FISIOTERAPIA NA REABILITAÇÃO DO ASSOALHO PELVICO DE MULHER COM DISPAREUNIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

PHYSIOTHERAPY IN THE REHABILITATION OF THE PELVIC FLOOR IN WOMEN WITH DYSPAREUNIA: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411261112


Anny Beatriz Abrantes Rosa1
Elizandra Mendes Da Silva1
Orientadora: Thaiana Bezerra Duarte2


Resumo

Introdução: A dispareunia é o termo usado para referir dor na região vaginal, agregada à penetração. Pode-se apresentar nas formas recorrente ou persistente, ocasionando dificuldades na vida pessoal e íntima da mulher. Na dispareunia, os músculos do assoalho pélvico (MAP´s) sofrem uma combinação de enfraquecimento e hiperatividade ao mesmo tempo, quando sadios são robustos o suficiente para sustentar as estruturas vaginais. É observado quando ocorre uma debilidade do funcionamento dos MAP´s, que a fraqueza e a inatividade podem afetar negativamente na função sexual feminina. A intervenção fisioterapêutica objetiva aprimorar a flexibilidade dos músculos do assoalho pélvico, visando aliviar desconfortos na região pélvica, vagina ou abdominal. Objetivo: Discutir sobre o papel da fisioterapia é eficácia na reabilitação do assoalho pélvico de mulheres com dispareunia. Materiais e método: Trata-se de uma revisão de literatura, utilizando as bases de dados: Pubmed, Pedro e Scielo. Utilizou-se os descritores de acordo com os idiomas inglês e português, além disso, foram incluídos na revisão, artigos de intervenção fisioterapêutica para controle da dor na dispareunia em mulheres. Resultados: A partir das buscas, foram incluídos 4 estudos onde foi possível obter resultados da eficácia de terapia manual para mulheres com dispareunia, demonstrando que o uso da eletroterapia e terapia manual reduz a dor e inflamação dos MAP´s. Conclusão: As intervenções fisioterapêuticas, especialmente a terapia manual e a eletroterapia, são eficazes na redução da dor e na melhora dos sintomas associados à dispareunia, sendo assim a mulher tem uma qualidade de vida muito melhor que anteriormente.

Palavras-chave: Assoalho pélvico. Dispereunia. Fisioterapia. Reabilitação. Eletroterapia.

Abstract

Background: Dyspareunia is the term used to refer to pain in the vaginal area, in addition to penetration. It can be recurrent or persistent, causing difficulties in a woman’s personal and intimate life. In dyspareunia, the pelvic floor muscles (PFMs) suffer a combination of weakening and hyperactivity at the same time; when healthy, they are robust enough to support the vaginal structures. It has been observed that when PFM function is weakened, weakness and inactivity can negatively affect female sexual function. Physiotherapeutic intervention aims to improve the flexibility of the pelvic floor muscles in order to relieve discomfort in the pelvic, vaginal or abdominal region. Pourpose: Discuss the role of physiotherapy and its effectiveness in rehabilitating the pelvic floor of women with dyspareunia. Methods: This is a literature review using the following databases: Pubmed, Pedro and Scielo. The descriptors used were English and Portuguese. In addition, the review included articles on physiotherapeutic intervention to control pain in dyspareunia in women. Results: From the searches, 4 studies were included where it was possible to obtain results of the effectiveness of manual therapy for women with dyspareunia, demonstrating that the use of electrotherapy and manual therapy reduces pain and inflammation of the PFMs. Conclusion: Physiotherapeutic interventions, especially manual therapy and electrotherapy, are effective in reducing pain and improving the symptoms associated with dyspareunia, so women have a much better quality of life than before.

Keywords: Pelvic floor. Dyspareunia. Physiotherapy. Rehabilitation. Electrotherapy.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente o prazer é fundamental na vida das mulheres, ele é importante para o bem-estar e realização pessoal. Atualmente o sexo é fundamental na vida das pessoas, não podendo ser mais vinculada somente à reprodução, pois o prazer feminino independente de tal ato (Gozzo et al., 2000).  No entanto, a falta de discussão aberta sobre esse tema perpetua um ciclo de desconhecimento entre as mulheres, privando-as do entendimento essencial de seus próprios corpos. Esse silêncio contribui para a limitação da liberdade pessoal, impedindo que elas explorem plenamente os diversos aspectos de sua sexualidade e prazer. A ausência de diálogo aberto sobre este assunto não apenas nega às mulheres o acesso ao conhecimento básico sobre seus corpos e à fisioterapia, mas também as priva da autonomia necessária para fazer escolhas sobre sua saúde e bem-estar. É fundamental promoverem uma cultura de abertura e educação relacionadas à sua sexualidade (Gozzo et al., 2000).

