FISIOTERAPIA EM ONCOLOGIA: ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA REABILITAÇÃO DE PÓS MASTECTOMIA RADICAL

PHYSIOTHERAPY IN ONCOLOGY: PHYSIOTHERAPEUTIC APPROACH IN THE REHABILITATION OF POST RADICAL MASTECTOMY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202410281652


Felipe Éden de Souza1
Sueny Roberta Paiva de Sá2
Kathllen de Souza Lopes3


Resumo

A mastectomia radical é um procedimento cirúrgico comum no tratamento desse tipo de câncer, porém pode resultar em complicações físicas e emocionais. A fisioterapia desempenha um papel crucial na reabilitação pós-operatória, visando minimizar essas complicações e promover a recuperação funcional e emocional das pacientes. Este trabalho teve como objetivo investigar a eficácia da abordagem fisioterapêutica na reabilitação de pacientes submetidos à mastectomia radical, visando melhorar sua qualidade de vida, funcionalidade e reintegração social. Este estudo revisa a literatura existente sobre a eficácia da fisioterapia no pós-operatório de mastectomia radical. Foram utilizados bancos de dados como PubMed, Cochrane Library e SciELO para encontrar estudos relevantes publicados nos últimos 10 anos. Os estudos abordados também destacam que, embora os exercícios tenham impacto positivo na função física e na dor, o efeito na qualidade de vida emocional pode ser mais limitado, conforme sugerido. Isso indica que programas de reabilitação oncológica devem considerar abordagens complementares, como a massoterapia, que tem mostrado redução significativa na ansiedade e dor. No geral, as evidências reforçam a importância de integrar diversas modalidades terapêuticas para maximizar a recuperação funcional e o bem-estar global dessas pacientes.

Palavra-chave: Mastectomia radical. Neoplasia da mama. Qualidade de vida. Terapia física.

Summary

Radical mastectomy is a common surgical procedure in the treatment of this type of cancer, but it can result in physical and emotional complications. Physiotherapy plays a crucial role in postoperative rehabilitation, minimizing these complications and promoting patients’ functional and emotional recovery. This work aimed to investigate the effectiveness of the physiotherapeutic approach in the rehabilitation of patients undergoing radical mastectomy, improving their quality of life, functionality and social reintegration. This study reviews the existing literature on the effectiveness of physical therapy in the postoperative period of radical mastectomy. Databases such as PubMed, Cochrane Library and SciELO were used to find relevant studies published in the last 10 years. The studies involved also highlight that although exercise has a positive impact on physical function and pain, the effect on emotional quality of life may be more limited, as suggested. This indicates that oncology rehabilitation programs should consider complementary approaches, such as massage therapy, which has shown a significant reduction in anxiety and pain. Overall, the evidence reinforces the importance of integrating diverse therapeutic modalities to maximize functional recovery and global wellbeing in these patients.

Keyword: Radical mastectomy. Breast neoplasm. Quality of life. Physical therapy.

INTRODUÇÃO

O câncer de mama é uma das neoplasias mais prevalentes e impactantes na saúde feminina em todo o mundo, representando uma preocupação significativa de saúde pública. No Brasil, de acordo com dados do INCA (2022)6, estima-se que ocorram cerca de 74 mil novos casos de câncer de mama a cada ano. O tratamento para o câncer de mama varia de acordo com o estágio da doença, mas geralmente envolve a combinação de cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapia hormonal.

Entre os procedimentos cirúrgicos comuns para o tratamento do câncer de mama está a mastectomia radical, que consiste na remoção completa da mama afetada, incluindo o tecido mamário, músculos peitorais e, às vezes, gânglios linfáticos axilares. Segundo Leclerc et al. (2017)32 apesar de ser uma intervenção eficaz para controlar a doença, a mastectomia radical pode ter um impacto profundo na vida das mulheres, causando não apenas alterações físicas, como também emocionais e sociais.

Conforme Domingos et al. (2021)33 os efeitos adversos da mastectomia radical incluem dor, limitação da mobilidade e da amplitude de movimento, alterações posturais, linfedema do braço homolateral, além de impactos psicológicos, como ansiedade, depressão e alterações na autoimagem e autoestima. Esses efeitos podem comprometer significativamente a qualidade de vida das pacientes e interferir em suas atividades diárias e relacionamentos sociais.

Para Gugelmin (2018)34 a fisioterapia desempenha um papel fundamental na reabilitação das mulheres submetidas à mastectomia radical, visando minimizar os efeitos adversos da cirurgia e promover a recuperação física, emocional e social das pacientes. A fisioterapia oncológica no pós-operatório de mastectomia tem como objetivo principal a melhoria da qualidade de vida, a redução da dor, o controle do linfedema, a reabilitação da função do membro superior e a reintegração das pacientes às suas atividades cotidianas.

Este trabalho tem como objetivo investigar e analisar a eficácia da abordagem fisioterapêutica na reabilitação de pacientes submetidos à mastectomia radical, buscando compreender os benefícios da fisioterapia na recuperação da mobilidade, força muscular, amplitude de movimento, redução da dor, edema e complicações pós-operatórias, além de avaliar seu impacto na qualidade de vida, autoestima e reintegração social das pacientes.

Através de uma revisão de literatura abrangente e criteriosa, este estudo busca fornecer subsídios para a prática clínica da fisioterapia oncológica, contribuindo para a melhoria do cuidado fisioterapêutico oferecido a mulheres submetidas à mastectomia radical, com o objetivo final de promover uma melhor qualidade de vida e bem-estar para essas pacientes.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O câncer de mama

Mundialmente o câncer representa um desafio significativo para a saúde pública, sendo uma das principais razões por trás da mortalidade e, consequentemente, um dos principais obstáculos para o aumento da expectativa de vida em escala global. Em muitos países, é a principal ou a segunda causa de morte prematura, ocorrendo antes dos 70 anos de idade. A incidência e a mortalidade relacionadas ao câncer estão em crescimento acelerado em todo o mundo.1,3

De acordo com Sung et al. (2020)2 as estimativas mais recentes da carga global de câncer, divulgadas pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de mama feminino é o segundo maior em incidência mundial. Ao fazer a diferenciação por gênero, o câncer de mama em geral é o mais diagnosticado, sendo a principal causa de morte para as mulheres, na maioria dos 185 países pesquisados.

O sexo feminino é o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de mama, sendo que aproximadamente 99% dos casos ocorrem em mulheres. Em 2022, aproximadamente 2,3 milhões de mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama, resultando em cerca de 670.000 mortes em todo o mundo. Essa enfermidade afeta mulheres de todas as idades após a puberdade, com taxas crescentes de incidência em idades mais avançadas.3

As diferenças no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) estão diretamente associadas à incidência e mortalidade por câncer de mama. Em países com IDH muito elevado, estima-se que 1 em cada 12 mulheres será diagnosticada com câncer de mama em sua vida, com 1 em 71 mulheres falecendo em decorrência da doença. Em contrapartida, em países com IDH baixo, a proporção é de 1 em cada 27 mulheres diagnosticadas e 1 em cada 48 mulheres falecendo por essa causa.2

No Brasil esses dados também são uma realidade. O câncer de mama (CM) é a neoplasia mais comum entre as mulheres, excetuando-se o câncer de pele não melanoma, sendo a principal causa de mortalidade por doenças malignas, com aumento significativo nos últimos 20 anos. De acordo com o INCA (2022)4 estima-se que ocorreram 73.610 novos casos de câncer de mama em 2023. Segundo Santos et al. (2022)5 grande parte dos diagnósticos de câncer de mama no Brasil é feita em estágios mais avançados da doença (estágios 3 e 4), necessitado assim, que sejam realizados tratamentos mais agressivos, o que causa um aumento significativo na morbidade e compromete a qualidade de vida.

