MOTIVATIONAL FACTORS OF ADHERENCE AND PERMANENCE IN ROAD RACES
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10149485
Aeliton Barbosa Silva1
Eudes Marques dos Santos Filho2
Robert Maurício de Oliveira Araújo3
Leyla Regis De Meneses Sousa Carvalho4
RESUMO
Introdução: A corrida é um exercício físico completo visto que envolve praticamente todos os músculos do corpo, proporciona ganho de massa muscular, queima de calorias, favorece a redução do peso proporcionando bem-estar físico e mental. Objetivos: Verificar os fatores motivacionais de adesão e permanência em corridas de rua. Métodos: Trata-se de um estudo de revisão integrativa, que foi realizado nas bases de dados: Lilacs, Scientific Electronic Library Online (SciELO), MEDLINE e PubMed. Os descritores empregados foram: Corrida de rua; motivação e permanência em corridas de rua, adesão e permanência em corrida de rua. Resultados: A prática de corrida de rua contribui diretamente para a qualidade de vida de seus praticantes e são muitas as dimensões motivadoras que validam o número crescente de praticantes como em primeiro plano a saúde, o prazer e o controle de stress. Considerações: As abordagens aqui emergidas são uníssonas em colocar que a prática de corrida de rua promove aos seus usuários benefícios que vão desde a socialização, a aceitação, melhorias na saúde, no bem-estar físico e mental, ao tempo em que mostra a necessidade de um acompanhamento de um profissional da Educação Física na orientação dessa prática, visto que, quando há orientação os corredores de rua apresentaram melhores resultados quando comparados aos corredores autônomos tanto nas suas motivações quanto nas interações sociais. Sugere-se novos estudos verificando as diferenças entre diferentes variáveis como: gênero, faixa etária, classe social, entre atletas amadores e profissionais possibilitando uma proposta mais específica.
PALAVRAS-CHAVE: Corridas de rua. Exercício. Motivação
ABSTRACT
Introduction: Running is a complete physical exercise since it involves practically all the muscles of the body, provides muscle mass gain, calorie burning, favors weight reduction and provides physical and mental well-being. Objectives: To verify the motivational factors of adherence and permanence in road races. Methods: This is an integrative review study, which was carried out in the following databases: Lilacs, Scientific Electronic Library Online (SciELO), MEDLINE and PubMed. The descriptors used were: Street race; motivation and permanence in road races, adhesion and permanence in road races. Results: The practice of street running contributes directly to the quality of life of its practitioners and there are many motivating dimensions that validate the growing number of practitioners, such as health, pleasure and stress control. Considerations: The approaches emerged here are unanimous in stating that the practice of street running promotes benefits to its users ranging from socialization, acceptance, improvements in health, physical and mental well-being, while showing the need for a follow-up by a Physical Education professional in the orientation of this practice. Since, when there is guidance, street runners showed better results when compared to autonomous runners, both in their motivations and in social interactions. Further studies are suggested, verifying the differences between different variables, such as: gender age group, social class, between amateur and Professional athletes, enabling a more specific proposal.
KEYWORDS: Street racing. Exercise. Motivatio
1 INTRODUÇÃO
Por volta da década de 1970 do século XX, houve a expansão das corridas de rua, através do “teste de Cooper”, difundido pelo médico norte-americano Kenneth Cooper (SALGADO; CHACON; MIKAIL, 2006).
Dados apresentados através do Diagnóstico Nacional do Esporte (DIESPORTE, 2015) do Ministério do Esporte apontam que, a prática de corrida de rua aparece como sendo uma das atividades físicas mais realizadas pela população fisicamente ativa (BRASIL, 2015).
Atualmente a corrida é uma modalidade esportiva muito exercitada, tendo em vista que, é comum vermos pessoas correndo por ruas, praças, parques e avenidas. Tanto as práticas amadoras quanto as competitivas de corrida de rua se tornaram eventos populares e têm proporcionado rápido crescimento em quantidade e qualidade. Os atletas de elite são atrações, mas constituem um número pequeno diante da massa de corredores amadores, pessoas que encontram nas corridas de rua uma forma saudável de lazer, integração social e manifestação individual através do esporte (MASSARELA; WINTERSTEIN, 2009).
