FIBROMYALGIA AND DEPRESSION: IMPACTS ON QUALITY OF LIFE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202411032101
Albino Oliveira da Silva,
Maria Kelle Araújo Pereira,
Monique vitória sapucaia Reis,
Graciely Lima Ferraz da Silva
RESUMO
Este trabalho investiga a relação entre fibromialgia e depressão, duas condições que afetam significativamente a qualidade de vida dos indivíduos e estão frequentemente interligadas. A fibromialgia é caracterizada por dor crônica generalizada, fadiga e distúrbios do sono, enquanto a depressão se manifesta por sentimentos persistentes de tristeza, perda de interesse e alterações no apetite e no sono. O objetivo principal da pesquisa foi analisar como essas condições se relacionam e influenciam uma à outra. A metodologia envolveu uma revisão bibliográfica de estudos sobre o tema, incluindo artigos científicos, teses e relatórios de pesquisa. A análise focou na prevalência de transtornos depressivos em pacientes com fibromialgia, nas interações entre os sintomas físicos e psicológicos e nas estratégias de tratamento que visam melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Os resultados revelaram uma forte relação entre a fibromialgia e a depressão, com alta prevalência de transtornos depressivos em pacientes que sofrem de dor crônica. A depressão não só intensifica a percepção da dor, mas também pode levar ao agravamento dos sintomas físicos e à redução da qualidade de vida. O diagnóstico simultâneo dessas condições é frequentemente desafiador, uma vez que os sintomas se sobrepõem, dificultando a escolha do tratamento adequado. Além disso, os tratamentos convencionais, que muitas vezes se concentram apenas no alívio da dor, não são totalmente eficazes. Outro aspecto importante identificado foi o papel do suporte social no enfrentamento das duas condições. Pacientes que recebem apoio da família e da comunidade tendem a ter uma resposta melhor ao tratamento, destacando a importância de um cuidado que considera tanto os aspectos físicos quanto emocionais. As considerações finais indicam que a interação entre fibromialgia e depressão é complexa e requer uma atenção integrada que inclui não apenas cuidados médicos, mas também suporte psicológico e social. Sugere que uma abordagem mais ampla no tratamento dessas condições pode levar a resultados mais positivos, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Por fim, destaca-se a necessidade de promover a conscientização sobre a importância do suporte social e do tratamento integrado, de modo a facilitar a recuperação e o manejo adequado da fibromialgia e da depressão.
Palavras-chave: Fibromialgia. Depressão. Qualidade de vida.
ABSTRACT
This work investigates the relationship between fibromyalgia and depression, two conditions that significantly affect individuals’ quality of life and are often interconnected. Fibromyalgia is characterized by widespread chronic pain, fatigue, and sleep disturbances, while depression manifests as persistent feelings of sadness, loss of interest, and changes in appetite and sleep. The main objective of the research was to analyze how these conditions relate to and influence each other. The methodology involved a literature review of studies on the topic, including scientific articles, theses, and research reports. The analysis focused on the prevalence of depressive disorders in patients with fibromyalgia, the interactions between physical and psychological symptoms, and the treatment strategies aimed at improving the quality of life of affected individuals. The results revealed a strong relationship between fibromyalgia and depression, with a high prevalence of depressive disorders in patients suffering from chronic pain. Depression not only intensifies the perception of pain but can also lead to the worsening of physical symptoms and a reduction in quality of life. The simultaneous diagnosis of these conditions is often challenging, as the symptoms overlap, making it difficult to choose the appropriate treatment. Furthermore, conventional treatments, which often focus solely on pain relief, are not entirely effective. Another important aspect identified was the role of social support in coping with both conditions. Patients who receive support from family and the community tend to have a better response to treatment, highlighting the importance of care that considers both physical and emotional aspects. The concluding considerations indicate that the interaction between fibromyalgia and depression is complex and requires integrated attention that includes not only medical care but also psychological and social support. It suggests that a broader approach to treating these conditions can lead to more positive outcomes, improving patients’ quality of life. Finally, the need to raise awareness about the importance of social support and integrated treatment is emphasized to facilitate recovery and proper management of fibromyalgia and depression.
Keywords: Fibromyalgia, Depression, Quality of life.
