FATORES RELACIONADOS À ADESÃO VACINAL CONTRA A COVID-19 ENTRE OS TRABALHADORES DE SAÚDE: REVISÃO SISTEMÁTICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202503251057


Luciana Pereira da Silva1
Sheila De Castro Cardoso Toniasso2
Maria Carlota Borba Brum3
Ingrid Beatriz Abreu Mota Fonseca4
Orientadora: Daiane Dal Pai5


RESUMO 

Promover uma maior adesão à vacinação contra a COVID-19 e outras doenças é fundamental para a saúde global. A adesão dos profissionais de saúde à vacinação pode ser influenciada por várias razões, incluindo preocupações que vão desde a desinformação até os eventos adversos. É essencial promover uma cultura de confiança na ciência e na medicina baseada em evidências para garantir a adesão à vacinação. Este estudo realizou uma revisão sistemática da literatura para identificar os fatores relacionados à adesão dos trabalhadores da saúde na campanha de vacinação contra a COVID-19. Foram utilizados nas estratégias de busca os descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e nas Áreas de 

Assuntos Médicos (MeSH): (“health workers” OR “healthcare professional”) AND (“COVID-19”) AND (“vaccination” OR immunization”). Foram pesquisados nas bases de dados PubMed, LiLacs, Embase, SciELO e Scopus, buscando estudos publicados entre janeiro de 2021 e janeiro de 2024. As taxas de adesão variaram de 21% e 95%, variando entre os países e os grupos profissionais. Fatores como profissão e experiências pessoais influenciaram a decisão dos profissionais de saúde em se vacinar. As preocupações com segurança e eficácia, desinformação e questões logísticas foram identificadas como principais motivadores para a não adesão vacinal entre os profissionais de saúde. Estratégias de comunicação e educação são essenciais para promover uma maior confiança nas vacinas e garantir a adesão máxima à vacinação contra a COVID-19. 

Descritores: Vacinas; COVID-19; Imunização; Trabalhadores da Saúde. 

INTRODUÇÃO 

A fim de reduzir os efeitos da pandemia e os altos índices de transmissibilidade, foram usadas várias estratégias, mas a imunização foi sem dúvida a estratégia mais eficaz na prevenção do COVID-19. Essa estratégia foi usada em outros casos de erradicação de doenças e é um excelente método para reduzir a propagação da doença. A imunização não apenas protege o indivíduo, mas também evita a propagação da doença infecciosa e reduz os agravos¹. 

A vacinação contra a COVID-19 desempenhou um papel de proteção contra o adoecimento de trabalhadores da área da saúde, reduzindo o risco ocupacional de contrair a doença. É fundamental que os profissionais de saúde tenham confiança na segurança e eficácia das vacinas disponíveis, pois foram desenvolvidas por meio de extensos processos de pesquisa, testes clínicos e revisões realizadas pelas autoridades regulatórias².  

Por meio da vacinação é possível reduzir os custos associados ao diagnóstico, tratamento e controle de infecções. Trata-se de uma importante medida para os trabalhadores de saúde que estão expostos a microrganismos diariamente, direta ou indiretamente³.  

Segundo o Ministério da Saúde do Brasil em 2020, movimentos anti-vacinas e notícias falsas sobre vacinas contra o COVID-19 aumentaram os fatores determinantes da adesão à vacinação entre os trabalhadores de saúde, causando insegurança e medo entre os profissionais de saúde. A disponibilidade de informações precisas e fundamentadas em evidências sobre os benefícios das vacinas é fundamental para promover a saúde₄₅₆⁴. 

Diversos fatores podem influenciar a adesão dos trabalhadores de saúde à vacinação, incluindo preocupações com a segurança e eficácia das vacinas, acesso adequado à vacinação, desinformação, questões logísticas, em diferentes níveis, regiões e grupos de trabalhadores. Por isso é fundamental continuar promovendo uma cultura de confiança na ciência e na medicina baseada em evidências, além de garantir que as informações sobre as vacinas sejam acessíveis e fáceis de entender para todos, colocando a prevenção, com o uso das vacinas em primeiro lugar⁵. 