A corrida vem crescendo exponencialmente como um comportamento participativo e não mais competitivo, onde as pessoas que a praticam estão em busca de superação de seus próprios obstáculos. Cabe mencionar que os praticantes de corrida que não a realizam de forma profissional são colocados como amadores (SALGADO; CHACON-MIKAHIL, 2006).
A corrida é um exercício físico completo visto que envolve praticamente todos os músculos do corpo, proporciona ganho de massa muscular bem como queima de calorias, sendo um dos mais requisitados na redução do peso e promoção da saúde, proporcionando bem-estar físico e mental (RIBEIRO, 2014) É uma atividade que vem sendo bastante praticada na atualidade e é carregada com vários significados, uma vez que, durante os primórdios da humanidade, essa prática nas civilizações primitivas passava de geração para geração, quer fosse por necessidade e ou por mera expressão (SALGADO, 2018).
A corrida de rua é uma modalidade esportiva de baixo custo, sendo assim bastante acessível para a população, visto que, esta prática promove melhorias no condicionamento físico, na saúde, na autoestima, na estética, no prazer, na redução do estresse e na qualidade de vida (SANFELICE et al., 2017). Para além dessas motivações, pode-se mencionar ainda: promoção da saúde, sentimento de prazer, benefícios estéticos, controle do estresse, superação de limites e o fator socialização, que é a oportunidade de estar com outras pessoas (BALBINOTTI et al, 2015).
Pacheco (2022) reforça ainda que dentre as variedades de exercícios físicos, a corrida é um esporte que vincula o corpo e a mente de uma forma significante quando comparadas com outras práticas, além de intervir positivamente na habilidade cognitiva, no condicionamento físico e na qualidade de vida dos indivíduos.
A corrida de rua proporciona muitos benefícios e de acordo com Machado (2011), os benefícios físicos e psicológicos, possuem elevada importância quando da motivação para a prática do esporte, posto que, essa modalidade de esporte melhora a saúde de seus praticantes.
A permanência em corridas de rua ocorre em torno de vários fatores, não tão somente aos ligados às questões de saúde física, mas envolve outros aspectos, como melhoria na convivência comunitária e na saúde mental, desta forma, o respectivo estudo objetiva verificar os fatores motivacionais de adesão e permanência em corridas de rua.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo de revisão integrativa, que é um método de revisão mais amplo, pois permite incluir literatura teórica e empírica bem como estudos com diferentes abordagens metodológicas (quantitativa e qualitativa). Os estudos incluídos na revisão foram analisados de forma organizada em relação aos seus objetivos, materiais e métodos, permitindo que o leitor analise o conhecimento pré-existente sobre o tema investigado. A pesquisa bibliográfica foi realizada nas bases de dados: Lilacs, Scientific Electronic Library Online (SciELO) e PubMed eMEDLINE. As palavras-chave empregadas foram: Corrida de rua; motivação e permanência em corridas de rua, adesão e permanência em corrida de rua (POMPEO; ROSSI; GALVÃO, 2009).
Para a construção de uma revisão integrativa é necessário seguir seis etapas distintas: a identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/ categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos; interpretação dos resultados; e apresentação da revisão/síntese do conhecimento (ERCOLE; MELO; ALCOFORADO, 2014).
Os métodos para elaboração de revisões integrativas prevêem: (1) escolha e definição do tema (elaboração da questão); (2) busca na literatura (amostragem); (3) critérios para categorização dos estudos (coleta de dados); (4) avaliação dos estudos incluídos nos resultados; (5) discussão dos resultados; (6) apresentação da revisão integrativa a fim de executar as análises de conteúdos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
Os critérios de inclusão foram: artigos de pesquisa na temática; disponíveis online na íntegra; em português com recorte temporal de 2013 a 2023. Como critério de exclusão define-se: artigos repetidos nas bases de dados; sem resumo nas bases de dados ou incompletos, pesquisas realizadas fora do Brasil e textos que não apresentavam relação com a temática além de editoriais; cartas ao editor; revisão integrativa, sistemática e narrativa da literatura, textos em outras línguas diferentes das citadas nos critérios de inclusão.
