REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8057763
Artur Henrque Gomes¹
Matheus Rodrigues
Melyssa Silva Coimbra Chaves¹
Stéfany Alvarenga Silva¹
Thalita Suellen Pereira Rodrigues¹
Eduardo Nogueira Cortez²
1. INTRODUÇÃO
As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) afetam diretamente a saúde pública e são avaliadas como um dos problemas mais comuns. A sífilis é uma IST, causada pelo patógeno Treponema pallidum e sua principal forma de transmissão é a sexual, mas também pode ser transmitida verticalmente, contaminação por transfusão sanguínea e contato com secreções mucocutâneas, sendo dividida em três etapas: primária, secundária, terciária e congênita, com patogenia que afetam tecidos e órgãos e tendem a evoluir com o tempo e que apesar de oferecer um tratamento simples e fácil, continua sendo uma doença grave que requer atenção, principalmente quando relacionada a transmissão vertical (LAFETÁ et al., 2016; SILVA et al., 2019). Quando esta infecção atinge mulheres grávidas e não recebem tratamento adequado ou eficaz, elas correm o risco de transmiti-la ao embrião ou feto. Será chamada de sífilis congênita. Portanto, é importante ressaltar que a transmissão vertical pode ocorrer em qualquer fase da gestação ou durante o parto e possui grande importância na saúde pública, pois aumenta o risco de infecção pelo HIV (CUNHA et al., 2016).
A sífilis congênita de mãe para filho por via placentária, pode acontecer em qualquer momento da gestação ou estágio clínico da doença não tratada de forma adequada, e até mesmo no parto. As consequências são diversas, entre elas, alterações no desenvolvimento do feto, comprometimento neurológico, cardiovascular e na parte óssea, além de aborto, prematuridade a até morte fetal (COSTA, et al, 2022).
No ano de 2016, foram notificados 37.436 casos de sífilis congênita em gestantes no Brasil, notadamente na região Sudeste (46,9%), seguida pelas regiões Nordeste (17,7%) e Sul (17,5%). Nesse mesmo ano, notificaram-se 20.474 casos de sífilis congênita, havendo, no biênio 2015-2016, incremento de 4,7% no número de notificações de transmissão vertical no país, destacando-se o aumento observado nas regiões Norte (21,2%), Sul (13,8%) e Centro-Oeste (5,9%). É uma doença de notificação compulsória, com aumento e 28,3% comparado com 2019 (BRITO, 2016). De acordo com os dados mais recentes disponíveis no site do Ministério da Saúde do Brasil, referentes ao ano de 2021, foram notificados 13.754 casos de sífilis congênita no país até o mês de agosto. Esse número representa uma redução em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram notificados 17.473 casos (BRASIL, 2021).
No entanto, ainda de acordo com o ministério da Saúde (MS) (2021) vale ressaltar que os dados de 2021 ainda são parciais e podem sofrer alterações conforme novas notificações forem sendo realizadas. Além disso, mesmo com a redução, a sífilis congênita ainda é um problema de saúde pública no Brasil e exige atenção e investimentos por parte das autoridades de saúde para sua prevenção e tratamento adequado.
Há de se destacar que a sífilis congênita é considerada, em termos epidemiológicos, indicador da qualidade da assistência pré-natal de uma população garantindo que todas as gestantes tenham acesso adequado ao pré-natal de qualidade (COSTA, et al, 2022). O objetivo deste estudo foi descrever fatores relacionados para ocorrer a sífilis congênita e o conhecimento do enfermeiro sobre as estratégias de prevenção e tratamento através da revisão de literatura.
2. METODOLOGIA
Este estudo foi uma revisão narrativa da literatura, que de acordo com Brum e colaboradores (2015), o principal objetivo pode ser tanto o aprimoramento de ideias, quanto a descoberta de intuições, o que o torna uma opção bastante flexível, gerando, na maioria dos casos, uma pesquisa sistemática ou um estudo de caso. Neste sentido a pergunta norteadora deste estudo foi quais fatores relacionados para ocorrer a sífilis congênita e o conhecimento do enfermeiro sobre as estratégias de prevenção e tratamento?
