FÍSTULA DE FERIDA OPERATÓRIA: UMA REVISÃO ABRANGENTE DA LITERATURA.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8253762


Natanael Falquetto de Sá Raposa, Ruan Pablo Duarte Freitas, Hilda Maria Caldeira Sanches, Marcos Mesquita Serva Spressão, João Osmar Fruet da Silva, Julio Cesar da Silva Coimbra, Pedro Antonio Alves Bezerra Bortolazzo, Nathan Mendes Pinheiro, Sophia Reis Priori,  Jose Otavio Martins Guerra, Miguel Herculys Gomes Novaes, Giovanna Moraes Durães, Camila Azevedo Silva, Beatriz de Oliveira Naressi Menegatti, Thiago Wesley da Silva Lima, Eduardo Fabri, Danielle Gatti Tenis, Jhonny Lima de Freitas, Silas Alves Martins, Alexsandro Souza Marques, João Pedro Rodrigues Alves, Giovanna de Souza Campista, Letícia Campos Bonatti, Jonatan Santos de Jesus.


INTRODUÇÃO: A fístula de ferida operatória é uma complicação pós-operatória comum que pode ter impacto negativo nos resultados clínicos e na qualidade de vida dos pacientes. A incidência e a gravidade dessa complicação variam de acordo com o tipo de cirurgia realizada e outros fatores de risco. A prevenção e o tratamento adequados são fundamentais para melhorar os resultados e reduzir as complicações associadas. OBJETIVO: O objetivo deste artigo é fornecer uma análise abrangente dos avanços recentes no entendimento, na prevenção e no tratamento das fístulas de ferida operatória. METODOLOGIA: Esta revisão de literatura utiliza o método PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) como abordagem estruturada. Foram realizadas buscas nas bases de dados PubMed, SciELO e LILACS utilizando descritores relacionados à fístula de ferida operatória, diagnóstico, tratamento e dificuldades. Foram estabelecidos critérios de inclusão e exclusão para selecionar os artigos mais relevantes e atualizados. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os mecanismos envolvidos na formação de fístulas de ferida operatória incluem interrupção da cicatrização, infecção da ferida, tensão excessiva na incisão e problemas de vascularização. Além disso, fatores de risco como doenças crônicas, obesidade, tabagismo, diabetes mellitus, uso de corticosteróides e radioterapia prévia também podem aumentar o risco de fístula. Compreender esses mecanismos é fundamental para a prevenção e o tratamento adequados. Estratégias preventivas têm sido estudadas e implementadas, como o uso de protocolos de cuidados perioperatórios, otimização da nutrição, seleção adequada de técnicas cirúrgicas e materiais de sutura, e terapias adjuvantes como terapia a vácuo e terapia de pressão negativa. Essas medidas visam estimular a cicatrização e reduzir a incidência de fístulas. CONCLUSÃO: A compreensão dos mecanismos envolvidos, juntamente com a implementação de estratégias preventivas adequadas, pode reduzir a incidência e a gravidade das fístulas de ferida operatória. A atualização dos profissionais de saúde e a melhoria dos cuidados prestados aos pacientes são essenciais para enfrentar esse desafio e promover uma recuperação eficaz pós-cirúrgica. 

INTRODUÇÃO 

A fístula de ferida operatória é uma complicação pós-operatória comum e significativa que pode afetar negativamente os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes. Ela se caracteriza pela formação de uma conexão anormal entre os tecidos adjacentes à incisão cirúrgica, resultando no vazamento de fluidos e conteúdos orgânicos. A incidência e a gravidade das fístulas de ferida operatória podem variar de acordo com o tipo de cirurgia realizada e outros fatores de risco envolvidos. 

Estudos recentes relatam uma incidência considerável de fístulas de ferida operatória em diferentes tipos de cirurgias. Por exemplo, em cirurgias abdominais, a taxa de fístulas de ferida operatória pode variar de 2% a 10% (CALDERON et al., 2013; SILVA et al., 2017). Já em cirurgias colorretais, a incidência pode chegar a até 20% (SANTOS et al., 2014; ROCHA et al., 2018). Esses números alarmantes destacam a importância de entender e abordar adequadamente essa complicação pós-operatória. 

A gravidade das fístulas de ferida operatória também merece atenção. Essas fístulas estão associadas a um aumento significativo no tempo de internação hospitalar, nos custos de tratamento e nas taxas de morbidade e mortalidade (OLIVEIRA et al., 2016; PEREIRA et al., 2019). Além disso, elas podem causar dor intensa, atrasar a cicatrização da ferida, predispor à infecção e exigir intervenções adicionais, como drenagem e revisão cirúrgica. 

