FISIOTERAPIA PREVENTIVA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS COM ÊNFASE EM EXERCÍCIOS DE FORTALECIMENTO PARA A FUNCIONALIDADE DAS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA (AVDs).

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202510232248


Chewri Maria Carvalho Lima
Gustavo Borges Vargas
Luciana Rodrigues Landin Silva
Milene Florenço De Lima
Wesley Oscar Pereira De Almeida
Orientador: Bruno Silva Lomazzi
Orientadora: Rebecca Teixeira


RESUMO

O envelhecimento apresenta desafios e demandas crescentes à promoção da saúde e bem-estar da população idosa. Este estudo oferece evidências de que a fisioterapia preventiva, especialmente quando baseada em exercícios de fortalecimento muscular, é essencial para promover autonomia, reduzir quedas e melhorar o equilíbrio físico e emocional dos idosos. A revisão sistemática de artigos publicados entre 2015 e 2023, nas principais bases científicas, confirma que a adoção dessas intervenções potencializa a independência funcional, diminui custos com internações, eleva a qualidade de vida e melhora o bem-estar físico e psicológico desse público. Os achados deste trabalho reforçam a necessidade de incorporação de intervenções fisioterapêuticas preventivas pautadas em evidências, tanto na prática clínica quanto nas políticas de saúde voltadas à terceira idade, qualificando o cuidado ao idoso e ampliando o impacto positivo na sociedade.

Palavras-chave: Fisioterapia preventiva; Idoso; Exercícios de fortalecimento; Qualidade de vida; Atividades de Vida Diária.

ABSTRACT

The aging process presents growing challenges and demands for the promotion of health and well-being among the elderly population. The study provides evidence that preventive physiotherapy, especially when based on muscle-strengthening exercises, is essential to promote autonomy, reduce falls, and improve the physical and emotional balance of older adults. The systematic review of articles published between 2015 and 2023 in the main scientific databases confirms that the adoption of such interventions enhances functional independence, reduces hospitalization costs, increases quality of life, and improves the physical and psychological well-being of this population. The findings of this research reinforce the need for the incorporation of evidence-based preventive physiotherapeutic interventions, which are essential both in clinical practice and in health policies aimed at the elderly, qualifying elderly care and expanding its positive impact on society.

Keywords: Preventive physiotherapy; Older adults; Resistance exercise; Quality of life; Daily living activities .

1. INTRODUÇÃO

A senescência populacional, de acordo com a OMS (2022), é um fenômeno global de significativa relevância, impõe desafios aos sistemas de saúde e à prática clínica, devido à alta ocorrência de doenças crônicas e limitações funcionais que afetam esse grupo populacional.  De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2020, este processo demográfico ocorre de forma acelerada, indicando que os idosos representarão 25% da população até 2060. 

Passos et al. (2022), avalia que embora o envelhecimento seja um processo natural, possui efeitos de destaque na fisiologia, como a perda de massa muscular, redução de força e diminuição da funcionalidade, comprometendo a autonomia e o bem-estar dos indivíduos. Ao longo do estudo, o autor refere que atividades que promovam o envelhecimento saudável são importantes para uma melhor qualidade de vida e a independência.

De acordo com Hart e Buck (2019), a fisioterapia preventiva emerge como estratégia fundamental para a promoção da saúde na terceira idade. Consistindo em um conjunto de intervenções, baseadas em evidências, que visam minimizar riscos à saúde, promover a funcionalidade e prevenir incapacidades, incluindo as atividades de vida diária. 

Conforme destaca Pereira et al. (2021), esta abordagem preventiva adquire especial relevância por atuar diretamente sobre os principais agravos que acometem esta faixa etária: perda de mobilidade, quedas, que são responsáveis por 70% das internações traumáticas em idosos, além de dores crônicas e doenças degenerativas.

Ferreira et al. (2020), descreve que exercícios resistidos são uma intervenção eficaz no âmbito do fortalecimento muscular e, consequentemente, melhora da capacidade funcional na terceira idade, agregando outros benefícios além da saúde física e impactando positivamente no aspecto psicológico e social dessa população.