O câncer de mama é uma patologia caracterizada pela multiplicação desordenada de células mamárias anômalas, que geram alterações nos lóbulos e ductos da mama, resultando na formação de tumores. A forma inicial do câncer (in situ) não apresenta risco de vida e pode ser identificada em estágios iniciais. Quando não adequadamente controladas, as células cancerosas têm a capacidade de se espalhar para o tecido mamário circundante (invasão), formando tumores que se manifestam como caroços ou espessamentos. Assim, podem se disseminar para os gânglios linfáticos próximos ou para outros órgãos (metástase), o que pode resultar em complicações que levam à morte.6

Os avanços da medicina têm contribuído para aumentar a sobrevida das mulheres com câncer de mama, proporcionando tratamentos mais eficazes e técnicas que permitem a detecção precoce. As formas mais eficazes de detecção precoce do câncer de mama incluem o exame clínico da mama realizado por um profissional especializado, a mamografia, um exame radiológico de alta precisão e custo elevado, o que limita o acesso da população de baixa renda, e o autoexame das mamas, que é de baixo custo e pode ser realizado pela própria mulher.7

Por ser uma condição complexa e heterogênea, com alta incidência e mortalidade, segundo Coelho et al. (2018)8 acredita-se que, a maioria dos casos pode estar associada a uma mutação genética presente desde o nascimento, conferindo assim, as mulheres uma predisposição ao câncer de mama. Entretanto, existem diversos fatores de risco relacionados ao desenvolvimento desta doença, incluindo idade avançada, sobrepeso, obesidade, consumo excessivo de álcool, alterações hormonais, lesões mamárias de alto risco, exposição à radiação, história reprodutiva, uso de terapia hormonal pós-menopausa e histórico familiar da doença, sendo este último um dos mais relevantes.

O impacto do câncer de mama na vida da mulher vai além da própria doença, acarretando efeitos traumáticos, que podem trazer à tona questões a serem confrontadas como, imprevisibilidade, finitude e mortalidade, resultando na perda da saúde, da sensação de invulnerabilidade e do controle sobre a própria vida. Além disso, a mulher enfrenta a possibilidade de perder um órgão altamente simbólico, associando essa perda a sofrimento e estigma.9,10

Como a maioria das pessoas não apresenta sintomas quando o câncer está em estágios iniciais, é de suma importância a sua detecção precoce. Pois essa precocidade influência na abordagem a ser aplicada no tratamento. Sendo fundamental a procura de atendimento médico especializado ao identificar qualquer anormalidade mamária, como nódulos ou espessamentos na mama, alterações na forma ou aparência da mama, alterações na pele, entre outros, mesmo que não haja dor associada.6

Anatomia da Mama Feminina

As glândulas sudoríparas modificadas localizadas na parede anterior e superior do tórax são denominadas mamas femininas. Elas são normalmente pares, exceto em casos de anomalias congênitas como polimastia, amastia e politelia. A mama é composta por pele, tecido subcutâneo e tecido mamário (parênquima e estroma). A pele da mama é fina, elástica e possui folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas. O tecido mamário é constituído por ductos, lobos e lóbulos, entremeados por tecido conjuntivo, tecido adiposo, vasos linfáticos e sanguíneos.11

De acordo com Baracho (2016)12 a mama é dividida em quadrantes: quadrante superior interno (QSI), quadrante superior externo (QSE) – com maior incidência de lesões malignas, quadrante inferior interno (QII) e quadrante inferior externo (QIE). Os ductos mamários variam de diâmetro (2 a 8 mm) e são classificados como ductos maiores, ductos coletores, ductos lactíferos, ductos segmentares e subsegmentares, desde a papila até os alvéolos.

As mamas cobrem, em sua maioria, o músculo peitoral maior, conectando-se também ao músculo serrátil anterior e à parte superior do músculo abdominal oblíquo. O conhecimento dos músculos da parede torácica e da cintura escapular, e suas relações com a mama e a axila, são fundamentais para o fisioterapeuta na avaliação, diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer de mama. Músculos como o peitoral maior, peitoral menor, grande dorsal, redondo menor, redondo maior, deltoide, supraespinhal, infraespinal, coracobraquial e trapézio desempenham papéis essenciais no movimento do membro superior.11

A irrigação sanguínea da mama feminina, de acordo com Tortora (2016)13, é garantida por um sistema complexo de artérias, sendo a artéria mamária interna e a artéria torácica lateral as mais significativas, responsáveis por nutrir cerca de 90% da mama. Enquanto a artéria mamária interna se encarrega da vascularização das porções central e medial da mama (60%), a artéria torácica lateral irriga a região superior e o quadrante mais lateral (30%).

Adicionalmente, outras artérias, como a toracoacromial, a intercostal posterior, a subescapular e a toracodorsal, contribuem para a irrigação de outras regiões da mama (10%).

A axila é uma região com formato espacial piramidal, cujo tamanho e forma variam de acordo com fatores como o posicionamento do membro superior, o desenvolvimento muscular, a flexibilidade e a mobilidade dos tecidos. O ápice da axila é delimitado medialmente pela 1ª costela, posteriormente pela margem superior e pelo processo coracoide da escápula, e anteriormente pela clavícula. As quatro paredes da axila são formadas por músculos: a parede anterior é constituída pelos músculos peitoral maior e peitoral menor, a parede posterior pelos músculos subescapular, redondo maior e grande dorsal, a parede medial pelos músculos intercostais correspondentes e serrátil anterior, e a parede lateral pelo tendão da cabeça longa do bíceps braquial e pelo coracobraquial.12

A inervação da mama é fornecida pelos nervos simpáticos, pelos ramos cutâneos e laterais dos nervos intercostais de terceiro a sexto, pelos ramos supraclaviculares do plexo braquial e pelos ramos torácicos do plexo braquial. Os ramos nervosos que inervam a glândula mamária derivam principalmente da porção anterior dos nervos intercostais de segundo a sexto, do plexo cervical e do nervo intercostobraquial.11

O desenvolvimento das mamas femininas é um processo complexo que ocorre ao longo da vida da mulher, com estágios distintos que refletem mudanças hormonais e fisiológicas significativas. Os estágios do desenvolvimento mamário são classificados de acordo com a escala de Tanner, que descreve cinco estágios de desenvolvimento, desde o estágio pré-puberal até o desenvolvimento completo da mama adulta.12

O sistema linfático, segundo Tortora (2016)13, desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde e na resposta imunológica do organismo. Ele é responsável por remover o excesso de líquido e proteínas dos tecidos, transportando-os de volta para a corrente sanguínea, e por filtrar e destruir bactérias e outras substâncias nocivas. Na mama, o sistema linfático é especialmente importante, pois ajuda a drenar o excesso de fluido e resíduos metabólicos, além de desempenhar um papel na resposta imunológica a infecções e lesões.14

Manguito Rotador

Conforme Moore, Dalley (2019)11 o manguito rotador, constituído pelos músculos supraespinhal, infraespinhal, redondo menor e subescapular, desempenha um papel crucial na estabilização e movimentação do ombro, assegurando a inserção firme da cabeça do úmero na cavidade glenoide da escápula. Esta última, devido à sua configuração superficial, está sujeita a instabilidades.