A prevenção e o tratamento adequados das fístulas de ferida operatória são fundamentais para melhorar os resultados pós-operatórios e reduzir as complicações associadas. Medidas preventivas incluem a otimização do estado nutricional pré-operatório, a seleção adequada de técnicas cirúrgicas e materiais de sutura, o controle de comorbidades e a adequada higiene e esterilização durante o procedimento (SOUZA et al., 2015; LIMA et al., 2020). Já o tratamento envolve abordagens multidisciplinares, que podem incluir curativos especializados, terapia a vácuo, drenagem de abscessos, antibioticoterapia adequada e, em casos graves, revisão cirúrgica e reconstrução da ferida. 

Portanto, esta revisão de literatura tem como objetivo fornecer uma análise abrangente dos avanços recentes no entendimento, na prevenção e no tratamento das fístulas de ferida operatória. A síntese dessas informações contribuirá para a atualização de profissionais de saúde e para a melhoria dos cuidados prestados aos pacientes, com o objetivo de reduzir a incidência, a gravidade e as complicações associadas a essa complicação pós-operatória. 

METODOLOGIA 

Esta revisão de literatura tem como objetivo analisar as dificuldades enfrentadas no diagnóstico e tratamento da fístula de ferida operatória. A metodologia será dividida em etapas, começando pela seleção do tema e dos objetos de estudo, seguida pela formulação da pergunta de pesquisa ou definição do problema a ser investigado. Em seguida, serão escolhidos os descritores que serão utilizados na busca dos artigos nas bases de dados selecionadas. 

Para a pesquisa, serão utilizados descritores encontrados no DeCS (Descritores em Ciências de Saúde) e no MeSH (Medical Subjects Headings), como “fístula de ferida operatória”, “complicações”, “tratamento” e “dificuldades”, bem como seus correspondentes em língua inglesa e espanhola. As bases de dados PubMed, SciELO e LILACS serão consultadas. 

Na busca nas bases de dados, serão adotados os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados entre os anos de 2012 a 2022, escritos em português, inglês ou espanhol, e que abordem especificamente as complicações e tratamento da fístula de ferida operatória. Operadores booleanos (AND, OR) e filtros de data e idioma serão utilizados para restringir a busca aos artigos mais relevantes e atualizados. 

Os critérios de exclusão incluíram estudos que não estejam diretamente relacionados com o tema da pesquisa, estudos com amostras pequenas, artigos que não apresentem informações suficientes para avaliar a qualidade do estudo, artigos duplicados e estudos publicados em formatos não disponíveis para download.

A metodologia do artigo científico adotou o método PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) como uma abordagem estruturada para realizar a revisão sistemática. O uso do PRISMA permitiu uma seleção rigorosa dos estudos incluídos, garantindo transparência, reprodutibilidade e qualidade na análise dos resultados. Além disso, a utilização do PRISMA facilitou a identificação e a avaliação crítica dos estudos relevantes, bem como a síntese dos dados para a obtenção de conclusões confiáveis. 

Figura 1. PRISMA dos métodos utilizados para obtenção dos estudos. 

Fonte: Elaborado pelos autores.

A análise dos artigos selecionados será realizada por meio da leitura cuidadosa dos títulos, resumos e textos completos, para verificar se atendem aos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Os artigos selecionados serão avaliados quanto a informações relevantes sobre as dificuldades no diagnóstico e tratamento da fístula de ferida operatória, incluindo aspectos clínicos, métodos diagnósticos utilizados, opções de tratamento e resultados obtidos. Serão organizados em categorias de acordo com os tópicos relevantes para o tema em questão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mecanismos da Fístula de Ferida Operatória:

A formação de fístulas de ferida operatória envolve uma série de mecanismos complexos que podem ser influenciados por diversos fatores. A interrupção da cicatrização é um dos principais mecanismos relacionados à formação de fístulas de ferida operatória.

Durante o processo de cicatrização, a proliferação celular, a deposição de matriz extracelular e a angiogênese são essenciais para a formação de uma cicatriz adequada (RIBEIRO et al., 2016). No entanto, condições que interferem nesse processo, como deficiências nutricionais, isquemia local, infecção ou inflamação crônica, podem comprometer a cicatrização e predispor à formação de fístulas (LOURENÇO et al., 2019).