Figura 01: Fluxograma analítico do levantamento bibliográfico
3 RESULTADOS
A partir desta coleta, 60 artigos foram obtidos. Inicialmente foi feita uma leitura exploratória dos títulos e resumo. Posteriormente foram analisados os conteúdos do material na íntegra a fim de executar a elegibilidade dos dados. Assim, 10 estudos foram selecionados para a composição desta revisão. Os estudos incluídos na revisão foram analisados de forma organizada em relação aos seus objetivos, materiais e métodos, permitindo que o leitor analise o conhecimento pré-existente sobre o tema investigado (POMPEO; ROSSI; GALVÃO, 2009).
Os estudos foram avaliados em quatro etapas: leitura exploratória, seletiva, analítica e interpretativa. Na leitura exploratória, foi buscado o conhecimento dos textos na sua totalidade. Na leitura seletiva, foi executada uma leitura aprofundada do método, resultados, discussão e considerações. Na leitura analítica, as informações encontradas foram ordenadas de forma a identificar as principais ideias dos artigos. Por fim, na leitura interpretativa, foram estabelecidas relações entre o conteúdo das publicações, agrupando-as por meio de análise de conteúdo (GIL, 2006; BARDIN, 2011)).
O Quadro abaixo ilustra os dados relativos à pesquisa, com o objetivo de atender aos critérios de inclusão e exclusão, apreciando os objetivos recomendados pelo estudo. Os dados estão claramente distribuídos por ordem cronológica e pelos respectivos dados: autor, ano, título, objetivo, metodologia, resultados/conclusão. Os dados da pesquisa em questão implicam na análise de 06 artigos elegidos que admitiam à sugestão do estudo, reunidos e distribuídos em categorias
Quadro 1- Sínteses dos resultados que verificam os fatores de adesão e permanência em corridas
AUTOR | TÍTULO | OBJETIVO | METODOLOGIA | RESULTADOS/CONCLUSÃO |
Balbinotti, et al. (2015) | Perfis motivacionais de corredores de rua com diferentes tempos de prática | Testar se existem diferenças no perfil motivacional de dois grupos de corredores de rua, com diferentes tempos de prática. | A amostra foi composta por (n=62) corredores, do sexo masculino (n=32) e feminino (n=30) com idades variando de 18 a 68 anos (Média = 35,45; DP = 11,18), selecionada por conveniência e não aleatória. A amostra foi dividida em dois grupos sendo esse Grupo Adesão (corredores com menos de um ano de prática) composto por indivíduos do sexo masculino (n=15) e do sexo feminino (n=16), que treinavam em média 4,03 horas por semana (DP=1,90) com sessões de 3 a 4 vezes semanais, enquanto que, o Grupo Permanência (corredores com um ano ou mais de prática) composto por corredores do sexo masculino (n=17) e do sexo feminino (n=14) que reinavam, em média, 7,14 horas semanais (DP = 3,79), em aproximadamente cinco sessões semanais. Foram utilizados dois instrumentos: um questionário biosociodemográfico apenas para controle das variáveis dependentes: ‘‘sexo’’, ‘‘idade’’ e ‘‘tempo de prática’’ e o Inventário de Motivos para a Prática Regular de Atividades Físicas ou Esportivas (IMPRAFE-132) que é um inventário que se propõe a avaliar seis dimensões associadas à motivação para realização de atividades físicas e esportivas regulares com 132 itens relativos à dimensão: motivacional controle de estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer. | As causas motivacionais encontradas foram: saúde, prazer e controle de estresse, mencionadas por todos os corredores, independente do tempo de permanência. O prazer se associa à saúde no grupo Permanência, representando a dimensão mais importante para esses indivíduos. As diferenças mais significativas foram observadas nas dimensões sociabilidade e competitividade, que apresentaram resultados significativamente superiores no grupo Permanência, percebe-se que essas dimensões passam a ser mais valorizadas pelos indivíduos que possuem maior tempo de prática. |