Situados abaixo dos músculos deltoide e trapézio, esses músculos são essenciais para a funcionalidade adequada do ombro. Adicionalmente, o manguito rotador amplifica a capacidade rotacional da articulação glenoumeral, contribuindo para a rotação externa (infraespinhal e redondo menor), rotação interna (subescapular) e elevação ou abdução do ombro (supraespinal).13

O músculo supraespinhal, também conhecido como supra-espinhoso, é um dos menores músculos do manguito rotador. Ele recebe inervação do nervo supraescapular (C5 e C6), originando-se medialmente na fossa supraespinhal da escápula e inserindo-se no tubérculo maior do úmero. Sua função principal é a abdução do braço na articulação do ombro. Em termos anatômicos, o supraespinhal situa-se superiormente à espinha da escápula, sendo essencial para a mobilidade e estabilidade do ombro.11

O músculo infraespinhal, inervado pelo nervo supraescapular a partir das raízes nervosas C4 a C6, é um músculo espesso e triangular que ocupa grande parte da fossa infraespinhal da escápula, onde se origina, e se insere no tubérculo maior do úmero. Sua principal função é realizar a rotação lateral do braço. Anatomicamente, o infraespinhal situase abaixo da espinha da escápula e é superficial em sua maior parte, desempenhando um papel fundamental na estabilidade e mobilidade do ombro.13

O músculo subescapular é inervado pelo nervo subescapular, originando-se na fossa subescapular da escápula e inserindo-se no tubérculo menor do úmero e na cápsula articular do ombro. Suas principais ações incluem a rotação medial e a adução do braço. É o maior dos quatro músculos do manguito rotador e o único responsável pela rotação medial. Localizado profundamente sob a escápula, próximo à caixa torácica, desempenha um papel crucial na estabilidade e mobilidade do ombro.11

O redondo menor é um músculo inervado pelo nervo axilar a partir das raízes nervosas C5 e C6. Sua origem situa-se na borda axilar ou lateral da escápula, inserindo-se na face inferior do tubérculo maior do úmero. Ele desempenha um papel importante no movimento de rotação lateral do braço. Anatomicamente, é considerado um músculo superficial, com partes cobertas pelos músculos trapézio e deltoide. Além da rotação lateral, o redondo menor também contribui para a extensão e abdução horizontal do úmero no ombro.13

De acordo com Rett et al. (2022)15 em pacientes submetidos a mastectomia, seguida ou não de reconstrução mamária, é comum ocorrer alguma disfunção nos músculos do manguito rotador devido ao processo cirúrgico e ao período de imobilização pós-cirúrgica. A fisioterapia desempenha um papel importante na reabilitação desses músculos, visando restaurar a função e a mobilidade do ombro, promovendo assim uma melhor qualidade de vida para a paciente.

A fisioterapia dispõe de recursos como massagem de drenagem linfática, bandagem compressiva, pressoterapia, mecanoterapia e cinesioterapia para restaurar as alterações causadas pela mastectomia. Além disso, é comum que as pacientes apresentem hipotrofia ou atrofia muscular, especialmente nos músculos que estabilizam o ombro, como o serrátil anterior, peitoral maior e menor, rombóides e músculos do manguito rotador. A reeducação da cintura escapular e do membro superior é fundamental para restabelecer a função do membro o mais rapidamente possível.16

Para Silveira, Barbosa (2021)17 a fisioterapia atua desde a prevenção, identificando possíveis alterações funcionais pré-existentes e fatores de risco para complicações pós-operatórias, até a recuperação pós-cirúrgica, mantendo a funcionalidade das estruturas e tecidos envolvidos no trauma cirúrgico. Os recursos terapêuticos utilizados incluem mobilização da cintura escapular e da articulação gleno-umeral, inibição muscular, mobilização articular, entre outros.

Tratando o Câncer de mama

O tratamento do câncer de mama deve ser, pós-diagnóstico, individualizado e discutido com o paciente, pois o mesmo varia de acordo com o estágio, subtipo e a extensão da doença, sendo necessário considerar os benefícios de cada opção em contradição aos possíveis riscos e efeitos colaterais.4 Ou seja, o tratamento vai depender se o câncer se limita ainda as mamas, se atingiu os gânglios linfáticos (estágios 2 ou 3) ou se é metastático e atingiu outras partes do corpo (estágio IV), se é triplo negativo (altamente agressivo), ou se são raros (inflamatório, doença de Paget, angiossarcoma, tumor filoide).18,19

Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, com abordagem combinada para reduzir as chances de recorrência do câncer de mama, o tratamento localizado (cirurgias e radioterapia) e o tratamento sistêmico (quimioterapia, hormonioterapia e imunoterapia) ainda são predominantemente utilizados no combate às células cancerígenas e a prevenção da disseminação das mesmas.16,20

Alguns estudos como de Azevedo et al. (2018)21 mostram que os tratamentos radioterápicos e sistêmicos podem ser aplicados antes ou depois da cirurgia baseados nos estágios e subtipagens biológicas do câncer, determinadas por testes específicos. Alguns subtipos de câncer de mama são mais agressivos e exigem tratamentos distintos. A radioterapia é fundamental no tratamento, podendo evitar a mastectomia em estágios iniciais e reduzir o risco de recorrência em estágios avançados. Entretanto, a eficácia do tratamento depende da sua realização completa.

Raupp et al. (2017)22, mostra que a cirurgia do câncer de mama é sempre indicada nos casos em que a doença ainda não se disseminou, e pode ser dividida em conservadora e não conservadora. No procedimento cirúrgico conservador tira-se o tumor com uma margem de segurança e alguns gânglios linfáticos de forma menos invasiva, mantendo a maior parte da mama. A identificação e retirada do gânglio linfático sentinela, linfonodo que faz a drenagem linfática da mama, possibilita a realização de biópsia, e nesse caso se não forem identificadas células cancerígenas, não há necessidade da retirada de todos os gânglios.

