FISIOTERAPIA EM CÃES ACOMETIDOS POR ESPONDILOSE: Um ESTUDO DE REVISÃO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10419685


Bruna Castro
Orientador: Profª Esp. Inaê Herculano D’aquino


RESUMO

A fisioterapia é uma especialidade da Medicina Veterinária que tem grande importância nos atendimentos clínicos, por ser um método alternativo conservador que pode ser empregado em diversas enfermidades, principalmente nas afecções de coluna vertebral como a espondilose. Sendo uma modalidade da medicina que vem crescendo e mesmo com literaturas e estudos escassos, tem sido estudada e disseminada no meio veterinário mostrando-se eficiente em tratamentos de reabilitação de animais. Dentre as enfermidades que podem ser tratadas destacamos a afecção de coluna vertebral denominada espondilose que é caracterizada por um crescimento exacerbado de tecido ósseo nas vértebras, que pode ser deformante ou anquilosante alterando a fisiologia do animal devido a dor intensa e a biomecânica comprometendo os movimentos. Sua abordagem técnica e métodos de tratamento envolvem o uso de terapias manuais, exercícios terapêuticos e agentes físicos como a cinesioterapia, tens, laser e infravermelho que promovem benefícios como: analgesia, relaxamento muscular e ações anti-inflamatórias, melhorando mobilidade, flexibilidade, controle de peso e fortalecendo grupos musculares, controlando condições crônicas ou progressivas. O presente trabalho tem como objetivo promover uma revisão literária sobre o uso da fisioterapia veterinária no tratamento de cães acometidos por espondilose, onde será apresentada de forma breve a sua fisiopatologia e formas de manifestação, também apresentar a fisioterapia como tratamento conservador para reabilitação de pacientes, evidenciando as modalidades utilizadas, seu modo de ação, indicações terapêuticas e resultados esperados. Com metodologia descritiva e comparativa de trabalhos científicos publicados, nos idiomas portugueses e ingleses, utilizando bancos de dados e fontes regulamentadas pela CAPES e, após a identificação das literaturas, foram selecionados os materiais a serem descritos neste artigo, destacando as referências e analisando as contribuições científicas.

Palavras-chave: fisioterapia veterinária. Reabilitação de cães. Espondilose.

ABSTRACT

Physiotherapy is a specialty of Veterinary Medicine that has great importance in clinical care, as it is a conservative alternative method that can be used in various illnesses, especially in spinal disorders such as spondylosis. Being a modality of medicine that has been growing and even with scarce literature and studies, it has been studied and disseminated in the veterinary environment, proving to be efficient in animal rehabilitation treatments. Among the diseases that can be treated, we highlight the spinal condition called spondylosis, which is characterized by an exacerbated growth of bone tissue in the vertebrae, which can be deforming or ankylosing, altering the animal’s physiology due to intense pain and biomechanics compromising movements. Its technical approach and treatment methods involve the use of manual therapies, therapeutic exercises and physical agents such as kinesiotherapy, tens, laser and infrared that promote benefits such as: analgesia, muscle relaxation and antiinflammatory actions, improving mobility, flexibility, control of weight and strengthening muscle groups, controlling chronic or progressive conditions. The present work aims to promote a literary review on the use of veterinary physiotherapy in the treatment of spondylosis in dogs, where its pathophysiology and forms of manifestation will be briefly presented, also presenting physiotherapy as a conservative treatment for spondylosis in dogs, highlighting the modalities used, their mode of action, therapeutic indications and expected results. With a descriptive and comparative methodology of published scientific works, in Portuguese and English languages, using databases and sources regulated by CAPES and, after identifying the literature, the materials to be described in this article were selected, highlighting the references and analyzing the contributions scientific.

Keywords: veterinary physiotherapy. Dog rehabilitation. Spondylosis.

1. INTRODUÇÃO

A espondilose é popularmente conhecida como bico de papagaio, uma doença degenerativa e/ou proliferativa caracterizada pela presença de esteófitos, que são neoformações ósseas que se desenvolvem entre os corpos vertebrais, podendo ser deformante ou anquilosante formando pontes ósseas unindo as vértebras (RICARDO, 2020). 