INTRODUÇÃO
A fibromialgia é uma síndrome que se caracteriza por dor crônica generalizada, aumento da sensibilidade ao toque e uma série de sintomas associados, como fadiga e distúrbios do sono. Além dos sintomas físicos, é comum que pessoas com fibromialgia apresentem condições psicológicas concomitantes, sendo a depressão uma das mais frequentes. A relação entre fibromialgia e depressão tem sido amplamente estudada, pois essa comorbidade pode intensificar o sofrimento físico e emocional, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes de forma significativa. Nesse sentido, investigar como essas duas condições se influenciam mutuamente é fundamental para um tratamento mais adequado e eficaz, que considere tanto os aspectos físicos quanto os emocionais.
Diante disso, o problema que norteia este estudo é: de que maneira a fibromialgia e a depressão se relacionam e como essa interação afeta a qualidade de vida dos indivíduos acometidos? Essa questão é fundamental, pois as interações entre condições de saúde muitas vezes influenciam o quadro clínico de forma complexa e não linear.
A justificativa para a realização deste trabalho se apoia na necessidade de compreensão dessa interação. A coexistência das duas condições pode não apenas agravar os sintomas físicos, mas também dificultar o manejo terapêutico, uma vez que os tratamentos convencionais frequentemente se concentram em um único aspecto da saúde do paciente. Essa visão limitada pode levar a resultados insatisfatórios, tanto em termos de alívio da dor quanto de melhoria do estado emocional. Além disso, a falta de reconhecimento da comorbidade entre fibromialgia e depressão pode contribuir para um estigma que impede os pacientes de buscarem ajuda adequada, perpetuando o ciclo de sofrimento.
Compreender essa dinâmica é essencial para a formulação de estratégias de tratamento que atendam de forma integral as necessidades físicas e psicológicas dos acometidos por fibromialgia e depressão. É fundamental que os profissionais de saúde adotem uma perspectiva holística, que não apenas trate os sintomas físicos, mas que também inclua intervenções voltadas para a saúde mental e o suporte emocional. Isso pode envolver a utilização de terapias complementares, a promoção do autocuidado e a criação de redes de apoio social, que são elementos cruciais para a recuperação e manutenção do bem-estar dos pacientes. Essa compreensão pode facilitar a implementação de protocolos de tratamento mais eficazes e adaptados às necessidades específicas de cada indivíduo, promovendo uma melhora significativa na qualidade de vida e no manejo das condições em questão.
O principal objetivo deste estudo é analisar a relação entre fibromialgia e depressão, buscando identificar os fatores que contribuem para essa conexão e como ela impacta os pacientes. Para isso, serão explorados os principais sintomas e características dessas condições, investigadas as possíveis causas de sua comorbidade e avaliado o impacto dessa coexistência sobre a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, pretende-se sugerir estratégias que possam auxiliar no tratamento integrado dessas doenças, promovendo uma melhor resposta terapêutica e alívio dos sintomas.
REFERENCIAL TEÓRICO
Fibromialgia
A fibromialgia é uma condição crônica caracterizada por dor difusa e hipersensibilidade em determinadas regiões do corpo, conforme apontado por Tavares et al. (2024). A fisiopatologia da fibromialgia ainda não está completamente compreendida, mas há promessas de que uma interação complexa entre fatores genéticos, neuroendócrinos, ambientais e ambientais envolvidos (Trajano, 2018).
Alterações nos sistemas neuroendócrinos e de neurotransmissores parecem desempenhar um papel importante no desenvolvimento da condição. Desequilíbrios na regulação de neurotransmissores, como serotonina, noradrenalina e substância P, podem estar relacionados à amplificação do dor e à sensibilização central observada nos pacientes (Caixeta; Gonçalves, 2018).
Um dos principais mecanismos que prejudicam a fibromialgia é a disfunção no processamento central da dor, conhecida como “sensibilização central” (Trajano, 2018). Essa audição leva à amplificação dos sinais dolorosos e à redução do limiar da dor, com os neurônios do sistema nervoso central tornando-se mais reativos aos estímulos dolorosos, resultando em uma resposta exacerbada à dor (Tavares et al., 2024).
Pacientes com fibromialgia tendem a apresentar uma sensibilidade aumentada à dor e um limiar de dor reduzido em comparação com pessoas sem a condição. Essa hipersensibilidade é atribuída a disfunções nos mecanismos de processamento de dor, como falha na modulação descendente e na regulação dos receptores de dor (Wolfe et al., 2018).