No procedimento cirúrgico não conservador, também conhecido como mastectomia, ocorre a remoção completa ou parcial de uma ou de ambas as mamas, podendo preservar ou não a pele, músculo, aréola e mamilo. Existem diferentes tipos de mastectomia. A mastectomia simples envolve a remoção de toda a mama, incluindo uma grande quantidade de pele, aréola, mamilo e toda a glândula mamária, podendo ser necessário remover os linfonodos axilares em alguns casos. Já a mastectomia poupadora da pele preserva a pele da mama, enquanto as glândulas mamárias são removidas, podendo ou não preservar o mamilo e a aréola. A reconstrução da mama pode ser feita com implantes ou tecidos retirados de outras partes do corpo.14

Na mastectomia radical modificada, são removidos toda a mama, pele, aréola, mamilo, as glândulas mamárias e toda a cadeia de gânglios axilares, preservando os músculos peitoral maior e menor. Por fim, a mastectomia radical envolve a remoção de toda a mama, incluindo pele, aréola, mamilo, todas as glândulas mamárias, músculos peitoral maior e menor, e toda a cadeia de gânglios axilares, sendo reservada para casos em que os tumores não respondem à quimioterapia ou quando a radioterapia não é indicada. 16,17

A terapia para o câncer de mama pode resultar em significativas mudanças físicas, afetando negativamente a autoimagem, a sexualidade, a feminilidade e as relações afetivas e sociais das mulheres. Aquelas que passaram por mastectomia enfrentam uma série de efeitos colaterais e desafios decorrentes do tratamento. Estes incluem questões relacionadas à autoimagem, ao emprego, às atividades domésticas e à rotina diária, além de limitações de movimento no membro superior, impactos psicológicos, sentimento de insegurança e inadequação, entre outros.23,24

Qualidade de vida em mulheres que fizeram mastectomia

Há diferenças significativas na qualidade de vida entre mulheres com diagnóstico de câncer de mama que passaram por mastectomia e aquelas que não. A influência das diferentes intervenções cirúrgicas para o câncer de mama na qualidade de vida, especialmente em relação à percepção da imagem corporal, costuma ser vista de forma negativa, devido à natureza da amputação. Essa percepção desfavorável muitas vezes está relacionada ao processo de luto subjacente, ligado à perda da mama e à sua representação simbólica resultante da mastectomia.9,25,26

Lago et al. (2015)23 apontam que durante o processo de confirmação do diagnóstico de câncer de mama, a vida da mulher é influenciada por diversos fatores, como questões e mitos sobre o câncer, ansiedade antes da cirurgia, período pós-operatório, percepção de si mesma após a mastectomia e, principalmente, o medo da morte. A mastectomia envolve a remoção total da mama afetada pelo câncer e, portanto, é um procedimento cirúrgico agressivo que pode causar mudanças significativas na vida da mulher, levando-a a sentir-se distante do ideal, com alterações em sua autoimagem, no relacionamento com seu próprio corpo, na sexualidade e nas relações sociais, com a sensação de ter sido castrada e mutilada sexualmente.

A mama é vista como a metonímia do feminino, e sua perda expõe essas mulheres a questões relacionadas à sua identidade como mulher atraente e feminina, ou como mãe que amamenta, além de questões existenciais ligadas à finitude e à morte. A forma como cada mulher enfrenta seu processo de adoecimento depende de diversos fatores que influenciam diretamente ou indiretamente sua qualidade de vida, como idade, status econômico, estágio da doença, tratamento, contexto familiar, relacionamento conjugal, perspectiva de futuro, entre outros.27,28

Os métodos de tratamento do câncer de mama, de acordo com Hashemi et al. (2020)29 podem afetar a vida cotidiana e comprometer a qualidade de vida, levando à perda de memória e a problemas nos relacionamentos interpessoais. Na maioria dos casos, as complicações psicológicas resultantes do câncer de mama são negligenciadas ou não tratadas, principalmente devido ao foco no tratamento da patologia em si. Estudos mostram que apenas 40% dos pacientes com câncer recebem tratamento para os sintomas psicológicos. A ansiedade abrange múltiplos processos mentais e fenômenos fisiológicos, incluindo o estado de consciência do indivíduo em relação a preocupações com eventos futuros indesejados ou medo de situações reais.

Segundo Wagner et al. (2019)30 a necessidade de atenção à ansiedade como um transtorno menos reconhecido em pacientes com câncer de mama se deve ao seu impacto na qualidade de vida a longo prazo dos pacientes. Portanto, é crucial conhecer a prevalência de transtornos mentais, como ansiedade, em pacientes com câncer de mama e enfatizar a importância da triagem regular. A primeira etapa da triagem é entender a magnitude do problema, determinando sua prevalência com base nos níveis de ansiedade descritos em estudos individuais. A identificação da prevalência da ansiedade ajudará os profissionais de saúde e os legisladores a desenvolver estratégias mais eficazes para o controle e tratamento do câncer.

Apesar da resistência da maioria dos pacientes com câncer de mama, um grande desafio é superar os medos e preocupações. Estudos mostram que mulheres submetidas a mastectomia e reconstrução da mama precisam de mais informações sobre como essas intervenções afetam seus corpos. Além disso, os exames de acompanhamento podem ser uma etapa assustadora para os pacientes, que temem a recidiva da doença ou o fracasso do tratamento. Um folheto informativo, por exemplo, pode aumentar a satisfação, enquanto um diálogo pessoal é uma maneira eficaz de reduzir a ansiedade, permitindo uma discussão aberta sobre os medos do paciente.24,27

É importante destacar que o sofrimento emocional pode mudar ao longo de todas as fases da doença e da reabilitação. A ansiedade e a depressão são fatores significativos na redução da qualidade de vida em mulheres com câncer de mama, afetando negativamente a adesão ao tratamento e causando sintomas somáticos, como perda de apetite e fadiga, que também podem estar relacionados ao tratamento em si.29,30

Em estudos, como o realizado por Fireman et al. (2018)24, pode-se verificar que além do enfrentamento da doença, que pode ameaçar a vida dos pacientes, o câncer de mama também afeta significativamente a autoestima. Portanto, a abordagem multidisciplinar no tratamento do câncer de mama leva a melhores resultados no controle da doença. Após a cirurgia, as pacientes enfrentam uma nova realidade em termos anatômicos, fisiológicos e funcionais, possivelmente seguida de dores e mudanças em sua percepção e vivência corporal.

A perda de qualidade de vida em mulheres mastectomizadas está associada a aspectos sociodemográficos (como dimensões familiares e psicológicas) e variáveis clínicas (como idade das mulheres e tipo de tratamento adotado). A fisioterapia busca minimizar complicações pós-operatórias e ajudar cada paciente a alcançar o equilíbrio biopsicossocial por meio de exercícios específicos. Assim, a intervenção fisioterapêutica é essencial, enquanto a intervenção psicológica é necessária para lidar com o sofrimento emocional desde o diagnóstico até o período pós-operatório.25,31

Abordagem fisioterapêutica no tratamento do câncer de mama

A maioria dos casos de câncer de mama no Brasil é diagnosticada em estágios avançados, o que reduz as chances de sobrevivência das pacientes e compromete os resultados do tratamento. Esse tipo de câncer é o mais temido entre as mulheres, provocando alterações psicológicas em relação à doença, ao tratamento e à possibilidade de mutilação, afetando os aspectos físicos, psicológicos e sociais das pacientes.5,26

Alguns estudos como o de Leclerc et al. (2017)32 buscam mostrar a importância da equipe multidisciplinar no contexto oncológico, especialmente a participação da equipe médica, é fundamental. Anteriormente, o foco dos tratamentos estava exclusivamente na sobrevida dos pacientes com câncer, porém, atualmente, além de aumentar a sobrevida, é essencial proporcionar uma melhor qualidade de vida. Nesse sentido, a fisioterapia oncológica desempenha um papel crucial, visando melhorar globalmente o paciente submetido a intervenções cirúrgicas, promovendo uma melhor qualidade de vida durante e após o tratamento.