Para responder essa pergunta norteadora foi utilizado o acrônimo PECOS, Sendo P (População: Enfermeiro); E (Exposição: sífilis congênita); C (Comparação: Não se aplica), Outcome (Desfecho: Conhecimento do enfermeiro sobre a sífilis congênita) e S (study – tipos de estudos: Observacionais e de intervenção). Para identificar os descritores em saúde que determinaram as palavras-chave foi utilizado site do DeCS/MESH, e evidenciado os seguintes termos: “Sífilis Congênita”; Sífilis; “Perfil de Impacto da Doença”; “Fatores de Risco”; “Conhecimento” e os operadores booleanos utilizados foram “AND” e “OR”, gerando a seguinte equação de busca, como exemplo no site da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS): Sífilis Congênita OR Sífilis OR Sífilis Congênita AND Perfil de Impacto da Doença OR Conhecimento AND Fatores de Risco.
Para a busca dos artigos foram utilizadas as bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe e Ciências da Saúde (LILACS) e na Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (MEDLINE) e Scientific Electronic Library Online (SciELO).
Como critérios de inclusão foi considerado todos os artigos publicados nas bases de dados informadas, dos anos de 2013 a 2022, com texto completo disponível, publicados em revistas indexadas e no idioma português e inglês. Os critérios de exclusão foram os artigos não relacionados ao tema; artigos de opinião e de revisões de literatura; relatórios; editoriais e literatura cinzenta. Artigos duplicados nos bancos de dados foram consideradas uma única versão para a análise, artigos publicados fora do tempo estabelecido e/ou que não contenha o texto na integra.
Para conseguir realizar a categorização dos dados pesquisados, foi utilizado um método no qual é feita por meio da sequência de duas fases. Fase 1: após finalizar a busca dos dados, assim como a leitura do resumo e conclusão dos artigos, confirmando que estes estejam dentro dos critérios de inclusão desta pesquisa, foi utilizada uma ficha de seleção dos dados para análise. Esta ficha teve como objetivo sintetizar esta seleção, sendo possível de visualizar os motivos de exclusão.
Na fase 2, foi realizado uma leitura completa de todos os artigos/relatos, garantindo se os dados possuem o conteúdo esperado, se sim elas são introduzidas para suceder-se a análise, caso contrário são excluídas. Depois de conferir se as publicações estavam em conformidade com o objeto de pesquisa feita na etapa anterior, foi o momento de partir para a discussão dos principais resultados na pesquisa convencional. Realizando a comparação com o conhecimento teórico, a identificação das conclusões e implicações resultantes da revisão, enfatizando as diferenças e similaridades entre os estudos.
3. RESULTADOS
Figura 1: Fluxograma para seleção dos artigos.
Foram encontrados inicialmente 55 estudos nas bases de dados pesquisadas. Após a leitura dos títulos 35 artigos foram excluídos por apresentarem-se repetidos em mais de uma base. Após a leitura dos resumos, 12 foram excluídos por tratar-se de artigos e resenhas de livro que não respondessem o estudo em questão. Ficando com um total de 8 artigos.
Quadro 1: Sumarização dos resultados.
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
DISCUSSÃO
O estudo de Sánchez et al. (2021) teve como objetivo analisar as características clínicas e epidemiológicas da sífilis congênita em um hospital universitário na Colômbia. Os resultados mostraram que a sífilis congênita foi mais comum em gestantes jovens, com baixa escolaridade e sem acompanhamento pré-natal adequado, ressaltando a importância do acesso aos serviços de saúde para prevenir a transmissão vertical da doença.
O estudo de Lima et al. (2019) abordou as estratégias para o diagnóstico precoce e tratamento da sífilis congênita em unidades básicas de saúde. Os resultados mostraram que a realização de testes rápidos de sífilis em gestantes e seus parceiros durante o pré-natal, seguida de tratamento imediato em caso de diagnóstico positivo, pode reduzir significativamente o número de casos de sífilis congênita.
O estudo de Pereira et al. (2018) teve como objetivo identificar os fatores de risco para a transmissão vertical da sífilis congênita em maternidades de Belo Horizonte, Minas Gerais. Os resultados indicaram que a falta de acompanhamento pré-natal adequado, o diagnóstico tardio da sífilis durante a gestação e a falta de tratamento adequado da mãe foram os principais fatores de risco para a transmissão vertical.
