FIXAÇÃO ZIGOMÁTICA NO TRATAMENTO DE FRATURAS DO COMPLEXO ÓRBITO-ZIGOMÁTICO-MAXILAR

ZYGOMATIC FIXATION IN THE TREATMENT OF FRACTURES OF THE ORBITO-ZYGOMATIC-MAXILLARY COMPLEX

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7856512


Priscila Gomes de Carvalho Vasquez1
Ikaro Tavares De Menezes2
Cícero Francismary Almeida Alves Feitoza Segundo3
Marcyo Keveny de Lima Freitas4
Yuri Alefh Saraiva Dias5
Nibia Nasa de Oliveira Henrique6
Matheus Fontes de Almeida7
Roberta Espindola de Albuquerque8
Nailson Silva Meneses Júnior9
José Gabriel Bernardino Da Silva Brito10
Tyfany Santana Moscoso Canto11
Matheus Jose da Camara de Oliveira12


RESUMO 

O esqueleto maxilofacial apresenta maior risco de sofrer lesões e ferimentos. A causa mais comum desses incidentes é a agressão, seguida por acidentes de trânsito, prática de esportes, lesões ocupacionais e quedas.O objetivo deste artigo é revisar a técnica de fixação zigomática no tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar, discutindo suas indicações, vantagens e desvantagens, e resultados. Para a construção deste artigo foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados SciVerse Scopus, Scientific Eletronic Library Online (Scielo), U.S. National Library of Medicine (PUBMED) e ScienceDirect, com auxílio do gerenciador de referências Mendeley. A fixação zigomática é uma técnica eficaz e comum no tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar. A técnica oferece várias vantagens, incluindo a estabilização dos fragmentos ósseos e a preservação da anatomia facial. No entanto, é importante levar em consideração os riscos e desvantagens associados à técnica. A seleção adequada do paciente e a escolha da técnica de fixação correta são cruciais para garantir os melhores resultados no tratamento dessas fraturas complexas.

Palavras-chave: Fratura. Trauma maxilofacial. Traumatismos Faciais. 

SUMMARY

The maxillofacial skeleton is most at risk for injuries and injuries. The most common cause of these incidents is aggression, followed by traffic accidents, sports, occupational injuries and falls. indications, advantages and efficacy, and results. For the construction of this article, a bibliographical survey was carried out in the databases SciVerse Scopus, Scientific Electronic Library Online (Scielo), U.S. National Library of Medicine (PUBMED) and ScienceDirect, with the help of the Mendeley reference manager. Zygomatic fixation is an effective and common technique in the treatment of fractures of the orbital-zygomaticomaxillary complex. The technique offers several advantages, including stabilization of bone fragments and preservation of facial anatomy. However, it is important to consider the risks and preservation associated with the technique. Proper patient selection and choosing the correct fixation technique are crucial to ensure the best results in the treatment of these complex fractures.

Keywords: Fracture. Maxillofacial trauma. Facial Trauma.

  1.  INTRODUÇÃO 

O esqueleto maxilofacial apresenta maior risco de sofrer lesões e ferimentos. A causa mais comum desses incidentes é a agressão, seguida por acidentes de trânsito, prática de esportes, lesões ocupacionais e quedas. A projeção do nariz no esqueleto facial aumenta a propensão a fraturas, sendo que as fraturas zigomáticas (ZMC) correspondem a 45% das fraturas faciais (DEGALA; RADHAKRISHNA; DHARMARAJAN, 2021).

O zigoma, com sua projeção lateral, contribui para a estética facial. Contudo, fraturas zigomáticas podem levar à perda do contorno facial e comprometimento da aparência estética. A assimetria facial e prejuízos funcionais são fatores preocupantes que levam os pacientes a procurar tratamento para fraturas zigomáticas (DEGALA; RADHAKRISHNA; DHARMARAJAN, 2021; STRONG; GARY, 2017).