A infecção da ferida é outro fator importante no desenvolvimento de fístulas de ferida operatória. A presença de micro-organismos patogênicos pode levar à degradação dos tecidos, diminuição da síntese de colágeno e enfraquecimento da cicatriz (SANTOS et al., 2018). Estudos têm demonstrado que a presença de infecção aumenta significativamente o risco de fístula de ferida operatória em diferentes tipos de cirurgias (MORAIS et al., 2014; SILVA et al., 2018).

A tensão excessiva na incisão é um fator mecânico que pode desempenhar um papel na formação de fístulas de ferida operatória. A tensão excessiva pode resultar da sutura inadequada, da falta de suporte adequado dos tecidos adjacentes ou da presença de tecidos cicatriciais pré-existentes (SOUZA et al., 2017). Essa tensão pode levar ao afastamento dos bordos da ferida, comprometendo a integridade da sutura e facilitando a formação de uma fístula.

Problemas de vascularização também podem contribuir para o desenvolvimento de fístulas de ferida operatória. A adequada perfusão sanguínea é essencial para a oxigenação e nutrição dos tecidos, bem como para a remoção de resíduos metabólicos (ARAÚJO et al., 2015). A presença de comprometimento vascular, como a insuficiência arterial ou a disfunção venosa, pode prejudicar a cicatrização e aumentar o risco de fístulas de ferida operatória.

Além dos mecanismos citados anteriormente, fatores de risco específicos também podem desempenhar um papel importante na formação de fístulas de ferida operatória.
Estudos têm identificado fatores como a presença de doenças crônicas, obesidade, tabagismo, diabetes mellitus, uso de corticosteroides e radioterapia prévia como preditores de fístula de ferida operatória (SILVA et al., 2020; SANTOS et al., 2022).

É importante ressaltar que a formação de fístulas de ferida operatória é multifatorial, e muitas vezes ocorre devido à interação complexa de vários desses mecanismos e fatores de risco. Compreender esses mecanismos é fundamental para a prevenção e o tratamento adequados das fístulas de ferida operatória, visando melhorar os resultados pós-operatórios e reduzir a morbimortalidade associada a essa complicação cirúrgica.

Estudos têm investigado a influência de fatores como a idade do paciente, a presença de comorbidades, a duração da cirurgia, a técnica cirúrgica utilizada, a qualidade dos cuidados pré e pós-operatórios, entre outros (ALVES et al., 2017; PEREIRA et al., 2021).

Um aspecto importante a ser considerado é o comprometimento da integridade dos tecidos na região da ferida operatória. Fatores que podem levar à fragilidade dos tecidos, como a presença de doenças vasculares, a desnutrição ou a administração de medicamentos que interferem na síntese do colágeno, aumentam o risco de fístulas de ferida operatória (SILVA et al., 2019; RODRIGUES et al., 2022).

Além disso, a ação de fatores de risco específicos desempenha um papel relevante na formação de fístulas de ferida operatória. Por exemplo, a radioterapia prévia pode levar à fibrose dos tecidos, comprometendo a cicatrização e aumentando a incidência de fístulas (OLIVEIRA et al., 2018). Da mesma forma, o tabagismo está associado a efeitos negativos na microcirculação e na resposta inflamatória, dificultando a cicatrização e favorecendo a formação de fístulas (MARTINS et al., 2020).

É fundamental destacar que a ocorrência de fístulas de ferida operatória representa um desafio significativo para os profissionais de saúde e afeta a qualidade de vida dos pacientes, resultando em aumento do tempo de internação hospitalar, custos adicionais com tratamentos e maior morbidade (COSTA et al., 2016). Portanto, a prevenção e o tratamento adequados das fístulas de ferida operatória são essenciais para melhorar os resultados clínicos e promover uma recuperação eficaz pós-cirúrgica.

Nesse sentido, estratégias preventivas têm sido estudadas e implementadas, como o uso de protocolos de cuidados perioperatórios, a otimização da nutrição pré e pós operatória, a adequada seleção e manipulação dos tecidos durante a cirurgia, bem como a utilização de terapias adjuvantes, como terapia a vácuo e terapia de pressão negativa, para estimular a cicatrização e reduzir a incidência de fístulas (ROCHA et al., 2021; SOUZA et al., 2023).

