionar conforto em pacientes com cuidados paliativos?

Apesar do termo “conforto” aparecer com frequência na literatura de enfermagem, verifica-se que a escassez de produções científicas que contemplam estudos sobre sua importância na prática de cuidados paliativos de paciente. Deste modo, este estudo se justifica mediante a necessidade de atualizar as discussões em torno desse tema.

Abordar esse tema torna-se relevante no sentido de incentivar a ampliação da prática dos cuidados paliativos, visando melhorias da assistência ao paciente, abrangendo as dimensões físicas, psicológicas e espirituais, bem como incentivar a capacitação dos profissionais de saúde para a realização dessas intervenções, primando pelo conforto e qualidade de vida.

Sendo assim, este estudo tem como objetivo geral: verificar na literatura evidências científicas sobre as formas de proporcionar conforto em pacientes com cuidados paliativos. E os objetivos específicos consistem em: identificar na literatura as formas de conforto presentes na prática dos cuidados paliativos pela equipe multiprofissional de saúde; apontar os impactos mais significativos do conforto na qualidade de vida de paciente em cuidados paliativos; evidenciar a importância dos cuidados paliativos como terapêutica no conforto do paciente.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Cuidados paliativos

A origem do cuidado paliativo moderno inclui tem como ponto de partida o primeiro estudo sistemático de 1.100 pacientes com câncer em estágio avançado cuidados no St. Joseph’s Hospice entre 1958 e 1965. Este estudo baseou-se em anotações clínicas e relatos dos pacientes, onde ficou constatado efetivo alívio da dor quando eram submetidos a esquema de administração regular de drogas analgésicas em contrapartida de quando tais medicamentos “se necessário” (MATSUMOTO, 2012).

Os cuidados paliativos apresentam-se como uma dimensão do cuidado, que surgiu com a finalidade de suprir a uma demanda crescente de pacientes que se encontravam fora das possibilidades de cura terapêutica e que vinham sendo mal assistidos pelo modelo tecnicista da Medicina. (WHO, 2019 apud SILVA et al., 2021).

Se referem a melhoria da qualidade de vida de pacientes, estendendo-se à sua família que enfrentam condições ameaçadoras da vida, por meio do diagnóstico e tratamento de sintomas físicos, psicossociais e espirituais. Esses cuidados exigem da equipe multiprofissional de saúde uma atuação que envolva a multiplicidade dos aspectos envolvidos no processo de adoecimento, de modo que atenda à integralidade do ser humano, desde o acolhimento até o processo de lutar familiar (ARRIEIRA et al., 2019). Dessa forma, considera-se que:

Paliar é confortar, aliviar sintomas, ouvir, respeitar, compartilhar, acolher, acompanhar até o fim e depois da vida o doente e os familiares. Nessa perspectiva, o cuidado paliativo tem como um de seus objetivos primordiais prover o máximo de conforto para o paciente (SOUZA; JARAMILLO; BORGES, 2021, p. 435).

O paciente destinado aos cuidados paliativos vivencia a experiência de ser acometido por uma doença crônica, progressiva, degenerativa e sem possibilidade de adquirir a cura, o gera angústia e sofrimento a respeito da finitude da vida, provocando repercussões físicas, psicológicas, sociais e espirituais (BLINDERMAN; BILLINGS, 2015 apud SILVA et al., 2021). Diante disso,

os cuidados paliativos devem ser estabelecidos por equipe de profissionais da saúde competentes, habilidosos, sintonizados e harmônicos, tendo como objetivo cuidar integralmente da pessoa, com escuta e acolhimento adequado, permitindo morte mais digna e confortável (PEGORARO; PAGANINI, 2019, p.700).

Os cuidados visam ajudar os pacientes a aliviar a dor e outros sintomas angustiantes enquanto preparam seu corpo e mente para um processo de morte tranquilo, usando técnicas de enfrentamento construtivas durante o tratamento da doença. Eles integram as dimensões psicológica e espiritual do cuidado e oferecem um sistema de apoio ao paciente até o fim de sua vida, bem como preparam os familiares que tentam lidar com a doença e o luto do paciente (NURAINI et al., 2019). Desta forma, é importante destacar que:

O Cuidado Paliativo não se baseia em protocolos, mas sim em princípios. Não se fala mais em terminalidade, mas em doença que ameaça a vida. Indica-se o cuidado desde o diagnóstico, expandindo nosso campo de atuação. Não falaremos também em impossibilidade de cura, mas na possibilidade ou não de tratamento modificador da doença, desta forma afastando a ideia de “não ter mais nada a fazer”. Pela primeira vez, uma abordagem inclui a espiritualidade dentre as dimensões do ser humano. A família é lembrada, portanto assistida também após a morte do paciente, no período de luto (MATSUMOTO, 2012, p.26).