Além disso, foram identificadas alterações no sistema imunológico, como a ativação de células imunes e a liberação de citocinas pró-inflamatórias, que podem contribuir para um estado inflamatório e sintomas sistêmicos, como fadiga e mal-estar (Caixeta; Gonçalves, 2018). Fatores psicossociais, incluindo estresse específico, traumas emocionais e transtornos psiquiátricos, também podem influenciar a fisiopatologia da fibromialgia, exacerbando a dor e aumentando a vulnerabilidade à doença (Trajano, 2018).
Conforme estudo de Wolfe et al. (2018), o diagnóstico da fibromialgia vai além da simples identificação dos pontos dolorosos, envolvendo uma avaliação clínica detalhada e a exclusão de outras condições que possam mimetizar os sintomas. Os critérios mais aceitos são os do American College of Rheumatology, que são desativados geralmente por mais de três meses e a presença de pelo menos 11 dos 18 pontos de concurso.
Em 2016, esses critérios foram atualizados para incluir o Índice de Dor Generalizada e a Escala de Gravidade dos Sintomas, além de outros questionários para avaliar a gravidade dos sintomas e a resposta ao tratamento. O diagnóstico inclui também uma análise de sintomas como fadiga, distúrbios do sono e problemas neuropsicológicos, para uma abordagem mais completa e precisa (Wolfe et al., 2018).
Os diagnósticos diferenciais da fibromialgia incluem várias condições com sintomas semelhantes, como a síndrome de fadiga crônica, que compartilha fadiga e distúrbios do sono. Doenças reumatológicas, como artrite reumatoide e lúpus, e distúrbios do sono, como apneia e síndrome das pernas inquietas, também devem ser excluídos. Distúrbios neurológicos, como neuropatia e esclerose múltipla, e transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade, podem apresentar dor crônica e fadiga, sendo essenciais no diagnóstico diferencial da fibromialgia (Sarzi-Puttini, 2020).
Embora o entendimento sobre a fisiopatologia da fibromialgia tenha avançado, ainda há muitos desafios, especialmente no que diz respeito à individualização do tratamento e à compreensão completa dos mecanismos envolvidos na sensibilização central e na resposta à dor.
Depressão
A depressão pode afetar indivíduos em qualquer etapa da vida, sendo mais comum em pessoas de meia-idade, mas com um aumento significativo entre adolescentes e jovens adultos. Os transtornos depressivos podem variar de leves a graves, ocorrendo de forma ocasional ou sendo recorrentes e crônicos. Mulheres, devido às oscilações hormonais durante o período fértil, são mais propensas a episódios depressivos (Rufino et al., 2018). Nos Estados Unidos, aproximadamente 70% das prescrições de antidepressivos são direcionadas ao público feminino (Casselli et al., 2021).
Embora seja um transtorno de humor, a depressão envolve quatro grupos principais de sintomas. Além dos emocionais, como tristeza e perda de interesse, há os cognitivos, incluindo pensamentos negativos sobre si mesmo, desesperança e dificuldades de concentração e memória. Os sintomas motivacionais incluem apatia, falta de iniciativa e persistência, enquanto os físicos englobam alterações no apetite e sono, fadiga e aumento das dores físicas. O diagnóstico de depressão exige a presença de uma combinação desses sintomas, sendo mais provável quanto maior o número e a intensidade dos sinais (Nascimento; Santos, 2024).
A tristeza profunda e o desânimo são os sintomas emocionais mais comuns. O paciente frequentemente sente-se sem esperança, abatido, pode chorar constantemente e, em casos mais graves, ter pensamentos suicidas. Além disso, há uma sensação generalizada de insatisfação com a vida, e atividades anteriormente prazerosas perdem seu significado. Muitos pacientes relatam perda de interesse nas atividades e nas relações pessoais, distanciando-se emocionalmente de pessoas próximas (Santos, 2019).