Sua etiologia é de causa idiopática, contudo muito discutida, multifatorial como instabilidade vertebral, doença do disco intervertebral (PEDRO; MIKAIL, 2009). É uma enfermidade que acomete animais obesos, de meia idade ou idosos e cães de grande porte (FARIAS, 2023). Esta condição de proliferação óssea pode ser extremamente dolorosa, reduzindo a atividade motora do animal que resultará em atrofias musculares, dificuldades de locomoção até mesmo perda da deambulação (RICARDO, 2020). Os animais com espondilose apresentam sinais clínicos como a dor perceptível ao toque, claudicação, alterações na marcha e por vezes agressividade devido ao estímulo doloroso. A dor é uma experiência desagradável que afeta diretamente o bem-estar do paciente podendo causar: imunossupressão, apatia, inapetência, redução ou desuso de membros que resultará em alterações articulares e musculares (MIRANDA, 2016).

A fisioterapia é uma modalidade dentro da medicina veterinária que contribui para recuperação e reabilitação de animais, buscando proporcionar qualidade de vida, bem-estar, redução de sinais clínicos, alívio de dor, eliminação de causas primárias de doenças, medidas preventivas e recuperação mais rápida (KLOS, 2020). A fisioterapia previne e trata distúrbios cinéticos funcionais gerados ou adquiridos, pode ser aplicada como método conservador em pacientes que apresentam alterações vertebrais como a espondilose (FARIAS, 2023).

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral dos cães é composta por corpos vertebrais, medula espinhal e discos intervertebrais, é dividida em quatro regiões: cervical, torácica, lombar e sacra. Os discos intervertebrais estão localizados ao longo de sua extensão fazendo a junção desses corpos vertebrais, é formado pelo núcleo pulposo e anulo fibroso, se inicia nas vértebras cervicais C2 e C3 estendendo-se até a junção lombosacra L7 e S1 pois as vértebras sacrais são fundidas. As extremidades dos corpos vertebrais são recobertas por cartilagem, e dois ligamentos auxiliam nessa conexão, são eles o longitudinal dorsal que está localizado acima do disco e o longitudinal ventral que corre no leito dos corpos vertebrais. Complementando o conjunto de sustentação existem numerosos ligamentos especializados, músculos e inserções tendíneas, formando uma articulação levemente móvel (PEDRO; MIKAIL, 2009). Sua principal função é sustentação, manutenção da postura e proteção da medula espinhal (DYCE, 2010).

FIGURA 1 – Esquema do disco intervertebral e estruturas adjacentes.

Fonte: arquivo de PAULO, 2009.

2.2 ESPONDILOSE

A espondilose deformante ou anquilosante é uma doença degenerativa da coluna vertebral caracterizada por uma neoformação óssea, onde o crescimento

desordenado do tecido ósseo altera a morfologia dos corpos vertebrais e pode afetar

a qualidade de vida dos animais acometidos (FARIAS, 2023). Trata-se de um crescimento ósseo desordenado conhecido popularmente como bico de papagaio tem grande incidência em vértebras lombares, podendo acometer as torácicas e lombosacrais, sua manifestação pode variar desde um osteófito até uma ponte completa entre vértebras. Esta disfunção tem etiologia idiopática, contudo um envelhecimento precoce dos discos intervertebrais predispõe o desenvolvimento da espondilose (SANTOS et al, 2006).

Os sinais clínicos são caracterizados pela mudança na marcha do animal, sensibilidade ao toque na região acometida, arqueamento colunar, dificuldade em realizar movimentos básicos como se sentar, deitar, subir ou descer escadas, realizar pequenos saltos, dificuldade na locomoção e/ou perda da deambulação. Quando submetidos a exercícios os sinais se agravam (LORENZ; KORNEGAY, 2006). Para diagnosticar a espondilose é necessário realizar exame de radiografia com incidências na posição laterolateral e dorsoventral. A ressonância magnética e tomografia são realizadas para identificar possíveis patologias que antecedem a formação dos osteófitos, como doenças do disco intervertebral (LORENZ; KORNEGAY, 2006; RAMALHO, 2015).

Conforme as pesquisas de Santos et al (2006), mesmo sendo considerada uma enfermidade de causa desconhecida os fatores genéticos e condições corpóreas como a obesidade, idade e algumas raças como os boxers, pequinês, Dachshund e bassets apresentam predisposição devido à instabilidade da coluna.

O tratamento conservador utiliza técnicas de fisioterapia com o objetivo de reabilitar animais que são acometidos por espondilose e apresentam sinais clínicos (terapia por exercício, tens e laserterapia). O programa é elaborado individualmente de acordo com a necessidade do paciente; após diagnóstico ortopédico, avaliação clínica, histórico e sintomas; dependendo do grau de acometimento da doença pode variar; conforme o protocolo AINEs e analgésicos poderão ser administrados com o objetivo de recuperar o animal e livrá-lo da dor (KISTEMACHER; ALEGRE, 2017).