As intervenções cirúrgicas podem causar diversas complicações, como dor no ombro ou no segmento corporal afetado, deiscências e aderências cicatriciais, necrose cutânea, diminuição da amplitude de movimento (ADM), linfedema, alterações da força muscular e da sensibilidade. A mastectomia associada à linfonodectomia axilar é a principal causa dessas complicações e morbidades pós-operatórias.15,17

É crucial iniciar o tratamento oncológico o mais cedo possível e adaptá-lo conforme as situações clínicas apresentadas durante a evolução da doença, visando uma melhor qualidade de vida. Além disso, é essencial disponibilizar um sistema de suporte ao paciente oncológico para que ele possa viver de forma mais ativa e sentir-se satisfeito em suas atividades. Estudos como o de Domingos et al. (2021)33 indicam que a atuação da fisioterapia é fundamental em uma equipe multidisciplinar, oferecendo um conjunto abrangente de técnicas que complementam os cuidados dos pacientes oncológicos, promovendo desde a melhora dos sintomas até a promoção da qualidade de vida, com o objetivo principal de reabilitação biopsicossocial e recuperação precoce da funcionalidade do paciente.

Durante as internações hospitalares, que são cada vez mais frequentes devido à evolução da neoplasia, os pacientes geralmente ficam mais tempo deitados, o que pode levar a atrofias musculares e bloqueios articulares. O imobilismo afeta não apenas o sistema musculoesquelético, mas também outros sistemas corporais, como o respiratório e o circulatório.15

Essa limitação funcional do membro superior de acordo com Sá et al (2020)31, é uma das principais complicações no pós-operatório, podendo ocorrer devido ao excesso de amplitudes de abdução e flexão do ombro durante a cirurgia, lesão nervosa, ferida operatória, receio de movimentar o segmento afetado, presença de drenos e síndrome da rede axilar, ou simplesmente pela influência da dor. A orientação e a educação da paciente são cruciais para o sucesso da reabilitação.

As complicações mencionadas afetam significativamente a qualidade de vida das mulheres com câncer de mama, limitando o desempenho em atividades físicas, no trabalho, em casa e afetando o aspecto emocional e os relacionamentos pessoais. No entanto, as complicações resultantes podem ser significativamente reduzidas se abordadas precocemente pela fisioterapia e pela equipe multidisciplinar. A abordagem fisioterapêutica, incluindo a cinesioterapia e os cuidados com o membro afetado, é crucial para restaurar a amplitude de movimento e a funcionalidade, permitindo o retorno às atividades diárias, laborais, familiares e conjugais, melhorando assim a qualidade de vida.17,25,34

Rett et al. (2022)15 em sua pesquisa, mostra que a atuação do fisioterapeuta deve ser integrada ao programa de tratamento de maneira precoce, pois a aplicação das técnicas logo nos primeiros dias após a cirurgia proporciona benefícios significativos, colaborando assim com a melhoria funcional da articulação afetada. O plano terapêutico no pós-operatório visa melhorar a função do ombro, recuperar um nível de preparo físico geral e prevenir ou tratar o linfedema.

De acordo com o CREFITO35, os fisioterapeutas atuam na promoção de bem-estar, manutenção, prevenção, tratamento e reabilitação de pacientes através da construção de condutas cinético funcionais e diagnóstico fisioterapêutico, além do acompanhamento do paciente durante sua evolução. As áreas de atuação do fisioterapeuta vão muito além das já conhecidas neurofuncional, traumato-ortopédica e esportiva. Dentre as muitas especialidades, há dermatofuncional, cardiovascular, oncologia, dentre outras. Assim sendo, a fisioterapia oncológica busca preservar e restaurar a integridade funcional dos órgãos e sistemas, assim como prevenir os possíveis distúrbios causados pelo tratamento.

A fisioterapia desempenha um papel fundamental na reabilitação, prevenção e recuperação dos movimentos do membro superior no pós-operatório, contribuindo para a melhoria da consciência corporal e fornecendo orientações para as atividades diárias. Objetiva o controle da dor, a prevenção e tratamento do linfedema e alterações posturais, manter e devolver a ADM, promover o relaxamento muscular e melhorar o aspecto da cicatriz prevenindo as aderências, utilizando abordagens como cinesioterapia, hidroterapia e eletroterapia. Dentre os procedimentos da fisioterapia que podem ser utilizados para o tratamento fisioterapêutico do câncer de mama, os mais utilizados são: a drenagem linfática, alongamentos, exercícios ativos, passivos e resistidos, exercícios respiratórios, treino de marcha e equilíbrio, reeducação postural, readaptação domiciliar e ocupacional, para o retorno às atividades de vida diárias.31,33,34

Em resumo, a fisioterapia oncológica é essencial em todas as fases do tratamento do câncer de mama, desde o pré-tratamento até os cuidados paliativos, proporcionando uma abordagem integrada e individualizada para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.17,36

Justificativa

Para o triênio 2023-2025 o INCA (2022)4 estima que ocorrerão 704 mil novos casos de câncer, 483 mil se excluídos os casos de câncer de pele não melanoma, sendo 74 mil incidências de câncer de mama. Um fator importante que influencia no prognóstico do câncer de mama é o diagnóstico precoce. Quando detectado em estágio inicial, o tumor apresenta altos índices de cura. A idade é o principal fator de risco, e o número de casos aumenta de forma acelerada após os 50 anos, sendo sua ocorrência relacionada ao processo de urbanização da sociedade.25

As opções de tratamento incluem a exérese do nódulo com radiação ou a mastectomia. Estes procedimentos são agressivos, pois acarretam consequências físicas e emocionais desfavoráveis à vida da mulher, tais como: lesões musculares, hemorragias, complicações cicatriciais, alterações na sensibilidade, fibroses, alterações posturais, algias, diminuição ou perda total da amplitude de movimento (ADM) e da força muscular, comprometimento da capacidade respiratória, perda ou redução da capacidade funcional e linfedema do braço homolateral.36

Na reabilitação pós-mastectomia destaca-se a fisioterapia. Para que a intervenção fisioterapêutica seja eficaz, é necessário conhecer o impacto das alterações geradas pela mastectomia. A dor e a limitação do movimento após a mastectomia é a principal queixa das pacientes, comprometendo negativamente o cotidiano e a qualidade de vida diária. Quanto maior a extensão da cirurgia, maior a possibilidade de complicações.20,25

Ficando claro nos estudos apresentados, como de Silveira, Barbosa (2021)17, a importância de um tratamento precoce incluindo a cinesioterapia com um papel importantíssimo no controle da dor, no ganho da ADM e consequentemente a melhora na qualidade de vida de mulheres mastectomizadas.

O presente estudo justifica visto que a reabilitação fisioterapêutica é um meio de tratamento indispensável para manter a qualidade de vida da mulher mastectomizada, pois desenvolve estratégias para devolver a funcionalidade diária e integrá-la novamente às suas atividades cotidianas. Sem o acompanhamento do profissional, a paciente pode apresentar disfunções que podem ser evitadas com o tratamento.