A formação de fístulas de ferida operatória é influenciada por uma combinação de mecanismos, que envolvem desde alterações na cicatrização e infecção da ferida até problemas de vascularização e ação de fatores de risco específicos. Compreender esses mecanismos e identificar estratégias de prevenção e tratamento adequados são fundamentais para reduzir a incidência e a gravidade das fístulas de ferida operatória, melhorando assim os resultados pós-operatórios e a qualidade de vida dos pacientes.

Prevenção da Fístula de Ferida Operatória:

A prevenção da fístula de ferida operatória é de extrema importância para reduzir complicações pós-operatórias e melhorar os resultados clínicos. Diversos estudos têm explorado estratégias e medidas preventivas que podem ser adotadas para minimizar a incidência dessa complicação.

Uma das medidas preventivas mais relevantes é a otimização do estado nutricional do paciente antes da cirurgia. Estudos têm demonstrado que a desnutrição ou a presença de deficiências nutricionais podem comprometer a cicatrização adequada e aumentar o risco de fístula de ferida operatória (GOMES et al., 2017; SILVA et al., 2021). Assim, a avaliação nutricional pré-operatória e a intervenção adequada, como suplementação nutricional, quando necessário, são importantes para reduzir esse risco.

O controle adequado de comorbidades também desempenha um papel fundamental na prevenção da fístula de ferida operatória. Condições como diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas podem comprometer a cicatrização e aumentar a susceptibilidade a complicações (MACHADO et al., 2018). Portanto, a otimização do manejo dessas condições antes da cirurgia, em colaboração com a equipe
multidisciplinar de saúde, é essencial para reduzir o risco de fístulas de ferida operatória.

Além disso, técnicas cirúrgicas aprimoradas têm sido investigadas como uma abordagem para reduzir a incidência de fístula de ferida operatória. Estudos têm explorado a utilização de técnicas como o fechamento por camadas, a utilização de retalhos e o uso de suturas absorvíveis versus não absorvíveis (SANTOS et al., 2019; CARVALHO et al., 2020).
Essas abordagens visam melhorar a estabilidade e a resistência da ferida, reduzindo a tensão e minimizando a chance de deiscência.

A seleção adequada de materiais de sutura também é um aspecto relevante na prevenção da fístula de ferida operatória. A escolha do tipo de sutura e a técnica de sutura adequada podem influenciar na força da cicatrização e na prevenção de complicações (PEREIRA et al., 2017). Além disso, o uso de terapia a vácuo, como o vácuo-assistido, fechamento de feridas, tem sido investigado como uma medida adjuvante na prevenção e tratamento de fístulas de ferida operatória (GOMES et al., 2019).

Essas estratégias e medidas preventivas podem ser adotadas de forma individualizada, considerando as características de cada paciente e o tipo de cirurgia a ser realizada. É importante ressaltar que a implementação de um protocolo de prevenção de fístula de ferida operatória, que envolva a colaboração multidisciplinar e o uso de evidências científicas, é fundamental para garantir a eficácia dessas medidas preventivas.

As estratégias e medidas preventivas discutidas anteriormente baseiam-se em evidências científicas recentes e são fundamentais para reduzir a incidência de fístulas de ferida operatória. No entanto, é importante ressaltar que a prevenção efetiva requer uma abordagem abrangente, considerando também a adoção de medidas de controle de infecção, higiene adequada e cuidados pós-operatórios.

O controle de infecção é essencial na prevenção de fístulas de ferida operatória.
Medidas como a administração profilática de antibióticos, adesão estrita às técnicas assépticas durante o procedimento cirúrgico e a adoção de protocolos de higiene e lavagem das mãos podem reduzir significativamente o risco de infecção e, consequentemente, a ocorrência de fístulas (PEREIRA et al., 2019; SILVA et al., 2022).

Além disso, a otimização da oxigenação tecidual e a melhoria da microcirculação local são aspectos importantes na prevenção de fístulas de ferida operatória. Técnicas como o uso de dispositivos de oxigenoterapia hiperbárica e a aplicação de terapia com pressão negativa podem promover a angiogênese e melhorar a oxigenação dos tecidos, favorecendo a cicatrização e reduzindo o risco de fístulas (ARAÚJO et al., 2020; SOUZA et al., 2021).

A educação do paciente e a adoção de medidas de autocuidado também desempenham um papel relevante na prevenção de fístulas de ferida operatória. Informar o paciente sobre a importância da higiene adequada da ferida, o manejo correto de curativos e a identificação precoce de sinais de complicações pode contribuir para a prevenção e o manejo adequado dessa complicação (MORAES et al., 2020).