Segundo Oliveira e Costa (2023), os exercícios de fortalecimento muscular, treinamento postural e equilíbrio mostram-se eficientes na diminuição do risco a quedas e, consequentemente, diminuição das hospitalizações de idosos, dado relevante em detrimento de situações que envolvam poucos recursos e limitações físicas para o atendimento de idosos.

A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2006), indica que algumas limitações relacionadas à mobilidade, à autonomia e ao cognitivo costumam ser agravadas quando existe o sedentarismo. Nessa linha de pesquisa, Ribeiro (2020), concorda que a fisioterapia preventiva se destaca como uma ferramenta efetiva, pois promove intervenções e adaptações contínuas que colaboram com o fortalecimento físico, melhora do equilíbrio, reeducação corporal, estímulo cognitivo, além de promover o autocuidado.

Lima et al. (2021), destaca a importância da fisioterapia preventiva frente às projeções demográficas, que indicam o aumento contínuo da população acima de 60 anos, tornando indispensável a adoção de abordagens que garantam a qualidade de vida. Entretanto, no referido estudo, observou-se um paradoxo na prática clínica, mesmo com os benefícios evidenciados, a fisioterapia preventiva costuma ser recomendada apenas quando o idoso já apresenta limitações funcionais evidentes ou doenças estabelecidas. 

O cenário analisado por Andrade, Moreira e Santos (2023), destaca que a fisioterapia preventiva deve atuar de forma eficaz na prevenção de alterações posturais em idosos, porém a realidade analisada revela uma lacuna significativa na assistência à saúde do envelhecimento, indicando que estratégias realmente preventivas ainda são subutilizadas, o que reforça a necessidade de incorporar o cuidado preventivo como parte fundamental das práticas de saúde voltadas a essa população.

A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020), entende que é fundamental ampliar a compreensão sobre os impactos da assistência preventiva. A mesma indica orientações posturais, treinamento de equilíbrio e fortalecimento muscular, pois estas atividades demonstram resultados positivos que contribuem diretamente na vida do indivíduo. A OMS destaca que fomentar a adesão de intervenções precoces beneficia uma longevidade com qualidade.

O envelhecimento populacional acelerado no cenário atual, fato observado nos estudos de Sofiatti et al. (2021) e Lima et al. (2021), provoca transformações sociais profundas e gera desafios para o sistema de saúde, como o aumento do risco de doenças crônicas, um fenômeno global que necessita de atenção nos atendimentos de saúde e da prática clínica. Eles ainda consideram que muito embora a longevidade sirva como indicador positivo, ela também está associada a outros desafios significativos, como as limitações funcionais, quedas e redução da qualidade de vida.

Passos et al. (2022) descreve que durante o processo de envelhecimento ocorre um declínio progressivo da massa muscular e consequentemente da força, que são fatores que impactam diretamente na capacidade funcional e na ocorrência de acidentes, assim como na independência desses indivíduos. Nessa perspectiva, o estudo pontua que a fisioterapia preventiva é uma estratégia fundamental na promoção da saúde e na manutenção da qualidade de vida dos idosos.

De acordo com Rodriguez et al. (2018), o trabalho preventivo da fisioterapia compreende exercícios de fortalecimento do sistema musculoesquelético, através de práticas de mobilidade articular, orientações posturais e treinamento de equilíbrio. Tais estratégias, citadas nos estudos, têm demonstrado resultados promissores na preservação e melhoria das funções físicas, cognitivas e psicológicas, assim como o aumento da autoestima, redução da ansiedade e depressão. Os autores também entendem que a intervenção fisioterapêutica preventiva pode reduzir custos para o sistema de saúde, diminuindo a necessidade de tratamentos emergenciais e de possíveis custos com reabilitação prolongada.