E quanto a situação epidemiológica da sífilis congênita, em o estudo de Bessa e colaboradores (2016) analisaram em uma capital do Nordeste do Brasil demonstrou um aumento significativo na taxa de detecção de sífilis congênita entre 2011 e 2014, destacando a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença. Em conjunto, esses estudos reforçam a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento adequado da sífilis congênita para prevenir seus impactos negativos no desenvolvimento fetal e na saúde materna.
O estudo de Pires et al. (2021) teve como objetivo analisar a prevalência e os fatores associados à sífilis congênita em uma maternidade pública em Salvador, Bahia. Os resultados indicaram que a prevalência de sífilis congênita foi de 1,7% no período estudado e que a falta de acompanhamento pré-natal adequado e o tratamento inadequado da mãe foram os principais fatores associados à transmissão vertical da doença. Esse estudo é importante para orientar as políticas públicas de saúde para prevenção da sífilis congênita na região.
O estudo de Silva et al. (2019) teve como objetivo avaliar o impacto da introdução do teste rápido de sífilis em gestantes no pré-natal. Os resultados 8 mostraram que a introdução do teste rápido levou a uma melhoria no diagnóstico e tratamento da sífilis congênita, reduzindo o número de casos na população estudada. Esse estudo reforça a importância da realização de testes rápidos de sífilis durante o pré-natal para prevenção da transmissão vertical da doença.
O estudo de Rocha et al. (2018) teve como objetivo realizar uma análise descritiva dos casos de sífilis congênita notificados no estado do Pará entre 2007 e 2014. Os resultados mostraram que a maioria dos casos ocorreu em gestantes jovens, de baixa renda e com baixa escolaridade. A falta de acompanhamento pré-natal adequado e o diagnóstico tardio foram os principais fatores associados à transmissão vertical da doença. Esse estudo fornece informações importantes sobre os fatores de risco para a sífilis congênita na região e reforça a necessidade de fortalecer as ações de prevenção e diagnóstico precoce.
Por fim, o estudo de Cunha et al. (2016) teve como objetivo realizar um estudo de caso-controle em uma maternidade de referência em Fortaleza, Ceará. Os resultados indicaram que a falta de informação e orientação sobre a importância do pré-natal e do tratamento adequado foram fatores de risco para a transmissão vertical da sífilis. A realização do teste rápido de sífilis em gestantes e parceiros foi apontada como uma estratégia eficaz para a prevenção SECUNDÁRIA da doença. Esse estudo reforça a importância da conscientização da população sobre a sífilis congênita e a implementação de estratégias eficazes para prevenção e controle da doença.
Uma das intervenções efetivas para o controle da sífilis congênita inclui o acompanhamento durante as consultas de pré-natal, sendo que a sorologia deve ser coletada durante o primeiro e terceiros trimestres de gestação, preferencialmente na primeira consulta de pré-natal, com o objetivo de identificar precocemente os casos presumíveis de sífilis. A sífilis, portanto, incorpora as gestantes aos planos de tratamento para proteger o feto. Devido à possibilidade de infecção em gestantes após o teste inicial, o teste não treponêmico deve ser repetido no terceiro trimestre (DOMINGUES et al., 2014; LAFETÁ et al., 2016).
No entanto, os testes de VDRL são realizados em pequeno número ou apenas durante o pré-natal. Portanto, considerou-se o número de casos em gestantes que não foram reavaliadas no terceiro trimestre. Indiscutivelmente, a baixa cobertura do teste de sífilis em gestantes pode estar relacionada às limitações enfrentadas pelos serviços de saúde, uma vez que o rastreamento não está disponível em alguns locais, 9 ou as gestantes não estão recebendo retornos para atendimento médico. Produz resultados em tempo hábil (SILVA et al., 2015).
O diagnóstico precoce da sífilis na gravidez é fundamental para o manejo da gestante. A porcentagem de acertos detectados é muito próxima de 100%. Os profissionais das Estratégias de Saúde da Família (ESFs) podem não compreender o controle da sífilis materna, sugerindo que a ação precisa ser aprimorada por meio de treinamento e educação continuada com base na supervisão para promover a qualidade da assistência às gestantes no tratamento da doença (FEITOSA et al, 2016).
O estudo de Martins et al. (2020) teve como objetivo realizar uma revisão integrativa sobre as estratégias de prevenção e controle da sífilis congênita no Brasil. Os resultados mostraram a importância de fortalecer as ações de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença no país, com a ampliação do acesso aos testes rápidos e à penicilina benzatina.
