FISIOTERAPIA AQUÁTICA NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC)

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202506051854


Vinicius Alves Rodrigues
Orientador: Prof. Andreza Regina de Oliveira Santos


RESUMO

Este estudo analisou a utilização da fisioterapia aquática na reabilitação de pacientes com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), investigando seus impactos na funcionalidade, mobilidade e qualidade de vida. O objetivo foi demonstrar como essa abordagem contribui para a recuperação motora e o bem-estar emocional dos indivíduos acometidos pelo AVC.A metodologia adotada baseou-se em uma revisão bibliográfica de artigos científicos recentes, selecionados por sua relevância na área de reabilitação neurológica. Foram analisados estudos que abordam diferentes aspectos da fisioterapia aquática, incluindo seus efeitos na marcha, no equilíbrio, na força muscular e na adaptação psicológica dos pacientes. Os resultados indicam que a fisioterapia aquática melhora significativamente a mobilidade dos pacientes, reduz o risco de quedas e fortalece a musculatura comprometida, contribuindo para uma recuperação mais segura e eficaz. Além dos ganhos físicos, observou-se impacto positivo na qualidade de vida, uma vez que essa abordagem promove relaxamento, reduz o estresse e favorece a interação social, aspectos fundamentais para a reabilitação completa. Na conclusão, reafirma-se que a fisioterapia aquática desempenha um papel crucial na reabilitação de indivíduos com sequelas de AVC, proporcionando benefícios que vão além da funcionalidade motora. Apesar das evidências positivas, destaca-se a necessidade de pesquisas futuras que explorem sua aplicação em diferentes perfis de pacientes e comparem sua eficácia com outras modalidades terapêuticas, a fim de otimizar sua utilização na prática clínica.

Palavras-chave: Fisioterapia aquática, Acidente Vascular Cerebral, Reabilitação neurológica.

ABSTRACT 

This study analyzed the use of aquatic physical therapy in the rehabilitation of patients with stroke sequelae, investigating its impact on functionality, mobility, and quality of life. The objective was to demonstrate how this approach contributes to motor recovery and the emotional well-being of individuals affected by stroke.The methodology adopted was based on a bibliographic review of recent scientific articles, selected for their relevance in the field of neurological rehabilitation. Studies addressing different aspects of aquatic therapy were analyzed, including its effects on gait, balance, muscle strength, and patients’ psychological adaptation.The results indicate that aquatic therapy significantly improves patients’ mobility, reduces the risk of falls, and strengthens compromised muscles, contributing to a safer and more effective recovery. Beyond the physical benefits, a positive impact on quality of life was observed, as this approach promotes relaxation, reduces stress, and fosters social interaction—essential aspects of comprehensive rehabilitation.In conclusion, aquatic physical therapy plays a crucial role in the rehabilitation of individuals with stroke sequelae, providing benefits that extend beyond motor function. Despite the positive evidence, future research is needed to explore its application in different patient profiles and compare its effectiveness with other therapeutic modalities to optimize its use in clinical practice.

Keywords: Aquatic physical therapy, Stroke, Neurological rehabilitation.

1    INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de incapacidade no mundo, afetando significativamente a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes acometidos. As sequelas motoras e cognitivas decorrentes do AVC podem impactar a mobilidade, o equilíbrio e a independência funcional, tornando a reabilitação um processo essencial para a recuperação desses indivíduos (Breansini&Marcolin, 2024). Nesse contexto, a fisioterapia desempenha um papel fundamental ao oferecer abordagens terapêuticas eficazes que visam minimizar os danos e promover a reintegração do paciente às atividades diárias.

Dentre as diferentes abordagens fisioterapêuticas, a fisioterapia aquática tem se destacado como uma abordagem terapêutica que busca a transferência positiva das tarefas realizadas no meio aquático no tratamento de pacientes pós-AVC. Esse método utiliza as propriedades físicas da água, como flutuação, viscosidade e pressão hidrostática, para auxiliar na recuperação motora, facilitando movimentos que seriam difíceis ou impossíveis de realizar em solo firme (Oliveira; Livramento, 2023). Estudos indicam que a fisioterapia aquática pode melhorar o equilíbrio, a força muscular, a mobilidade e a confiança dos pacientes, reduzindo o risco de quedas e aumentando sua autonomia (Cristóvão; Correia; Rebelo, 2023).