Gratão;Rocha (2016) | Dimensões da motivação para correr e para participar de eventos de corrida. | Comparar corredores que têm optado por correr com uma orientação profissional (corredores orientados) e aqueles que correm sem orientação (corredores autônomos) em suas motivações para correr e para participar de eventos de corrida de rua. | A amostra foi composta por sujeitos foram adultos (n=599) do sexo masculino (58.4%) com média de idade de 38,3 anos todos participantes de corrida de rua na cidade de Ribeirão Preto. A motivação foi verificada através de uma adaptação da escala de Ryan, com cinco dimensões da motivação como: divertimento, competência, aparência, fatores sociais e saúde e outro Questionário onde se indagava avaliar as afirmativas com base na sentença “Eu corro por que…”, e “Eu participo de eventos de corrida por que…”. | Os resultados do estudo destacam que os participantes são bastante motivados nas cinco dimensões. Especificamente a saúde foi considerada a dimensão mais importante tanto para correr como para participar de eventos. Entretanto os motivos de saúde não apresentaram diferenças entre quem busca uma orientação para correr e quem corre por conta própria. Houve diferenças entre corredores orientados e corredores autônomos nos motivos de competência e fatores sociais. Os corredores orientados tiveram índices maiores de motivação em relação aos corredores autônomos tanto para correr como para participar de eventos de corrida. Outro dado bastante relevante do estudo foi que corredores orientados apresentaram maiores níveis de motivacionais na competência e nas interações sociais em relação aos corredores autônomos. |
Albuquerque et al (2018) | Corrida de rua: uma análise qualitativa dos aspectos que motivam sua prática | Identificar e compreender os motivos que levam os indivíduos a buscarem a prática da corrida de rua | A amostra do estudo foi composta (n=9). Trata-se de uma investigação descritiva de campo com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados por meio de um questionário sociodemográfico e uma entrevista semi estruturada realizada com o auxílio de um gravador de voz. | Os resultados sugerem que os motivos para a prática da corrida de rua foram classificados em: motivações intrínsecas como: influência de familiares e ou amigos e motivações extrínsecas como: a saúde, desafios e superação e como meio para exercitar-se. Conclui-se que o fator preponderante para adesão dos indivíduos à prática da corrida de rua, foi a socialização, uma vez que, as pessoas são atraídas pelo sentimento de aceitação, isto é, o fazer parte de um grupo ou simplesmente estar correndo acompanhado por alguém, isto ficou claro nos relatos mencionados pelos sujeitos pesquisados. |
Cassol; Pereira (2020) | Fatores motivacionais para a prática de corrida de rua na cidade de Caxias do Sul -RS | Descobrir quais são os aspectos motivacionais para a prática de corrida de rua em atletas amadores de Caxias do Sul-RS. | Foram incluídos amadores de corrida de rua do sexo masculino e feminino acima de 18 anos e participantes de algum grupo de corrida. Estudo observacional com corte transversal obtido por meio de amostra não probabilística por conveniência. Para a coleta dos dados foi utilizado o QuestionárioIMPRAFE-132 que avalia seis dimensões motivacionais são elas: Controle de Estresse, Saúde, Sociabilidade, Competitividade, Estética e Prazer. | Os resultados evidenciaram o fator saúde como maior motivação para realizar a corrida (81,17 ±10,06), seguida do prazer (80,56 ±8,53). Conclui que os principais aspectos motivacionais para a prática de corrida de rua entre os atletas amadores foram a busca pela saúde e o prazer oferecido pela prática em si. |