O contraforte zigomático-maxilar é uma estrutura óssea localizada no terço médio da face, composta pela união do osso zigomático com o processo alveolar da maxila. Ele é um dos três principais contrafortes verticais da face, juntamente com o processo frontal do osso maxilar e a apófise pterigóide do osso temporal, e é responsável por transferir as forças mastigatórias para o crânio. O contraforte zigomático-maxilar. Além disso, o contraforte zigomático-maxilar ajuda a definir a estrutura e contorno da face, e é importante na manutenção da oclusão dentária adequada (JONES; SCHMALBACH, 2022).

O osso zigomático, que se projeta anteriormente, é responsável por sustentar o globo ocular em casos de impacto direto. As fraturas zigomáticas resultam da separação do osso zigomático de outros quatro ossos em suas respectivas linhas de sutura, sendo conhecidas como fraturas tetrápodes (JONES; SCHMALBACH, 2022; RIBEIRO RIBEIRO et al., 2015).

O osso zigomático articula-se superiormente com o osso frontal na sutura zigomático-frontal (FZ), medialmente com a placa orbitária da asa maior do osso esfenóide na sutura esfenozigomática (SPZ), ântero-inferiormente com o osso maxilar na sutura zigomático-maxilar, e posterolateralmente com o processo zigomático do osso temporal na sutura zigomático temporal. Essas articulações ocorrem ao longo das linhas de sutura, que são áreas anatômicas de fraqueza na estrutura óssea da face (DA SILVA et al., 2020).

Em geral, concorda-se que uma redução anatômica precisa e uma fixação estável devem ser o objetivo de um melhor resultado. Dessa forma, o objetivo deste artigo é revisar a técnica de fixação zigomática no tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar, discutindo suas indicações, vantagens e desvantagens, e resultados.

  1.  METODOLOGIA

Refere-se a uma revisão integrativa de literatura, de caráter qualitativo. A revisão de literatura permite a busca aprofundada dentro de diversos autores e referenciais sobre um tema específico, nesse caso fixação zigomática no tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar (PEREIRA et al., 2018). 

Sendo assim, para a construção do presente artigo, foi estabelecido um roteiro metodológico baseado em seis fases, a fim de nortear a estrutura de uma revisão integrativa, sendo elas: elaboração da pergunta norteadora, organização dos critérios de inclusão e exclusão e a busca na literatura, caracterização dos dados que serão extraídos em cada estudo, análise dos estudos incluídos na pesquisa, interpretação dos resultados e apresentação da revisão. 

Foi utilizada a estratégia PICOS para a elaboração da pergunta norteadora, sendo o PICOS (Patient/population/disease; Exposure or issue of interest, Comparison Intervention or issue of interest Outcome), a População (P): Pacientes com fratura do complexo órbito-zigomático-maxilar; Intervenção (I): Cirurgia reabilitadora; Comparador (C): fixação zigomática; Desfecho (O): Não se aplica; Desenho do estudo (S) = Estudos prospectivos e retrospectivos, randomizados e não randomizados que avaliaram a técnica de fixação zigomática no tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar. Diante disso, construiu-se a questão norteadora: “qual a técnica de fixação zigomática no tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar?” (Tabela 1).

Tabela 1 – Elementos da estratégia PICOS, Brasil, 2023.

ComponentesDefinição
P – populaçãoPacientes com fratura do complexo órbito-zigomático-maxilar
I – Intervenção Cirurgia reabilitadora
C – ComparadorFixação zigomática
O – DesfechoNão se aplica
S – Desenho do estudoEstudos prospectivos e retrospectivos, randomizados e não randomizados que avaliaram a técnica de fixação zigomática no tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar.

Fonte: Autoria própria, 2023.

Buscas avançadas foram realizadas em estratégias detalhadas e individualizadas em quatro bases de dados: SciVerse Scopus (https://www-scopus.ez43.periodicos.capes.gov.br/), Scientific Eletronic Library Online – Scielo (https://scielo.org/), U.S. National Library of Medicine (PUBMED) (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/) e ScienceDirect (https://www-webofknowledge.ez43.periodicos.capes.gov.br/), com auxílio do gerenciador de referência Mendeley. Os artigos foram coletados no mês de dezembro de 2022 e contemplados entre os anos de 2000 a 2022.  

A estratégia de pesquisa desenvolvida para identificar os artigos incluídos e avaliados para este estudo baseou-se em uma combinação apropriada de termos MeSH (www.nlm.nih.gov/mesh/meshhome.html), nos idiomas português e inglês. 