A dispareunia é o termo utilizado para referir dor na região vaginal, agregada à penetração. Pode-se apresentar nas formas recorrente ou persistente, ocasionando muitas dificuldades na vida pessoal e intima da mulher (Cavalheira et al., 2011).

Na dispareunia, os músculos do assoalho pélvico (MAP´s) sofrem uma combinação de enfraquecimento e hiperatividade ao mesmo tempo (Trindade et al., 2017).

Os músculos do assoalho pélvico (MAP´s) desempenham um importante papel na saúde sexual das mulheres, quando sadios, são robustos o suficiente para sustentar as estruturas vaginais. É observado quando ocorre uma debilidade do funcionamento dos MAP´s, a fraqueza e a inatividade pode afetar negativamente na função sexual feminina. Portanto, fortalecer os MAP´s é essencial para prevenir tais problemas, e isso requer uma abordagem de fisioterapia (Fortunato et al., 2017).

A intervenção fisioterapêutica visa aprimorar a flexibilidade dos músculos do assoalho pélvico, visando aliviar desconfortos na região pélvica, vagina ou abdominal. Uma variedade de abordagens terapêuticas, incluindo eletroterapia, dilatadores vaginais e terapia manual, são empregadas para este fim. Diante dessa gama de opções, é essencial a busca por embasamento científico a fim de orientar as práticas a serem adotadas no processo de redução destes sintomas (Mendoça et al., 2011).

Desse modo este estudo visa explorar a eficácia da fisioterapia na reabilitação do assoalho pélvico, para tratar a dispereunia, com o objetivo de reduzir a dor e melhorar a qualidade de vida das mulheres.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Este estudo trata- se de uma revisão de literatura para o desenvolvimento foi realizado uma busca nas bases de dados: PubMed, Scielo e Pedro, o período da pesquisa foi de agosto à setembro de 2024. Utilizando escritores dyspareunia /dispareunia, physiotherapy/fisioterapia e pelvic floor/assoalho pélvico.

Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados no período de 2010 a 2024, estudo de intervenção, mulher com dispareunia utilizando técnicas fisioterapêuticas através de eletroterapia, além de terapias manuais e dilatadores vaginais. 

Os critérios de exclusão foram: artigos não disponíveis na integra e publicados em idiomas diferentes de português e inglês. 

Os resultados foram expressos em texto e tabela.

3 RESULTADOS 

 Foram encontrados 110 estudos nas bases de dados deste 2 foram excluídos porestarem duplicado, leu se 108 títulos e resumos onde foram excluídos 96 por se tratarem de meta análise, revisão, tema diferente, relato de caso e idioma diferente, foi feita leitura na íntegra de 12 dos quais se excluíram   7 por se tratarem de métodos de tratamentos diferentes e não disponíveis na íntegra, sendo incluído nessa revisão 5 estudos conforme a figura 1.

Figura 1. Fluxograma do estudo

Síntese dos quatros estudos relacionados para revisão se encontram na tabela 1. 

Tabela 1. Síntese dos artigos selecionados para revisão. 