Deste modo, o foco no cuidar consiste em reconhecer e responder às necessidades do paciente e seus familiares por meio de uma visão ampla e transdisciplinar. Leva-se em consideração as conquistas modernas da tecnologia médica, estando sempre atento a uma transição gradual e equilibrada entre tentativas legítimas de manter a visa, quando se tem chances reais de recuperação e a abordagem paliativa por meio do controle de sintomas angustiantes sem nunca desconsiderar a finitude humana (BERTACHINI; PESSINI, 2011 apud D’ALESSANDRO, 2020).

2.2 Conforto

Conforto vem do latim confortare, que significa conceder, fortificar, consolar, aliviar, assistir, ajudar e auxiliar. Pode ser descrito como um constructo multidimensional que envolve experiências de caráter subjetivo, positivo e espiritual, as quais podem ser vividas em situações de doença ou tratamento pelo indivíduo, sendo o final desejável no cuidado do paciente (SOUZA; JARAMILLO; BORGES, 2021).

O conforto também pode ser definido com uma condição experimentada pelo indivíduo que recebe alívio, tranquilidade de transcendência. Pode ser vivenciado em quatro dimensões: a física relativa às sensações do corpo; psicoespiritual que se refere à autoconsciência interna, compreendendo a autoestima, a sexualidade e a sentido da vida; ambiental que consiste no ambiente, nas condições e influências externas; e social, que diz respeito às relações interpessoais e familiares (KOLCABA, 2003 apud GLÓRIA et al., 2022).

Conforme Pott et al. (2013) este termo é empregado em diferentes contextos da prática de enfermagem, sendo considerado um importante componente do cuidar. Assim, busca-se suprir as expectativas e necessidades do paciente, alcançando uma assistência de saúde mais humana e singular.

O conforto se apresenta em três tipos: conforto de alívio, que resulta de uma necessidade específica atendida; facilidade em conforto, que compreende em um estado de calma ou satisfação; a transcendência, um estado de ser em que se pode superar os problemas ou a dor (PERÃO et al., 2021).

Com o conforto aumentado, o paciente passa a se sentir fortalecido, expressando comportamentos internos como mecanismos homeostáticos estáveis e melhora na imunidade; comportamentos externos como melhora do auto-cuidado, adesão ao plano de cuidados ou alcançar uma “boa morte”, que seja pacífica e sem dor (CASTRO et al. 2021).

2.3 A equipe multiprofissional nos cuidados paliativos

Na prática, os cuidados paliativos correspondem a intervenções não farmacológicas orientadas por uma filosofia que abrange o ato de cuidar em seus aspectos físico, psíquico, sociais e espirituais, sendo realizado por uma equipe multiprofissional. Esta prática é indicada para pacientes portadores de doenças progressivas, crônicas e degenerativas, que ameace a continuidade da vida, podendo ser oferecida a qualquer momento ao longo da evolução da doença, concomitantes ou não à terapêutica curativa (FIRTH et al., 2019 apud SILVA et al., 2021).

Dentro da equipe multiprofissional destaca-se a atuação do médico paliativista, o qual é encarregado de realizar diagnósticos clínicos. Deve conhecer a história natural da doença, bem como os tratamentos já realizados. Também tem a responsabilidade de propor tratamentos, medicamentosos ou não, que sejam compatíveis com o momento de vida do paciente, visando garantir não só o alívio de sintomas desconfortáveis, evitando desta forma aplicar procedimentos que poderiam aumentar seu sofrimento (CONSOLIM, 2012).

Sobre o papel do enfermeiro, que de acordo com Firmino (2012), dentro dos cuidados paliativos são orientadas ações pragmáticas como o controle da dor, domínio da técnica de hipodermóclise, curativos nas lesões malignas cutâneas, técnicas de comunicação terapêutica, cuidados espirituais, zelo pela manutenção da higiene, medidas de conforto e o trabalho junto às famílias e com a equipe multidisciplinar.

A atuação dos profissionais de saúde nos cuidados paliativos pressupõe a atuação de uma equipe multiprofissional, uma vez que esse modelo de atenção ao paciente visa a prestação de cuidados relacionados às dimensões: física, mental, espiritual e social. Diante disso, o enfermeiro pode ofertar condições favoráveis ao bem-estar do paciente fora da possibilidade de cura, assim como fornecer conforto, cuidados fisiopatológicos e atenção aos anseios do paciente, de maneira sensível e cuidadosa (BRANDÃO et al., 2017).