Figura 2 – espondilose deformante

Fonte: http://blog-crvimagem.blogspot.com/2014/02/espondilose.html

Figura 3 – espondilose anquilosante

Fonte: http://blog-crvimagem.blogspot.com/2014/02/espondilose.html  

2.3 FISIOTERAPIA EM CÃES ACOMETIDOS POR ESPONDILOSE

A fisioterapia animal é uma área da medicina veterinária muito importante que trabalha o sistema musculoesquelético e sua fisiologia, fundamental para o tratamento e prevenções de lesões. O objetivo principal é a reabilitação dos movimentos e eliminar a dor pois é um dos fatores que afeta diretamente a saúde e bem-estar dos animais. Trata-se de uma metodologia utilizada para proporcionar a recuperação e cicatrização dos tecidos com o uso de máquinas apropriadas ou técnicas terapêuticas (RICARDO, 2020). Conforme o autor, Ricardo (2020), essa prática exerce função no auxílio da redução de processo inflamatório, ajudando na circulação sanguínea, ajuda a prevenir ou reduzir atrofias musculares, na redução de peso e tensão muscular. Sendo uma prática terapêutica que deve ser realizada exclusivamente por um médico veterinário especializado, protegida por lei federal, sob Resolução n° 850 de 05/12/2006, do Conselho Federal de Medicina Veterinária.

A fisioterapia animal é a opção apropriada para o tratamento de alterações da coluna vertebral, pois propicia redução da dor e melhora a qualidade dos movimentos que são afetados por consequência da espondilose (CAMPOS, 2023).  O tratamento conservador é indicado para pacientes avaliados por médico veterinário ortopedista,  que possuem diagnóstico de espondilose, mas não serão submetidos a procedimentos cirúrgicos, nesses casos o objetivo é melhorar a situação articular e muscular do paciente para que possa ter qualidade de vida ainda que permaneça com a afecção de modo crônico (KISTEMACHER; ALEGRE, 2017).

O desenvolvimento do protocolo para tratamento da espondilose é feito de forma personalizada e individual a partir da anamnese, exames clínicos, físico e de imagem. Tendo em vista que cada modalidade possui indicações e contraindicações, o protocolo é realizado conforme a necessidade do paciente (KLOS et al., 2020). Conforme o autor, os benefícios da fisioterapia já são conhecidos e amplamente utilizados na medicina humana e a partir da última década, seu emprego vem sendo feito também na veterinária. Por meio de uso de terapias manuais, exercícios terapêuticos e agentes físicos, a fisioterapia veterinária tem importante papel na prevenção e no tratamento de doenças nos animais (KISTEMACHER; ALEGRE, 2017; KLOS et al., 2020).

A fisioterapia também é associada ao uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos as técnicas fisioterápicas laser, tens e cinesioterapia para tratar afecções de coluna (PEDRO; MIKAIL, 2009).

O plano fisioterápico para o tratamento de espondilose em cães é realizado de acordo com a necessidade e particularidade de cada caso, segundo a sintomatologia. O profissional fisiatra deve realizar anamnese detalhada, exame físico, observar quadro clínico e compreender o estado geral de saúde; com base em todas as informações é feito um protocolo adequado para tratamento (FARIAS, 2023).

2.3.1 TENS

Conhecido como estimulação elétrica nervosa transcutânea foi desenvolvida para aliviar a dor por meio de impulsos não dolorosos ao longo da pele. O Tens são estímulos atuantes no circuito inibitório que participam da modulação da nocicepção da dor, conferindo sua principal indicação terapêutica analgésica, pode ser utilizado sem contraindicação quanto a quantidade de aplicações, podendo ser realizada de forma diária para diminuir o desconforto do paciente. Os protocolos para definição de tempo e quantidade de sessões variam de acordo com avaliação médico fisiatra (ALVES et al, 2019). Os eletrodos são os condutores que realizam a transmissão dos estímulos elétricos devem ser selecionados conforme a aérea de aplicação e

disponibilizados de forma pontual ou formando circuito que abrangera maior área de tratamento (PEDRO; MIKAIL, 2009). 

É uma forma eficaz na promoção da analgesia, pois produz neuromodulação por meio da inibição pré-sináptica limitando a transmissão nociceptiva para o cérebro, controle endógeno por meio de endorfinas, encefalinas e inibição de nervo excitado anormalmente. Esta modalidade pode ser aplicada em pacientes que apresentam dores localizadas em região de coluna ou comprometimento do aparelho locomotor por consequência da espondilose, sua variação de frequência e intensidade podem ser adaptadas ao conforto do paciente. A escolha desta técnica reduz o uso de medicamentos por tempo prolongado (PEDRO; MIKAIL, 2009).