Esse estudo contribui para a discussão sobre as políticas públicas de saúde e as estratégias de prevenção da sífilis congênita no Brasil. Ao descrever o pré-natal para prevenção da transmissão vertical da sífilis, é compreensível que seja necessária a introdução de estratégias inovadoras para melhorar as redes de apoio diagnóstico para o enfrentamento e cuidado da doença das gestantes e seus parceiros. Também é importante para a investigação e prevenção de casos, melhorando a qualidade da assistência pré-natal (SILVA et al, 2015).
A sífilis congênita é uma condição séria que ocorre quando um feto é infectado com a bactéria Treponema pallidum durante a gravidez. Vários fatores estão relacionados ao desenvolvimento dessa doença. O principal fator é a transmissão materno-fetal. Quando uma mãe grávida está infectada com sífilis, a bactéria pode ser transmitida para o feto durante a gestação. Isso pode ocorrer através do compartilhamento de sangue e outros fluidos corporais entre a mãe e o feto.
O estágio da doença materna também desempenha um papel importante. A probabilidade de transmissão da sífilis congênita é maior se a mãe estiver em estágios mais avançados da doença. Isso inclui a sífilis primária, secundária e latente recente. A falta de tratamento adequado é outro fator crucial. Quando a sífilis em mulheres grávidas não é diagnosticada ou tratada precocemente, o risco de transmissão para o feto aumenta significativamente. O tratamento adequado com penicilina é essencial para prevenir a transmissão da sífilis congênita (SILVA et al, 2015).
Além disso, a realização de testes de triagem adequados durante o pré-natal é fundamental. A falta de sorologia adequada para detecção da sífilis em mulheres grávidas pode levar a diagnósticos tardios ou até mesmo à falta de diagnóstico da doença. É essencial que as gestantes realizem testes de sorologia regularmente para identificar a sífilis em estágios iniciais e iniciar o tratamento apropriado (CUNHA; HAMMANN, 2015).
O uso de drogas ilícitas também pode ser um fator de risco. O uso de drogas injetáveis, como heroína, aumenta a probabilidade de infecção por sífilis e outras doenças infecciosas. Mulheres grávidas que fazem uso dessas substâncias têm maior probabilidade de transmitir a sífilis congênita ao feto. Em resumo, a sífilis congênita pode ser causada por uma combinação de fatores, incluindo transmissão materno- fetal, estágio da doença materna, ausência de tratamento adequado, falta de sorologia durante o pré-natal e uso de drogas ilícitas. A conscientização sobre esses fatores é crucial para prevenir a transmissão da sífilis congênita e garantir a saúde dos bebês (SILVA et al, 2015).
Conhecimento do enfermeiro sobre as estratégias de prevenção e tratamento
O estudo de Costa e colaboradores (2022) teve como objetivo realizar uma revisão integrativa da literatura sobre a sífilis congênita, identificando o conhecimento sobre a doença e destacando a importância da prevenção e diagnóstico precoce. As pessoas com sífilis são afetadas por alterações físicas, sociais e psicológicas, e seu comportamento afeta a forma como o corpo combate à doença. Como exemplo as mudanças de hábitos, em que pessoas que ficam acordados até tarde, reduz a eficácia do sistema imunológico (CUNHA; HAMMANN, 2015).
Em relação ao conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre a sífilis na gravidez, Cunha e Hammann (2015) mostraram que o maior número de profissionais de saúde conhece o manual do MS para prevenção da sífilis congênita. Notadamente, o uso desse material no pré-natal pode orientar as gestantes no tratamento e diagnóstico precoces e, em última instância, ser utilizado como indicador epidemiológico da transmissão vertical.
Para mensurar a incidência de sífilis congênita ao nascimento e investigar fatores associados à transmissão vertical, em 2016 foi realizado um inquérito com 23.894 puérperas com base em dados fornecidos em entrevistas hospitalares, prontuários e cartões de pré-natal. Foi realizada regressão logística univariada para verificar os fatores associados e encontraram à baixa escolaridade materna e pele escura, o que resultou em início mais tardio do pré-natal, menos consultas e menos 11 testes sorológicos. A mortalidade fetal foi seis vezes maior entre os neonatos com maior frequência de casos de sífilis congênita e internações. Esse transtorno está associado a maior vulnerabilidade social (FEITOSA et al, 2016).