Os sintomas cognitivos da depressão envolvem principalmente pensamentos negativos, baixa autoconfiança e uma intensa sensação de culpa por eventuais fracassos. Os pacientes frequentemente questionam sua capacidade de mudar ou melhorar suas situações (Casselli et al., 2021). No âmbito físico, observam-se alterações no apetite, distúrbios no sono, fadiga constante e perda de energia. O foco do indivíduo tende a se voltar para si mesmo, e pequenos desconfortos físicos podem ser amplificados, levando a preocupações excessivas com a saúde (Santos, 2019).
Diversos estudos destacam o impacto negativo da depressão no desempenho pessoal e as consequências socioeconômicas decorrentes, como a queda significativa na produtividade e, muitas vezes, a necessidade de afastamento das atividades laborais (Nascimento; Santos, 2024). A gravidade e a quantidade dos sintomas ajudam a determinar a intensidade do episódio depressivo, e, em casos moderados ou graves, especialmente com pensamentos suicidas, a internação pode ser necessária. Os sinais iniciais da doença podem passar despercebidos, mas qualquer menção a ideias de autodestruição deve ser levada a sério (Rufino et al., 2018).
O diagnóstico da depressão é baseado na observação de sintomas específicos que se manifestam por determinado período e intensidade, além de considerar a história clínica do paciente. Como a depressão pode ser secundária a outras condições de saúde, é fundamental realizar um diagnóstico diferencial adequado (Casselli et al., 2021). Fatores genéticos e hereditários também desempenham um papel importante, pois a depressão pode estar associada a uma disfunção bioquímica no cérebro. O tratamento principal envolve o uso de medicamentos, embora a psicoterapia também seja recomendada em alguns casos. Além disso, há evidências que mostram que a prática de exercícios físicos pode ajudar a melhorar os sintomas, embora pessoas com predisposição genética não respondam da mesma forma a fatores desencadeantes, como traumas na infância, estresse, doenças como o hipotireoidismo, uso de drogas ou medicamentos como anfetaminas (Nascimento; Santos, 2024).
A depressão pode estar ligada a desequilíbrios de neurotransmissores no sistema nervoso central, especialmente da serotonina e da noradrenalina. Em muitos casos, ela evolui de forma crônica, exigindo tratamento prolongado. Os casos mais leves costumam responder bem à psicoterapia, mas em episódios mais graves, que apresentam benefícios na vida social, emocional e profissional, o uso de antidepressivos é indicado para aliviar os sintomas e controlar a crise (Santos, 2019).
Existem diversos grupos de medicamentos antidepressivos que não geram dependência. Embora o efeito terapêutico desses medicamentos demore entre duas a quatro semanas para se manifestar e possa apresentar alguns efeitos colaterais, a continuidade da restrição é fundamental, às vezes ao longo de toda a vida, para prevenir recaídas. Em certas situações de depressão, podem ser necessários antidepressivos com outras classes de medicamentos, como ansiolíticos e antipsicóticos, para alcançar o resultado desejado (Casselli et al., 2021). Essa condição é considerada séria, e, se não for planejada e planejada, pode levar a complicações graves, incluindo doenças físicas e até risco de suicídio (Rufino et al., 2018).
A depressão é um transtorno complexo que vai além de uma simples tristeza, afetando diversos aspectos da vida do indivíduo, desde as emoções até as funções físicas e cognitivas. Sua natureza multifatorial, envolvendo componentes genéticos, bioquímicos, psicológicos e sociais, torna o diagnóstico e o tratamento desafiadores, exigindo uma abordagem personalizada.
Relação entre a fibromialgia e a depressão
A emoção pode ser descrita como uma resposta imediata, seja automática, inconsciente ou consciente, que se caracteriza por sua intensidade e rapidez. Ela envolve estímulos e impulsos neuronais que orientam o organismo em direção a ações específicas. As emoções atuam como um elo entre o comportamento e o ambiente, podendo ser influenciadas por diferentes fatores (Conte et al., 2018).
De acordo com Cetingok, Seker e Cetingok (2022), pacientes com fibromialgia enfrentam desafios únicos ao tentarem identificar suas emoções. As reações patológicas e fisiológicas associadas à fibromialgia, que incluem dor, fadiga e comprometimento funcional, podem resultar em condições como ansiedade, estresse, depressão e distúrbios de humor, impactando negativamente a qualidade do sono e as funções cognitivas dos indivíduos. Além disso, conforme observado por Vitaliano et al. (2020), a relação entre dor e limitações funcionais reforça a compreensão do funcionamento da síndrome e seu efeito debilitante.
