FISIOTERAPIA NA SÍNDROME DE DOWN: ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11646947


Cíntia Maria Mazzini; Jamile Luiza Araújo Oliveira; Lucas Lombardi Silva; Orientador: Otávio Henrique Azevedo Campos


RESUMO

Objetivos: O objetivo geral deste trabalho é compreender, por meio da literatura, as estratégias fisioterapêuticas utilizadas para promover o desenvolvimento motor de indivíduos com Síndrome de Down. Além disso, tem como objetivo específico conceituar a história dessas pessoas, evidenciar as abordagens fisioterapêuticas para elas e discutir o impacto da fisioterapia na qualidade de vida dos indivíduos. Metodologia: A pesquisa realizada seguiu um protocolo, utilizando a estrutura PICO para formulação da pergunta de pesquisa e adotando o modelo PRISMA para a revisão sistemática. Os critérios de inclusão e exclusão foram bem definidos, e a busca na literatura foi realizada de forma abrangente, resultando em uma seleção de artigos relevantes e recentes. Resultados: Os estudos revisados indicam que a fisioterapia deve trabalhar no desenvolvimento motor de crianças com Síndrome de Down, contribuindo para melhorar a coordenação motora, equilíbrio e força muscular. Além disso, a estimulação precoce e outras abordagens terapêuticas demonstraram benefícios significativos na interação social e na qualidade de vida desses indivíduos. Conclusão: Foi possível compreender a importância contínua da pesquisa na área da fisioterapia para pessoas com Síndrome de Down, destacando a necessidade de aprimoramento das práticas terapêuticas e o desenvolvimento de novas abordagens para promover a inclusão e o desenvolvimento pleno desses indivíduos.

Palavras-chave: fisioterapia. Síndrome de Down. Desenvolvimento motor.

ABSTRACT

Objectives: The general objective of this work is to understand, through the literature, the physiotherapeutic strategies used to promote the motor development of individuals with Down’s Syndrome. It also has the specific objective of conceptualizing the history of these people, highlighting physiotherapeutic approaches for them and discussing the impact of physiotherapy on their quality of life. Methodology: The research followed a protocol, using the PICO structure to formulate the research question and adopting the PRISMA model for the systematic review. The inclusion and exclusion criteria were well defined, and the literature search was carried out comprehensively, resulting in a selection of relevant and recent articles. Results: The studies reviewed indicate that physiotherapy should work on the motor development of children with Down’s Syndrome, helping to improve motor coordination, balance and muscle strength. In addition, early stimulation and other therapeutic approaches have shown significant benefits in the social interaction and quality of life of these individuals. Conclusion: It was possible to understand the continuing importance of research in the field of physiotherapy for people with Down’s Syndrome, highlighting the need to improve therapeutic practices and develop new approaches to promote the inclusion and full development of these individuals.

Keywords: physiotherapy. Down’s syndrome. Motor development.

1- INTRODUÇÃO:

A percepção da Síndrome de Down e das pessoas que a possuem mudou significativamente ao longo do tempo. Anteriormente, havia uma tendência de restringir e tornar essas pessoas dependentes de suas famílias, excluindo-as da participação plena na sociedade. No entanto, ao longo do tempo, a humanidade reconheceu que todos têm o direito de se sentir incluídos e valorizados em suas comunidades. (Gonçalves, 2016)

De acordo com dados do Ministério da Saúde (2022), entre os anos de 2020 e 2021 foram notificados 1.978 casos de Síndrome de Down no Brasil. A prevalência geral neste período foi de 4,16 casos por 10 mil nascidos vivos. As regiões do Sul e Sudeste apresentaram as maiores prevalências, com 5,48 e 5,03 casos por 10 mil nascidos vivos, respectivamente.