Através da mudança da pirâmide etária no Brasil, e no mundo, podemos destacar a importância e relevância social deste estudo. Acredita-se que o presente estudo se justifica por buscar preencher uma lacuna identificada na literatura, onde embora existam evidências sobre os benefícios da fisioterapia preventiva para idosos, ainda faltam análises sistemáticas focadas na efetividade de estratégias voltadas ao fortalecimento muscular especificamente para a funcionalidade nas Atividades de Vida Diária (AVDs). Portanto, esta pesquisa busca contribuir diretamente para o debate contemporâneo ao avaliar de forma crítica essas intervenções, orientando profissionais de saúde sobre práticas baseadas em evidências que promovam o envelhecimento saudável.

Assim, este estudo tem como objetivo geral analisar, por meio de uma revisão sistemática, a contribuição da fisioterapia preventiva com ênfase em exercícios de fortalecimento muscular na funcionalidade e na qualidade de vida dos idosos. De modo complementar, os objetivos específicos são a identificação dos principais exercícios utilizados na fisioterapia preventiva e seus efeitos sobre a independência funcional, analisar a relação entre a prática de exercícios de fortalecimento e a qualidade de vida na terceira idade, e destacar os principais efeitos do fortalecimento muscular na população idosa.

2. MÉTODO

A metodologia utilizada nesta pesquisa foi descrita por Whittemore e Knafl (2025), que ressaltou o uso da análise de conteúdo em pesquisas qualitativas, a qual consiste em uma revisão bibliográfica sistemática de caráter qualitativo e descritivo, que tem como principal finalidade detalhar a atuação preventiva de fisioterapeutas no tratamento e cuidado de idosos, com estratégias embasadas em  exercícios de fortalecimento voltados à funcionalidade das Atividades de Vida Diária (AVDs) dos adultos mais velhos.

A busca bibliográfica foi realizada nas principais bases de dados da área da saúde, incluindo PubMed, SciELO, LILACS, PEDro e Cochrane, utilizando os seguintes descritores controlados (DeCS/MeSH): “Fisioterapia”, “Idoso”, “Modalidade de Exercícios resistidos”,  “Qualidade de Vida” e “Atividades Diárias” (DeCS/MeSH), combinados por operadores booleanos. Foram incluídos artigos científicos publicados entre 2007 e 2024, nos idiomas português, inglês e espanhol, que abordam intervenções de fisioterapia preventiva para população idosa. 

O processo de seleção seguiu o fluxograma PRISMA 2020, de acordo com a metodologia utilizada por Nogueira et al. (2024), com protocolo previamente delimitado para garantir transparência, reprodutibilidade e rigor metodológico. A pergunta de pesquisa que estruturou o estudo foi: “Qual é o impacto dos exercícios de fortalecimento muscular na funcionalidade nas Atividades de Vida Diárias (AVDs) de idosos, considerando intervenções fisioterapêuticas preventivas?”.

Para formular a questão estrutural seguiu-se o modelo PICOS, utilizado por Bento et al. (2012), que destaca esse modelo por permitir maior detalhamento e clareza em revisões sistemáticas focadas em populações idosas,  onde destacam-se: População (idosos ≥60 anos, comunitários ou institucionalizados), Intervenção (exercícios de fortalecimento/treinamento de força), Comparador (cuidados usuais, outras modalidades ou ausência de intervenção), Outcomes/desfechos (funcionalidade/AVDs, quedas, qualidade de vida, equilíbrio e dor), e Study design (ensaios clínicos randomizados, quase-experimentais e revisões com metanálises publicadas entre 2007 e 2024), com registro prévio do protocolo de revisão.

Foram incluídos estudos com amostras de idosos (60 anos), também analisadas em estudo de Pereira et. al. (2023), submetidos a intervenções com componentes de força (máquinas, pesos livres, elásticos ou exercícios funcionais com sobrecarga), que reportaram desfechos de AVDs/funcionalidade, quedas, qualidade de vida, equilíbrio ou dor. Foram excluídos estudos exclusivamente aeróbicos sem componente de força, relatos de caso, amostras mistas sem dados estratificados para idosos e duplicatas. 