Objetivos Geral:

Investigar e analisar a eficácia da abordagem fisioterapêutica na reabilitação de pacientes submetidos à mastectomia radical, visando melhorar a qualidade de vida, a funcionalidade e a reintegração social desses indivíduos no contexto da fisioterapia oncológica.

Específicos:

1.     Avaliar os efeitos da fisioterapia oncológica na recuperação da mobilidade, força muscular e amplitude de movimento em pacientes submetidos à mastectomia radical.

2.     Investigar os benefícios da abordagem fisioterapêutica na redução da dor, edema e complicações pós-operatórias em mulheres após mastectomia radical.

3.     Analisar o impacto da intervenção fisioterapêutica na qualidade de vida, autoestima e reintegração social de pacientes em fase pós-operatória de mastectomia radical.

Método

O seguinte estudo trata de uma revisão de literatura, com método dedutivo e objetivo explicativo, focando nas abordagens fisioterapêutica pós-mastectomia. Foi necessário um período de 2 meses para levantamento de dados suficientes para a revisão do tema abordado.

Para coletar os estudos, serão utilizados os principais bancos de dados: PubMed, Cochrane Library, EMbase, Web of Science, PEDro, Medline, SciElo, BVS, LILACS. Para avaliar a qualidade dos estudos será utilizada a Escala de Banco de Dados de Evidências Fisioterapêuticas. As análises de dados foram realizadas usando planilha do word.

A estratégia de pesquisa para a coleta nos bancos de dados, envolveu os critérios de combinação de palavras-chave que incluam nos textos e cabeçalhos assuntos médicos relacionados a “mastectomia radical”, “neoplasia da mama”, “qualidade de vida” e “terapia física”.

Foram considerados elegíveis os artigos que continham os seguintes itens atendidos:

nível de relevância em relação ao tema; reabilitação; qualidade de vida após mastectomia, publicado nos últimos 10 anos. Para exclusão dos materiais foram artigos que que abordam o assunto de maneira secundária, estudos relacionados a determinados grupos que não se encaixam no critério de inclusão.

Para levantamento dos dados obtidos, utilizou-se o programa word, aplicando na tabela as comparações e selecionando as informações principais como ano de publicação, autores, tema, desenho do estudo e desfecho da avaliação. Com base nas revisões pertinentes do assunto, é esperado chegar a uma comprovação verídica em relação ao estudo.

Resultado

A tabela 1 mostra os artigos selecionados, contendo os sobrenomes dos autores e suas especificações de pesquisa. Para a realização desta revisão, foram utilizados 11 artigos, analisando cada um deles, foi possível avaliar a abordagem fisioterapêutica na reabilitação de pós mastectomia radical.

AutorObjetivo Metodologia 
Leclerc AF, et AL., 2017.O objetivo deste estudo foi determinar os benefícios de um programa de reabilitação multidisciplinar de três meses entre mulheres após o tratamento do câncer de mama. Ensaio         controlado         não randomizado.
Reis F, Et al., 2024.Este estudo teve como objetivo avaliar o impacto de um programa de exercícios supervisionados na qualidade de vida, fadiga, desempenho físico e níveis de atividade física de pacientes com câncer.Foi desenvolvido um estudo observacional longitudinal, com seguimento prospectivo de 1 ano.
Gebruers   N,ET al., 2019.O objetivo principal desta revisão é estruturar as evidências disponíveis sobre programas de exercícios físicos e seus efeitos em resultados de desempenho físico, fadiga experimentada e qualidade de vida (QV) em pacientes durante o tratamento para câncer de mama. Revisão sistemática.
Rett, M. T., ET al., 2022.O objetivo deste estudo foi comparar a ADM, a intensidade e a caracterização da dor no MS homolateral à cirurgia entre as 1ª, 10ª e 20ª sessões de fisioterapia, além de correlacionar estas variáveis.  Foi conduzido um ensaio clínico autocontrolado com a participação de 49 mulheres após cirurgia de câncer de mama que se queixavam de dor no MS,
Rett M. T., Oliveira, Í. A. de, Mendonça. ET al., (2017)Comparar a amplitude de movimento e o desempenho    funcional do MS homolateral     após abordagem fisioterapêutica e correlacionar essas variáveis.Um estudo clínico não randomizado envolveu 33 mulheres submetidas à mastectomia   ou quadrantectomia associada à linfadenectomia axilar.
Domingos HYB, ET al.2021.Comparar a qualidade de vida antes e após 10 sessões de cinesioterapia. Ensaio clínico não aleatorizado, envolvendo mulheres que realizaram 10 sessões de fisioterapia após cirurgia para câncer de mama.
Mohite PP, Et al. 2023.Eficácia dos exercícios de fortalecimento escapular na disfunção do ombro para dor e incapacidade funcional após mastectomia radical modificadaEnsaio clínico controlado, com, oitenta e seis participantes foram incluídos neste estudo
Aboelnour NH, ET al.,2023.O objetivo principal do estudo foi avaliar o impacto combinado dos exercícios de fortalecimento graduados com Thera-Band e dos exercícios de estabilização escapular na dor no ombro, na função física e na qualidade de vida (QV) na capsulite adesiva (CA) pós-mastectomia.Ensaio clinico controlado, com setenta mulheres com AC pós mastectomia unilateral participaram do estudo. As participantes foram subdivididas igualmente em dois grupos aleatoriamente. 
Pirincci, et al., 2023.Este estudo teve como objetivo investigar os efeitos dos exercícios de estabilização escapulotorácica (SSE) na função escapular, postura e equilíbrio em mulheres com linfedema após mastectomia.Ensaio clínico randomizado.
Cole JS., ET al., 2024.Examinar o efeito da massoterapia na dor e ansiedade pós-cirúrgicas em pacientes com câncer de mama. Revisão sistemática e metaanálise.
Rojo-Haro, PET al., 2023Comparar as evidências dos diferentes tratamentos para linfedema e possível dor miofascial pós-mastectomia, para alcançar o máximo de qualidade de vida para os pacientes.Revisão sistemática.

Tabela 1 – Resultados da pesquisa

Fonte: Próprio autor (2024)

Discussão

O estudo de caráter não randomizado, realizado pelo Leclerc AF, ET al, 32 avaliou os benefícios de um programa de reabilitação multidisciplinar para mulheres após o tratamento de câncer de mama. Envolvendo 209 pacientes divididas entre grupo controle e experimental, o programa de três meses incluiu treinamento físico e sessões psicoeducacionais. O grupo experimental apresentou melhorias significativas na flexibilidade, capacidade física, composição corporal e qualidade de vida, enquanto o grupo controle não mostrou progressos semelhantes. O estudo conclui que a reabilitação multidisciplinar pode melhorar a recuperação funcional e a qualidade de vida, sendo uma abordagem eficaz para a reabilitação oncológica. Essa pesquisa é relevante para a prática clínica, pois oferece uma abordagem integrativa e eficaz para melhorar o bem-estar geral e funcionalidade das pacientes após o tratamento do câncer de mama.

