FITOCANABINOIDES E SEUS BENEFÍCIOS COMO ANTICONVULSIVANTE: REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7998465


Francisco Renê Teixeira de Sousa1.
Profa. Izabel Cristina Portela Bogéa Serra2.
Prof. Dr. Saulo José Figueiredo Mendes2.


RESUMO

INTRODUÇÃO: A função dos fitocanabinóides e seus efeitos neuro protetores potenciais do sistema endocanabinoide são de extrema relevância para a farmacologia. Uma vez que essas descobertas podem ajudar a compreender os mecanismos que levam às convulsões, bem como, sobre o uso do canabidiol (CBD) no tratamento da epilepsia.

OBJETIVOS: Descrever os benefícios do fitocanabinóides como anticonvulsivantes.

MÉTODOS: Trata-se de um estudo de caráter qualitativo realizado por meio de pesquisa bibliográfica sistemática, constituído de artigos científicos que estivessem correlacionados ao tema abordado. Considerando a estratégia de busca definido pelas potencialidades da canabis sativa, buscando compreender através de alguns autores, os benefícios trazidos que a planta pode oferecer, desde o ano de 2014 a 2022. E após os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados os artigos científicos que destacavam o propósito desse estudo.

RESULTADOS: Os resultados obtidos através da base de dados PubMed, Lilacs, Scielo e Medline, inicialmente formaram um montante de 200 trabalhos, mas após a adição dos critérios metodológicos padronizados para esta pesquisa, foram selecionados 10 artigos em que sua temática mais chegava perto do assunto em questão.

CONCLUSÃO: Os referidos autores corroboram em unanimidade que os fitocanabinóides tem um grande potencial econômico e que tem uma larga utilização em várias áreas, tais como construção civil, medicamentos fitoterápicos entres outros. Sendo assim apesar de haver uma grande necessidade de estudos mais minuciosos e aprofundados, pode-se afirmar que com tudo que foi pesquisado o cânhamo tem potencialidades como anticonvulsivantes.

Palavras-chave: Canabidiol. Cannabis sativa. Pharmaceutics.

ABSTRACT

INTRODUCTION: The function of phytobinoids and their potential neuroprotective effects on the endocanid system are of extreme capacity for pharmacology. Since these findings may help to understand the mechanisms that lead to seizures, as well as the use of CBD in the treatment of epilepsy.

OBJECTIVES: Describe the benefits of phytocannabinoids as anticonvulsants.

METHODS: This is a qualitative study conducted through systematic bibliographic research, consisting of scientific articles that were correlated to the theme addressed. Considering the search strategy defined by the potentialities of cannabis sativa, seeking to understand through some authors, the benefits brought that the plant can offer, from the year 2014 to 2022. And after the inclusion and exclusion criteria, the scientific articles that highlighted the purpose of this study were selected.

RESULTS: The results obtained through the PubMed, Lilacs, Scielo and Medline databases initially formed an amount of 200 papers, but after the addition of the standardized methodological criteria for this research, 10 articles were selected in which their theme came closest to the subject in question.

CONCLUSION: These authors unanimously corroborate that phytocannabinoids have a great economic potential and that they have a wide use in several areas, such as civil construction, herbal medicines among others. Thus, although there is a great need for more detailed and in-depth studies, it can be stated that with all that has been researched, hemp has potential as anticonvulsants.

1 INTRODUÇÃO

A epilepsia é uma doença crônica do cérebro caracterizada por uma predisposição duradoura para gerar convulsões, não provocada por qualquer insulto imediato ao sistema nervoso central e pelas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais das recorrências das convulsões. A epilepsia afeta ambos os sexos e todas as idades com distribuição mundial. (Beghi, E. 2019). Sendo caracterizada uma das doenças neurológicas mais comuns: afeta quase 50 milhões de pessoas em todo o mundo. É uma condição caracterizada por atividade elétrica do cérebro anormal, que causa convulsões ou comportamento incomum, sensações e, às vezes, perda de consciência. (OPAS 2019)

O diagnóstico da epilepsia é estabelecido clinicamente quando a pessoa apresenta crises epilépticas recorrentes, não provocadas por fatores agudos desencadeantes ou potencialmente reversíveis (RECH Milena. 2021). O tratamento da epilepsia é feito com medicamentos que evitam as descargas elétricas cerebrais anormais, que são a origem das crises epilépticas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2022)