A crescente utilização dessa abordagem na reabilitação neurológica tem impulsionado pesquisas que buscam entender os efeitos da fisioterapia aquática em diferentes aspectos da recuperação funcional. Neste sentido, este estudo propõe mostrar a utilização da fisioterapia aquática na reabilitação de pacientes com sequelas de AVC, analisando seus impactos na marcha, no equilíbrio e na qualidade de vida dos indivíduos acometidos por essa condição (Silva et al., 2022).

A escolha do tema se justifica pela alta prevalência do AVC e pelo impacto significativo que essa condição tem na vida dos pacientes e de seus familiares. A reabilitação pós-AVC é um desafio multidimensional, exigindo estratégias terapêuticas que promovam a recuperação funcional de maneira eficaz e acessível. A fisioterapia aquática surge como uma alternativa viável, pois oferece um ambiente facilitador para a execução de movimentos, reduzindo a sobrecarga articular e muscular, aliviando a dor e melhorando a confiança dos pacientes na realização das atividades motoras (Mazette, 2024).

Ademais, pesquisas recentes têm demonstrado que a fisioterapia aquática não apenas melhora a mobilidade, mas também contribui para a qualidade de vida e o bem-estar emocional dos pacientes pós-AVC (Silva et al., 2024). Dessa forma, investigar como a utilização desse método pode contribuir para ampliar o conhecimento sobre suas aplicações clínicas e incentivar sua adoção como estratégia complementar no tratamento de indivíduos acometidos pelo AVC.

É objetivo desse estudo mostrar a utilização da fisioterapia aquática na reabilitação de pacientes com sequelas de AVC, analisando seus impactos na funcionalidade, mobilidade e qualidade de vida.

2    METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma revisão de literatura, que, segundo Gil (2017), consiste em uma pesquisa desenvolvida com base em materiais já publicados, permitindo a análise crítica e aprofundada sobre um determinado tema sem a necessidade de intervenção direta no objeto de estudo. A revisão de literatura é de caráter qualitativo, pois busca compreender e interpretar os dados disponíveis na literatura científica, analisando-os de forma descritiva e exploratória. Conforme Gil (2017, p. 44), “a pesquisa qualitativa preocupa-se com a interpretação dos fenômenos e com a atribuição de significados, sendo essencial para a compreensão aprofundada dos temas investigados”.

Para a coleta de dados, foram utilizados descritores indexados no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), garantindo a padronização dos termos empregados na busca. Os descritores selecionados foram: “Fisioterapia aquática”, “Acidente vascular cerebral” e “Reabilitação neurológica”. A pesquisa foi delimitada com critérios de inclusão e exclusão rigorosos para garantir a qualidade dos artigos analisados.

Foram critérios de inclusão: estudos publicados nos últimos cinco anos garantindo atualidade e relevância científica; artigos disponíveis na íntegra e em português, inglês ou espanhol e estudos que abordem a fisioterapia aquática aplicada ao tratamento de pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC), com enfoque em seus benefícios para a recuperação funcional. São critérios de exclusão: Estudos duplicados entre as bases de dados; artigos que não abordem diretamente a fisioterapia aquática no contexto do AVC e trabalhos que apresentem metodologia inadequada ou pouca fundamentação científica.

A busca foi realizada em três bases de dados amplamente reconhecidas na área da saúde PubMed (National Library of Medicine); LILACS (Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde)e Google Acadêmico.

A análise dos artigos encontrados foi conduzida em duas etapas. Inicialmente, 40 artigos foram identificados nas bases de dados, sendo 10 na PubMed, 10 na LILACS e 20 no Google Acadêmico. Após a leitura criteriosa dos títulos, resumos e textos completos, foram excluídos 25 artigos que não atendiam aos critérios de inclusão. Assim, 15 artigos foram selecionados para compor a revisão de literatura.

A análise qualitativa desses artigos permitiu a extração de informações relevantes para a discussão e fundamentação do estudo, possibilitando um entendimento aprofundado sobre o uso da fisioterapia aquática no tratamento de pacientes com AVC.