Valério; Lázari; Mazzei (2021) | Fatores motivacionais na prática de corrida de rua: aumentando a coleta de dados | Verificar os fatores motivacionais na prática de corrida de rua | A amostra foi composta por (n=184) todos praticantes de corridas de sua sendo do sexo masculino (n=90) e sexo feminino (n=94) com idade entre 20 e 78 aos escolhidos por conveniência. Os instrumentos de avaliação das dimensões motivacionais foi o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física e Esportiva (IMPRAFE-132). Trata-se de um inventário que avalia seis dimensões motivacionais: Controle de Estresse, Saúde, Sociabilidade, Competitividade, Estética e Prazer. As respostas aos questionamentos foram respondidas em uma escala de Tipo Likert de sete pontos, compreendendo “Isto não me motiva” para (1) a “Isto me motiva muito” para (7). | De acordo com os resultados obtidos a classificação dos fatores motivacionais, em ordem decrescente (da dimensão mais motivadora para menos motivadora) em grupos: Grupo 01 participantes no geral priorizou respectivamente: saúde, prazer; controle de estresse, estética/sociabilidade; sociabilidade/competitividade. No Grupo 02 Grupo masculino priorizou na sequencia: saúde/prazer; prazer/controle de estresse; estética/sociabilidade/competitividade; Grupo 03 Grupo feminino priorizou na sequencia: saúde/prazer; prazer/controle de estresse; estética/sociabilidade; sociabilidade/competitividade. Considerando os fatores motivacionais entre os dois gêneros observou-se que a saúde, o prazer e o controle de Estresse manifestaram como os fatores mais importantes para os dois gêneros, entretanto no contexto geral, ao comparar os três fatores concluiu-se que a saúde pode ser considerada como o principal fator motivacional. Ficando, portanto, as dimensões menos motivadoras a competitividade, sociabilidade e estética. |
Oliveira et al (2022) | Estratégias de coping e motivação de praticantes de corrida de rua. | Analisar as estratégias de coping e a motivação de praticantes de corrida de rua do município de Maringá – PR. | A amostra foi composta por (n=55) praticantes de corrida de rua, do sexo masculino e feminino com idade mínima de 20 anos de idade. Trata-se de um estudo transversal. Como instrumentos foram utilizados uma ficha de identificação, o Exercise Motivation Inventory (EMI-2) e o Inventário de Estratégias de Coping (IEC). A análise dos dados foi feita através de estatística descritiva e inferencial (p<0,05) | Os resultados sugerem que os homens são mais competitivos que as mulheres (p=0, 019), bem como utilizam as estratégias rendimento máximo sob pressão (p=0, 017), concentração (p=0, 030), confiança e motivação (p=0, 021), concentração (p=0,020). Conclui que foi possível observar que existe uma diversidade de motivos adotados pelos praticantes que o fazem aderir à prática, entretanto, os homens comprovaram serem mais competitivos e com maiores estratégias de enfrentamento em relação às mulheres. Verificou-se também que quanto maior o tempo de prática, maior a capacidade de concentração na corrida e aqueles que possuíam menor frequência de treino semanal manifestaram maiores preocupações com a saúde. |
Fonte: autoria própria (2023)
4 DISCUSSÃO
Em relação aos fatores motivacionais de adesão e permanência em corridas os resultados foram significativos.
No primeiro estudo Balbinotti et al. (2015) destacam as principais dimensões motivacionais que estimulam a prática da corrida de rua como sendo: a saúde, o prazer e o controle de stress. As dimensões sociabilidade e competitividade foram as que mais mostraram diferenças entre os grupos, dimensões essas mais valorizadas pelos que praticavam a corrida de rua há mais tempo.
Nesse sentido, são confirmados nos achados de Rojo e Rocha (2018) e Pereira, Assis e Navarro (2012) quando também observaram a prevalência da busca pela saúde como fator motivacional em corredores de rua
Reforçando esta ideia Barbosa (2006) destaca que a saúde como fator motivacional pode ser evidenciada como um dado significante para que o sujeito se mantenha na prática da atividade esportiva, posto que, após um período considerável de prática, os praticantes passam a vivenciar percepções e momentos prazerosos proporcionados pelo tempo de permanência na prática. Segundo Cardoso, Leal e Cardoso-Júnior (2016) manter-se ativo é favorável e necessário principalmente no que diz respeito à busca por um estilo de vida mais saudável, sobretudo na melhoria da aptidão física e na qualidade de vida do indivíduo.