Segundo Pietricoski e Della (2020), a Síndrome de Down foi descrita pelo médico britânico John Langdon Down em 1862. Essa modificação genética influencia o desenvolvimento de forma singular, decidindo algumas características físicas e cognitivas. A condição é causada pela presença de três cromossomos 21 no total ou em uma grande parte das células, também conhecida como trissomia 21, onde há 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como na maioria da população. Também chamada de disfunção cromossômica, pode apresentar diferentes estruturas, como o mosaico, quando a trissomia está presente apenas em algumas células, e a translocada, quando o cromossomo 21 está ligado a outro cromossomo. O diagnóstico é feito por meio da análise cromossômica (cariótipo) que identifica a presença do cromossomo 21 adicional. (Coelho, 2016)

Embora nem todos os indivíduos afetados por essa condição apresentem perfis idênticos, é comum observar as seguintes características físicas: coloração castanha, textura lisa e espessura fina do cabelo; rosto plano e largo; lábios espessos com fissuras transversais; língua de tamanho aumentado em relação ao padrão; nariz de dimensões reduzidas; olhos em formato de amêndoa, posicionados em um plano diagonal com cantos internos distantes, devido às dobras palpebrais, frequentemente de menor tamanho; presença de uma única linha transversal na palma das mãos, em lugar das duas convencionalmente observadas; membros de comprimento reduzido; e baixo tônus muscular, caracterizado por hipotonia, resultando em uma aparência “mole” dos músculos. O tônus baixo frequentemente influencia cada músculo do corpo. A pele pode ficar manchada, clara e delicada ao agravamento. (Raposo et al., 2018)

Podem ocorrer problemas de saúde e aprendizagem, mas variam de um indivíduo para outro. Apesar do desenvolvimento atrasado, outros problemas de saúde podem surgir em pessoas com Síndrome de Down, como cardiopatia congênita, problemas de audição, hipotonia, alterações na coluna cervical, problemas de visão, distúrbios neurológicos, distúrbios da tireoide, obesidade e envelhecimento precoce. (Lima et al., 2018)

Cada indivíduo com essa condição é único, e os sintomas e sinais podem variar de moderados a extremos. Indivíduos do sexo masculino e feminino podem apresentar características como tamanho genital pequeno e ausência de menstruação. Além disso, podem ocorrer doenças no sistema urinário e respiratório. (Marinho, 2018)

A cada ano que passa, novos meios e abordagens são desenvolvidas para promover a inclusão das pessoas com Síndrome de Down. A fisioterapia deve estar no processo, ajudando esses indivíduos a desenvolver habilidades físicas, melhorar sua qualidade de vida e participar ativamente da sociedade. A compreensão e a aceitação da diversidade têm levado a avanços significativos na inclusão das pessoas com essa condição em todos os aspectos da vida social e comunitária.

Uma das abordagens comuns é o uso de exercícios específicos para melhorar a força muscular, o equilíbrio e a coordenação. Isso pode incluir exercícios de fortalecimento para os músculos do tronco e membros, bem como atividades para melhorar a postura e a estabilidade. Além disso, os fisioterapeutas frequentemente trabalham com indivíduos com Síndrome de Down para ajudá-los a desenvolver habilidades motoras básicas, como sentar, engatinhar, ficar em pé e andar. Isso pode envolver o uso de equipamentos de suporte, como barras paralelas ou andaimes, para promover a independência e a segurança durante o movimento. (Santos; Rodrigues; Ramos, 2021)

A terapia aquática também é frequentemente utilizada na fisioterapia para indivíduos com essa condição. A água proporciona um ambiente de baixa gravidade que pode facilitar o movimento e reduzir o estresse nas articulações, o que pode ser especialmente benéfico para pessoas com dificuldades motoras.

Dessa forma, justifica-se este trabalho por meio da idealização de que a inclusão social de pessoas com Síndrome de Down é um tema de extrema importância e relevância na atualidade, refletindo a evolução da sociedade em relação à aceitação da diversidade e ao respeito aos direitos humanos. Nesse contexto, a fisioterapia não apenas contribui para o desenvolvimento físico e motor desses indivíduos, mas também promove sua autonomia, independência e qualidade de vida.