As contraindicações desse método são região de útero gravídico, pois os estímulos elétricos podem induzir contrações, em pacientes com lesões de pele, áreas com presença de tumores, regiões com ausência ou hipersensibilidade.

Figura 4 – estimulação elétrica nervosa transcutânea

Fonte: https://fisiocarepet.com.br/eletroterapia-em-caes-e-gatos-conheca-sobre-essa-terapia/

2.3.2 LASER

O laser é um tipo de radiação eletromagnética que possui propriedades terapêuticas regenerativas, anti-inflamatórias e analgésicas, a luz artificial do laser possui propriedades especificas como possuir apenas um comprimento de onda que caracteriza sua única cor, sua coerência permite que todos os fótons percorram o mesmo trajeto e mesma direção, é definida como colimada porque confere deslocamento mínimo no feixe de luz (KLOS et al., 2020). Sendo pesquisas de Klos

et al. (2020), as propriedades asseguram a absorção dos raios laser pela pele sem causar danos a outros tecidos, não causa efeito colateral ou superaquecimento.

O laser é indicado para tratar feridas, inflamações, afecções osteoarticulares e alívio de dor, pode ser utilizada para recuperar o aparelho locomotor em regiões de articulações. Suas propriedades estão relacionadas a inibição das prostaglandinas substância presente em processos inflamatórios; o efeito analgésico está associado ao aumento no nível das endorfinas que são neurotransmissores responsáveis pelo alívio da dor e promoção de bem-estar, também relacionada ao aumento nos níveis de acetilcolinesterase que diminui os níveis da acetilcolina substância contribuinte da dor (BAXTER, 1994).

As contraindicações desse tratamento estão relacionadas a pacientes com a presença ou suspeitas de tumores devido ao seu efeito proliferativo que estimula produção celular, não pode ser utilizado em áreas hemorrágicas e em fêmeas em fase gestacional.

O equipamento possui recomendações como o uso de EPI´s necessários para proteção ocular, o laser não deve ser direcionado para os olhos devido a sensibilidade da retina, por esse 1motivo durante seu uso o aparelho deve estar sempre em contato com a pele, podendo ser aplicado de forma pontual ou em varredura percorrendo vagarosamente a área afetada (KLOS et al., 2020). As indicações terapêuticas do laser permitem a redução do uso de fármacos que podem causar efeitos colaterais quando usados de modo prolongado (PEDRO; MIKAIL, 2009).

Figura 5 – Laser em cães

Fonte: https://vetsapiens.com/noticias/uso-de-laser-para-o-tratamento-de-feridas

2.3.3 CALOR

Esta fonte de calor é gerada através da utilização do infravermelho, pode ser de forma superficial ou profunda determinada pela distância a ser aplicada. Sua propriedade terapêutica favorece a vaso dilatação melhorando a circulação sanguínea e promove relaxamento muscular. Não oferece riscos a integridade do paciente, e seus efeitos são alcançados de forma segura (PEDRO; MIKAIL, 2009). Sendo que Pedro; Mikail (2009) explana essa técnica podendo ser aplicada antes dos exercícios terapêuticos da cinesioterapia, pois aumentam a mobilidade das articulações e melhoram a elasticidade dos tecidos. Indicado para pacientes com dificuldades ou perdas de deambulação.

Os cuidados para aplicação da técnica envolvem o posicionamento adequado do paciente que proporcione o máximo de conforto e permaneça até a completa aplicação. É contraindicado na região dos olhos, em locais com implantes metálicos, em pacientes com epífises ósseas em crescimento, presença de hemorragias e úteros gravídicos (PEDRO; MIKAIL, 2009).

Figura 6 – uso de infravermelho em cães 

Fonte: http://www.elclandelcan.es/centro-veterinario/termoterapia/

2.3.4 CINESIOTERAPIA

Cinesioterapia significa tratamento pelo movimento, suas propriedades

terapêuticas envolvem reabilitação e prevenção de disfunções, melhorando força, mobilidade, flexibilidade e coordenação, é classificada por exercícios ativos e passivos (PEDRO; MIKAIL, 2009). 

A classificação ativa envolve exercícios de estimulação assistida, onde o paciente executa o movimento acompanhado pelo fisiatra, bastante usado para reabilitação, força muscular e melhorar a propriocepção, estimulando a movimentação melhorando articulações e músculos (KLOS et al., 2020). Na modalidade passiva os exercícios são aplicados pelo fisiatra, incluem: movimentos de amplitude, massagens e alongamentos que estimulam relaxamento muscular e trabalha articulações reabilitando pacientes a movimentação natural livre de dores (PEDRO; MIKAIL, 2009; KLOS et al., 2020).

