FACIAL FRACTURE FIXATION: TYPES OF PLATES AND SCREWS USED
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7850770
Luciana Carolina Rodrigues Barros1
Lucas do Nascimento Oliva2
José Henrique Nogueira das Neves3
Silmara Martinatto dos Santos4
Salvador de Oliveira Brandão Neto5
Vitor Eustáquio Rhodes de Souza6
Antonia Cleide Medeiro7
Daniel Barros Teixeira de Freitas8
Maria Stella Eleuterio Mazzarotto Oliveira9
Luyarla Leite Batista10
Thiago Freitas Prado Vilela11
Kallyana Araújo Gois12
RESUMO
As fraturas faciais são lesões que podem ocorrer em diferentes regiões do rosto, como os ossos maxilares, zigomáticos, orbitários e nasais. Quando não tratadas corretamente, essas fraturas podem levar a deformidades estéticas, dificuldade respiratória, disfunção da articulação temporomandibular e outras complicações. Dessa forma, o presente estudo possui como objetivo identificar na literatura as diferentes placas e parafusos utilizados para fixação em fraturas faciais. Para a construção deste artigo foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados SciVerse Scopus, Scientific Electronic Library Online (Scielo), U.S. National Library of Medicine (PUBMED) e ScienceDirect, com auxílio do gerenciador de referências Mendeley. A fixação de fraturas faciais é um procedimento cirúrgico importante para restaurar a anatomia e a função dos ossos fraturados. A escolha dos materiais a serem utilizados depende da localização e da gravidade da fratura, assim como das características do paciente. Os cirurgiões devem estar familiarizados com as diferentes opções disponíveis para escolher a melhor abordagem para cada caso.
Palavras-chave: Trauma maxilofacial. Fraturas faciais. Pesquisa Inicial. Emergência de via aérea. Gerenciamento inicial
SUMMARY
Facial fractures are injuries that can occur in different regions of the face, such as the maxillary, zygomatic, orbital and nasal bones. When not treated correctly, these fractures can lead to cosmetic deformities, breathing difficulties, temporomandibular joint dysfunction and other complications. Thus, the present study aims to identify in the literature the different plates and screws used for fixation of facial fractures. For the construction of this article, a bibliographical survey was carried out in the databases SciVerse Scopus, Scientific Electronic Library Online (Scielo), U.S. National Library of Medicine (PUBMED) and ScienceDirect, with the help of the Mendeley reference manager. Facial fracture fixation is an important surgical procedure for restoring the anatomy and function of fractured bones. The choice of materials to be used depends on the location and severity of the fracture, as well as the characteristics of the patient. Surgeons should be familiar with the different options available to choose the best approach for each case.
Keywords: Maxillofacial trauma. Facial fractures. Initial Search. Airway emergency. Initial management
1 INTRODUÇÃO
As fraturas faciais são lesões que podem ocorrer em diferentes regiões do rosto, como os ossos maxilares, zigomáticos, orbitários e nasais. Quando não tratadas corretamente, essas fraturas podem levar a deformidades estéticas, dificuldade respiratória, disfunção da articulação temporomandibular e outras complicações.
Diversas pesquisas realizadas no passado apontaram que entre 11% e 40% de todas as lesões esportivas ocorrem no rosto. Tais lesões podem ter origem em quedas, contatos entre jogadores ou impactos com equipamentos esportivos. Ainda nos Estados Unidos, a caracterização precisa das lesões esportivas em adultos é pouco definida, contudo, em relação à população pediátrica, mais de 43% dos traumas faciais são atribuídos a atividades esportivas como o beisebol ou o softbol.
Em todo o mundo, as variações culturais e socioeconômicas têm influência na popularidade dos esportes e, consequentemente, nas lesões decorrentes deles. Por exemplo, a maior incidência de lesões esportivas na Itália e na França ocorre durante partidas de futebol, enquanto no Japão ocorrem mais lesões no basquete. Na Coreia do Sul, o futebol é o esporte com maior número de lesões, já na Finlândia, é o hóquei no gelo. Na Áustria e Suíça, as lesões esportivas mais frequentes são em decorrência do esqui.