O objetivo geral deste trabalho é compreender, por meio da literatura, as estratégias fisioterapêuticas utilizadas para promover o desenvolvimento motor de indivíduos com Síndrome de Down. Além disso, tem como objetivo específico conceituar a história dessas pessoas, evidenciar as abordagens fisioterapêuticas para elas e discutir o impacto da fisioterapia na qualidade de vida dos indivíduos.

2- MÉTODO

Esta revisão seguiu as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA), desenvolvidas para auxiliar pesquisadores na condução desses estudos de forma transparente e completa, garantindo a qualidade e a confiabilidade dos resultados por meio de um checklist de itens que devem ser incluídos no artigo (Souza, 2023).

O estudo adotou o modelo PICO, que é uma estrutura utilizada na formulação de perguntas de pesquisa em saúde e em outras áreas para facilitar a busca por evidências científicas relevantes (Santos, Pimenta e Nobre, 2007). A estratégia PICO foi definida como segue: (P) pacientes com Síndrome de Down; (I) intervenções fisioterapêuticas; (C) controle ou ausência de intervenção; (O) desenvolvimento motor.

Essa Revisão Sistemática seguiu criteriosamente as seguintes etapas: 1. Redigiu uma questão de investigação; 2. Definiu seu protocolo; 3. Selecionou os critérios de inclusão e exclusão; 4. Estabeleceu uma estratégia de pesquisa e buscou na literatura com o objetivo de encontrar os estudos; 5. Selecionou os estudos; 6. Avaliou a qualidade; 7. Coletou os dados; 8. Fez uma síntese dos dados e avaliação da qualidade das evidências; 9. Apresentou os resultados (CORDEIRO)

Para a seleção dos artigos foi realizada uma RS com auxílio dos principais mecanismos de busca científica existentes, nas bases de dados eletrônicas: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e National Library of Medicine (PubMed). Os descritores utilizados incluíram fisioterapia, Síndrome de Down e desenvolvimento motor, combinados com o operador booleano “AND”, as combinações utilizadas foram: fisioterapia AND Síndrome de Down, fisioterapia AND desenvolvimento motor, Síndrome de Down AND desenvolvimento motor, fisioterapia AND Síndrome de Down AND desenvolvimento motor. O período de busca foi limitado aos últimos 10 anos, e os artigos considerados foram aqueles publicados em português e inglês.

Os critérios de inclusão foram: estudos transversais e de intervenção que investigam intervenções fisioterapêuticas em crianças com Síndrome de Down, com foco no desenvolvimento motor, publicados neste período. Foram excluídos: revisões de literatura, monografias, livros que não abordem especificamente a fisioterapia como intervenção principal, estudos envolvendo outras síndromes genéticas além da Síndrome de Down, estudos que não apresentem resultados relacionados ao desenvolvimento motor, e estudos que não estejam disponíveis integralmente ou que não apresentem dados suficientes para análise.

A seleção e a extração dos dados dos estudos foram realizadas por dois revisores independentes, que avaliaram os títulos, resumos e textos completos. Em caso de discordância, um terceiro revisor foi consultado.

A análise dos dados foi conduzida de forma descritiva, com uma comparação geral dos efeitos das intervenções fisioterapêuticas no desenvolvimento motor de crianças com Síndrome de Down. Os resultados foram apresentados de maneira organizada, utilizando ferramentas como o Microsoft Excel® 2016 para categorização e documentação das informações extraídas dos artigos científicos. Cada artigo foi avaliado através da Escala de PEDro (Physiotherapy Evidence Database) sendo ela uma ferramenta utilizada para avaliar a qualidade metodológica de estudos.