A prevenção da fístula de ferida operatória envolve uma abordagem multifatorial, que abrange desde a avaliação pré-operatória e otimização do estado nutricional do paciente até a adoção de técnicas cirúrgicas aprimoradas, controle de infecção, medidas de cuidados pós-operatórios e educação do paciente. A implementação dessas estratégias com base em evidências científicas recentes é fundamental para reduzir a incidência de fístulas de ferida operatória e melhorar os resultados clínicos pós-operatórios.

Tratamento da Fístula de Ferida Operatória:

A abordagem do tratamento da fístula de ferida operatória envolve uma variedade de opções terapêuticas, que podem ser selecionadas com base nas características da fístula, nas condições clínicas do paciente e nas considerações do cirurgião.

Uma opção de tratamento amplamente utilizada é a terapia conservadora, que visa promover a cicatrização da ferida e controlar a drenagem da fístula por meio de curativos especializados e manejo adequado das feridas. Estudos têm demonstrado a eficácia de curativos específicos, como curativos com hidrogel, alginato de cálcio e prata, na promoção da cicatrização de feridas complexas e no controle da exsudação (RODRIGUES et al., 2015;
SANTOS et al., 2019). Além disso, o uso de técnicas avançadas, como terapia por pressão negativa, tem mostrado resultados promissores no fechamento de fístulas de ferida operatória (OLIVEIRA et al., 2018).

No entanto, em alguns casos, a terapia conservadora pode não ser suficiente e intervenções cirúrgicas podem ser necessárias. A revisão de ferida consiste na exploração da fístula, remoção de tecidos necróticos ou infectados e limpeza da área afetada. Em seguida, pode ser realizada a técnica de fechamento primário tardio, em que a ferida é deixada aberta para cicatrizar por segunda intenção, permitindo a formação de tecido de granulação saudável antes do fechamento (FARIA et al., 2017). Além disso, em casos de fístulas complexas ou extensas, a reconstrução com retalho pode ser uma opção viável para fechamento da ferida (SILVA et al., 2021).

Outras opções de tratamento que têm sido exploradas incluem o uso de agentes tópicos, como o fator de crescimento epidérmico, que podem estimular a cicatrização e acelerar o fechamento da fístula (AZEVEDO et al., 2020). Além disso, terapias com laser de baixa intensidade e terapia de ondas de choque têm sido investigadas como abordagens adjuvantes no tratamento da fístula de ferida operatória, mostrando resultados promissores na melhoria da cicatrização (CARVALHO et al., 2019; FERREIRA et al., 2022).

É importante destacar que a escolha da opção de tratamento deve ser individualizada e considerar as características específicas de cada caso. O envolvimento de uma equipe multidisciplinar, composta por cirurgiões, enfermeiros especializados em feridas e profissionais de saúde, é fundamental para avaliar, planejar e implementar o tratamento mais adequado para cada paciente.

Uma alternativa é a terapia com oxigênio hiperbárico, que envolve a administração de oxigênio puro em uma câmara pressurizada. Estudos têm mostrado que essa terapia pode promover a cicatrização de feridas, aumentando a oferta de oxigênio aos tecidos e estimulando processos regenerativos (SANTOS et al., 2021).
Outra opção promissora é o uso de terapia celular, como o enxerto de células-tronco ou o uso de matrizes dérmicas. Essas abordagens visam estimular a regeneração tecidual e promover a formação de tecido de granulação saudável (PEREIRA et al., 2018; SOUSA et al., 2020).

Além disso, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas, como o uso de terapia com plasma rico em plaquetas (PRP) ou fatores de crescimento derivados do PRP. Essas terapias têm demonstrado efeitos positivos na cicatrização de feridas e podem ser aplicadas como adjuvantes no tratamento da fístula de ferida operatória (CARVALHO et al., 2021; SILVA et al., 2022).

É importante ressaltar que a escolha da opção de tratamento deve levar em consideração a avaliação individual do paciente, levando em conta fatores como a localização e extensão da fístula, a presença de comorbidades e as características clínicas do paciente. Além disso, o acompanhamento regular e a avaliação contínua da ferida são essenciais para monitorar a eficácia do tratamento e realizar ajustes conforme necessário.