Uma pesquisa realizada por Alciati et al. (2021) revelam uma relação entre fibromialgia e o aumento dos níveis de depressão, especialmente quando há uma restrição da qualidade de vida. Por outro lado, a investigação de Conte et al. (2018) encontraram níveis clinicamente relevantes de estresse, ansiedade e depressão entre os pacientes relatados com fibromialgia.
Ainda não há um acordo claro sobre as causas e o tratamento da fibromialgia, o que muitas vezes leva os pacientes a se sentirem vulneráveis e desamparados, desencadeando diversos processos emocionais, incluindo a depressão. Essa situação pode impactar a qualidade de suas relações familiares, sociais e profissionais. A inter-relação entre fatores físicos, emocionais e sociais enfrentados por indivíduos com fibromialgia sugere uma influência da condição sobre o estado emocional (Cetingok; Seker; Cetingok, 2022).
Para alguns pesquisadores, as alterações de humor não são apenas consequências da síndrome, mas também sintomas intrínsecos à fibromialgia. O estado emocional reflete uma combinação complexa de comportamentos, sentimentos, mentes e condições físicas. Esse estado pode incluir fatores psicológicos, como depressão, raiva e confusão mental, além de variáveis psicossomáticas como fadiga, energia e tensão (Conte et al., 2018).
A fibromialgia está frequentemente ligada a questões psicológicas, como a depressão e outros transtornos de humor. A fibromialgia afeta diretamente a rotina do indivíduo, restringindo sua capacidade de realizar atividades diárias, o que torna a ocorrência de depressão bastante comum (Conte et al., 2018). Esses dados ressaltam a importância de uma abordagem psicológica para pacientes com fibromialgia, prevenir o surgimento de psicopatologias e promover o bem-estar mental.
Um estudo conduzido por Cordeiro et al. (2021) revelou que 80% dos participantes (n=60) apresentaram sinais de depressão. A dor difusa e crônica, característica da fibromialgia, contribui significativamente para essas alterações psicológicas, pois a presença constante de dor pode desencadear transtornos mentais, como depressão e ansiedade, além de transtornos de personalidade. O estresse emocional também influencia um
Além disso, muitos pacientes com fibromialgia tendem a ter uma visão negativa de sua saúde, frequentemente adotando uma postura evitativa e pessimista em relação a si mesmos. Essa percepção pode intensificar ainda mais os efeitos psicológicos da síndrome dolorosa crônica (Vitaliano et al., 2020).
É extremamente reconhecido que indivíduos com sobrepeso tendem a experimentar mais dores musculoesqueléticas em comparação com aqueles que estão dentro da faixa de peso ideal. Além disso, pessoas com excesso de peso frequentemente desenvolvem condições reumáticas, como osteoartrite no joelho, síndrome do túnel do carpo e até fibromialgia. O sobrepeso ou a obesidade são comuns entre pacientes com fibromialgia e podem agravar ainda mais seu quadro doloroso. Esse agravamento está muitas vezes relacionado à depressão, que pode diminuir os limites da dor e aumentar a inatividade física, resultando em funcionalidades funcionais e, consequentemente, na diminuição da qualidade de vida (Alciati et al., 2021).
Outro fator que pode piorar a depressão em indivíduos com fibromialgia são os problemas relacionados ao sono. Questões como insônia, sensação de cansaço ao caminhar, diminuição das horas de sono, aumento no número de interrupções durante a noite, dificuldade em ter um sono reparador e maior madrugada durante o dia, que se manifesta como dificuldade em manter-se acordado, são bastante comuns (Vitaliano et al., 2020). Pesquisas mostram que a gravidade da fibromialgia, bem como a duração e a intensidade dos sintomas, pode afetar a qualidade de vida dos pacientes, prever a dor futura nessa população e agravar os sintomas (Alciati et al., 2021).
A relação entre a fibromialgia e a depressão é complexa, envolvendo tanto aspectos físicos quanto emocionais. A fibromialgia, caracterizada por dor crônica, fadiga e comprometimento funcional, está fortemente associada a transtornos emocionais, incluindo depressão, ansiedade e estresse. Esses transtornos são, em grande parte, uma resposta às limitações impostas pela condição, que afeta negativamente a qualidade de vida, o sono e a capacidade de realizar atividades cotidianas.