Atletas frequentemente sofrem lesões nos tecidos moles e fraturas nos ossos faciais, sendo o osso nasal, a mandíbula e o zigoma os locais mais comuns. As fraturas do osso nasal, em particular, podem representar até 50% de todas as fraturas relacionadas ao esporte. Já as fraturas do complexo zigomático-maxilar (ZMC) e mandibulares representam, cada uma, cerca de 10% dessas fraturas.
O tipo de esporte praticado também pode influenciar os padrões de fraturas maxilofaciais. Essa relação foi demonstrada em um estudo alemão com 3.596 pacientes, o qual apontou que acidentes ocorridos em esportes com bola resultaram em um número significativamente maior de fraturas no terço médio da face em comparação com as fraturas mandibulares.
A avaliação imediata por um cirurgião plástico facial pode permitir o reconhecimento precoce do trauma maxilofacial que pode exigir intervenção emergente. A intervenção cirúrgica precoce, quando indicada, demonstrou melhorar os resultados estéticos e funcionais. Dessa forma, o presente estudo possui como objetivo identificar na literatura as diferentes placas e parafusos utilizados para fixação em fraturas faciais.
2 METODOLOGIA
Refere-se a uma revisão integrativa de literatura, de caráter qualitativo. A revisão de literatura permite a busca aprofundada dentro de diversos autores e referenciais sobre um tema específico, nesse caso fixação zigomática no tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar (PEREIRA et al., 2018).
Sendo assim, para a construção do presente artigo, foi estabelecido um roteiro metodológico baseado em seis fases, a fim de nortear a estrutura de uma revisão integrativa, sendo elas: elaboração da pergunta norteadora, organização dos critérios de inclusão e exclusão e a busca na literatura, caracterização dos dados que serão extraídos em cada estudo, análise dos estudos incluídos na pesquisa, interpretação dos resultados e apresentação da revisão.
Foi utilizada a estratégia PICOS para a elaboração da pergunta norteadora, sendo o PICOS (Patient/population/disease; Exposure or issue of interest, Comparison Intervention or issue of interest Outcome), a População (P): Pacientes com fraturas faciais; Intervenção (I): Cirurgia reabilitadora; Comparador (C): Diferentes placas e parafusos; Desfecho (O): Não se aplica; Desenho do estudo (S) = Estudos prospectivos e retrospectivos, randomizados e não randomizados que avaliaram as diferentes placas e parafusos utilizados para fixação em fraturas faciais. Diante disso, construiu-se a questão norteadora: “qual as diferentes possibilidades de placas e parafusos utilizados para fixação em fraturas faciais?” (Tabela 1).
Tabela 1 – Elementos da estratégia PICOS, Brasil, 2023.
Componentes | Definição |
P – população | Pacientes com fraturas faciais |
I – Intervenção | Cirurgia reabilitadora |
C – Comparador | Diferentes placas e parafusos |
O – Desfecho | Não se aplica |
S – Desenho do estudo | Estudos prospectivos e retrospectivos, randomizados e não randomizados que avaliaram a técnica de fixação zigomática no tratamento de fraturas do complexo órbito-zigomático-maxilar. |
Fonte: Autoria própria, 2023.
Buscas avançadas foram realizadas em estratégias detalhadas e individualizadas em quatro bases de dados: SciVerse Scopus (https://www-scopus.ez43.periodicos.capes.gov.br/), Scientific Eletronic Library Online – Scielo (https://scielo.org/), U.S. National Library of Medicine (PUBMED) (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/) e ScienceDirect (https://www-webofknowledge.ez43.periodicos.capes.gov.br/), com auxílio do gerenciador de referência Mendeley. Os artigos foram coletados no mês de dezembro de 2022 e contemplados entre os anos de 2000 a 2022.
A estratégia de pesquisa desenvolvida para identificar os artigos incluídos e avaliados para este estudo baseou-se em uma combinação apropriada de termos MeSH (www.nlm.nih.gov/mesh/meshhome.html), nos idiomas português e inglês.
Considerou-se como critério de inclusão os artigos completos disponíveis na íntegra nas bases de dados citadas, nos idiomas inglês e português e relacionados com o objetivo deste estudo. Os critérios de exclusão foram artigos incompletos, duplicados, resenhas, estudos in vitro e resumos.