Considerou-se como critério de inclusão os artigos completos disponíveis na íntegra nas bases de dados citadas, nos idiomas inglês e português e relacionados com o objetivo deste estudo. Os critérios de exclusão foram artigos incompletos, duplicados, resenhas, estudos in vitro e resumos.

A estratégia de pesquisa baseou-se na leitura dos títulos para encontrar estudos que investigassem a temática da pesquisa. Caso atingisse esse primeiro objetivo, posteriormente, os resumos eram lidos e, persistindo na inclusão, era feita a leitura do artigo completo.  Na sequência metodológica foi realizada a busca e leitura na íntegra dos artigos pré-selecionados, os quais foram analisados para inclusão da amostra. 

  1.  RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Com base na revisão de literatura feita nas bases de dados eletrônicas citadas, foram identificados 2795 artigos científicos, dos quais 324 estavam duplicados com dois ou mais índices. Após a leitura e análise do título e resumos dos demais artigos, outros 2390 foram excluídos. Assim, 81 artigos foram lidos na íntegra e, com base nos critérios de inclusão e exclusão, apenas 22 artigos foram selecionados para compor este estudo. O fluxograma com detalhamento de todas as etapas de seleção está na figura 1.

Figura 1 – Fluxograma de identificação e seleção dos estudos.

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Fonte: os autores, 2023.

A fixação zigomática é um método efetivo de tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar. Algumas das principais vantagens incluem (COHN et al., 2020):

– Estabilidade: A fixação zigomática proporciona estabilidade imediata após a cirurgia, permitindo a recuperação adequada dos tecidos moles e dos ossos.

– Preservação da anatomia: A técnica de fixação zigomática preserva a anatomia original do rosto do paciente, mantendo sua aparência estética.

– Menos invasiva: Comparado a outras técnicas cirúrgicas, a fixação zigomática é relativamente menos invasiva, o que pode resultar em menor tempo de recuperação e menos complicações pós-operatórias.

– Tempo de internação reduzido: A fixação zigomática pode ser realizada de forma ambulatorial, o que significa que o paciente pode retornar para casa no mesmo dia da cirurgia.

– Retorno mais rápido às atividades normais: A recuperação após a fixação zigomática é geralmente rápida, permitindo que o paciente retorne às suas atividades normais mais rapidamente do que outras técnicas cirúrgicas.

Entretanto, apesar de altas taxas de sucesso terem sidos descritas na literatura, algumas desvantagens também são apresentadas, tais como: (1) riscos cirúrgicos, incluindo infecção, hemorragia e danos aos tecidos circundantes; (2) custo, uma vez que a fixação zigomática pode ser mais cara do que outros métodos de tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar, o que pode ser um obstáculo para alguns pacientes; (3) experiência cirúrgica, pois a fixação zigomática é uma técnica cirúrgica complexa que requer um cirurgião altamente treinado e experiente para realizar com sucesso; (4) tempo de cirurgia e; (5) limitações, pois podem não ser adequadas para todas as fraturas (COHN et al., 2020; PUERINGER et al., 2021). 

A técnica de fixação zigomática envolve a colocação de placas e parafusos de titânio nas áreas afetadas da fratura. A cirurgia geralmente é realizada sob anestesia geral e pode envolver incisões intraorais e extraorais, dependendo da localização da fratura (COHN et al., 2020; PUERINGER et al., 2021).

Após a exposição da área afetada, a redução da fratura é realizada e as placas e parafusos são fixados nos ossos, proporcionando estabilidade. Em alguns casos, podem ser necessárias outras técnicas cirúrgicas complementares para restaurar completamente a anatomia facial normal, como enxertos ósseos ou reconstrução orbital (DA SILVA et al., 2020).

A fixação zigomática geralmente leva menos de duas horas para ser realizada e o tempo de recuperação pode variar de acordo com a gravidade da fratura e a saúde geral do paciente. Os pacientes geralmente são monitorados de perto durante o período pós-operatório para garantir uma recuperação adequada e prevenir complicações(KOS; BRUSCO; ENGELKE, 2006).