Figura 1: Fluxograma

Fonte: Autor (2025)

Os 15 artigos selecionados encontram-se na tabela abaixo: 

Tabela 1: Artigos selecionados

AutorAnoObjetivoResultadosConclusão
Almandoz Erro et al.2024Avaliar os efeitos da terapia aquática em pacientes com AVC crônicoMelhoras significativas no equilíbrio, marcha e qualidade devidaA terapia aquática se mostra eficaz na recuperação funcional e na adaptação à nova realidade do paciente
Breansini&Marcolin2024Investigar o papel da fisioterapia aquática na independência funcional de pacientes com AVC isquêmicoFortalecimento muscular e restauração de movimentos comprometidosA hidroterapia contribui para maior autonomia e reintegração dos indivíduos às suas atividades diárias
Balsalobreet al.2024Revisar diferentes métodos de fisioterapia aplicados ao AVC não agudoMelhora da força muscular, coordenação   eposturaA fisioterapia aquática é uma abordagem relevante para a reabilitação neuro muscular
Cristóvão, Correia & Rebelo2023Examinar os efeitos da terapia aquática na redução do risco de quedas em pacientes com AVC crônicoRedução do medo de quedas e aprimoramento do controle posturalO meio aquático proporciona maior segurança e confiança na execução de movimentos
Giuriatiet al.2021Revisão sistemática dos efeitos da terapia aquática na recuperação de pacientes pós-AVCMelhora na mobilidade, força dos membros inferiores e estabilidade motoraA hidroterapia é uma estratégia fundamental para a recuperação motora
Gomes2024Avaliar os impactos da fisioterapia aquática na funcionalidade de indivíduos pós-AVCMelhor estabilidade postural, maior controle dos movimentos e fortalecimento muscularA terapia aquática promove ganhos funcionais importantes   na recuperação física
Mazette2024Examinar a eficácia da hidroterapia em pacientes com AVCRedução da dor, melhora da circulação e aumento da mobilidadeO meio aquático facilita a reabilitação ao reduzir impactos articulares e melhorar a funcionalidade
Moyano2023Analisar a influência da terapia aquática no equilíbrio de pacientes pós-AVCGanhos significativos na estabilidade corporal e na percepção do movimentoA fisioterapia aquática melhora a coordenação e controle postural dos pacientes
Najafabadiet al.2022Investigar os benefícios da terapia aquática na função dos membros inferioresFortalecimento muscular, recuperação da marcha e redução da espasticidadeA hidroterapia se mostra eficaz na reabilitação motora dos pacientes pós-AVC
Oliveira & Livramento2023Examinar os impactos da fisioterapia aquática na qualidade de vida dos indivíduos com AVCMaior sensação de bem-estar, diminuição do estresse e aumento da disposição para a reabilitaçãoA terapia aquática contribui para benefícios físicos e emocionais relevantes
Ribeiro et al.2021Levantar intervenções fisioterapêuticas na reabilitação neurofuncional pediátrica pós-AVCAplicabilidade da hidroterapia na recuperação de criançasA terapia aquática pode ser utilizada em diferentes faixas etárias, favorecendo a reabilitação pediátrica
Rosa, Santos & Farias2021Revisar evidências científicas sobre fisioterapia aquática em pacientes com sequelas de AVCFortalecimento muscular, melhora na mobilidade e reintegração socialA hidroterapia se destaca como uma abordagem eficiente para a recuperação funcional e social
Silva, Giovanna et al.2022Avaliar os impactos da fisioterapia aquática na marcha e no equilíbrio de pacientes pós-AVCMelhora na locomoção e no controle posturalO meio aquático proporciona um ambiente seguro para a reabilitação da marcha
Silva, Luiz et al.2024Examinar os efeitos da terapia aquática na qualidade de vida de pacientes pós-AVCRedução  da ansiedade,melhora  no estado emocional e maior interação socialA fisioterapia aquática promove bem-estar e melhora a adaptação dos pacientes
Vidigal2024Analisar os efeitos da terapia aquática na funcionalidade e qualidade de vida de pacientes com sequelas neurológicasAumento       da autonomia, reinserção social e ganhos na mobilidadeA hidroterapia é uma estratégia promissora para a reabilitação de pacientes neurológicos

Fonte: Dados da pesquisa (2025)

3                 REVISÃO DE LITERATURA

3.1           ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC)

Segundo Cristóvão, Correia e Rebelo (2023) o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma condição médica grave que ocorre quando há uma interrupção ou redução do fluxo sanguíneo para o cérebro, causando a morte de células cerebrais. Ele pode ser isquêmico, quando um vaso sanguíneo é obstruído, ou hemorrágico, quando um vaso se rompe e provoca sangramento.