A estratégia de pesquisa baseou-se na leitura dos títulos para encontrar estudos que investigassem a temática da pesquisa. Caso atingisse esse primeiro objetivo, posteriormente, os resumos eram lidos e, persistindo na inclusão, era feita a leitura do artigo completo. Na sequência metodológica foi realizada a busca e leitura na íntegra dos artigos pré-selecionados, os quais foram analisados para inclusão da amostra.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base na revisão de literatura feita nas bases de dados eletrônicas citadas, foram identificados 2795 artigos científicos, dos quais 324 estavam duplicados com dois ou mais índices. Após a leitura e análise do título e resumos dos demais artigos, outros 2390 foram excluídos. Assim, 81 artigos foram lidos na íntegra e, com base nos critérios de inclusão e exclusão, apenas 22 artigos foram selecionados para compor este estudo.
O diagnóstico das fraturas maxilofaciais é realizado através da história, incluindo o mecanismo da lesão, combinado com exame físico e de imagem. A cabeça e o pescoço são regiões altamente vascularizadas e bem inervadas do corpo. Portanto, a maioria dos pacientes com fraturas maxilofaciais apresenta dor imediata intensa e rapidamente desenvolve edema significativo dos tecidos moles sobre os ossos fraturados, dificultando, na melhor das hipóteses, o exame clínico (CHESSHIRE; KNIGHT, 2001).
O manejo definitivo das fraturas mandibulares depende de muitos fatores, incluindo o padrão da(s) fratura(s) e fatores do paciente, incluindo comorbidades, outras lesões maxilofaciais , idade e adesão antecipada. O espectro de possíveis tratamentos inclui, do menos ao mais invasivo (VIOZZI, 2017):
Em geral, as fraturas que estão dentro do ramo ou do processo condilar tendem a ser tratadas com imobilização (com ou sem redução aberta). Isso é consequência de vários fatores. O acesso cirúrgico a essa região é dificultado pela presença dos ramos do nervo facial (VIOZZI, 2017)v.
3.1 Placas de titânio
A placa de titânio é um dispositivo metálico composto por titânio, material biocompatível e resistente utilizado para fixação de fraturas faciais. É uma das técnicas mais utilizadas para a reconstrução de fraturas faciais e tem demonstrado ser altamente eficaz na estabilização de ossos quebrados. A seguir, abordaremos as principais informações sobre o uso da placa de titânio na fixação de fraturas faciais (MAZOCK; SCHOW; TRIPLETT, 2004).
A placa é fixada ao osso com parafusos também de titânio, o que proporciona uma estabilidade suficiente para o osso se consolidar adequadamente (TAALAB et al., 2023).
A placa de titânio é frequentemente indicada para fixação de fraturas faciais que não podem ser tratadas de maneira conservadora. Isso inclui fraturas complexas ou cominutivas, em que o osso é quebrado em vários pedaços. Além disso, a placa de titânio também é utilizada em casos de fraturas que envolvem o terço médio da face e outras regiões em que há necessidade de uma estabilidade maior (TAALAB et al., 2023).
3.2 Placas de malha
As placas de malha são uma opção para fixação de fraturas faciais, especialmente em casos em que a estabilidade óssea é menos crítica e quando é necessário manter a integridade anatômica da região afetada. As placas de malha são frequentemente usadas em procedimentos de reconstrução facial e para corrigir deformidades faciais (MAYO et al., 2022).
As placas de malha são feitas de aço inoxidável ou titânio e têm um padrão de malha aberto que permite a fixação aos ossos faciais usando parafusos. O uso de placas de malha é geralmente reservado para fraturas não deslocadas ou minimamente deslocadas que não requerem uma estabilidade óssea significativa. As placas de malha podem ser usadas isoladamente ou em combinação com outras técnicas de fixação, como placas e parafusos (ENG; SIVAM, 2022; MAYO et al., 2022).
As placas de malha têm a vantagem de serem mais flexíveis e adaptáveis às curvas naturais da face, o que pode ser benéfico em cirurgias reconstrutivas e na correção de deformidades faciais. Além disso, permitem a preservação do fluxo sanguíneo para os tecidos moles circundantes, o que pode ajudar na cicatrização e na prevenção de complicações pós-operatórias (ENG; SIVAM, 2022; MAYO et al., 2022).