É importante enfatizar que além desses profissionais, outras que compõe a equipe em cuidados paliativos são: o psicólogo, o nutricionista, o assistente social, o fisioterapeuta, o fonoaudiólogo, o dentista, o assistente espiritual e o assistente ocupacional. Castro et al. (2021) enfatizam que a presença de uma equipe multiprofissional se mostra fundamental quanto à complexidade e as diversas dimensões implicadas neste cuidado em prol da qualidade da assistência prestada.

3 METODOLOGIA

Este estudo se caracteriza como uma revisão de literatura do tipo integrativa sobre as formas de conforto em pacientes com cuidados paliativos. É considerada uma ampla abordagem metodológica, pois permite a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno alisado. Permite também a combinação de dados da literatura teórica e empírica, envolvendo conceitos, revisão de teorias e evidências (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

As buscas foram feitas nas principais bases de dados na área da saúde como: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online – Scielo e PUBMED. Definiu-se como período de publicação desses materiais bibliográfico entre os anos de 2018 a 2022 e os termos cadastrados no site dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCs): “conforto do paciente” e “cuidados paliativos”.

Quantos aos critérios de inclusão foram definidos: artigos científicos em meio eletrônico, textos completos que abordam o tema e inseridos nas bases de dados nacionais e internacionais, apresentando-se nos idiomas inglês, português e espanhol.

E como critérios de exclusão definiu-se os seguintes: resumos de pesquisas; artigos que fora do período delimitado, artigos repetidos, monografias, estudos que não exploram a temática em questão.

Inicialmente foi feita uma pesquisa virtual nas bases de dados especificadas sobre o tema escolhido. Posteriormente realizou-se uma leitura flutuante dos resumos, para em seguida obter os textos completos visando organizá-los no formato de revisão de literatura.

Durante a busca foram identificadas nas bases de dados selecionadas 701 publicações sobre o tema. Foram encontradas 93 na BVS, 458 na Scielo e 150 na PUBMED. Seguindo os critérios de elegibilidade foram selecionados apenas 8 artigos produzidos no período especificado.

Após esta etapa, os materiais bibliográficos foram organizados no quadro a seguir, visando tabular os dados para realizar possíveis discussões sobre os resultados, culminando em uma revisão e síntese dos estudos selecionados.

4 RESULTADOS

Quadro 1: Síntese das publicações científicas que abordam os cuidados paliativos em pacientes

AutoresTítuloAnoBase de dadosSíntese
NURAINI, Tuti et al.Spirituality-Focused Palliative Care to Improve Indonesian Breast Cancer Patient Comfort  2018BVSOs resultados deste estudo demonstram que os cuidados paliativos melhoram de forma significativa o conforto de pacientes com câncer de mama, impactando na redução da ansiedade e depressão. Verificou-se também uma relação positiva entre espiritualidade e bem-estar emocional do pacientes.
SCHMID W. et al.Patient’s and health care provider’s perspectives on music therapy in palliative care – an integrative review2018BVSO conforto foi um dos principais efeitos positivos da musicoterapia. Os pacientes associaram a musicoterapia emoções positivas e aumento do bem-estar.
ARRIEIRA, Isabel Cristina de Oliveira et al.Espiritualidade nos cuidados paliativos: experiência vivida de uma equipe interdisciplinar2019ScieloA espiritualidade desenvolvida  pelos profissionais junto aos pacientes em cuidados paliativos contribuiu para o conforto, mostrando-se um facilitador na formação de vínculo entre equipe, paciente e sua família.
MENEGUIN, Silmara et al.O significado de conforto na perspectiva de familiares de pacientes internados em UTI. 2019BVSO conforto é fundamental dentro da prática de cuidados paliativos e que também se expande ao acolhimento dos familiares como uma atuação interdisciplinar que visa a humanização.
SUN He et al.Characteristics and Palliative Care Needs of COVID-19 Patients Receiving Comfort-Directed Care.2020PUBMEDOs estudos relevam as características específicas e as necessidades de fornecer cuidados paliativos de pacientes que apresentam infecção grave por COVID-19 que decidiram renunciar a tratamentos de manutenção de vida, optando por receber cuidados direcionado ao conforto.
PIRES, Isabella Batista et al.Conforto no final de vida na terapia intensiva: percepção da equipe multiprofissional2020ScieloOs profissionais revelaram neste estudo que a assistência à saúde em pacientes em cuidados paliativos na UTI é direcionada a necessidade da promoção de conforto.
PERÃO, Odisséia Fátima et al.Representações sociais de conforto para familiares de pacientes em cuidados paliativos na terapia intensiva2021ScieloO estudo aponta que as representações sociais sobre o conforto dos familiares de pacientes internados em unidade de terapia intensiva em cuidados paliativos são verificados pelos sentimentos dos membros da família durante as visitas, comunicação e o cuidado humanizado realizado pelos profissionais de enfermagem.
SOUZA, Mariana Cristina dos Santos; JARAMILLO, Rosângela Garcia; BORGES, Moema da Silva  Conforto de pacientes em cuidados paliativos: revisão integrativa2021BVSAs principais estratégias voltadas para a promoção de conforto dos pacientes em cuidados paliativos são: equipe social e familiar, carinho, contato físico, alívio de dor, comunicação, banho, musicoterapia, radioterapia, contato com ambientes externo (natureza), contato com outras pessoas e espiritualidade.