A adesão dos trabalhadores de saúde à vacinação é um desafio multifatorial, que também deve ser enfrentado com diálogo, educação e embasada em evidências científicas que desempenham papéis essenciais gerando atitudes seguras e responsabilidade social⁶-⁷. 

As principais vacinas contra a COVID -19 que foram aprovadas para uso emergencial ou aprovação total, em várias partes do mundo são as seguintes: PfizerBioNTech: Vacina AnmRNA que requer duas doses. Coronavac: Uma vacinação inativada contra o vírus que também é necessária em duas doses. AstraZeneca: Uma vacina de vetor viral que muitas vezes necessita de duas doses. Johnson & Johnson (Janssen): Uma vacina de dose única. Em relação aos efeitos adversos mais significativos, é fundamental observar que estes possam variar de pessoa para pessoa e que a maioria dos efeitos adversos são leves e desaparecem em pouco tempo. Os mais comuns, de categoria leve são: dor no local da injeção, fadiga, dor de cabeça, calafrios, febre e dores musculares. Os eventos adversos raros, como anafilaxia são considerados de categoria grave ⁸-⁹. 

Mesmo com os eventos adversos, a vacinação vai além de proteger os trabalhadores de saúde, a imunização é crucial para reduzir a propagação do vírus e proteger os pacientes mais vulneráveis. Portanto, incentivar os trabalhadores da saúde a se vacinar continua sendo uma prioridade nas políticas de saúde pública em âmbito global. Desse modo, esta revisão se torna relevante para identificar na literatura os fatores relacionados à adesão dos trabalhadores de saúde à campanha de vacinação contra a COVID-19 em publicações científicas. 

MATERIAL E MÉTODO 

A pergunta de investigação foi baseada na estratégia PICO (População, Intervenção, Controle e Resultados): Quais os fatores relacionados à adesão dos trabalhadores da saúde à campanha de vacinação contra a COVID-19? Trata-se de uma revisão sistemática da literatura que segue as recomendações do Guia Internacional PRISMA-SCR26 – Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses – estão no centro desta revisão¹º. 

Os descritores do estudo foram estabelecidos usando terminologia padronizada nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e nas Áreas de Assuntos Médicos (MeSH) utilizando a seguinte estratégia: (“health workers” OR “healthcare professional”) AND (“COVID-19”) AND (“vaccination” OR immunization”). As estratégias de busca foram implementadas nas bases de dados PubMED, LiLacs, Embase, SciELO e Scopus.  

Critérios para inclusão foram estudos disponíveis de forma gratuita, completos e disponíveis eletronicamente nos idiomas inglês, português e espanhol, publicados entre janeiro de 2021 e janeiro de 2024. Editoriais, relatos de experiência, artigos duplicados, resumos e publicações que não incluíssem palavras como “vacinação”, “COVID-19” ou “Trabalhadores de Saúde” foram excluídos.  

Os artigos foram removidos e exportados para o aplicativo gratuito da web Rayyan (Revisão Sistemática Inteligente). Após isso, dois revisores avaliaram os títulos e resumos, mantendo anonimizados os resultados. Somente os artigos que atendiam aos critérios definidos foram disponibilizados ao revisor pelo método triplo cego. Em seguida, todos os artigos listados foram lidos na íntegra, e os estudos que não estavam relacionados ao tema foram excluídos. Os revisores chegaram a um consenso sempre que surgiram dúvidas ou discordâncias sobre a inclusão ou exclusão de artigos, garantindo a validade e imparcialidade dos resultados de forma consensual. 

Os estudos foram categorizados e extraídos dos textos completos dos estudos e foram registrados em um formulário padronizado do Microsoft Excel. Nesses registros, incluímos informações como o título do artigo, o URL, o autor, o ano, o país, o tipo de estudo, o delineamento, a população, o tamanho da amostra, o objetivo do estudo e os resultados.  

Para analisar os dados sobre a adesão dos profissionais de saúde à vacinação contra a COVID-19, utilizamos a metodologia proposta por Bardin. Essa análise consistiu em três etapas: a pré-análise e análise inicial; a segunda fase envolveu a investigação do conteúdo, classificação e codificação; e a terceira fase concentrou-se na análise dos resultados, deduções e interpretações¹¹. 