3.3 Parafusos de titânio
Os parafusos de titânio são feitos de um material que é altamente resistente à corrosão e leve, o que os torna ideais para uso em procedimentos cirúrgicos. Eles podem ser encontrados em várias formas e tamanhos diferentes, permitindo que os cirurgiões escolham a melhor opção para cada caso individual (KIM et al., 2018).
Uma das vantagens dos parafusos de titânio é a facilidade de aplicação. Eles são inseridos cirurgicamente nos ossos faciais usando uma chave de fenda especializada, e sua posição pode ser facilmente ajustada para garantir um encaixe adequado. Além disso, a alta resistência do titânio permite que os parafusos forneçam suporte e estabilidade adequados para a área afetada (KIM et al., 2018).
3.4 Parafusos de absorção
Os parafusos de absorção têm várias vantagens em comparação com os parafusos de titânio. Em primeiro lugar, eles não precisam ser removidos cirurgicamente após a fratura ter se curado, o que reduz o número de procedimentos cirúrgicos necessários para o paciente. Além disso, os parafusos de absorção não causam artefatos em exames de imagem, o que torna o diagnóstico de outras condições mais fácil no futuro (KIM et al., 2018).
Outra vantagem dos parafusos de absorção é que eles evitam a necessidade de exposição prolongada do corpo a materiais estranhos, o que pode reduzir o risco de infecção ou rejeição. Eles também são mais adequados para pacientes com alergias ou sensibilidade a materiais como o titânio (KIM et al., 2018).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fixação de fraturas faciais é um procedimento cirúrgico importante para restaurar a anatomia e a função dos ossos fraturados. A escolha dos materiais a serem utilizados depende da localização e da gravidade da fratura, assim como das características do paciente. Os cirurgiões devem estar familiarizados com as diferentes opções disponíveis para escolher a melhor abordagem para cada caso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHESSHIRE, N. J.; KNIGHT, D. J. W. The anaesthetic management of facial trauma and fractures. BJA CEPD Reviews, v. 1, n. 4, p. 108–112, 2001.
ENG, J.; SIVAM, S. General Overview of the Facial Trauma Evaluation. Facial Plastic Surgery Clinics of North America, v. 30, n. 1, p. 1–9, 2022.
KIM, B. J. et al. Biocompatibility and Efficiency of Biodegradable Magnesium-Based Plates and Screws in the Facial Fracture Model of Beagles. Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, v. 76, n. 5, p. 1055.e1-1055.e9, 2018.
MAYO, W. et al. Facial defects reconstruction by titanium mesh bending using 3D printing technology: A report of two cases. Annals of Medicine and Surgery, v. 78, p. 103837, 2022.
MAZOCK, J. B.; SCHOW, S. R.; TRIPLETT, R. G. Evaluation of ocular changes secondary to blowout fractures. Journal of oral and maxillofacial surgery : official journal of the American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons, v. 62, n. 10, p. 1298–1302, out. 2004.
TAALAB, D. A. et al. Comparative study between patient specific titanium plates versus conventional miniplates for treatment of mandibular fractures: Randomized clinical trial. Journal of Cranio-Maxillofacial Surgery, 2023.
VIOZZI, C. F. Maxillofacial and Mandibular Fractures in Sports. Clinics in Sports Medicine, v. 36, n. 2, p. 355–368, 2017.
1https://orcid.org/0000-0002-0619-5342
2https://orcid.org/0009-0009-3302-0546
3https://orcid.org/009-0000-9824-9389
4http://ORCID.org/0009-0004-1113-9945
5https://orcid.org/0009-0003-2465-1035
6https://orcid.org/0009-0004-4809-594x
7https://orcid.org/ 0009-0003-3394-4163
8https://orcid.org/0000-0002-0172-2908
9https://orcid.org/ 0009-0009-0515-028X
10https://orcid.org/0009-0005-2585-0858
11https://orcid.org/0009-0005-9518-0538
12https://orcid.org/0009-0002-9463-1120