Os medicamentos à base de Canabidiol (CBD) tem sido a esperança de muitos portadores de epilepsia cujo tratamento convencional não surte efeito, estes pacientes são classificados como refratários. Porém, no Brasil, ainda hoje há muita dificuldade para esses pacientes conseguirem fazer seu tratamento, por conta da burocracia envolvida na obtenção da licença de compra, além da importação, onde o custo para obtenção desses medicamentos ainda é elevado e nem todos tem acesso ao mecanismo. (VIMAR, 2020)

O canabidiol (CBD) é o principal composto não psicoativo extraído da planta Cannabis sativa (CS), possui ação anticonvulsivante, ansiolítica, analgésica e por ativar os receptores CB1 no sistema nervoso, não gera os efeitos psicotrópicos do tetrahidrocanabinol (THC), principal composto psicoativo da Cannabis Sativa. (DEVINSKY et al., 2014)

A Cannabis consiste em um arbusto originário da Ásia, pertencente à família das Cannabaceaes, cujas espécies mais conhecidas são Cannabis sativa e Cannabis indica, que se distinguem principalmente pelo modo de crescimento, características morfológicas e quantidade de princípios ativos (BYNUM et al., 2014). Entre estes, os mais conhecidos são o Tetrahidrocanabinol (THC) e Canabidiol (CBD), denominados fitocanabinoides majoritários devido a sua maior produção pela planta. (CAMPOS et al., 2016)

Nos Estados Unidos a terapêutica com CBD foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) em dezembro de 2013. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) liberou a utilização e industrialização de fármacos canabinóides em 2015, com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 17 de 06/05/2015 estabelecendo os critérios para a importação, em caráter de excepcionalidade para o produto a base de CBD. (SANTOS, 2019)

Os produtos de Cannabis devem ser dispensados exclusivamente por farmácias sem manipulação ou drogarias, mediante apresentação de prescrição por profissional médico, legalmente habilitado. Essa dispensação deve ser feita, exclusivamente, por profissional farmacêutico. A liberação de um fármaco a base de CBD deve ser realizada mediante a apresentação de Notificação de Receita específica, emitida exclusivamente por profissional médico, seguindo as demais determinações da Portaria SVS/MS nº 344, de 1998 e suas atualizações. (RDC 327. 2019)

O isolamento do CBD ocorreu em 1940, porém, somente em 1963 sua estrutura química foi elucidada pelo professor israelense Raphael Mechoulam e colaboradores. No entanto, nas últimas décadas, o CBD tornou-se alvo de vários estudos experimentais, revelando um amplo espectro de propriedades farmacológicas como ação analgésica e imunossupressora, ação no tratamento de isquemias, diabetes, náuseas e câncer, efeitos sobre os distúrbios de ansiedade, do sono e do movimento, bem como no tratamento dos sintomas decorrentes da epilepsia, esquizofrenia, doenças de Parkinson e Alzheimer. (DEVINSKY et al., 2014)

O canabidiol exibe um perfil farmacocinético linear para doses de até 3.000 mg/dia e se acumula após múltiplas administrações. A meia-vida de eliminação foi relatada entre 14 h e 60 h, dependendo dos tempos de amostragem de cada estudo; mudanças na eliminação de canabidiol devido à administração contínua não podem ser descartadas. De todas as interações medicamentosas relatadas com anticonvulsivantes ou outros medicamentos coadministrados em pacientes com epilepsia, a evidência mais forte é fornecida com clobazam. As reações adversas medicamentosas relacionadas ao canabidiol mais frequentes foram baixas a moderadas e incluíram sonolência, principalmente relacionados à administração concomitante de clobazam e alterações gastrointestinais. Além disso, foram relatadas anormalidades da função hepática durante o uso de canabidiol e ácido valpróico. (Schaiquevich. P, et al., 2020)

Embora os mecanismos precisos responsáveis ​​pelos efeitos anticonvulsivantes do CBD permaneçam obscuros, foi proposto um mecanismo multimodal de ação do CBD na epilepsia. Dados farmacológicos que suportam o papel de três alvos, nomeadamente receptor potencial transitório vanilóide-1 (TRPV1), o receptor 55 acoplado à proteína G órfã (GPR55) e a inibição da recaptação de adenosina. O canabidiol tem uma estrutura lipofílica, uma taxa de absorção variável e extenso metabolismo empático de primeira passagem pelas isoenzimas CYP2C19 e CYP3A4, explicando sua baixa biodisponibilidade oral. (Raucci U, et al., 2020)

Ultimamente, muitas pessoas estão tomando conhecimento sobre o uso da planta Canabis sativa (CS) para fins medicinais, principalmente quando se trata de epilepsia. O uso da CS vem se tornando promissor para o tratamento de várias doenças, entre elas estão: Epilepsia, Doença de Parkinson entre outras.