O pesquisador Reis F, Et al, 37 investigou os efeitos de um programa de exercícios supervisionados em pacientes com câncer, avaliando qualidade de vida, fadiga, desempenho físico e níveis de atividade física. Com duração de três meses e sessões de uma hora, duas vezes por semana, o programa resultou em melhorias significativas nesses aspectos. Após 12 meses, 81,1% dos pacientes continuaram ativos fisicamente. A pesquisa também destacou o impacto positivo dos educadores físicos especializados no acompanhamento dos pacientes, auxiliando na manutenção de um estilo de vida mais ativo. O maior desafio é garantir que os pacientes continuem praticando exercícios regularmente após o fim dos programas supervisionados, e isso pode ser facilitado por intervenções contínuas.

Esta revisão sistemática do pesquisador Gebruers N, ET al,38 avaliou os efeitos de programas de exercícios físicos em pacientes com câncer de mama, focando em desempenho físico, fadiga e qualidade de vida. Foram incluídos 28 ensaios clínicos randomizados que abordaram diferentes tipos de intervenções, como exercícios de resistência e fortalecimento. Os resultados mostraram que a maioria das intervenções melhorou o desempenho físico e reduziu a fadiga percebida O estudo conclui que programas que combinam exercícios de resistência cardiovascular e fortalecimento proporcionam os melhores resultados para pacientes com câncer de mama durante a terapia adjuvante. Programas que combinam treinamento de resistência cardiovascular com fortalecimento muscular oferecem os melhores resultados. No entanto, o impacto na qualidade de vida foi mais limitado, sugerindo que esse aspecto pode requerer abordagens complementares. O estudo reforça a importância de integrar o exercício na reabilitação oncológica, embora seja necessário explorar mais estratégias para melhorar a qualidade de vida de maneira mais consistente.

O estudo de Rett MT, ET al,15 analisou os efeitos da fisioterapia na amplitude de movimento (ADM) e na dor do membro superior (MS) homolateral em 49 mulheres após cirurgia de câncer de mama. A ADM foi avaliada em três momentos (1ª, 10ª e 20ª sessões), e a dor foi medida pela escala visual analógica (EVA) e pelo questionário de McGill. Os resultados mostraram um aumento significativo na ADM ao longo do tratamento, embora a abdução não tenha melhorado após a 20ª sessão. A intensidade da dor, o índice de avaliação da dor (PRI) e o número de palavras escolhidas para descrever a dor (NWC) diminuíram significativamente. O estudo conclui que a fisioterapia é eficaz em aumentar a ADM e reduzir a dor, sugerindo a ênfase em exercícios de flexão, abdução e rotação externa na reabilitação dessas pacientes. Destaca a importância da fisioterapia na reabilitação de mulheres após cirurgia de câncer de mama, evidenciando como o tratamento pode ajudar a restaurar a função do membro superior e reduzir a dor. A análise detalhada das variáveis de dor e ADM ao longo das sessões de fisioterapia fornece informações valiosas sobre a eficácia das intervenções e reforça a necessidade de programas de exercícios focados nas limitações específicas enfrentadas por essas pacientes.

O Seguinte estudo aprofundado de Rett, M. T., Oliveira, Í. A. ET al,38 avaliou o impacto da fisioterapia na amplitude de movimento (ADM) e no desempenho funcional do membro superior (MS) homolateral em 33 mulheres que se submeteram a cirurgias para câncer de mama. Utilizando goniometria e o questionário “Disability of Arm, Shoulder and Hand”

(DASH), o protocolo de fisioterapia consistiu em 10 sessões, três vezes por semana, com duração de 60 minutos, incluindo mobilização passiva, alongamentos e exercícios de fortalecimento. Os resultados mostraram um aumento significativo na ADM após 10 sessões de fisioterapia, embora a flexão, abdução e rotação lateral ainda fossem inferiores ao membro contralateral. O escore do DASH melhorou de 28,06 ± 16,1 para 15,71 ± 10,7 (p = 0,001), indicando uma melhora no desempenho funcional. Apesar das melhorias, não houve correlação entre ADM e escores do DASH, sugerindo que fatores adicionais podem influenciar a recuperação. 

O estudo conclui que um acompanhamento a longo prazo pode promover melhorias adicionais. Este estudo enfatiza a importância da fisioterapia na recuperação funcional de mulheres após cirurgia de câncer de mama. Os resultados indicam que, embora haja uma melhora significativa na ADM e no desempenho funcional, algumas limitações ainda persistem em comparação ao membro saudável. A falta de correlação entre a ADM e os escores do DASH sugere que a melhoria funcional pode não depender apenas da amplitude de movimento, mas de outros fatores relacionados à recuperação. O acompanhamento a longo prazo é recomendado para maximizar os benefícios da reabilitação.

Correlacionado com Domingos HYB, ET al,39 avaliou o impacto da cinesioterapia na qualidade de vida (QV) de mulheres após cirurgia para câncer de mama. Foram incluídas 35 mulheres que participaram de 10 sessões de fisioterapia com exercícios de alongamento, movimentos livres e exercícios resistidos. A QV foi avaliada antes e depois das sessões usando os questionários EORTC QLQ-C30 e BR-23. Houve uma melhora significativa na função física, desempenho funcional, fadiga, dor, insônia e sintomas da mama e do braço. Houve piora apenas em relação à diarreia. Outras áreas, como função cognitiva e imagem corporal, mostraram melhora, mas sem significância estatística. A cinesioterapia melhorou vários aspectos da qualidade de vida das pacientes, e estudos mais longos podem indicar mais benefícios. Esse estudo sugere que a fisioterapia, através de exercícios terapêuticos, pode melhorar significativamente a qualidade de vida de pacientes que passaram por cirurgias para tratar o câncer de mama, tanto em aspectos físicos quanto emocionais. O tratamento envolve exercícios específicos para melhorar a mobilidade e aliviar dores e fadiga, comuns após a cirurgia.

O câncer de mama é o tipo mais comum entre mulheres e pode ser tratado com cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Mohite PP, ET al, 40 aborda a mastectomia radical modificada, que remove todo o tecido mamário e linfonodos, pode resultar em dor no ombro e redução da mobilidade. Este estudo incluiu 86 mulheres, divididas em dois grupos: um grupo controle (A) que realizou exercícios convencionais e um grupo de estudo (B) que fez exercícios de fortalecimento escapular junto com os exercícios convencionais. Os resultados mostraram que o Grupo B teve menor intensidade de dor (77,116 vs. 82,837), menor incapacidade funcional (70,326 vs. 77,791) e maior amplitude de movimento em flexão (167,98 vs. 107,05), abdução (156,91 vs. 107,63) e rotação externa (62,372 vs. 41,907) em comparação ao Grupo A.

Este estudo investiga a eficácia de um programa de exercícios que inclui fortalecimento escapular em pacientes que se submeteram a uma mastectomia radical modificada. Os resultados indicam que, além dos exercícios convencionais, a inclusão de fortalecimento escapular é benéfica para aliviar a dor, reduzir a incapacidade funcional e melhorar a amplitude de movimento do ombro. Isso é relevante, pois muitos pacientes após cirurgia de câncer de mama enfrentam desafios de mobilidade e dor que afetam sua qualidade de vida. Assim, a pesquisa apoia a adoção de intervenções de reabilitação mais abrangentes e específicas para melhorar a recuperação funcional após a cirurgia.