Fonte: elaborado pelo próprio autor (2023).

Nos estudos de Perão et al. (2021) a comunicação é fundamental na aplicabilidade do cuidado paliativo, e como representação social do conforto, influencia diretamente na relação paciente, família e equipe multiprofissional.

Diversas intervenções não farmacológicas e que apresentam pouca complexidade tecnológica como musicoterapia, carinho, conversa, contato com a natureza, banhos, tem a capacidade de afetar significativamente o estado de conforto dos pacientes em cuidados paliativos (SOUZA; JARAMILLO; BORGES, 2021).

Sobre a musicoterapia, Schmid et al. (2018) corroboram evidenciando que os pacientes associaram os efeitos positivos ao aumento do bem-estar. Com isso, o conforto proporcionado por esta prática gera mudanças psicofisiológicas significativas no paciente.

Os estudos feitos por Sun et al. (2020) demonstram a importância dos cuidados paliativos de pacientes com infecção grave por COVID-19, que por decidirem suspender o tratamento, optaram por práticas que não farmacológicas que proporcionassem conforto, que pudessem aliviar suas dores.

Para Meneghin et al. (2019) o conforto está atrelado à humanização da assistência em UTI e ao acolhimento de familiares que acompanham os pacientes no estágio de internação. Assim, os cuidados paliativos são fundamentais em para qualidade de vida do paciente, assim como propicia conforto aos familiares por meio de uma atuação interdisciplinar.

Nos estudos de Arrieira et al. (2019) evidenciou-se que a espiritualidade desenvolvida pelos profissionais de saúde ao ser difundida nos cuidados ao paciente resultou em uma resposta benéfica no enfrentamento do câncer, para lidar com entrechoque da vida e morte, sendo considera uma importante facilitadora na formação de vínculo entre equipe, paciente e sua família.

Para Nuraini et al. (2019), o apoio familiar é um componente fundamental nos cuidados paliativos devido ao seu papel em melhorar e ajudar no progresso do paciente. Insere-se na prática dos cuidados paliativos a espiritualidade a qual fornece força e promove conforto ao paciente, diminuindo sintomas angustiantes como ansiedade e depressão.

Baseado na Teoria do Fim de Vida Pacífico TFVP, a pesquisa realizada Pires et al. (2020) demonstra que o conforto se encontra associado aos demais conceitos para promoção do fim de vida de forma pacífica, indicando a possibilidade de uma assistência pautada em teorias. Recebe destaque a equipe de enfermagem, a qual mais se aproximou do conforto holístico, evidenciando outras dimensões como a espiritual. Entretanto, o conforto proporcionado por meio do alívio da dor e de sintomas físicos foi o mais citado pelos profissionais, sinalizando a necessidade de capacitação que amplie a promoção de do multidimensional.

5 CONCLUSÃO

A partir deste estudo revisional, foi possível constatar que as formas de conforto em pacientes com cuidados paliativos se apresentam nas seguintes intervenções não farmacológicas como: banhos, conversas, contato com a natureza, musicoterapia, radioterapia, troca de afeto.

Nesse tipo de assistência em saúde recebem destaque a espiritualidade, construção de vínculo entre equipe, paciente e família, assim como práticas baseadas em teorias como a Teoria do Fim de Vida Pacífico (TFVP). Assim, o conforto proporcionado na dimensão dos cuidados paliativos promove a qualidade de vida do paciente por meio da redução da ansiedade, depressão, alívio de dor e outros sintomas físicos.

Desta forma, destaca-se a importância da atuação da equipe multidisciplinar em promover conforto em pacientes com cuidados paliativos com bases em princípios e valores que norteiam sua prática, com vistas a produzir uma realidade mais humanizado.

Portanto, sugere-se uma reflexão sobre o fortalecimento de intervenções não farmacológicas, baseado na filosofia do cuidar, remetendo ao paciente alívio de sintomas que lhe causam dor e sofrimento, contribuindo na qualidade de assistência a saúde.

REFERÊNCIAS

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¹Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Nilton Lins. E-mail: suelenpereira683@icloud.com
²Orientadora.Professora