METODOLOGIA
Este projeto se dedica a uma revisão bibliográfica de estudos conduzidos com o propósito de analisar a relação entre fibromialgia e depressão, buscando identificar os fatores que contribuem para essa conexão e como ela impacta os pacientes. Assim, para atingir esse objetivo, foi realizado um levantamento de artigos e pesquisas que ofereçam uma abordagem fundamentada na temática.
Além da pesquisa bibliográfica, este estudo adotou uma abordagem de natureza qualitativa. A pesquisa qualitativa não se concentra em dados quantitativos, mas sim nas questões essenciais dentro do domínio científico. Nessa perspectiva, a ênfase recai não na quantificação, mas sim na compreensão do objeto de estudo, embasada em observações e experiências do pesquisador.
Foram efetuadas pesquisas bibliográficas nas plataformas científicas de busca: Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), National Library Of Medicine (PUBMED) e Science Direct. Os termos de busca utilizados foram: “fibromialgia” and “depressão” and “depression” and “fibromyalgia“.
Inicialmente, como critério de inclusão, considerou-se a pertinência do tema em relação ao escopo do estudo, além da análise de publicações dos últimos 6 anos. Para garantir a qualidade das fontes selecionadas, verificou-se se os estudos apresentavam objetivos claros e bem delineados, alinhados com a natureza da pesquisa, e se estavam fundamentados em literatura prévia. Os critérios de inclusão também exigiam que as conclusões dos estudos estivessem em consonância com os resultados apresentados e analisados, proporcionando uma base confiável para a revisão da literatura.
Por fim, os critérios de exclusão foram: artigos que não tivessem texto completo disponível, que não estivessem relacionados à questão norteadora, duplicados ou que apresentassem resultados secundários.
Figura 1 – Fluxograma da metodologia da etapa de seleção e inclusão dos estudos
Fonte: o autor
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos nesta pesquisa refletem os achados de diversos autores que exploram a relação entre fibromialgia e depressão. Santos (2019) destaca que a depressão não apenas coexiste com a fibromialgia, mas intensifica a percepção da dor, criando um ciclo de sofrimento que leva ao agravamento dos sintomas físicos e à redução da qualidade de vida. Essa inter-relação é particularmente preocupante, pois implica que pacientes que já enfrentam a dor crônica da fibromialgia se veem ainda mais sobrecarregados por sentimentos de tristeza, desesperança e baixa autoestima, o que pode resultar em um estado emocional debilitante.
Esse fenômeno é ainda mais complexo quando se considera que a depressão pode mascarar ou acentuar sintomas físicos da fibromialgia, como exaustão e distúrbios do sono, conforme descrito por Conte et al. (2018). A exaustão, por exemplo, pode ser atribuída à falta de sono reparador, uma consequência comum tanto da fibromialgia quanto da depressão. Assim, os pacientes frequentemente relatam uma sensação de fadiga debilitante que pode ser confundida com o que se considera “normal” em condições de dor crônica. Além disso, os distúrbios do sono, como insônia ou sono fragmentado, que são exacerbados pela depressão, agravam ainda mais a percepção da dor, criando um ciclo vicioso que é difícil de quebrar.
Alciati et al. (2021) também indicam que a presença da depressão pode levar a um aumento da incapacidade funcional nos pacientes com fibromialgia. Quando os sintomas de depressão se tornam mais severos, a motivação para realizar atividades diárias diminui, resultando em uma vida social mais limitada e em um aumento da solidão. Esse isolamento pode, por sua vez, contribuir para um agravamento dos sintomas físicos e emocionais, perpetuando o ciclo de dor e sofrimento.
O diagnóstico da fibromialgia e da depressão é desafiador, segundo Cetingok, Seker e Cetingok (2022), devido à sobreposição de sintomas, como dores generalizadas, fadiga e dificuldades cognitivas. Essa confusão pode atrasar o início de um tratamento eficaz, uma vez que os sinais e sintomas de ambas as condições frequentemente se misturam. Por exemplo, a dor crônica relatada por pacientes com fibromialgia pode ser subestimada quando os sintomas da depressão dominam a apresentação clínica. A experiência da dor e a fadiga, que não melhora com o descanso, pode complicar ainda mais o diagnóstico e dificultar a adesão ao tratamento, criando um ciclo de deterioração do bem-estar físico e emocional.