A investigação de Aboelnour NH ET al,41 abordo o impacto de uma reabilitação que combina exercícios de fortalecimento com Thera-Band e exercícios de estabilização escapular em mulheres que sofrem de capsulite adesiva (CA) após a mastectomia. A CA, frequentemente conhecida como ombro congelado, é uma condição que causa dor e restrição de movimento na articulação do ombro, especialmente em pacientes que passaram por cirurgia de câncer de mama. O estudo incluiu 70 mulheres diagnosticadas com CA pós-mastectomia. As participantes foram divididas em dois grupos. Um grupo recebeu o tratamento convencional de fisioterapia, enquanto o outro grupo, além do tratamento convencional, fez exercícios de fortalecimento utilizando Thera-Band e exercícios de estabilização escapular, cinco vezes por semana, durante um período de oito semanas. As avaliações de amplitude de movimento (ROM), potência muscular do ombro, dor e qualidade de vida foram realizadas antes do início do estudo e após as oito semanas de intervenções. Os resultados mostraram que, embora todos os participantes tenham melhorado em amplitude de movimento, potência muscular, dor e qualidade de vida, o grupo que realizou os exercícios de fortalecimento apresentou melhorias estatisticamente significativas (p < 0,001) em todas as medidas. 

Esse tipo de pesquisa é crucial, pois melhora o entendimento sobre como intervenções fisioterapêuticas podem ser otimizadas para atender às necessidades de pacientes que enfrentam limitações significativas na vida diária devido ao tratamento do câncer. A inclusão de exercícios específicos pode ser uma abordagem prática e eficaz para a reabilitação, contribuindo para a recuperação funcional e a qualidade de vida.

O estudo de Pirincci, ET al,42 analisa a eficácia dos exercícios de estabilização escapulotorácica (SSE) em mulheres que desenvolveram linfedema após uma mastectomia. O linfedema é uma condição que causa inchaço nos membros superiores, frequentemente resultante da remoção de linfonodos durante o tratamento do câncer de mama. Essa condição pode impactar a função do braço, a postura e o equilíbrio das pacientes. Incluiu 25 mulheres, divididas em dois grupos: Grupo CDP, recebeu apenas fisioterapia descongestiva complexa (CDP) (n = 12, média de idade 55,25 anos) e grupo CDP+SSE, recebeu CDP e exercícios de estabilização escapulotorácica (n = 13, média de idade 54,38 anos). Ambas as intervenções mostraram melhorias na força muscular do trapézio inferior após o TP (p < 0,05). O grupo CDP+SSE apresentou melhorias mais significativas na força do trapézio médio e na postura geral em comparação ao grupo CDP após o TP (p < 0,05). Durante a fase de manutenção, o grupo CDP+SSE manteve melhores resultados em força muscular escapulotorácica, resistência escapular e postura geral em comparação ao grupo CDP (p < 0,05). A inclusão de exercícios de estabilização escapulotorácica na fisioterapia descongestiva complexa resulta em melhorias significativas na postura e nas funções escapulares em pacientes com linfedema após mastectomia, sugerindo que essa abordagem pode ser benéfica para a reabilitação dessas pacientes.

O artigo de Cole JS, ET al,43 apresenta uma investigação aprofundada sobre a massoterapia como uma forma de terapia complementar para mulheres que passaram por cirurgia devido ao câncer de mama. A massoterapia é enfatizada como uma intervenção benéfica que não só alivia a dor física, mas também ajuda a reduzir a ansiedade, um problema comum entre os pacientes oncológicos. A pesquisa utilizou métodos rigorosos, como revisões sistemáticas e meta-análises, para consolidar evidências sobre a eficácia da massoterapia. O uso de medidas estatísticas, como o tamanho do efeito e a análise de heterogeneidade, fortalece a validade dos resultados obtidos. As técnicas de massoterapia incluídas foram massoterapia, massagem clássica, reflexologia, liberação miofascial e terapia miofascial, realizadas de imediato até 16 semanas após a cirurgia. Os resultados mostraram que a massoterapia foi eficaz na redução da dor e da ansiedade. O tamanho do efeito para a dor foi de 1,057 (P < 0,0001) e para a ansiedade foi de 0,673 (P < 0,0001), indicando um impacto positivo significativo. Os achados ressaltam a importância de incorporar a massoterapia no cuidado pós-cirúrgico, oferecendo um caminho promissor para melhorar a qualidade de vida das pacientes, minimizando os efeitos colaterais físicos e emocionais da cirurgia e dos tratamentos subsequentes.

O estudo de Rojo-Haro, P, ET al,44 comparou diferentes tratamentos para linfedema e dor miofascial em pacientes pós-mastectomia, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida. Os resultados mostraram que a drenagem linfática manual (DLM) foi eficaz na redução do linfedema em todos os artigos analisados, enquanto a liberação miofascial se destacou na melhora da dor e da qualidade emocional. Os tratamentos mais eficazes identificados foram DLM, facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP), liberação miofascial e programas de exercícios. A principal limitação foi a falta de um programa de intervenção específico. A identificação de vários métodos eficazes oferece opções para a reabilitação, mas a falta de um protocolo de intervenção padronizado representa uma barreira para a implementação consistente das melhores práticas. Essa análise fornece uma visão abrangente para profissionais de saúde que buscam melhorar os cuidados com pacientes pós-mastectomia.

Conclusão 

A reabilitação de mulheres que passaram por cirurgia de câncer de mama tem demonstrado ser um componente essencial para a melhoria da qualidade de vida, recuperação funcional e alívio de sintomas como dor e fadiga. Diversos estudos incluídos na análise ressaltam a eficácia de programas de exercícios e fisioterapia, tanto no aumento da amplitude de movimento quanto na redução da dor e outros efeitos colaterais pós-operatórios. A cinesioterapia, combinada com abordagens como a estabilização escapulotorácica, exercícios de fortalecimento e drenagem linfática, tem sido eficaz em melhorar a função do membro superior e a postura desses pacientes.

Além dos benefícios físicos, a inclusão de componentes psicoeducacionais, como mencionado, mostra o potencial da reabilitação multidisciplinar em melhorar aspectos psicológicos e emocionais. Programas supervisionados por educadores físicos e fisioterapeutas especializados também são essenciais para a manutenção dos resultados, como visto no estudo, onde os pacientes continuaram fisicamente ativos por longos períodos após o término dos programas. Contudo, o desafio de manter a prática regular de exercícios permanece, sugerindo a necessidade de estratégias de acompanhamento mais duradouras.

Os estudos abordados também destacam que, embora os exercícios tenham impacto positivo na função física e na dor, o efeito na qualidade de vida emocional pode ser mais limitado, conforme sugerido. Isso indica que programas de reabilitação oncológica devem considerar abordagens complementares, como a massoterapia, que tem mostrado redução significativa na ansiedade e dor. No geral, as evidências reforçam a importância de integrar diversas modalidades terapêuticas para maximizar a recuperação funcional e o bem-estar global dessas pacientes.

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1Orientador, especialista em Traumato-ortopedia e docente do Curso de Fisioterapia na Universidade Paulista (UNIP).

2Graduando(a) do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP); 2 suennyroberta@yahoo.com

3Coorientadora, especialista em Traumato-ortopedia.