A seleção ocorreu, seguindo critérios descritos no estudo de Minayo (2014), que afirma que a construção de etapas rigorosas na seleção e análise dos estudos qualitativos fortalece os resultados e a validade das conclusões sobre o cuidado em saúde, tais etapas são: triagem de títulos/resumos; elegibilidade da população; métodos, relevância da pesquisa; dados de associação das estratégias de exercícios e os desfechos na população idosa; posteriormente ocorreu a leitura aprofundada dos textos completos, por dois revisores independentes, com resolução de discordâncias por terceiro leitor, sendo reportado o fluxo PRISMA de estudos identificados, excluídos e incluídos.

A análise crítica dos estudos incluídos, os quais estão relacionados ao tema da pesquisa, seguiu as recomendações descritas por Rodrigues et. al (2021), sendo conduzida mediante aplicação do instrumento de avaliação de qualidade metodológica, verificando as evidências e pontos de discussão, palpáveis a serem debatidos de acordo com o tema proposto. Assim, foi possível medir a robustez dos estudos selecionados e o grau de confiabilidade de seus resultados. 

3. RESULTADOS

A presente revisão sistemática analisou estudos publicados entre 2007 e 2024, selecionados a partir de uma amostra total de 2.847 participantes com idades entre 65 a 85 anos, incluindo idosos comunitários e institucionalizados. No estudo de Martinez et al. (2018), as estratégias de intervenção variaram entre programas de treinamento resistido de baixa e alta intensidade, com duração média entre 8 e 24 semanas e frequência de 2 a 3 sessões por semana.

Foram identificadas quatro categorias principais de intervenções, as quais seguem o modelo usado por Bento et al. (2012): (a) força tradicional com máquinas ou pesos livre; (b) treinamento funcional com sobrecarga (ex.: sit-to-stand, step-up, levantar/transportar cargas); (c) programas multicomponentes que combinam força e equilíbrio; (d) treinamento de potência adaptado para idosos, cada qual com parâmetros específicos de dose e progressão. 

Na pesquisa de Nogueira et al. (2024), com relação as AVDs/funcionalidades, observou-se melhora consistente com programas de 8-12 semanas, 2-3 sessões/semana, intensidade moderada e alta e progressão sistemática, refletida em melhores desempenhos em testes funcionais e maior autonomia para atividades diárias.

Quanto a incidência/risco de quedas, de acordo com Bento et al. (2012), intervenções que integram o uso da força e do equilíbrio em seus protocolos demonstram redução desses perigos na terceira idade, demonstrando obter maior efeito em treinamentos supervisionados e com uso de progressão planejada, alinhados às recomendações internacionais para prevenção de quedas nessa parcela populacional. 

Foi possível ver que os resultados encontrados por Nogueira et al. (2024), ainda apontaram melhorias significativas na qualidade de vida, com benefícios em domínios físicos, psicológicos e sociais desses idosos, especialmente quando a componente de força foi central e supervisionada, sendo relatadas também melhorias em dor crônica e equilíbrio postural, com repercussão na participação social e independência. 

Podemos observar a eficácia do treinamento resistido ao promover ganhos evidentes de força muscular, equilíbrio e na capacidade funcional para realização de atividades diárias, contribuindo de forma notória para a autonomia e independência funcional dos idosos no cotidiano refletindo na melhoria da melhoria da qualidade de vida (REDDY et. al. 2024).

Além desses resultados, em estudo de Ferreira et al. (2020), destacam-se outros impactos positivos na saúde mental, como a redução de sintomas depressivos e a melhora da autoestima. Em particular, alguns estudos específicos, como o de Zhang et. al. (2023), que contemplaram idosos frágeis, demonstraram que a combinação de exercícios resistidos e atividades físicas regulares podem reverter, ou retardar o declínio funcional e melhorar aspectos de fragilidade percebidos na terceira idade.

A maioria dos estudos utilizados nesta revisão, caracterizam-se por ter alta qualidade metodológica, incluindo ensaios clínicos randomizados, revisões sistemáticas e meta-análises, o que contribuiu para a robustez e fortalecimento das evidências apresentadas. Esses achados reforçam a importância da fisioterapia preventiva, especialmente do treinamento resistido, como ferramenta essencial para a promoção do envelhecimento ativo e saudável, fornecendo subsídios para a prática clínica e sistemas de saúde que estejam voltados à população idosa (LIMA et al., 2021; RODAS et. al., 2023).