   110 Hz para uma duração de pulso de 80 ms e intensidade máxima tolerável para aliviar a dor). As participantes também foram instruídas a realizar exercícios graduais dos músculos do assoalho pélvico (PFMEs) e receberam instruções sobre como realizar esses exercícios progressivamente a cada semana. 
Silva et al., 2017Ensaio Clínico RandomizadoAvaliar a eficácia a longo prazo da massagem perineal de Thiele no tratamento de mulheres com dispareuniacausada  porsensibilidade dos músculos do assoalho pélvico.Um total de 18 mulheres com diagnóstico de dispareunia causada por sensibilidade dos músculos do assoalho pélvico foram incluídas no estudo. O exame físico consistiu em uma avaliação geral, uma investigação dos pontosgatilho, uma inspeção da genitália externa, um exame pélvico bimanual tradicional e uma palpação vaginal unidigital. Os sujeitos foram divididos em dois grupos: o grupo dispareunia (D), que foi composto por 8 mulheres com idade média de 31,3± 6,4 anos com dispareunia isolada, e o grupo CPP (chronic pelvic pain grou), que foicomposto por 10 mulheres com idade média de 35,0 ± 6,2 anos com dispareunia causada por sensibilidade dos músculos do assoalho pélvico associada à CPP. Após a avaliação, as mulheres foram submetidas à massagem transvaginal pela técnica de Thiele, que consiste em uma massagem da origem até a inserção do músculo com uma quantidade de pressãoTodas as mulheres apresentaram melhoras significativas na dispareunia de acordo com a VAS e o Índice de Dor McGill (p < 0,001), mas os escoresHADS (Hospital Anxiety andDepression Scale) não apresentaram diferenças significativas. Em relação à função sexual, o grupo D apresentou melhoras em todos os aspectos da função sexual, enquanto o grupo CPP apresentou diferenças apenas no domínio da dor.
   tolerável pelas pacientes, durante um período de 5 minutos. A massagem de Thiele foi repetida uma vez por semana durante 4 semanas. Durante esse período, as pacientes foram informadas sobre as características do assoalho pélvico e orientadas a não ter relações sexuais. Todas as mulheres foram reavaliadas após 1, 4, 12 e 24 semanas.   
Hurt et al., 2021EnsaioControlado  Examinamos o efeito da terapia por ondas dechoqueextracorpóreas(ESWT)   nadispareunia não orgânica idiopática em mulheres.O estudo incluiu 61 mulheres que relataram dispareunia. A paciente quantificou a dor durante a relação sexual penianovaginal usando a Escala de Dispareunia de Marinoff . A intensidade da dor vulvoperineal foi avaliada posteriormente usando uma VAS de 10 cm (0, sem dor e 10, dor máxima).Os pacientes no grupo de tratamento receberam ESWT (Terapi a por ondas de choque extracorpóreas) aplicado perinealmente semanalmente (4000 pulsos por semana durante 4 semanas consecutivas). O dispositivo usado foi uma unidade de onda de choque eletromagnética padrão com uma unidade de peça de mão de onda de choque focada(DUOLITH SD1, Storz Medical, Tägerwilen, Suíça. A densidade do fluxo de energia foi definida em 0,35 mg/mm 2, frequência 4 Hz, zona de foco 0–30 mm, eficiência terapêutica 0–90 mm e stand-off II. A posição do transdutor de onda de choque foi alterada a cada 500O estudo incluiu 61 mulheres. O grupo de tratamento, mas não o grupo placebo, diferiu pela Escala deDispareunia    deMarinoff e VAS. As diferenças antes e depois do tratamento dentro dos grupos foram todas P<0,001 e entre os grupos, P<0,001. A redução da dor foi sempre >30%. Os tamanhos de efeito foram ambos grandes para o grupo que relata a dor: Marinoff 0,825 e VAS 0,883.
   pulsos. Oito áreas, cobrindo toda a vulva e o períneo, foram tratadas. 
Cyr Mp etal., 2022Ensaio Clínico Examinar as melhorias nador, funcionamentosexual, sofrimento sexual, preocupaçõescom a imagemcorporal, ansiedade pela dor, catastrofização da    dor, autoeficácia na relação sexual dolorosa, sintomasdepressivos e sintomas de distúrbios do assoalhopélvico    emsobreviventesde       câncerginecológicocomdispareunia após PFPT, e explorar as percepções das mulheres sobre os efeitos do tratamento no acompanhame nto de um ano.Este estudo de método misto incluiu 31 sobreviventes de câncer ginecológico afetadas por dispareunia. As mulheres completaram um tratamento PFPT (fisioterapia multimodal do assoalho pélvico) de12 semanascompreendendo educação, terapia manual e exercícios dos músculos do assoalho pélvico. O protocolo de tratamento foi elaborado por uma equipe multidisciplinarcomposta por especialistas em oncologia ginecológica, fisioterapia, psicologia e saúde sexual. O tratamento incluiu 12 sessões semanais de 60 minutos com umfisioterapeuta certificado e experiente em saúde pélvica e feminina. Em cada sessão, técnicas de terapia manual (ou seja, alongamento, liberação miofascial e dessensibilização do tecido) e exercícios dos músculos do assoalho pélvico com biofeedback eletromiográfico (ou seja, relaxamento, controlemotor, força e resistência) usando uma pequena sonda intravaginal foram usados.  Melhorias significativas foram encontradas da linha de base para o acompanhamento de um ano em todos os resultados quantitativos (P ≤ 0,028). Além disso, nenhuma mudança foi encontrada do pós-tratamento para o acompanhamento de um ano, apoiando que as melhorias foram sustentadas no acompanhamento.Dados qualitativos destacaram que a redução da dor, a melhora dofuncionamentosexual e a redução dos sintomas urinários foram os efeitos maissignificativospercebidos pelos participantes. As mulheres expressaram que esses efeitos resultaram de mudançasbiológicas,psicológicas e sociais positivas atribuíveis ao PFPT multimodal. A adesão também foi percebida como influenciadora dos resultados do tratamento.