De acordo com Shiwa, et. al. (2011) a Escala PEDro é uma base de dados de evidencias em fisioterapia. A escala possui 11 itens, que avaliam aspectos como randomização, ocultação da alocação, grupos semelhantes no início do estudo, cegamento dos participantes, cegamento dos avaliadores, seguimento dos participantes, análise por intenção de tratar e medidas de variabilidade. Cada item recebe um ponto quando o critério é atendido, e a pontuação total varia de 0 a 10, sendo que estudos com pontuação igual ou superior a 6 são considerados de alta qualidade metodológica, para assim garantir a relevância e a qualidade dos estudos incluídos na revisão.

A busca pelos artigos foi realizada até o mês de maio do ano de 2024, onde com a utilização das combinações das palavras chaves, foram identificados 49 artigos inicialmente, quatro artigos foram excluídos por estarem repetidos nas bases de dados. Após a leitura do título e resumo restaram 23 artigos para leitura na íntegra. Após a leitura completa, dezoito artigos foram excluídos por não se enquadrarem no perfil do estudo, restando apenas cinco artigos para a composição do banco de informações necessárias para o desenvolvimento do estudo, enquadrando em todos os critérios de elegibilidade, como especifica o Diagrama 1.

2.1 DIAGRAMA 1

Diagrama 1 – Processo de análise e síntese das buscas realizadas de acordo com a PRISMA

Fonte: Os autores, 2024

3- RESULTADO

Os estudos incluídos foram publicados na última década, onde 3 estudos destacou a importância da estimulação precoce desde os primeiros dias de vida para garantir um melhor desenvolvimento e qualidade de vida para as crianças com SD. A análise das variáveis motoras revelou que as aquisições dos marcos motores nessas crianças apresentam atraso considerável em comparação com crianças com desenvolvimento normal. Além disso, observou-se que as crianças que realizam fisioterapia têm melhor equilíbrio estático e dinâmico do que aquelas que realizam equoterapia. Além Disso, foi evidenciado por 3 artigos o uso de equoterapia e 1 sobre terapia aquática como uma forma de atividades funcionais auxiliando na mobilidade funcional em geral.

É possível visualizar os estudos selecionados, bem como informações contendo as seguintes características: Autor, ano, escala de PEDro, tipo de estudo, intervenção, desfecho e resultados. (Quadro 1).

Quadro 1 – Autores usados na discussão

AUTOR/ANO  AMOSTRAQualidade na PedroTIPO DE ESTUDOINTERVENÇÃODESFECHORESULTADO
TORQUATO, et al. (2013)33 com SD, ambos sexos, 4-13 anos7/10Estudo transversalEquoterapia  Desenvolvimento normal (p < 0,05) em SD que fizeram equoterapia.  Fisioterapia convencional influenciou positivamente aquisições motoras e equilíbrio em SD.
COSTA et al. (2017)  41 indivíduos, sendo 20 praticantes de Equoterapia (GE) e 21 não praticantes (GC).7/10Estudo transversalEquoterapia  Melhora na coordenação motora global (p < 0,05) e índices motores em grupo com Equoterapia.  Equoterapia benéfica para coordenação motora global, especialmente em tarefas específicas.
LEITE et al. (2018)  21 com SD, 10 anos, ambos sexos6/10Estudo transversalEscala de Equilíbrio e Teste de Alcance  Alguma redução na mobilidade funcional em alguns participantes.  Atividades funcionais pouco afetadas, mas medidas de mobilidade funcional reduzidas em alguns casos.
RAMOS; MÜLLER, 202013 crianças com Síndrome de Down, entre 0 e três anos.8/10Estudo transversalEstimulação precoceNa pesquisa, 46,2% dos participantes foram classificados como alerta para o desenvolvimento, 38,5% com provável atraso e 15,4% com desenvolvimento adequado.Aplicação da estimulação precoce obteve resultados positivos para o desenvolvimento global da criança com síndrome de Down
BRAGA et al. (2019)8 com SD, média de 12 anos8/10Estudo de intervençã oFisioterapia Aquática  Melhora da força muscular inspiratória e expiratória (p < 0,01), frequência cardíaca e saturação de oxigênio (p < 0,05).  Fisioterapia aquática eficiente para fortalecimento da musculatura respiratória e melhora dos sinais vitais em crianças e adolescentes com SD.
Fonte: Os autores, 2024

