REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411111048
Ana Vitoria De Almeida dos Santos
Orientador:Profª. Ana Gabriela Reis Arouca
RESUMO
O flare up endodôntico é uma complicação que pode ocorrer durante ou após o tratamento endodôntico, também conhecido como tratamento de canal. É caracterizado por uma resposta inflamatória aguda nos tecidos periapicais, resultando em dor intensa, inchaço e sensibilidade ao toque.Existem várias justificativas possíveis para o flare up endodôntico, incluindo a presença de uma infecção bacteriana persistente nos canais radiculares, irritação dos tecidos periapicais devido à manipulação dos instrumentos endodônticos, substâncias químicas utilizadas no processo de limpeza e desinfecção dos canais, anatomia complexa do sistema de canais radiculares e dificuldades técnicas durante o tratamento.
Palavras chaves: Flare up; Canais radiculares;Profilaxia.
1. INTRODUÇÃO
A realização de um tratamento endodôntico segue etapas que devem ser respeitadas e bem conduzidas para que o resultado final alcance o sucesso. A abertura coronária é a primeira etapa do tratamento endodôntico e consiste no acesso à câmara pulpar através da face lingual e oclusal do dente, de modo a permitir um acesso direto aos canais radiculares.
O tratamento endodôntico é uma eficiente desinfecção dos canais radiculares por meio do preparo químico-mecânico,onde se segue através de uma obturação bem executada de forma adequada. O flare-up é uma ocorrência que pode acometer o paciente após a realização do tratamento de canal (Bassam Et Al. 2021).
A abertura coronária deverá sempre ser realizada com razoável conhecimento da anatomia interna dentária, e análise com medida da radiografia inicial. A primeira condição dará uma ideia especial da conformação que a câmara pulpar possui, enquanto a segunda dará a dimensão desta concepção espacial (Alvares, 2016).
O flare-up é um termo que se usa para descrever os sintomas característicos de dor intensa ou inchaço que ocorre algumas horas ou dias após o tratamento endodôntico. A origem do flare-up se baseia em fatores microbianos, mecânicos e químicos, sendo o flare-up dependente da extensão, gravidade e da intensidade da resposta inflamatória.
O tratamento endodôntico apresenta três etapas principais de controle da infecção, sendo elas o preparo químico-mecânico, a medicação intracanal e a obturação do sistema de canais radiculares. As condições clínicas que o profissional lida no dia a dia da prática endodôntica e que requerem intervenção incluem dentes com pulpite irreversível, com necrose e infecção pulpar e casos de retratamento.
Durante o preparo químico-mecânico, os instrumentos endodônticos promovem a remoção mecânica de micro-organismos, seus produtos e tecidos degenerados, auxiliadas por uma substância química que, além de maximizar a remoção de detritos através da ação mecânica do fluxo e refluxo, também pode exercer um efeito químico significativo, desde que possua ação antimicrobiana e solvente de matéria orgânica.
O presente trabalho tem como objetivo efetuar uma revisão de literatura através das evidências científicas disponíveis na atual literatura a respeito dos fatores predisponentes do flare up endodôntico e as opções de manejo clínico quando já instalado e suas formas de prevenção.
2. PROBLEMA DA PESQUISA
O flare-up é caracterizado pelo edema e dor pós-operatória aguda após horas ou dias depois da intervenção endodôntica. Quando o paciente passa por um processo endodôntico, o pós pode ser algo não tão agradável, deixando o paciente com sintomas. O flare-up entra como a profilaxia,onde se baseia no tratamento da dor que ocorre após as sessões de tratamento endodôntico pode requerer o retratamento do canal radicular. Diante disto, a técnica de Flare-up é eficaz quando se trata de canais radiculares?
3. HIPÓTESES
O flare-up endodôntico pode ocorrer devido a uma infecção bacteriana persistente no sistema de canais radiculares. Durante o tratamento endodôntico, pode haver a liberação de bactérias e seus subprodutos para os tecidos periapicais, levando a uma resposta inflamatória aguda. Isso pode resultar em dor intensa, inchaço e sensibilidade ao toque. Além disso, fatores como a presença de canais radiculares complexos, anatomia radicular variada e dificuldades técnicas durante o tratamento endodôntico também podem contribuir para o flare up endodôntico. É importante ressaltar que essa é apenas uma hipótese e o diagnóstico e tratamento adequados devem ser realizados por um profissional de saúde bucal qualificado.