Quanto à opção pela dimensão do controle do stress, sabe-se que a prática do exercício físico está diretamente relacionada à saúde mental, uma vez que, existem evidências de que ocorre a redução de fatores ligados ao estresse, depressão e ansiedade, melhorando o rendimento cognitivo, social e afetivo, incidindo na qualidade de vida e bem-estar (LINDOSO; SILVA, 2023).
Quanto às dimensões sociabilidade e competitividade foram as dimensões mais valorizadas pelos que praticam a corrida há mais tempo, frente a essas colocações, Mizoguchi et al (2014) destacam que, a corrida de rua, em particular, tem algumas características específicas que podem aumentar ou diminuir o nível de motivação de praticantes de corrida de rua.
No segundo trabalho Gratão e Rocha (2016) no estudo em questão, um pouco mais da metade dos corredores (56.3%) relataram que correm sob a orientação de alguém, seja professor de educação física, assessoria de corrida ou personal trainer, dentre estes os corredores que receberam orientações manifestaram maior motivação em todas as dimensões quando comparados aos corredores autônomos.
Oliveira et al (2015) relata que são inúmeros os benefícios para os corredores tanto fisiológicos quanto psicológicos, desde que seja direcionada por um profissional da Educação Física. Os praticantes de corrida de rua quando orientados pelo profissional da Educação Física terão rendimentos maiores em relação aos corredores autônomos. Seguindo na mesma direção discursiva é importante mencionar que perfis de motivação autônoma são mais duradouros ao longo do tempo, indicando ser esse um fator que levará o envolvimento do indivíduo na prática em períodos de médios a longos prazos (EMM-COLLISON et al. 2020).
Portanto é importante segundo Massarela e winterstein (2009) alertar para que os profissionais de Educação Física tenham empenho em estimular o prazer dos seus alunos ou atletas com relação às atividades propostas, visto que, um dos problemas enfrentados com grande frequência é a falta de permanência e tempo das pessoas nas atividades físicas.
No terceiro estudo Albuquerque et al (2018) afirmam que os motivos para a prática de corrida de rua podem ser classificados em duas categorias: Motivações Intrínsecas (influência de familiares e ou amigos) e Motivações Extrínsecas (saúde, desafios e superação).
Cabe associar esse trabalho ao realizado por Balbinotti et al (2015), quando afirmaram que a prática de atividade física de forma regular vai ser avaliada conforme seis dimensões diferentes, mas que possuem uma relação mútua entre elas como: controle de estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer e que os motivos que levam os indivíduos a praticarem a corrida de rua vão ser permeados por duas vertentes, a motivação intrínseca e a motivação extrínseca.
Estudo executado por Massarela e winterstein (2009) evidenciam que o incentivo externo (motivação extrínseca) parece ter papel fundamental para que as pessoas iniciem uma atividade física ou esportiva, que comumente as pessoas iniciam extrinsecamente motivadas, por meio de programas que estimulem a prática e a experiência com atividades físicas e esportivas em escolas, clubes e outras instituições são relevantes, por oportunizar as pessoas a conhecer atividades dessa natureza, mas o fomento da motivação intrínseca pode ser crucial para que elas permaneçam engajadas, contribuição a ser dada pelo profissional de Educação Física.
Cassol e Pereira (2020) advertem no quarto estudo, que tem crescido o número de mulheres praticantes de corridas de rua e de pessoas acima dos 40 anos também têm crescido significativamente e entre os motivos que levam ao crescente número de corredores de rua, está respectivamente a saúde (81,17±10,06); o prazer (80,56±8,53); a estética (63,60 ± 8,41); o controle de estresse (61,40±12,46); a competitividade (45,35±8,63) e a sociabilidade: (43,46±10,96).
Quanto à participação feminina nas corridas Obeid (2014) destaca que as mulheres correm pelos seguintes motivos: mudança de rotina, controle do stress, como meio de interação social e troca de experiências, destacando que na XX Maratona Internacional de São Paulo (10.0%) dos participantes inscritos eram do sexo feminino com idade de 35 a 45 anos.