4- DISCUSSÃO

A Síndrome de Down (SD) é uma condição genética com uma prevalência de aproximadamente 1 a cada 500 a 1000 nascidos vivos. O diagnóstico pré-natal de SD é possível através de exames específicos, mas a confirmação muitas vezes ocorre no nascimento devido a características fenotípicas típicas da síndrome. Crianças com SD apresentam um desenvolvimento diferente em comparação com crianças sem deficiência, com particularidades em diversas áreas do desenvolvimento físico e motor. (TORQUATO, et al. 2013)

Os dados apresentados por Braga (2018) em seu estudo de intervenção, onde  envolveu a realização de 10 sessões de fisioterapia aquática para crianças e adolescentes com Síndrome de Down (SD). Durante essas sessões, foram utilizados diversos exercícios e técnicas específicas, divididos em três fases: fase inicial (FI), fase intermediária (FIT) e fase final (FF). As suas medidas quantitativas foram coletados dados de pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão expiratória máxima (PEmáx) usando um manovacuômetro antes da primeira sessão e após a décima sessão. Além disso, a frequência cardíaca (FC) e a saturação periférica de oxigênio (SPO2) foram medidas antes e após cada atendimento, onde indicam que pessoas com Síndrome de Down (SD) apresentam até 50% menos força muscular respiratória em comparação com indivíduos sem a síndrome. Os resultados das sessões de fisioterapia aquática mostraram uma melhora nos parâmetros respiratórios dos participantes. Esta diferença  é atribuída a variações anatômicas e fisiológicas no sistema respiratório, tais como um diâmetro torácico reduzido e menor densidade da musculatura intercostal. O estudo de Braga, que utilizou espirometria para avaliar a força muscular respiratória, revelou padrões de insuficiência ventilatória restritiva nos participantes com SD. Estes achados sugerem a necessidade de intervenções específicas para melhorar a capacidade respiratória nessa população.

Complementando esta visão, Gianotto e Ramos (2018) realizaram uma análise que envolveu  umas pacientes femininas, de 19 anos, com Síndrome de Down, verificando sua  capacidade cardiorrespiratória da paciente, onde eles destacam que a menor capacidade de consumo de oxigênio (VO2) e as alterações na composição corporal, como menor massa magra e densidade mineral óssea, também contribuem para a diferença na força muscular respiratória. Estes fatores influenciam diretamente a performance muscular e a capacidade de realizar atividades físicas extenuantes, evidenciando a importância de programas de reabilitação que incluam treinamento respiratório e fortalecimento muscular.

Visto que existe uma menor capacidade de consumo de oxigênio (VO2), Ramos (2019) destaca a importância da estimulação precoce para o desenvolvimento de crianças com SD. Em um estudo de caso com 20 crianças de 0 a 3 anos, Ramos observou que a estimulação precoce aumenta a segurança, promove adaptação ao ambiente e reforça a confiança das crianças. O estudo utilizou um questionário qualitativo aplicado aos pais e observações diretas das sessões de terapia, mostrando que crianças que participaram de programas de estimulação precoce apresentaram melhores índices de desenvolvimento motor e cognitivo.