A  figura 1 compara dois tipos de Acidente Vascular Cerebral (AVC): isquêmico e hemorrágico. No lado esquerdo, o AVC isquêmico é representado por um coágulo que bloqueia o fluxo sanguíneo em uma área do cérebro, impedindo que o oxigênio e os nutrientes cheguem às células cerebrais, o que pode levar à morte celular e comprometimento neurológico. No lado direito, o AVC hemorrágico é ilustrado com um sangramento que ocorre dentro ou ao redor do cérebro devido à ruptura de um vaso sanguíneo, resultando em danos provocados pela pressão exercida pelo sangue acumulado. A comparação visual destaca a diferença fundamental entre os dois tipos de AVC: um causado por obstrução e o outro por sangramento, ajudando na compreensão dos mecanismos de cada um e nas implicações para o tratamento e recuperação dos pacientes (Giuriatiet al., 2021).

Figura 1: Tipos de AVC

Fonte: https://avc.org.br/pacientes/acidente-vascular-cerebral/

Os sintomas costumam aparecer de forma súbita e incluem fraqueza ou paralisia em um lado do corpo, dificuldade para falar ou compreender a fala, alterações na visão, perda de equilíbrio e uma dor de cabeça intensa e repentina. As sequelas do AVC dependem da gravidade do evento e do tempo de resposta ao tratamento, podendo envolver déficits motores, comprometimento da comunicação, alterações cognitivas e problemas emocionais como depressão e ansiedade. A reabilitação é essencial para ajudar na recuperação e pode incluir fisioterapia, terapia ocupacional e acompanhamento médico especializado(Giuriatiet al., 2021).

3.2    OS EFEITOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA RECUPERAÇÃO MOTORA DE PACIENTES PÓS-AVC

A fisioterapia aquática tem sido amplamente estudada como uma abordagem eficaz para a reabilitação de pacientes com AVC. Almandoz Erro et al. (2024) destacam que essa terapia melhora o equilíbrio, a marcha e a qualidade de vida dos pacientes com AVC crônico. Breansini e Marcolin (2024) reforçam que a fisioterapia aquática pode restaurar a independência funcional, superando limitações impostas pelo AVC isquêmico. Balsalobreet al. (2024) analisam diferentes métodos de fisioterapia empregados no tratamento de pacientes com AVC não agudo, evidenciando a eficácia da terapia aquática na recuperação motora.

Figura 2: Treino de marcha

Fonte: Arquivo do autor

Cristóvão, Correia e Rebelo (2023) investigaram os efeitos da fisioterapia aquática no risco de queda em pacientes com AVC crônico, demonstrando que essa abordagem pode reduzir significativamente esse risco. Giuriatiet al. (2021) realizaram uma revisão sistemática e meta-análise sobre os efeitos da terapia aquática em pacientes pós-AVC, concluindo que essa intervenção melhora a funcionalidade dos membros inferiores. Najafabadiet al. (2022) também reforçam essa perspectiva, destacando que a terapia aquática promove ganhos na mobilidade e no equilíbrio.

Gomes (2024) analisou os efeitos da fisioterapia aquática sobre o desempenho físico e funcional de indivíduos pós-AVC, evidenciando melhorias na estabilidade postural e na consciência corporal. Moyano (2023) investigou os impactos da terapia aquática no equilíbrio de pacientes com sequelas de AVC, demonstrando que essa abordagem pode ser um complemento eficaz ao tratamento convencional. Oliveira e Livramento (2023) realizaram uma revisão de literatura sobre os efeitos da fisioterapia aquática na reabilitação de indivíduos com AVC, destacando sua importância na recuperação funcional.

Silva et al. (2024) exploraram os impactos da fisioterapia aquática na qualidade de vida de pacientes com sequelas de AVC, indicando que essa terapia pode contribuir para o bem-estar geral dos indivíduos afetados. Vidigal (2024) reforça essa perspectiva ao analisar os efeitos da fisioterapia aquática no equilíbrio, na funcionalidade e na qualidade de vida de pacientes com patologias neurológicas.