4. JUSTIFICATIVA
O flare up depende da extensão da lesão nos tecidos perirradiculares, o conhecimento sobre as causas e os mecanismos por trás da dor é de extrema relevância para o dentista. Os primeiros sintomas de flare up podem ser definidos como dor e/ou inchaço dos tecidos moles faciais e da mucosa oral, após um dente ser tratado endodonticamente, que pode ocorrer dentro de algumas horas ou alguns dias. A contaminação microbiana da polpa dentária é a principal responsável por agressões à região periapical.
5.OBJETIVOS
5.1 OBJETIVOS GERAIS
Analisar e sintetizar as evidências disponíveis na literatura sobre o fenômeno do flare-up endodôntico, identificando suas causas, características, impacto no tratamento endodôntico e estratégias de manejo para prevenir e tratar esse evento clínico.
5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Identificar as principais causas associadas ao surto endodôntico, incluindo fatores relacionados ao paciente, ao dente e ao tratamento;
- Analisar a prevalência do surto endodôntico em diferentes situações e contextos clínicos, a partir de estudos recentes;
- Propor recomendações baseadas em evidências para a prática clínica, melhorando a prevenção e o tratamento eficaz do surto endodôntico.
6. METODOLOGIA
6.1Tipo de estudo
O presente trabalho consiste em uma revisão de literatura, conceituada pela comparação e síntese de várias pesquisas já evidenciadas, que proporcionam resultados gerais em relação a determinado tema de estudo, dando suporte ao valor da pesquisa científica na prática clínica, além de incitar a execução de novas pesquisas para preencher as lacunas do conhecimento que são expostas no decorrer dos estudos (Mendes; Silveira; Galvão, 2008).
6.2 Local da pesquisa
As bases de dados pesquisadas serão a estratégia de identificação e seleção da população realizada por meio do levantamento de estudos indexados nos bancos de dados disponíveis na Biblioteca Cochrane, Scielo e Google acadêmico MEDLINE, pela LILACS e BBO – Odontologia.
6.3 Coleta de dados
Biblioteca Cochrane, Scielo e Google acadêmico,MEDLINE, pela LILACS e BBO – Odontologia.
6.4 Análise dos dados
A análise de dados será realizada através da leitura dos artigos, livros, trabalhos acadêmicos e teóricos que acercam o tema proposto da pesquisa
6.5 Critérios de inclusão e exclusão
Foram considerados para análise documentos do tipo artigo, dissertação e tese dos últimos dez anos (2013 – 2023). Foram excluídos estudos do tipo monografias e artigos de revisão, estudos publicados em data anterior ao período discriminado, em outros idiomas que não o português e o inglês e que não estavam relacionados ao tema, objeto de estudo.
7. REFERENCIAL TEÓRICO
7.1 ABERTURA CORONÁRIA
A abertura coronária deverá sempre ser realizada com razoável conhecimento da anatomia interna dentária, e análise comedida da radiografia inicial. A primeira condição dará uma ideia especial da conformação que a câmara pulpar possui, enquanto a segunda dará a dimensão desta concepção espacial (Alvares, 2016).
É um procedimento operatório por qual se abre qual a câmara pulpar, obtendo um acesso direto à entrada dos canais radiculares. Na etapa da abertura coronária deve-se relembrar a importância do conhecimento preciso da morfologia interna da câmara pulpar. também é de suma importância o conhecimento dos princípios fundamentais que regem esse ato operatório(Alvares, 2016).
Uma abertura coronária realizada de acordo com os princípios atuais deverá incluir o desgaste compensatório nos dentes anteriores superiores, é representado pela remoção do ombro palatino, os molares, é representado pela remoção das paredes da câmara pulpar, principalmente das messias(Lima,2020).
O Cirurgião-Dentista deve se deter a cada etapa do tratamento endodôntico com especial atenção, uma vez que estas são dependentes umas das outras. Dentre as etapas constituintes do tratamento endodôntico, a análise da anatomia interna dos dentes a serem tratados, previamente à abertura coronária, deve ser cuidadosamente observada para que se obtenha sucesso na terapêutica endodôntica. Dessa forma, um exame radiográfico periapical deve ser realizado para auxiliar no diagnóstico. Com uma técnica radiográfica e um processamento adequado, podemos obter um contraste ideal da radiografia de modo que se possa perceber qualquer alteração na densidade na imagem sugestiva de bi/trifurcação do canal radicular (Leonardo; Leal, 2013).