A estimulação precoce na infância de indivíduos com síndrome de Down é importante para promover um desenvolvimento saudável e minimizar atrasos. Santos e Silva (2021) conduziram um ensaio clínico randomizado com 30 crianças com SD, acompanhando-as desde o nascimento até os 5 anos. O estudo dividiu os participantes em dois grupos: um recebendo estimulação precoce e outro, intervenções convencionais. Os resultados indicaram que intervenções fisioterapêuticas iniciadas desde o 15º dia de vida favorecem habilidades psicomotoras, socioafetivas e de linguagem. Estes achados reforçam a importância de iniciar precocemente as terapias para maximizar o desenvolvimento integral das crianças com SD.

A equoterapia se mostra como uma abordagem terapêutica eficaz, conforme destacado por Costa (2017). Em uma pesquisa experimental com 15 crianças com SD, Costa observou melhorias significativas na interação social e na coordenação motora após um protocolo de 24 semanas de equoterapia. O estudo baseou-se em avaliações pré e pós-intervenção utilizando a Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto e questionários de feedback dos pais e terapeutas. Estes resultados sugerem que a equoterapia pode ser uma intervenção valiosa para melhorar a sociabilização e as habilidades motoras em crianças com SD. LEITE et al. (2018)

Meneghetti e colaboradores (2021) realizaram um estudo quase-experimental com 10 crianças com SD, onde foi observado que a equoterapia estimula o Sistema Nervoso Central, promovendo ajustes motores e perceptivos essenciais para o controle postural flexível. Utilizando o Teste de Alcance Funcional (TA) e a Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) para medir os resultados, o estudo encontrou uma correlação positiva entre o tempo de prática da equoterapia e o desempenho em tarefas de coordenação motora.

A terapia aquática também mostra benefícios substanciais, como observado por Braga et al. (2022). Em um estudo com 25 crianças com SD, os autores observaram melhorias significativas na força muscular respiratória e na frequência cardíaca após sessões de fisioterapia aquática. O estudo foi realizado utilizando um design experimental com medições antes e depois das sessões de terapia. A pressão hidrostática da água contribuiu para o aumento do trabalho respiratório, melhorando a oxigenação do sangue e a circulação. Estes resultados sugerem que a terapia aquática pode ser uma intervenção eficaz para melhorar a função respiratória e cardiovascular em crianças com SD.

Sendo assim, os estudos apresentados evidenciam a importância de intervenções específicas e precoces para melhorar a capacidade respiratória, o desenvolvimento motor e a interação social em indivíduos com Síndrome de Down (SD). As abordagens terapêuticas como a fisioterapia aquática, estimulação precoce, equoterapia e exercícios respiratórios demonstraram resultados positivos Portanto, essas intervenções devem ser consideradas parte integral de programas terapêuticos para maximizar o desenvolvimento e a qualidade de vida de indivíduos com Síndrome de Down.

5- CONCLUSÃO

Este trabalho conseguiu alcançar todos os seus objetivos, onde foi possível compreender que  é possível observar que a fisioterapia é importante para o desenvolvimento motor de indivíduos com Síndrome de Down. As estratégias apresentadas evidenciam a importância de um acompanhamento especializado e contínuo para promover melhorias  nas habilidades motoras  e na qualidade de vida desses pacientes.

Os estudos  incluídos nesta pesquisa mostram que existe a importância da estimulação precoce e de intervenções como a equoterapia e equoterapia para melhorar a capacidade cardiorrespiratória, a interação social e a coordenação motora em crianças com SD. Programas de reabilitação que incluam treinamento respiratório e fortalecimento muscular também são fundamentais para promover o desenvolvimento integral desses indivíduos. A inclusão de programas terapêuticos que promovam o desenvolvimento motor, a interação social e a autonomia desses indivíduos auxilia para garantir uma melhor qualidade de vida.

Conclui-se que  apesar dos avanços na área da fisioterapia para pessoas com Síndrome de Down, ainda há muito a ser explorado e aprimorado, portanto,  futuras pesquisas devem aprofundar o conhecimento sobre as melhores práticas fisioterapêuticas e, assim, contribuir para o desenvolvimento pleno e a inclusão social desses indivíduos.

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