3.3  A INFLUÊNCIA DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA QUALIDADE DE VIDA E NO BEM-ESTAR EMOCIONAL DOS PACIENTES COM SEQUELAS DE AVC

A fisioterapia aquática tem emergido como uma abordagem fundamental na reabilitação de pacientes com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), atuando não apenas na recuperação motora, mas também na qualidade de vida e no bem-estar emocional desses indivíduos. O AVC, seja isquêmico ou hemorrágico, pode gerar deficiências que impactam significativamente a capacidade funcional, a independência e a integração social dos pacientes. Nesse contexto, a terapia aquática oferece um ambiente seguro e favorável para a reabilitação, proporcionando benefícios tanto físicos quanto psicológicos.

De acordo com Almandoz Erro et al. (2024), a fisioterapia aquática melhora a mobilidade e o equilíbrio dos pacientes com AVC crônico, permitindo que realizem movimentos que seriam desafiadores no solo. A pressão hidrostática da água auxilia na estabilização postural, enquanto a flutuação reduz o impacto nas articulações, tornando os exercícios mais acessíveis e menos dolorosos. Esses efeitos são fundamentais para a recuperação de habilidades motoras e para a melhoria da autonomia no dia a dia.

Breansini e Marcolin (2024) analisam o papel da fisioterapia aquática na restauração da independência funcional dos indivíduos com AVC isquêmico. Segundo os autores, a resistência natural da água promove o fortalecimento muscular, enquanto a diminuição da gravidade facilita o desenvolvimento da marcha e dos padrões de movimento. Esse fator é essencial para que os pacientes reconquistem sua capacidade de locomoção e aumentem sua confiança na realização de atividades cotidianas.

Balsalobreet al. (2024) exploram diferentes métodos de fisioterapia aplicados a pacientes com AVC não agudo e identificam que a terapia aquática oferece vantagens consideráveis em termos de reabilitação neuromuscular. O meio aquático proporciona condições que favorecem a propriocepção e o controle postural, minimizando o risco de quedas e permitindo uma adaptação progressiva à mobilidade. Além disso, a interação dos pacientes com o ambiente aquático contribui para a redução da ansiedade e do estresse, reforçando os benefícios psicológicos da terapia.

Cristóvão, Correia e Rebelo (2023) destacam que um dos maiores desafios enfrentados por pacientes com AVC é o medo de cair, o que limita suas atividades e impacta negativamente sua qualidade de vida. O estudo aponta que a fisioterapia aquática reduz significativamente esse receio, pois a água proporciona um suporte adicional, permitindo que os indivíduos realizem movimentos com maior segurança e confiança. Esse aspecto está diretamente relacionado ao bem-estar emocional, uma vez que a redução do medo melhora a disposição dos pacientes para participar de programas de reabilitação e interagir socialmente.

Giuriatiet al. (2021) e Najafabadiet al. (2022) conduziram análises sistemáticas sobre os impactos da fisioterapia aquática na função dos membros inferiores e concluíram que essa abordagem promove ganhos significativos na mobilidade, na força muscular e na coordenação motora. Esses fatores são cruciais para que os pacientes recuperem parte de sua autonomia e reduzam a dependência de cuidadores e dispositivos assistivos.

Além dos benefícios motores, a terapia aquática também exerce um papel fundamental na qualidade de vida e no estado emocional dos pacientes com AVC. Oliveira e Livramento (2023) evidenciam que o ambiente aquático proporciona uma experiência sensorial única, gerando um efeito relaxante e estimulante que melhora o humor e a autoestima dos indivíduos. Muitos pacientes relatam sentir-se mais confortáveis e motivados ao realizar exercícios na água, o que impacta positivamente sua aderência ao tratamento.

Silva et al. (2024) discutem como a fisioterapia aquática pode fortalecer a interação social dos pacientes, promovendo um espaço terapêutico dinâmico e inclusivo. A realização de atividades em grupo e o contato próximo com profissionais especializados favorecem a comunicação e a troca de experiências, o que contribui para o bem-estar emocional dos indivíduos. Essa dimensão social da terapia é essencial para que os pacientes se sintam apoiados e incentivados durante o processo de reabilitação.

Vidigal (2024) reforça que a terapia aquática não apenas promove ganhos físicos, mas também melhora aspectos psicológicos e emocionais dos pacientes com sequelas de AVC. Os exercícios realizados na água reduzem a tensão muscular e estimulam a liberação de endorfinas, proporcionando uma sensação de alívio e bem-estar. Além disso, a fisioterapia aquática permite que os pacientes experimentem um ambiente menos restritivo, ampliando suas perspectivas sobre sua própria capacidade de recuperação.