RESULTADOS 

Ao longo da fase de busca, 74 pesquisas indexadas em artigos científicos foram encontradas nas buscas em bancos de dados. A maioria dessas pesquisas foi encontrada no SciELO, seguida pelo PubMed em termos de quantidade. Sendo as bases de dados: 20 artigos na PubMed, 15 na LILACS, 4 na EMBASE, 28 na SciELO e 7 na Scopus. Foram encontrados 74 artigos válidos após uma seleção criteriosa baseada nos idiomas inglês e português, bem como nos anos de publicação. Apenas um estudo, em italiano, e os demais disponíveis em inglês. Como demonstra a análise da distribuição por ano de publicação, a maioria das pesquisas abrangidas foram publicadas entre os anos de 2021 e 2024. Após a exclusão das duplicatas, foram encontrados 71 estudos indexados; isso indica que apenas três estudos dentre os que foram identificados inicialmente foram repetidos.  

Os 13 artigos elegíveis, após a análise dos títulos e resumos, realizados por dois revisores independentes, foram considerados adequados para serem incluídos, enquanto 56 foram excluídos nesta fase. Isso indica que vários estudos não preencheram os requisitos de título e resumo na primeira seleção. Apenas 3 dos treze estudos avaliados foram considerados não elegíveis devido ao fato de não atenderem aos critérios estabelecidos, restando 10 artigos contemplados. Isso mostra que, após uma análise completa do texto, a maioria dos estudos escolhidos com base no título e resumo foram aprovados, com elegibilidade.  

O estudo mostra que a avaliação inicial centrada no título e resumo foi essencial para reduzir a quantidade de pesquisas a serem evidenciadas em sua totalidade, sendo excluindo a maioria. Observa-se que os critérios de inclusão ajudaram a selecionar estudos relevantes para uma revisão sistemática. A Figura 1 mostra o processo de seleção, que corresponde ao fluxograma PRISMA. 

Figura 1 – Fluxograma de identificação dos estudos incluídos na revisão.

Fonte: Fluxograma PRISMA adaptado. 

Como segue na tabela, analisou-se questões relacionadas ao local de origem da pesquisa, ano de publicação, população de estudo, e o método do estudo da coleta dos dados. 

Tabela 1 – Distribuição dos estudos selecionados conforme país de origem, ano de publicação, população e método. Porto Alegre, 2024.

Fonte: Elaboração própria.

Devido à diversidade de realidades, contextos e métodos utilizados para abordar a adesão à vacinação, os artigos publicados variaram geograficamente. Eles incluem os seguintes países:  Omã, Peru, Uganda, China, Etiópia, Itália e África. Observou-se que a indexação dos artigos científicos está principalmente baseada no continente Europeu, seguida do continente Asiático e África. 

Os resultados quantitativos indicaram que as publicações foram de 20% no ano de 2021, 40% em 2022, 20% em 2023 e 20% no ano de 2024, respectivamente. Podendo indicar que, devido à importância do assunto, há uma necessidade crescente de publicações. 

A população do estudo concentra-se nos profissionais da saúde, tendo como curiosidade que dos 10 artigos, apenas 4 especificaram médicos e enfermeiros e um dos artigos abordou especificamente os fisioterapeutas como população dos estudos. Esses números indicam variações das especificações da população de estudo nos artigos analisados, pois como se identificou a base das publicações, sendo do continente Europeu e Asiático, em que os profissionais da saúde são todos classificados como profissionais de nível superior. 

A coleta dos artigos foi 100% online. De acordo com os métodos de pesquisa abordados nos artigos, 10% eram revisões sistemáticas e 90% eram revisões associadas à revisão sistemática e à meta-análise. Essas abordagens, têm por característica a integração dos resultados, e estavam dentro dos critérios de seleção, identificando a variedade metodológica, e obtendo uma proporção considerável de artigos usando métodos de síntese de evidências, como revisões sistemáticas e meta-análises. 

Após a leitura completa dos textos e análise dos desfechos e com base nas características demográficas, contexto geográfico, eficácia da vacina e experiências pessoais, evidencia-se que os profissionais de saúde enfrentam muitos obstáculos na aceitação da vacina contra a COVID-19.  

Tabela 2 – Distribuição dos estudos selecionados conforme principais resultados encontrados. Porto Alegre, 2024.