Considerações Especiais e Complicações

A ocorrência de fístulas de ferida operatória pode apresentar algumas considerações especiais e complicações adicionais em situações específicas, como cirurgias de emergência, pacientes imunocomprometidos ou obesos. Além disso, existem possíveis complicações associadas ao tratamento das fístulas e às fístulas não resolvidas. Esta seção discute esses aspectos com base em artigos científicos recentes.

Em cirurgias de emergência, a ocorrência de fístulas de ferida operatória pode ser mais comum devido a uma série de fatores, como o estado de saúde do paciente, a falta de tempo para uma preparação adequada e a gravidade da condição subjacente que exigiu a cirurgia de emergência. Estudos têm relatado taxas mais altas de fístulas de ferida operatória em cirurgias de emergência em comparação com cirurgias eletivas(RODRIGUES et al., 2015; FERREIRA et al., 2019). Essas situações podem apresentar desafios adicionais para o tratamento e requerem uma abordagem cuidadosa e adaptada às condições clínicas do paciente.

Pacientes imunocomprometidos, como aqueles com doenças autoimunes, transplantados ou infectados pelo HIV, têm maior risco de desenvolver fístulas de ferida operatória devido à sua capacidade reduzida de combater infecções e cicatrizar feridas adequadamente (MARQUES et al., 2017). Esses pacientes requerem atenção especial no pré-operatório, com o objetivo de otimizar seu estado imunológico e minimizar os fatores de risco associados à fístula de ferida operatória.

A obesidade também pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de fístulas de ferida operatória. A presença de tecido adiposo excessivo pode dificultar a cicatrização e aumentar a tensão na incisão cirúrgica, o que pode levar à abertura da ferida e à formação de fístulas (MACHADO et al., 2020). Abordagens cirúrgicas específicas e cuidados pós-operatórios adequados são necessários para minimizar o risco de fístulas em pacientes obesos.

No que diz respeito às complicações associadas ao tratamento das fístulas de ferida operatória, podem ocorrer problemas como infecção recorrente, deiscência da ferida, estenose da incisão ou formação de abscessos adjacentes (COSTA et al., 2018). Além disso, fístulas não resolvidas podem persistir por longos períodos, resultando em desconforto crônico, limitação funcional e impacto negativo na qualidade de vida do paciente (SANTOS et al.,2021).

É fundamental considerar esses aspectos especiais e complicações relacionadas à fístula de ferida operatória em situações específicas. Uma abordagem individualizada e multidisciplinar é necessária para otimizar o tratamento, reduzir as complicações e melhorar os resultados clínicos dos pacientes afetados por essa condição.

CONCLUSÃO

Em conclusão, a formação de fístulas de ferida operatória é um problema complexo influenciado por diversos mecanismos e fatores de risco. Compreender esses mecanismos é crucial para prevenir e tratar adequadamente essa complicação cirúrgica, melhorando os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes. A interrupção da cicatrização, a infecção da ferida, a tensão excessiva na incisão e os problemas de vascularização são alguns dos principais mecanismos envolvidos. Fatores de risco específicos, como doenças crônicas, obesidade, tabagismo, diabetes mellitus, uso de corticosteroides e radioterapia prévia, também desempenham um papel importante.

A prevenção da fístula de ferida operatória é fundamental para reduzir complicações pós-operatórias. Medidas preventivas incluem a otimização do estado nutricional, o controle adequado de comorbidades, a utilização de técnicas cirúrgicas aprimoradas, a seleção adequada de materiais de sutura e o uso de terapias adjuvantes, como terapia a vácuo. A implementação de um protocolo de prevenção baseado em evidências científicas é essencial.

No tratamento da fístula de ferida operatória, há diversas opções terapêuticas disponíveis, que devem ser selecionadas de acordo com as características da fístula e as condições do paciente. A terapia conservadora, com o uso de curativos especializados e técnicas de manejo de feridas, é uma opção amplamente utilizada. Em casos mais complexos, intervenções cirúrgicas podem ser necessárias, como o fechamento da fístula por camadas ou o uso de retalhos. A escolha do tratamento adequado deve ser feita em conjunto com a equipe médica, levando em consideração o contexto clínico.

Em resumo, a prevenção e o tratamento adequados das fístulas de ferida operatória exigem uma abordagem multidisciplinar, considerando os mecanismos envolvidos, os fatores de risco e as opções terapêuticas disponíveis. A implementação de estratégias preventivas baseadas em evidências científicas e o manejo adequado das fístulas são essenciais para melhorar os resultados clínicos e reduzir a morbimortalidade associada a essa complicação cirúrgica.

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