Dessa forma, a fisioterapia aquática se destaca como uma abordagem terapêutica multifacetada, impactando positivamente tanto o desempenho físico quanto o equilíbrio emocional dos pacientes com sequelas de AVC. Seu papel na reabilitação vai além da restauração de funções motoras, englobando também aspectos psicológicos e sociais que contribuem para a qualidade de vida e para a reintegração dos indivíduos à comunidade.  

4     DISCUSSÃO

A análise dos estudos citados demonstra que a fisioterapia aquática exerce impactos positivos significativos na reabilitação de pacientes com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), abrangendo melhorias na funcionalidade motora, na qualidade de vida e no bem-estar emocional. Os resultados apontam que essa abordagem terapêutica proporciona benefícios amplos, integrando aspectos físicos, sociais e psicológicos no processo de recuperação.Almandoz Erro et al. (2024) destacam que a terapia aquática favorece a recuperação do equilíbrio e da mobilidade em pacientes com AVC crônico. Essa melhoria é corroborada por Cristóvão, Correia e Rebelo (2023), que verificaram a redução do risco de quedas após a participação dos pacientes em um programa de fisioterapia aquática. Esse dado reforça a importância do ambiente aquático na estabilização postural e no aumento da segurança durante a execução dos movimentos.

Breansini e Marcolin (2024) apontam que a fisioterapia aquática desempenha um papel essencial na superação de limitações funcionais impostas pelo AVC isquêmico, promovendo ganhos na força muscular e na independência dos pacientes. Gomes (2024) complementa essa perspectiva ao demonstrar que a terapia aquática melhora significativamente o desempenho físico e funcional de indivíduos pós-AVC, tornando a realização de atividades diárias mais acessível.

Balsalobreet al. (2024) analisam diferentes métodos de fisioterapia aplicados a pacientes com AVC não agudo, evidenciando que a abordagem aquática se destaca na recuperação motora. Giuriatiet al. (2021) e Najafabadiet al. (2022) reforçam essa visão ao demonstrar, por meio de revisões sistemáticas e metaanálises, que a fisioterapia aquática aprimora a funcionalidade dos membros inferiores e a coordenação motora dos indivíduos acometidos pelo AVC.

Mazette (2024) explora a influência da hidroterapia em pacientes com AVC, apontando que a flutuação promovida pela água reduz o impacto sobre as articulações, facilitando o movimento e reduzindo a dor. Moyano (2023) corrobora essa perspectiva ao examinar os efeitos da terapia aquática no equilíbrio dos pacientes, concluindo que essa abordagem melhora significativamente a estabilidade postural.

Oliveira e Livramento (2023) discutem os impactos da fisioterapia aquática na reabilitação, destacando que essa técnica contribui para a melhoria da percepção da qualidade de vida dos indivíduos afetados pelo AVC. Silva et al. (2024) também enfatizam a relevância dessa abordagem para o bem-estar dos pacientes, evidenciando que a terapia aquática reduz sintomas de ansiedade e melhora a interação social.

Vidigal (2024) reforça a abrangência dos benefícios da fisioterapia aquática, analisando os ganhos no equilíbrio, na funcionalidade e na qualidade de vida dos pacientes. Rosa, Santos e Farias (2021) complementam essa discussão ao explorar evidências científicas sobre a eficácia da fisioterapia aquática em pacientes com sequelas de AVC, destacando seu papel na reabilitação neuromuscular.

Por fim, Ribeiro et al. (2021) analisam as intervenções fisioterapêuticas na reabilitação neurofuncional pediátrica pós-AVC, demonstrando que a fisioterapia aquática pode ser aplicada tanto em adultos quanto em crianças, contribuindo para a adaptação e recuperação das funções motoras em diferentes faixas etárias.Em conjunto, os estudos analisados fornecem uma base sólida para a eficácia da fisioterapia aquática na reabilitação de pacientes com AVC. A melhoria na mobilidade, o fortalecimento muscular, a redução do risco de quedas e o impacto positivo na qualidade de vida e no bem-estar emocional são aspectos que tornam essa abordagem essencial na recuperação de indivíduos acometidos por essa condição. Caso precise de mais aprofundamento sobre algum estudo específico, estou à disposição para ajudar.