Fonte: Elaboração própria.

A análise entre os estudos apontados nos artigos tornou possível identificar as taxas de adoção da vacina contra o COVID-19 variam significativamente entre diferentes regiões, o impacto das características demográficas: A aceitação da vacina é influenciada por vários fatores, incluindo idade, sexo e profissão, as experiências pessoais na pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo na adesão dos profissionais de saúde à vacinação e o medo de efeitos colaterais, segurança, eficácia, duração dos ensaios clínicos, infecções por COVID-19 e confiança social são os principais motivadores para a aceitação ou recusa da vacina. 

DISCUSSÃO 

A adesão vacinal dos profissionais de saúde é um desafio significativo em relação à saúde pública, sendo especialmente contra a vacina da COVID-19, pois têm um papel importantíssimo na promoção da vacinação e na construção da confiança do público nas vacinas. Desta forma, quando ocorre a falta de confiança por parte deles, isso se reflete como impacto negativo na população em geral, refletindo como um dos fatores que influenciam diretamente na adesão²². 

Fatores que influenciam na vacinação  

Os estudos destacam uma série de fatores que influenciam na adesão à vacinação contra a COVID-19. Entre esses fatores estão preocupações individuais sobre eficácia e segurança das vacinas, desinformação, crenças pessoais e questões éticas ou religiosas, bem como a variação geográfica e entre diferentes grupos de profissionais de saúde também influencia na aceitação da vacinação. 

Existem vários fatores pelos quais os profissionais de saúde podem estar relutantes em aderir a vacinação contra a COVID-19, incluindo preocupações sobre a eficácia e segurança da vacina, desinformação, falta de acesso a informações confiáveis, ou mesmo questões éticas ou religiosas. O artigo 3 aborda que os profissionais de saúde que têm opiniões negativas sobre as vacinas contra a COVID-19 são mais propensos a não adesão em se vacinar. Isso enfatiza o fato de que as percepções e pensamentos dos indivíduos têm um impacto na decisão de se vacinar²³.  

Outro ponto de discussão, observado nos estudos, são as variações geográficas, com taxas de adesão de 21% e 95%, da vacina contra a COVID 19, diferente entre os países e profissionais de saúde. Essas diferenças podem estar relacionadas por alguns fatores como crenças, falta de acesso à informação e políticas de saúde pública inconsistentes¹⁸.  

É importante abordar estas preocupações de forma direta e precisa, fornecendo informações claras sobre a segurança e eficácia das vacinações, destacando a importância da vacinação para a proteção individual e coletiva contra a COVID-19 e garantindo que os profissionais de saúde tenham acesso a recursos e apoio para a tomada de decisão em relação à vacinação²⁴. 

Os artigos 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10 destacam os fatores que impulsionam e/ou influenciam a vacinação contra a COVID-19. Destacando a importância da compreensão desses fatores para o maior engajamento e contribuindo na aceitação de novas campanhas. Os artigos 1,5,6,7,9,10 abordam as diferenças regionais, enfatizando o desafio da acessibilidade física e logística da vacinação, apontando melhoria nas estratégias de distribuição entre os países.  

Os estudos 2,3,6,9,10 abordam receios de eventos adversos desconhecidos, a eficácia e a segurança da vacina, o que pode levar à não adesão à vacina contra a COVID19. Considerando toda a complexidade, é essencial desenvolver estratégias eficazes de comunicação e educação sobre vacinação em colaboração com os profissionais de saúde, para garantir o sucesso da imunização individual e coletiva, fundamental para o controle efetivo da doença. 

Estratégias de promoção para aceitação da vacina contra COVID-19  

Na segunda categoria, os artigos ressaltam diversas estratégias para promover a aceitação da vacina contra a COVID-19. Entre essas estratégias estão campanhas de conscientização e educação, engajamento comunitário, garantia de acesso facilitado à vacinação, transparência e prestação de contas por parte das autoridades de saúde, fomentos tangíveis e envolvimento ativo dos profissionais de saúde como representantes da vacinação. 