Esse artigo tem como objetivo uma revisão integrativa sobre Fitocanabinoides e seus benefícios como anticonvulsivantes.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caráter qualitativo realizado por meio de pesquisa bibliográfica sistemática, constituído de artigos científicos. Os descritores de busca utilizados foram: “Sintomas e tratamento da epilepsia, canabis sativa, convulsões e fitocanabinoides”.

A pesquisa ocorreu entre os meses de agosto a novembro de 2022, na coleta de dados foram utilizadas as bases de dados eletrônicas: Scientific Eletronic Library Online (SCIELO); National Library of Medicine (PUBMED); Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE), e o buscador Google Acadêmico, com um recorte temporal de 2014 a 2022.

Os critérios de exclusão foram: informações duplicadas, datas bem antigas e com títulos que, apesar de serem extremamente importantes, não tinham relação ao tema proposto nesse trabalho.

Foi construído um banco de dados alimentado por meio das análises obtidas do instrumento de coleta da pesquisa, no qual serão organizados em programa Microsoft Word 2010.

3 RESULTADOS

Após a coleta de dados e análise metodológica, foram selecionados 200 artigos, encontrados nas plataformas Pubmed; Medline; Lilacs e Scielo, que após serem submetidos a critérios de exclusão, o número de artigos ficou em 58 e no final foram selecionados apenas 10 artigos que foram escolhidos após uma leitura minuciosa, pois apesar dos outros artigos científicos trazerem informações relevantes, acabaram fugindo do escopo do trabalho

Os artigos selecionados estão descritos em detalhes no Quadro abaixo:

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Tabela 1: Descrição sobre os artigos analisados, quanto a procedência, título do trabalho, autores, periódico e considerações relevantes do trabalho.
ProcedênciaAutoresPeriódicoTítuloConsiderações Relevantes Do Trabalho
1SCIELOMatos (2017)Brazilian Journal of DevelopmentO uso do canabidiol no tratamento da epilepsia.É possível concluir que o CBD representa uma alternativa promissora para pacientes epilépticos que não apresentam resposta aos tratamentos disponíveis, uma vez que ele pode impedir a ocorrência de danos cerebrais e consequentemente modificar a história natural da doença.
2MEDLINEDe Carvalho (2017)Vittalle – Revista de Ciências da SaúdeCanabinóides e Epilepsia potencial terapêutico do canabidiolAinda que o uso de canabidiol para tratamento de epilepsias refratárias à farmacoterapia convencional não seja mais uma novidade, mais estudos ainda são necessários para indicar livremente o seu uso.
3MEDLINESeibel, (2017)Disciplinarum Scientia SaúdeUso De Canabidiol no Tratamento de Síndromes Epilépticas Resistentes a Terapia ConvencionalOs estudos analisados constataram a eficácia e tolerabilidade do extrato de canabidiol purificado no tratamento de pacientes adulto e pediátricos com síndromes epiléticas refratárias, incluindo síndromes epiléticas.
4LILACSMedeiros (2020)Brazilian Journal of DevelopmentUso medicinal da Cannabis sativa (Cannabaceae) como alternativa no tratamento da epilepsiaO CBD é uma alternativa favorável para pacientes com epilepsia refratária, considerando ainda que o composto pode impedir a ocorrência de danos cerebrais e relevando a ausência de eventos adversos tóxicos de medicamentos a base de canabidiol.
5LILACSBarbosa (2020)Research, Society and DevelopmentO uso do composto de Canabidiol no tratamento da doença de AlzheimerO canabidiol apresenta-se promissor no tratamento do mal de Alzheimer, o qual vem apresentando um grande potencias na recuperação da memória, melhora na cognição e no comportamento, e na proteção do sistema nervoso limitando o processo neurodegenerativo.
6SCIELONocetti (2020)Brazilian Journal of Surgery and Clinical ResearchUso de Canabinoides como Adjuvante no Tratamento da Doença de AlzheimerO potencial terapêutico dos canabinoides em relação à doença de Alzheimer modula o sistema endocanabinoide com pequenas doses diárias de canabinoides, possibilitando a redução da neuroinflamação, do acúmulo da proteína β-amiloide e da hiperfosforilação da proteína tau, (ambas condições presente em placas senis formadas no córtex cerebral).
7SCIELOMüller (2019)Revista Brasileira de NeurologiaCanabinoides nas doenças de Parkinson e de AlzheimerApós o tratamento com CBD e THC, o presente estudo observou, a nível celular, efeitos neuroprotetores, neurororestauradores, ação antioxidante, antiapoptótica e diferenciação celular e expressão de proteínas. Além da melhora na mobilidade, sintomas psicóticos, na qualidade do sono e no bem estar emocional dos pacientes. Tais achados comprovam o potencial terapêutico dos canabinoides, ainda sendo necessário seu estudo em longo prazo para que se avalie sua segurança perante as doses maiores dos mesmos.
8SCIELOLima (2020)Realize EditoraO Uso de Canabinóides no Tratamento de Idosos com Doença de ParkinsonEstudos clínicos observaram uma melhora substancial de 9,9 pontos na Escala Unificada de avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS), além da diminuição de sintomas como a rigidez, tremor, bradicinesia, dor, problemas de sono e da discinesia total induzida por levodopa. Uma importante questão levantada é a necessidade de um olhar minucioso às interações medicamentosas dos canabinoides, levando em conta que a maioria dos idosos consomem uma ampla e variada quantidade de medicamentos.
9LILACSDiniz, (2020)Revista Saúde em FocoO uso do Canabidiol no Tratamento de ParkinsonAssim como em outros casos, o uso prolongado dos fármacos dos tratamentos convencionais da doença de Parkinson gera outras complicações e, com o tempo tais tratamentos tendem a perder sua efetividade, necessitando aumentar suas dosagens gradativamente. A partir da demanda por novas opções de tratamentos o CBD vem ganhando espaço, mostrando-se eficiente contra sintomas motores e não motores e por não apresentar tantos efeitos colaterais negativos como os medicamentos tradicionais.
10 MEDLINECarvalho et al,. (2017)Vittalle – Revista de Ciências da SaúdeCanabinoides e Epilepsia: potencial terapêutico do canabidiolNesse sentido, a presente revisão traz um apanhado geral sobre a farmacologia do sistema endocanabinoide, os medicamentos baseados em Cannabis disponíveis para uso clínico, bem como o uso do canabidiol no tratamento das epilepsias em humanos. Importante ressaltar, que apesar dos resultados promissores, ainda existem poucos estudos clínicos bem delineados que garantam a eficácia, segurança e tolerabilidade do CBD no tratamento de pacientes com epilepsia intratável, tais como nas síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut.

4 REVISÃO INTEGRATIVA

Segundo Matos et al., 2017 é necessário que estudos clinicamente comprovados, envolvendo um elevado número de pacientes, sejam realizados em prol da análise minuciosa das propriedades farmacocinéticas do canabidiol, para que o processo de aprovação para o uso medicinal do canabinoides como fármaco de escolha no tratamento de epilepsias de difícil controle seja realizado o mais rápido possível.

Nos estudos Seibel et al., 2017 o CBD tem demonstrado efeito anticonvulsivante, reduzindo a frequência de crises e parece ser bem tolerado em pacientes epilépticos adultos e pediátricos. Assim, poderia ser eficaz em uma variedade de síndromes epilépticas e pode ser menos tóxico que os antiepilépticos atualmente disponíveis. Há indícios que sugerem que o CBD pode ser eficaz em síndromes epilépticas pediátricas graves, tais como Dravet e Lennox-Gastaut. Entretanto, devido ao número reduzido de pacientes nos estudos e a qualidade dos dados disponíveis, as conclusões, que podem ser extraídas a partir dos trabalhos avaliados, não são totalmente confiáveis a respeito dos potenciais terapêuticos do CBD nas síndromes epilépticas quando utilizado em associação com terapia usual ou em monoterapia. Existe uma evidente necessidade de realização de ensaios clínicos randomizados e controlados bem conduzidos metodologicamente para que se obtenham dados mais confiáveis a respeito da eficácia e do perfil de segurança do CBD em quadros epilépticos refratários.