4. DISCUSSÃO

  Ao longo do estudo de Barduzzi et. al. (2013), declarou-se que um dos principais objetivos do processo de promoção, prevenção e reabilitação é proporcionar ao indivíduo a conquista do nível máximo de independência funcional, respeitando suas potencialidades e limitações, para postergar ou prevenir futuros prejuízos. Nesse contexto, Nelson et al. (2007), afirma que a fisioterapia preventiva no manejo de idosos tem se consolidado como uma estratégia indispensável para a manutenção da funcionalidade e autonomia. 

 A abordagem multifatorial descrita por Fragala et al. (2019), baseada em exercícios resistidos e programas funcionais, ampliam os benefícios físicos, psicológicos e sociais. A análise do estudo de Hart e Buck (2019), quando aliada ao conhecimento dos protocolos fisioterapêuticos padrão, permite compreender a riqueza metodológica e os efeitos positivos concretos dessas intervenções para minimizar os efeitos deletérios do envelhecimento.

Segundo Lopes et. al (2009), o medo de quedas gera consequências negativas com relação a independência do idoso, ocasionando a perda da independência e consequentemente na capacidade de realizar normalmente as Atividades de Vida Diárias (AVDs). Ao analisar os estudos incluídos, foi possível observar que a prescrição de exercícios resistidos produz ganhos significativos na força muscular, que é um fator primordial para a execução segura e independente das Atividades de Vida Diária.

De acordo com Sherrington et al. (2017), esses ganhos estão intimamente ligados a uma redução proporcional no risco de quedas, um dos principais problemas de saúde pública em idosos. Afirmam que a relevância deste aspecto é reforçada pelo impacto que as quedas podem ter na saúde física  ̶ principalmente no que se refere à recuperação de fraturas e danos nos músculos e demais estruturas ligadas à mobilidade ̶  emocional e financeira deste grupo populacional.

Outro ponto bastante discutido por Ferreira et al. (2020) que se destaca nesta discussão é a multifuncionalidade dos exercícios fisioterapêuticos. É dito nos estudos supracitados que a integração de treinamentos que além da força contemplam o equilíbrio, a coordenação motora e a flexibilidade, promove um efeito sinergético que potencializa a funcionalidade global no indivíduo idoso. Essa abordagem multifacetada também contribui para benefícios psicológicos, como evidenciado pela meta-análise de ensaios clínicos randomizados conduzida por Schuch et. al. (2016), em que houve redução de fatores psicológicos como a depressão e a ansiedade nos participantes dos estudos.

Delitto et al. (2012) corrobora com a ideia de exercícios resistidos, incluindo o uso de pesos livres, aparelhos, faixas elásticas, e exercícios com peso corporal, sendo prescritos seguindo protocolos de progressão adequados à capacidade funcional do idoso em suas particularidades, minimizando riscos e maximizando ganhos. Neste sentido, Hart e Buck (2019) destacam um protocolo de 12 semanas com treinos resistidos graduais, promovendo aumento significativo de força muscular e massa magra, essenciais para tarefas cotidianas como subir escadas, levantar-se de cadeiras e carregar objetos, diretamente relacionadas ao desempenho nas AVDs.

Complementarmente, os treinamentos funcionais estudados por Almeida et al. (2022), incluem práticas focadas em equilíbrio, coordenação e propriocepção, utilizando superfícies instáveis e exercícios dinâmicos que simulam movimentos cotidianos. Sherrington et al. (2017), demonstraram que a inclusão desses elementos reduz em 30% as quedas, condição que impacta diretamente na independência funcional e qualidade de vida do idoso.

A fisioterapia preventiva, que foi foco do estudo de Fragala et al. (2019), também incorpora exercícios visando à melhora da flexibilidade e da mobilidade articular, elementos fundamentais para preservar o alcance de movimentos que facilitem vestimentas, higiene pessoal e alimentação autônoma. Segundo os autores essa metodologia combinada dessas atividades com técnicas de fortalecimento resulta em ganhos mais consistentes e sustentáveis.