Observando os estudos, do quadro 1, o artigo 6 do ano de 2022, a taxa de adesão vacinal na Ásia foi de 95%, comparada com o Egito que foi a menor taxa de 21%, seguida da África Central com 28% no estudo 10. Outro estudo 7 também de 2022, faz uma comparação referente que a taxa de aceitação entre os profissionais de saúde na China em 2021 é de 78% e 2020 de 73% de adesão. Já o estudo 5 de 2023, estima a aceitação entre os profissionais de saúde na Etiópia é de 54,59%, em comparação a outros países como Israel com 78,1%, China com adesão de 86,2% e Itália com a maior taxa de aceitação a vacinação contra a COVID 19 entre os trabalhadores da saúde estimada em 91,5%. 

Diferentes estratégias podem ser adotadas para promover uma adesão vacinal, mas sem dúvida a de extrema relevância é garantir que a população tenha acesso a informações precisas. Compreender os benefícios das vacinas e promover um maior engajamento comunitário em relação às campanhas de vacinação são aspectos fundamentais para fortalecer a confiança, tanto entre os profissionais de saúde quanto entre o público em geral. 

Os artigos 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10 destacam a importância de aprimorar as estratégias de promoção da saúde para aumentar a aceitação da vacina contra a COVID-19. Essas e outras melhorias são essenciais para ampliar o desenvolvimento de políticas públicas eficazes e, consequentemente, para impulsionar a adesão à vacinação, embora os estudos não apresentem as informações de como realizar essas estratégias. 

Além disso, é essencial envolver os profissionais de saúde em campanhas de sensibilização e educação, ressaltando os valores da vacinação, promovendo a prevenção e fornecendo capacitações, que propiciem abordar as preocupações dos profissionais e dos pacientes, bem como promover a confiança nas vacinas. Ao fazer isto, podemos ajudar os profissionais de saúde a superar a hesitação em relação à vacinação e encorajar uma maior adesão à vacinação contra a COVID-19 e outras doenças²¹. A compreensão desses fatores influenciadores e a implementação eficaz de estratégias de promoção são essenciais para aumentar as taxas de vacinação e conter a propagação da COVID-19. 

CONCLUSÃO 

De acordo com os estudos, a conclusão destaca uma preocupação significativa com a hesitação da vacinação entre os profissionais de saúde e o seu impacto na saúde pública. Nesse contexto, é fundamental compreender que a percepção individual dos profissionais de saúde profissionais têm um papel significativo na decisão de se vacinar ou não. 

Percebe-se que a variação geográfica nas taxas de adesão é de 21% e 95%, realçando a complexidade do problema, que é influenciada por uma série de fatores, que vão desde crenças pessoais até ao acesso à informação e às políticas de saúde pública. A não adesão vacinal, bem como a comunicação e a educação, desempenham um papel importante, especialmente em relação a questões desconhecidas sobre eficácia e segurança das vacinas. 

Para garantir a imunização individual e coletiva, é essencial que os profissionais de saúde se envolvam na sensibilização e educação. Campanhas de conscientização devem destacar a necessidade da vacinação, incentivar a prevenção e fornecer informações precisas para responder às preocupações e promover maior confiança nas vacinas. 

Também se observou que passado os agravos das complicações dos casos graves com internações hospitalares e óbitos relacionados à infecção por COVID-19, a adesão à campanha de vacinação vem reduzindo.  Algumas pessoas começam a subestimar a importância da vacinação ou a assumir o risco de contrair a doença de forma leve/moderada, no entanto esquecem de alguns pontos importantes como as sequelas que podem ser um dos complicadores, transmissão comunitária e consequentemente o aumento dos atendimentos no sistema de saúde, podendo resultar em um novo aumento de casos. 

Sendo assim, se faz relevante adotar uma abordagem abrangente que envolve a educação, a comunicação clara e o envolvimento dos profissionais de saúde, para superar os desafios relacionados à vacinação. Contribuindo para a saúde global, promovendo maior adesão à vacinação contra a COVID-19 e mitigando outras doenças. 

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1ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0650-5961 E-mail: lpesilva@hcpa.edu.br
2ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8692-7330 E-mail: stoniasso@hcpa.edu.br
3ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8124-2527 E-mail: mcbrum@hcpa.edu.br
4ORCID: https://orcid.org/0009-0001-6701-4496 E-mail: ibfonseca@hcpa.edu.br
5ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6761-0415 E-mail: dpai@hcpa.edu.br