CONCLUSÃO

A fisioterapia aquática tem se mostrado uma estratégia inovadora e promissora na reabilitação de pacientes com sequelas de Acidente Vascular Cerebral, proporcionando uma abordagem terapêutica que alia benefícios físicos, psicológicos e sociais em um ambiente menos restritivo e mais adaptável às necessidades individuais. O meio aquático, por sua natureza, favorece a realização de movimentos com menor impacto articular e resistência controlada, possibilitando que os indivíduos realizem exercícios com mais conforto e segurança. Esse fator se torna essencial para pacientes que enfrentam dificuldades motoras significativas, pois permite a prática de atividades que, fora da água, poderiam ser dolorosas ou até inviáveis.

Os benefícios da terapia aquática na mobilidade são amplamente reconhecidos, especialmente na recuperação da marcha e do equilíbrio, aspectos fundamentais para a independência funcional dos pacientes. A instabilidade causada pela água exige um maior controle postural, estimulando o fortalecimento da musculatura estabilizadora e contribuindo para a melhora da propriocepção. Além disso, a pressão hidrostática exercida pela água auxilia na circulação sanguínea e na redução da espasticidade, permitindo uma movimentação mais fluida e natural. Como resultado, muitos pacientes experimentam avanços significativos na capacidade de locomoção e redução do risco de quedas, favorecendo a reinserção nas atividades do dia a dia.

A qualidade de vida dos pacientes submetidos à fisioterapia aquática também apresenta impactos positivos consideráveis. A possibilidade de executar exercícios em um ambiente que promove relaxamento e conforto gera uma percepção mais positiva do processo de reabilitação. Os efeitos psicológicos dessa abordagem incluem a redução do estresse e da ansiedade, melhoria da autoestima e maior motivação para a continuidade do tratamento. A terapia aquática também atua como um estímulo emocional ao permitir que os pacientes vivenciem progresso de forma mais perceptível, o que contribui para o fortalecimento da confiança na própria capacidade de recuperação.

Além dos benefícios individuais, a terapia aquática se destaca pelo impacto social na vida dos pacientes. A realização de atividades em grupo e a interação com profissionais especializados criam uma rede de apoio que pode ser fundamental para a superação dos desafios associados às sequelas do AVC. Muitos indivíduos enfrentam sentimentos de isolamento e frustração devido às suas limitações, e o ambiente aquático, ao possibilitar um espaço de reabilitação mais dinâmico e inclusivo, favorece o engajamento e a sociabilização. Esse aspecto pode ser essencial para garantir maior adesão ao tratamento e facilitar a adaptação à nova realidade funcional.

Apesar dos inúmeros benefícios identificados, algumas limitações devem ser consideradas. A pesquisa bibliográfica fornece um panorama abrangente dos efeitos da fisioterapia aquática, mas não contempla análises clínicas detalhadas sobre variáveis individuais, como idade, nível de comprometimento neurológico e tempo de exposição ao tratamento. Estudos controlados que acompanhem a evolução dos pacientes ao longo de períodos prolongados poderiam contribuir para uma compreensão mais aprofundada dos mecanismos de ação da terapia aquática e de sua aplicabilidade em diferentes perfis clínicos.

Futuras pesquisas poderiam explorar comparações entre a terapia aquática e outras abordagens convencionais de reabilitação, analisando seus diferenciais e possíveis combinações que potencializem os efeitos terapêuticos. Além disso, investigações sobre o impacto da terapia aquática na neuroplasticidade poderiam esclarecer como a exposição ao meio aquático influencia diretamente na reorganização cerebral e no desenvolvimento de novas conexões neurais. Outro ponto de interesse seria o aprofundamento da relação entre a terapia aquática e a cognição, examinando se essa abordagem pode contribuir para melhorias no processamento mental e na adaptação emocional dos pacientes.

Portanto, a fisioterapia aquática se apresenta como uma ferramenta valiosa na reabilitação de indivíduos com sequelas de AVC, promovendo uma recuperação mais segura, eficaz e humanizada. Seu impacto se estende além dos ganhos físicos, abrangendo também aspectos psicológicos e sociais essenciais para a reintegração dos pacientes às suas atividades cotidianas. A continuidade das investigações nessa área permitirá um melhor aproveitamento dessa abordagem terapêutica, consolidando-a como um método fundamental na reabilitação neurológica.

REFERÊNCIAS

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