Em relação ao tratamento com parceiro, é importante solicitar um VDRL e tratar de acordo com os resultados. Devido ao risco de reinfecção, o tratamento da mãe e do parceiro torna-se o fator decisivo, e a não adesão ao tratamento do parceiro pode levar ao tratamento inadequado da mãe, podendo levar à doença fetal (MELO et al, 2011).
No caso da sífilis sexual, o parceiro e a gestante receberão o mesmo tratamento independente da apresentação clínica. No caso de sífilis secundária e terciária, o parceiro será tratado após avaliações clínicas e laboratoriais para que sejam tratados apenas aqueles diagnosticados com sífilis (SILVA et al, 2019).
As condições identificadas associadas ao alívio da sífilis congênita sugerem que novas estratégias são necessárias para mitigar a transmissão vertical da sífilis. Dentre estes, há a necessidade de melhorar a qualificação dos profissionais de saúde nas notificações de vigilância epidemiológica (AZEVEDO et al., 2019).
Entretanto, na pesquisa de Silva e colaboradores (2014) o treinamento específico dos enfermeiros não parece afetar o desempenho no trabalho. Assim, para compreender os resultados obtidos a partir do programa de formação contínua, mostra-se que não há diferença entre enfermeiros que participaram em formação anterior e aqueles que não concluíram a formação, ou seja, o desenvolvimento em termos de enfermeiros qualificados só é possível com a implantação do sistema de educação continuada.
Nesse sentido, ainda de acordo com a contribuição da pesquisa de Silva e colaboradores (2014), durante a formação acadêmica em saúde, é importante considerar a forma como as informações e o conhecimento sobre as doenças de notificação compulsória são disseminados, argumentando que a responsabilidade de identificar e investigar doenças não é dos médicos é responsabilidade exclusiva de todos os profissionais de saúde. É importante lembrar que o enfrentamento dessa infecção se torna pré-requisito para a qualidade do aconselhamento pré-natal. Destes, os enfermeiros devem esclarecer eventuais deficiências na resposta à sífilis congênita (COSTA et al, 2013).
Dessa forma, as percepções dos enfermeiros sobre as alterações no sistema imunológico do paciente devem ser apoiadas para que medidas preventivas possam 12 ser tomadas (CUNHA; HAMMANN, 2015), além de um entendimento correto sobre prevenção e controle da sífilis congênita (SILVA et al, 2015).
Considerando que muitos profissionais nunca foram capacitados em nenhum tipo de assunto sobre sífilis, vale destacar a importância dos programas de educação continuada propostos pelo setor de educação continuada da instituição para práticas continuadas em saúde baseadas em conceitos científicos, pois na maioria dos casos, foram motivados para participar de treinamentos, retrucando que não houve melhora em sua experiência profissional e que eram muito teóricos (MELO et al., 2011).
É importante que a equipe assistencial seja regularmente treinada no tratamento da sífilis e sífilis congênita para que não sejam tomadas ações inadequadas no atendimento à população. Os profissionais devem, portanto, reconhecê-los e valorizá-los como base para o desenvolvimento das atividades de enfermagem (BASSO et al., 2012).
CONCLUSÃO
Todos esses estudos contribuem para a compreensão dos fatores relacionados à transmissão vertical da sífilis congênita. As estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento adequado da doença são fundamentais para prevenir a transmissão vertical e reduzir os seus impactos negativos na saúde materna e fetal.
Além disso, esses estudos também destacam a importância da sensibilização da população e da implementação de políticas públicas eficazes para combater a sífilis congênita. É preciso investir em ações de educação e informação para que as gestantes e familiares possam compreender os riscos da doença e buscar atendimento adequado.
Com base nesses achados, recomendamos ações como aprimoramento das políticas de saúde, com ênfase na capacitação dos profissionais de saúde, melhoria do acesso a testes de triagem adequados e implementação de estratégias educativas direcionadas a gestantes. O enfermeiro desempenha um papel crucial na prevenção da sífilis congênita. Por meio de suas habilidades, conhecimentos e cuidados, pode contribuir para a redução dos casos e garantir a saúde dos bebês. Portanto, encorajamos a aplicar essas informações em sua prática profissional e a colaborar ativamente na conscientização e prevenção dessa condição.
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¹Acadêmicas do Centro Universitário UNA de Bom Despacho
²Professor do Centro Universitário UNA de Bom Despacho