Este estudo traz dados referentes a 195 pessoas. A média de idade das pessoas incluídas nesta revisão foi de 26,5 anos. Um estudo (Ghaderi et.al., 2019) realizou um tratamento de 10 sessões de fisioterapia de 3 meses sendo realizado 1 vez na semana, fizeram exercícios progressivos dos músculos do assoalho pélvico em casa todos os dias. Elas não receberam nenhum tratamento durante a menstruação. Cada sessão continha 15–20 min de técnicas manuais para liberar pontos-gatilho no assoalho pélvico usando liberação miofascial intravaginal de tecido mole e massagem intravaginal profunda, e 20–25 min de TENS de alta frequência usando eletrodos intravaginais (a 110 Hz para uma duração de pulso de 80 ms e intensidade máxima tolerável para aliviar a dor). As participantes também foram instruídas a realizar exercícios graduais dos músculos do assoalho pélvico (PFMEs) e receberam instruções sobre como realizar esses exercícios progressivamente a cada semana. 

Um estudo (Silva et al., 2017) realizou um tratamento de 4 semanas sendo realizada 1 vez por semana, que consistia em uma massagem transvaginal pela técnica de Thiele, que consiste em uma massagem da origem até a inserção do músculo com uma quantidade de pressão tolerável pelas pacientes, durante um período de 5 minutos. Durante esse período, as pacientes foram informadas sobre as características do assoalho pélvico e orientadas a não ter relações sexuais. Todas as mulheres foram reavaliadas após 1, 4, 12 e 24 semanas. Ao final de 4 semanas de tratamento, todos os grupos apresentaram melhora significativa da dispareunia, descrevendo ausência de dor ou pouco desconforto durante a relação sexual.

Em estudo (Hurt et al., 2021) foi realizado o tratamento fisioterapêutico por 4 semanas consecutivas (1,4, 12 semanas) foi separado em 2 grupos, os que receberam o tratamento e o outro de efeito placebo. As pacientes de tratamento receberam terapia por ondas de choque extracorpóreas (ESWT) aplicado perinealmente semanalmente (4000 pulsos por semana durante 4 semanas consecutivas). O grupo placebo foi submetido ao mesmo procedimento de tratamento que o grupo de tratamento, exceto que a peça de mão foi equipada com um suporte placebo contendo material absorvente de ondas de choque, uma camada de ar e microesferas cheias de ar, que desabilitaram a transmissão de energia, mas permitiram a geração do som e da vibração que imitavam o dispositivo de tratamento.

 Em estudo (Cyr et al., 2022) o tratamento fisioterapêutico incluiu 12 sessões semanais de 60 minutos em cada sessão. Foi realizado técnicas de terapia manual, alongamento, liberação miofascial e dessensibilização do tecido, e exercícios dos músculos do assoalho pélvico com biofeedback eletromiográfico, relaxamento, controle motor, força e resistência, usando uma pequena sonda intravaginal. As mulheres também foram solicitadas a realizar exercícios em casa semelhantes aos realizados sob supervisão cinco vezes por semana, bem como exercícios de auto inserção com um dedo ou dilatador vaginal graduado, além de técnicas de dessensibilização três vezes por semana. No final do tratamento, as mulheres foram encorajadas a realizar exercícios em casa duas a três vezes por semana para manter os efeitos do tratamento.

4 DISCUSSÃO

A dispareunia é uma disfunção que pode afetar a mulher não somente de dor, mas também pode acarretar problemas sociais, emocionais. Seus efeitos podem prejudicar diretamente na sua qualidade de vida, relação sexual.