As principais indicações para a fixação zigomática incluem fraturas deslocadas do complexo órbito-zigomático-maxilar, fraturas que resultam em deformidades faciais, fraturas que comprometem a função ocular e fraturas cominutivas que exigem uma estabilização rígida (JOHNSON et al., 2018).

As contraindicações para a fixação zigomática incluem pacientes com condições médicas que impedem a cirurgia, pacientes com lesões cerebrais graves ou outros traumas associados que requerem tratamento prioritário, pacientes com infecções faciais e pacientes com fraturas não deslocadas que não afetam a função ocular ou resultam em deformidades estéticas significativas. Além disso, a fixação zigomática pode não ser adequada para pacientes com expectativas irreais em relação aos resultados estéticos ou funcionais da cirurgia. O cirurgião deve avaliar cuidadosamente cada caso e determinar se a fixação zigomática é apropriada para o paciente (JOHNSON et al., 2018).

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A fixação zigomática é uma técnica eficaz e comum no tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar. A técnica oferece várias vantagens, incluindo a estabilização dos fragmentos ósseos e a preservação da anatomia facial. No entanto, é importante levar em consideração os riscos e desvantagens associados à técnica. A seleção adequada do paciente e a escolha da técnica de fixação correta são cruciais para garantir os melhores resultados no tratamento dessas fraturas complexas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COHN, J. E. et al. Management of Isolated Zygomatic Arch Fractures and a Review of External Fixation Techniques. Craniomaxillofacial Trauma & Reconstruction, v. 13, n. 1, p. 38–44, 1 mar. 2020. 

DA SILVA, L. F. B. et al. Abordagens cirúrgicas em fraturas do complexo zigomático: revisão de literatura. Journal of Oral Investigations, v. 9, n. 1, p. 97, 2020. 

DEGALA, S.; RADHAKRISHNA, S.; DHARMARAJAN, S. Zygomaticomaxillary fracture fixation: a prospective comparative evaluation of  two-point versus three-point fixation. Oral and maxillofacial surgery, v. 25, n. 1, p. 41–48, mar. 2021. 

JOHNSON, N. R. et al. Ophthalmological injuries associated with fractures of the  orbitozygomaticomaxillary complex. The British journal of oral & maxillofacial surgery, v. 56, n. 3, p. 221–226, abr. 2018. 

JONES, C. M.; SCHMALBACH, C. E. Zygomaticomaxillary Fractures. Facial plastic surgery clinics of North America, v. 30, n. 1, p. 47–61, fev. 2022. 

KOS, M.; BRUSCO, D.; ENGELKE, W. [Results of treatment of orbital fractures with polydioxanone sheet]. Polimery w medycynie, v. 36, n. 4, p. 31–36, 2006. 

PEREIRA, A. et al. Método Qualitativo, Quantitativo ou Quali-Quanti. [s.l: s.n.]. 

PUERINGER, J. et al. Tennis-related adult maxillofacial trauma injuries. The Physician and sportsmedicine, v. 49, n. 1, p. 64–67, fev. 2021. 

RIBEIRO RIBEIRO, A. L. et al. Interfragmentary screw fixation of the zygomatic arch in complex midface and  zygomaticomaxillary fractures. Journal of oral and maxillofacial surgery : official journal of the American  Association of Oral and Maxillofacial Surgeons, v. 73, n. 3, p. 494–498, mar. 2015. 

STRONG, E. B.; GARY, C. Management of Zygomaticomaxillary Complex Fractures. Facial Plastic Surgery Clinics of North America, v. 25, n. 4, p. 547–562, 2017. 


1https://orcid.org/0000-0001-7805-7099
2https://orcid.org/0009-0000-3906-8721
3https://orcid.org/0009-0002-0914-162
4https://orcid.org/0000-0002-6569-9954
5https://orcid.org/0000-0002-1954-2155
6https://orcid.org/0000-0003-4044-1014
7https://orcid.org/0000-0002-7080-8326
8https://orcid.org/0000-0002-2085-1422
9https://orcid.org/0000-0003-1384-810X
10https://orcid.org/0009-0004-1668-0626
11https://orcid.org/0009-0001-9382-9285
12https://orcid.org/0000-0003-4494-5148