A cavidade da abertura coronária deve ser preparada de acordo com a anatomia, respeitando a individualidade de cada caso. A forma de acesso inadequado, pode provocar vários acidentes e complicações no tratamento endodôntico(Álvares, 2016).
7.2 TERÇO CERVICAL, MÉDIO E APICAL DO CANAL RADICULAR
É necessário sempre ter um bom acesso para poder visualizar detalhadamente o orifício de entrada de cada canal e permitir que os instrumentos utilizados possam ter um acesso sempre livre, sendo que em alguns casos é necessário modificar a forma de contorno quando há suspeita de canais adicionais.
De acordo com Paiva e Antoniazzi (1988), a ação mecânica dos instrumentos endodônticos sobre a parede dentinária libera raspas de dentina e resíduos orgânicos, que, misturados às substâncias químicas, formam uma massa pastosa que tende a impregnar a superfície dentinária, sedimentando-se com mais intensidade na porção apical do canal.
A forma, o tamanho e o número dos canais radiculares é muito influenciado pela idade. Os canais radiculares são bem largos, os forames apicais amplos e os túbulos dentinários mais calibrosos e cheios de líquido tecidual. Com o passar dos anos, devido a fatores como lesões de cárie, idade ou oclusão, ocorre deposição de dentina secundária e terciária, e se dá a retração dos cornos pulpares.
Em dentes jovens, a câmara pulpar é bastante volumosa, com os cornos pulpares pronunciados, a cavidade é mais ampla. Em dentes de pacientes idosos, a câmara pulpar apresenta volume menor, decorrente de contínua deposição de dentina secundária nas paredes da cavidade pulpar (Berger Et Al., 2011).
7.3 FLARE- UP ENDODÔNTICO
O flare-up é um termo que se usa para descrever os sintomas característicos de dor intensa e inchaço que ocorre após o tratamento endodôntico. Dentre os fatores causais estão as lesões mecânicas, químicas e microbianas tanto à polpa quanto aos tecidos perirradiculares (Siqueira Et Al.,2011)
Quando se trata sobre a resposta inflamatória na dor aguda se dão logo após os tecidos perirradiculares serem lecionados ao longo das sessões do tratamento endodôntico,o flare-up é o dano aos tecidos perirradiculares como também da intensidade da resposta inflamatória do hospedeiro (Jayakodi Et Al., 2012).
A dor em que os pacientes relatam que são acometidos por flare-up é descrita como latejante e pulsátil, causando rubor e vermelhidão na área lesionada que acaba repercutindo em alterações físicas e principalmente emocionais e tem uma boa resposta aos anti-inflamatórios não esteroidais, visto que o ibuprofeno tem sido utilizado como o medicamento de escolha em diferentes posologias de acordo com a severidade da dor relatada pelo paciente (Oliveira, 2010).
Para que se adote medidas preventivas e realize o manejo adequado da dor pós-operatória, faz se necessário o conhecimento sobre a poli etiologia do flare-up, e assim, definir o fator que ele pode estar envolvido, com o propósito de ter uma abordagem clínica e/ou farmacológica adequadas para reduzir expressivamente a prevalência dessa condição dolorosa e clinicamente inconveniente a (Jayakodi Et Al., 2012).
8. RESULTADOS ESPERADOS
O flare up endodôntico é uma complicação que ocorre durante ou após o tratamento endodôntico, e seus efeitos são mais relevantes para o paciente individualmente do que para a sociedade como um todo. No entanto, é importante considerar que um tratamento endodôntico bem-sucedido.
O tratamento adequado do flare up endodôntico resulta na resolução da infecção e na restauração da saúde bucal do paciente. Isso contribui para a melhoria da saúde bucal geral da população, reduzindo o risco de complicações e doenças relacionadas à saúde bucal.
O flare up endodôntico é caracterizado por dor intensa e desconforto. Com o tratamento adequado, espera-se que a dor seja aliviada, melhorando a qualidade de vida do paciente. Isso pode ter um impacto positivo na sociedade, pois pessoas livres de dor têm maior capacidade de realizar suas atividades diárias e contribuir de forma produtiva para a sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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