O objetivo dessa revisão de literatura é apurar o que a fisioterapia na dispareunia pode melhorar a dor. Observou-se nesta revisão que a terapia manual tem um resultado eficaz em mulheres com dispareunia.

No estudo de Silva et al., (2017) a massagem de Thiele tem um tratamento a longo prazo para mulheres com dispareunia que causa sensibilidade na musculatura do assoalho pélvico. Já no estudo de Cyr.Mp et el., (2022) a PEPT que tiveram resultados positivos com a terapia manual que pode ser amparado no seu acompanhamento de um ano.

Segundo Fernández Pérez (2023) no seu estudo a terapia manual por ser um tratamento que não precisa de cirurgia ela tem um resultado positivo, porém há evidências para a conclusão do tratamento ainda é limitada ficando assim para estudos futuros. A terapia Manuel traz uma pontuação de domínio de dor FSFI (índice de função sexual) que indica uma melhora após o tratamento fisioterapêutico e nas escalas Escala Visual Analógica, Índice de Dor McGill, Escala de Dor Minkwski e escalas de classificação de dor 10 pontos.

No estudo do Ghaderi et al., (2019) o Biofeedback digital tem como propósito aumentar a consciência das pacientes em relação aos músculos do assoalho pélvico (MAP) e efetivamente o ensino do controle de atividades do MAP em especial na relação sexual. Eles obtiveram um resultado positivo que foi mostrado pela primeira vez que o tratamento resultou no relaxamento da musculatura, diminuição da hiperatividade do MAP´s e diminuição na dor gênito-pélvica nas sessões de tratamento. Segundo Fernández et el., (2023) o Biofeedback junto com exercícios teve resultados melhores com um número de sessões baixas, pois o Biofeedback tem o método que facilita a conscientização dos movimentos do MAP, além disso ele não tem contraindicações sobre o seu uso, sendo muito bem utilizado para ajudar as pacientes a melhorarem os efeitos dos treinamentos e aumentar o conhecimento do próprio corpo. 

Já no estudo de Hurt et al., (2021) a terapia por onda de choque extracorpórea é uma terapia eficaz para mulheres com dores na relação sexual. Não teve presença de efeitos colaterais, apresentou um efeito de redução de 0,928 antes do tratamento para 0,825 depois do tratamento na Escala de Dispereunia da Marinoff. Sendo assim, a eletroterapia tem um resultado confiável para redução de dor ser combinado com TMAP (treino dos músculos do assoalho pélvico) o resultado é ainda mais presente. Segundo Fernández et el., (2023) a terapia por onda de choque extracorpórea tem resultados na diminuição da inflamação regional nas áreas da vagina e vulva, podendo estimular a liberação de fatores anti-inflamatórios sendo afetados pelas forças físicas que são geradas pelas ondas de choque de baixa intensidade.

Deste modo a revisão de literatura estabelece a eficácia de terapia manual e eletroterapia como um tratamento eficaz para mulheres com dispareunia demonstrando que o uso da eletroterapia e terapia manual reduz a dor e inflamação do MAP, sendo assim a mulher tem uma qualidade de vida muito melhor que anteriormente 

No entanto, mais ensaios clínicos randomizados são necessários para maior embasamento científico de intervenções utilizadas na dispareunia feminina. E disseminar resultados de pesquisa pode refletir cada vez mais na melhora da qualidade do tratamento e qualidade de vida. 

5 CONCLUSÃO

A dispareunia é uma condição que afeta profundamente a qualidade de vida das mulheres, impactando não apenas a saúde física, mas também aspectos emocionais e sociais. Esta revisão de literatura destaca a eficácia das intervenções fisioterapêuticas, especialmente a terapia manual e a eletroterapia, na redução da dor e na melhora dos sintomas associados à dispareunia. As evidências indicam que técnicas como massagem de Thiele, Biofeedback digital e terapia por ondas de choque são promissoras para aliviar o desconforto e restaurar a funcionalidade dos músculos.

Embora os resultados sejam animadores, a limitação de estudos existentes sugere a necessidade de mais pesquisas para consolidar essas abordagens como tratamentos de referência. Promover o diálogo aberto sobre disfunções sexuais e investir em tratamentos baseados em evidências são passos essenciais para melhorar a saúde sexual e o bem-estar geral das mulheres, proporcionando a elas.

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1Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
2Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara. Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000.