Diante dessa complexidade, é essencial realizar uma avaliação cuidadosa e multidisciplinar para diferenciar e tratar adequadamente essas condições. Profissionais de saúde, incluindo médicos, psicólogos e fisioterapeutas, devem colaborar para obter uma visão mais abrangente do quadro clínico dos pacientes. Além disso, é importante que esses profissionais estejam preparados para reconhecer a inter-relação entre sintomas físicos e emocionais, promovendo um cuidado integrado. Essa abordagem não apenas facilita diagnósticos mais precisos, mas também acelera a implementação de intervenções eficazes, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos afetados.
No tocante aos tratamentos, os resultados da pesquisa indicam que tratamentos que se concentram apenas no alívio da dor, sem considerar os aspectos emocionais dos pacientes, têm mostrado ser ineficazes na gestão da fibromialgia e da depressão. Segundo Alcinati et al. (2021) essa constatação é relevante, pois muitos pacientes buscam ajuda primariamente para o controle da dor, mas frequentemente as intervenções propostas não abordam o impacto psicológico da condição. Ignorar a conexão entre dor física e sofrimento emocional resulta em um ciclo de frustração e agravamento dos sintomas, o que reforça a necessidade de uma abordagem mais holística no tratamento.
Os autores ressaltam a importância de integrar intervenções psicológicas e físicas para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados. A incorporação de práticas como exercícios moderados, terapia cognitivo-comportamental e técnicas de manejo do estresse pode ser especialmente benéfica. Essas abordagens não apenas aliviam os sintomas físicos, mas também ajudam a lidar com questões emocionais, como ansiedade e depressão. Ao adotar um modelo de tratamento integrado que considere as complexas interações entre a saúde física e emocional, os profissionais de saúde podem oferecer um suporte mais eficaz, promovendo a recuperação e melhorando a qualidade de vida dos pacientes..
A importância do suporte social também se destacou entre os achados, alinhando-se às conclusões de Santos (2019). O suporte da família e da comunidade tem mostrado uma influência positiva no enfrentamento tanto da fibromialgia quanto da depressão, resultando em uma melhor resposta ao tratamento. Isso sugere que, além dos cuidados médicos e psicológicos, o envolvimento de uma rede de apoio social pode ser um elemento essencial no processo de recuperação e de manejo da doença.
Em síntese, os resultados da pesquisa reforçam a ideia de que o tratamento da fibromialgia deve ir além da simples gestão dos sintomas físicos. Para obter resultados mais eficazes, é necessário um enfoque terapêutico que contemple também as questões emocionais e o suporte social, promovendo uma intervenção mais holística e eficaz para esses pacientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, os resultados desse trabalho confirmam que o problema de pesquisa, evidenciando a relação significativa entre fibromialgia e depressão. Os resultados obtidos demonstraram que a alta prevalência de transtornos depressivos em pacientes com fibromialgia está interligada à intensificação da percepção do dor e à redução da qualidade de vida. Uma pesquisa destacou que a coexistência dessas condições muitas vezes torna o diagnóstico desafiador, devido à sobreposição de sintomas.
Os objetivos propostos foram exercícios para explorar essa relação e suas implicações no tratamento. Os dados indicaram que os tratamentos convencionais, que se concentram apenas no intervalo da dor, não são suficientes, ressaltando a necessidade de uma atenção integrada que inclui intervenções psicológicas. A inclusão de terapias complementares e suporte psicológico demonstra um impacto positivo nos sintomas e na qualidade de vida dos pacientes.
Além disso, uma pesquisa evidenciou a importância do suporte social no enfrentamento da fibromialgia e da depressão. Pacientes que recebem apoio de familiares e da comunidade receberam uma melhor resposta ao tratamento, destacando a relevância de considerar os aspectos emocionais e sociais no manejo dessas condições.
Em resumo, os resultados obtidos reforçam a necessidade de uma prática clínica que considere a totalidade do paciente, integrando cuidados médicos, psicológicos e sociais. Essa abordagem é fundamental para o manejo eficaz de indivíduos que lidam com fibromialgia e depressão, contribuindo para uma melhoria significativa na qualidade de vida e no enfrentamento dessas condições.
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