Os estudos de Nelson et al. 2007) e Martinez et al. (2018), evidenciam que o fortalecimento muscular é crucial para preservar o desempenho das AVDs. A exemplo, percebeu-se que elevada força dos músculos do quadril e membros inferiores está relacionada à maior autonomia para deslocamentos, equilíbrio postural, e prevenção de quedas. 

Ademais, Almeida et al. (2022), evidencia que a prática consistente desses exercícios está associada à redução da dor crônica e aumento da resistência muscular, o que proporciona maior facilidade na realização de tarefas diárias sem desconfortos ou fadiga excessiva. Rodas et al. (2023), afirma que os ganhos biopsicossociais são evidenciados pela melhoria do humor e diminuição dos sintomas depressivos, frequentemente associados à perda de funcionalidade nessa população.

Diretrizes do Colégio Americano de Medicina Esportiva – ACSM (2009) e da OMS (2020) sustentam a recomendação de implementar atividades de resistência muscular e funcionalidades em idosos, baseando-se em evidências robustas que apontam para a eficácia desses métodos. De acordo com Delitto et al. (2012), a prática clínica orientada por essas diretrizes é fundamental para garantir segurança, adesão e resultados clinicamente relevantes.

No entanto, é importante reconhecer as limitações encontradas nos estudos analisados, como a falta de heterogeneidade dos protocolos de exercícios, amostras pequenas em algumas pesquisas e a falta de padronização na avaliação dos desfechos. Esses fatores dificultam a generalização dos resultados e indicam a necessidade de estudos futuros com maior rigor metodológico e maiores amostras (PASSOS; LIMA, 2022).

Além disso, a adesão dos idosos aos programas e intervenções com exercícios apresenta-se como um desafio constante, influenciada por fatores sociais, culturais e clínicos. Estratégias que envolvam aconselhamento, educação e acompanhamento personalizado são recomendações válidas para aumentar a adesão e o sucesso das intervenções fisioterapêuticas (ACSM, 2009). 

5. CONCLUSÃO

A revisão sistemática apresentada neste trabalho evidenciou que a fisioterapia preventiva, com destaque para os exercícios resistidos e treinamento funcional, é uma intervenção eficaz e segura para promover ganhos significativos na qualidade de vida e funcionalidade dos idosos. Os resultados demonstram que tais práticas contribuem para o fortalecimento muscular, melhoria do equilíbrio, redução do risco de quedas e manutenção da autonomia nas atividades diárias, aspectos fundamentais para o envelhecimento ativo e saudável.

Além dos benefícios físicos, os efeitos positivos no bem-estar psicológico e emocional dos idosos reforçam a importância de programas e atividades que integrem cuidados amplos e multidirecionais. A adoção de protocolos baseados em evidências, que podem ser adaptados às necessidades individuais, é essencial para garantir a adesão, e assim, os melhores resultados possíveis.

Entretanto, observa-se a necessidade de aprofundamento dos estudos com maiores amostras e padronização dos métodos para fortalecer ainda mais a necessidade das medidas fisioterapêuticas no manejo clínico. Também é imprescindível investir em estratégias para superar as barreiras relacionadas à adesão das intervenções, aumentando a participação da população idosa em programas e atividades de fisioterapia preventiva.

Por fim, este trabalho busca contribuir para o embasamento de práticas fisioterapêuticas eficazes e fundamentadas, além de fornecer subsídios para a formulação de instrumentos que promovam a saúde e autonomia dos idosos, ampliando sua qualidade de vida e independência.

Em síntese, a revisão evidencia que a fisioterapia preventiva, com ênfase em exercícios resistidos e funcionais, é uma ferramenta eficaz e indispensável para promover saúde e qualidade de vida na população idosa. Destacando que seus benefícios transcendem a esfera muscular, afetando positivamente o bem-estar emocional e a autonomia, contribuindo para a funcionalidade em diversas áreas da vida dessa população, inclusive nas Atividades de Vida Diária, contribuindo assim para o envelhecimento ativo e saudável em diversos níveis.

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