A hidroterapia é considera uma modalidade da cinesioterapia onde são realizados movimentos ativos ou passivos em meio aquoso. A utilização da água na fisioterapia está relacionada a pressão hidrostática que tornam o corpo mais leve favorecendo a movimentação de baixo impacto (RAMALHO et al., 2015). A água pode ser associada a fatores térmicos; quando aquecida promove aumento da frequência cardíaca e respiratória, reduz a pressão sanguínea e promove relaxamento muscular; quando gelada promove alívio de dor e controla processos inflamatórios. O principal objetivo da hidroginástica é promover fortalecimento muscular, reduzir peso com exercícios de baixo impacto (PEDRO; MIKAIL, 2009). As contraindicações deste tratamento se limitam a pacientes com ferimentos abertos, distúrbios gastrointestinais, processo infeccioso, respiratórios e cardiopatas (NOGUEIRA et al.,2010).

  Klos et al (2020) explana que a cinesioterapia tem uma importante contribuição terapêutica no tratamento de diversas enfermidades, todas as formas e modalidades de aplicação possuem fins preventivo e curativos. No tratamento da espondilose é aplicada em casos em que o animal perde a deambulação e tem membros afetados pela falta de movimentos ou por compensação.

As contraindicações nesta modalidade estão relacionadas a saúde e integridade física do paciente, seja nos exercícios ativos ou passivos, respeitando sempre as limitações do animal. 

Figura 7 – hidroterapia

Fonte: https://alavoura.com.br/colunas/pet-cia/conheca-algumas-terapias-naturais-que-vocepode-oferecer-ao-seu-pet/

  4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Animais acometidos por espondilose apresentam quadro clínico onde é observado dificuldades em realizar movimentos comuns, geralmente são animais idosos ou de meia idade apresentando sobrepeso. 

Cada paciente é avaliado de modo geral, onde são reunidas informações neurológicas, ortopédicas e corpóreas. Na anamnese realizada é necessário ter conhecimento da idade, raça, peso, sexo, se castrado, ambiente em que vive, alimentação, se apresenta traumas ou processos cirúrgicos anteriores ou claudicações. Essas informações são de grande importância para identificar o contexto em que o paciente vive e assim realizar adaptação ambiental, seja para tratamento em clínica ou manejo domiciliar durante o tratamento.

Pacientes que serão submetidos a fisioterapia precisam passar por avaliações minuciosa de pele, cardíacas, respiratórias, peso corporal e linfonodos. Essas informações são necessárias para conhecer o quadro geral de saúde do animal e conhecer as limitações se houver, eliminar diagnósticos de cardiomiopatias e respeitar as indicações de técnicas fisioterápicas.

O tratamento conservador é indicado para casos em que não há indicação cirúrgica, seja pela gravidade da doença ou por condições fisiológicas. A fisioterapia promove benefícios como a reabilitação melhorando articulações e músculos.

As afecções de coluna têm se tornado cada vez mais constante na rotina de atendimento veterinário, a espondilose é uma enfermidade que prejudica a qualidade de vida onde pacientes acometidos tem sua autonomia afetada com a perda da deambulação. Essa limitação pode acarretar outras consequências, como atrofia muscular e danos nas articulações por falta de movimentos. A fisioterapia tem mostrado excelentes resultados nos tratamentos aplicados alcançando o objetivo de reabilitação dos animais.

Na reabilitação de animais acometidos por espondilose, podem ser realizadas várias abordagens e técnicas como: Cinesioterapia, Laserterapia, Calor e Tens. São modalidades que possuem particularidades que cooperam para controle de dor, inflamação e fortalecimento muscular, o tratamento envolve utilização de medicamentos anti-inflamatórios, analgésicos e aplicações de exercícios físicos, que complementam a reabilitação.

Contudo, ao final deste trabalho podemos concluir que a fisioterapia é indicada como tratamento conservador para cães acometidos por espondilose, é possível por meio de planos fisioterápicos reestabelecer a saúde, promover aumento de massa e fortalecimento muscular, recuperar a coordenação motora e alívio de dores. No entanto ainda se faz necessário estudos que comprovem a efetividade de suas aplicações, atualizações nas modalidades disponíveis no intuito de ampliar o conhecimento e ofertar cada vez mais melhores condições de tratamento.

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Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Medicina Veterinária do CEUNI –
FAMETRO como pré-requisito para obtenção de título de Bacharel em Medicina Veterinária.