Medeiros et al., 2020 mencionou que o canabidiol pode ser uma alternativa favorável para pacientes portadores de epilepsia que não apresentam resposta aos tratamentos disponíveis atualmente, levando em consideração que o composto pode impedir a ocorrência de danos cerebrais nos pacientes. Outro ponto positivo que foi observado na pesquisa é a ausência de efeitos adversos tóxicos para os pacientes que fazem o uso de medicamentos à base de canabidiol.

Barbosa et al., 2020 relatou que o grande potencial terapêutico do composto canabidiol na recuperação da memória, melhora na cognição e comportamento, atuando como protetor do sistema nervoso, limitando o processo neurodegenerativo verificado na doença de Alzheimer. A utilização do canabidiol para o tratamento da DA apresenta-se como uma alternativa promissora, que deve ser alvo de vários estudos e acompanhamento, a fim de estabelecer a real eficiência deste composto para tratar pacientes com DA.

Nocetti et al., 2020 informou que o potencial terapêutico dos canabinoides no tratamento da DA, podemos considerar que a modulação do SEC, por meio do uso diário de pequenas doses de canabinoides, pode retardar a progressão da doença a partir da redução da neuro inflamação, do acúmulo de proteína βA e da hiper fosforilação da proteína tau, levando ao aumento do potencial neurogênico e, consequentemente, à melhora da memória, do comportamento e do aprendizado.

Müller et al., 2019 ressaltou que os resultados dos estudos trazidos nesta revisão mostram um possível potencial de aplicabilidade terapêutica dos derivados da Cannabis em pacientes acometidos com DP e DA. Porém exalta-se a necessidade de novas pesquisas com acompanhamento a longo prazo dos pacientes, bem como para avaliar os efeitos e a segurança do uso dessas substâncias em doses maiores.

Lima et al., 2020 enfatizou que não há consenso quanto à precisão das propriedades benéficas do cannabis, porém há muitas perspectivas sobre a interação de fatores bioquímicos com compostos que interagem com o sistema endocanabinoide. A necessidade de estudos observacionais e randomizados a longo prazo são indiscutíveis, principalmente quando se considera a melhoria em qualidade de vida, alvo primordial das terapias de doenças crônicas neurodegenerativas.

Diniz et al., 2020 relatou que não se sabe ao certo se todos os efeitos do CBD ou como ele produz seus efeitos contra a doença de Parkinson, entretanto apesar de não haver evidências suficientes que comprovem seu uso no tratamento, os resultados encontrados até agora mostram que tanto o uso da maconha in natura quanto os Canabinoides isolados são bem aceitos e realmente possuem certas propriedades terapêuticas, tanto contra os sintomas motores (tremores e rigidez muscular), mas também contra os sintomas não motores (sono, ansiedade e psicose). Portanto, com a realização de novos estudos poderemos entender melhor o funcionamento dos mecanismos responsáveis pelos efeitos dos Canabinoides, para que possamos desenvolver um tratamento mais abrangente e eficiente.

5 CONCLUSÃO

A ocorrência constante de crises epilépticas convulsivas pode prejudicar enormemente a qualidade de vida do indivíduo causando danos cerebrais. As convulsões são caracterizadas pela ocorrência periódica e imprevisível de crises, causadas pelo disparo desordenado, sincrônico e rítmico de vários neurônios. Pacientes com epilepsia expressam condições neurobiológicas, cognitivas e sociais alteradas, podendo sofrer estigmas, exclusão, restrição, isolamento e consequências psicológicas para si mesmo e para a família. Quando não tratada de maneira adequada, a repetição das crises poderá ocorrer em intervalos cada vez mais curtos.

Portanto, a pesquisa sobre a função dos canabinoides e seus efeitos neuroprotetores potenciais do sistema endocanabinoide são de extrema relevância para a farmacologia, uma vez que essas descobertas podem ajudar a compreender os mecanismos que levam às convulsões, bem como, sobre o uso do CBD no tratamento da epilepsia.

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1Acadêmico do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA.
2Docente do Curso de Farmácia Universidade CEUMA.