Nesse sentido, em seu estudo Gonçalves et al (2016) confirmam em sua pesquisa que a saúde é a dimensão motivacional mais citada como fator estimulante e o prazer aparece como a segunda opção mais motivadora no tocante a adesão às corridas de ruas. Corroborando com essas discussões, no trabalho de Rojo, Starepravo e Silva (2019) os corredores de rua possuem dois perfis motivacionais distintos: entre aqueles que buscam na corrida de rua somente uma prática de aquisição para a saúde e aqueles que vêem a corrida de rua como um esporte competitivo.
No quinto estudo Valério; Lázari; Mazzei (2021) Considerando os fatores motivacionais entre os dois gêneros observou-se que a saúde, o prazer e o controle de estresse manifestaram como os fatores mais importantes para os dois gêneros, entretanto no contexto geral, ao comparar os três fatores concluiu-se que a saúde pode ser considerada como o principal fator motivacional. Ficando, portanto, as dimensões menos motivadoras a competitividade, sociabilidade e estética.
Dados similares também foram apontados na pesquisa de Balbinotti (2015) seguindo a mesma ordem de fatores motivacionais sendo eles: saúde, prazer e controle do estresse, dados que se confirmam prevalentemente como principais aspectos motivacionais.
Embora as pessoas possam se empenhar na realização de uma atividade por vários motivos, Massarela e winterstein (2009) em seu estudo aponta que vários sujeitos afirmaram ter iniciado a corrida por indicação médica, foi encaminhado a fazer uma atividade aeróbica em função de problema de saúde e optou pela corrida, desta forma, a conscientização dos benefícios à saúde decorrente da prática regular de atividades físicas e esportivas, demonstra papel significante para que as pessoas sigam um estilo de vida ativo.
Assim, encerrando a respectiva discussão, no sexto estudo, Oliveira et al (2022) sugere que os principais motivos para a prática da corrida foram prevenção de doenças, diversão e controle do estresse, ao mesmo tempo em que expõe que os homens são mais competitivos em relação às mulheres, onde o sexo masculino utiliza mais estratégias de rendimento máximo sob pressão, concentração, confiança e motivação para a realização da prática esportiva quando comparados ao sexo feminino.
Dentro dessa seara discursiva, Anshel; Sutarso; Jubenville, (2009) ressaltam em seu estudo, que homens praticantes de atividades físicas, com idade e/ou tempo de prática maiores, se utilizam de estratégias de enfrentamento numa escala maior do que as mulheres e/ou as praticantes de atividades físicas.
Avaliar o desempenho da corrida nas diferenças de gêneros é uma discussão que deve ser sempre abordada com bastante cuidado. Fatores físicos, sociais e genéticos acabam prevalecendo frente à dedicação e disciplina em alguns casos, o que seria necessário uma abordagem mais profunda envolvendo diferenças de marcadores fisiológicos entre gêneros e um viés sociológico da questão quando envolve diferenças de gênero.
5 CONSIDERAÇÕES
A prática da corrida de rua gera impactos positivos na vida dos seus praticantes, proporcionando qualidade de vida, principalmente quando é realizada de forma regular e direcionada por um profissional, visto que os benefícios da corrida de rua vão perpassar o âmbito fisiológico ocasionando também benefícios de caráter psicossociais.
Não se pode aqui generalizar os resultados alcançados nesta pesquisa, visto que hipoteticamente as dimensões motivacionais para a prática de corrida de rua não podem ser engendradas e colocadas em uma escala universal, porém, pautado na revisão executada observou-se que as três dimensões motivacionais que mais estimulam esses indivíduos a praticarem regularmente o esporte refletem na saúde, prazer e controle de estresse, não menosprezando outros fatores motivacionais como sociabilidade e competitividade tendo em vista que esses resultados estão arrolados de forma generalizada
Assim, cabe mencionar que o presente trabalho se destaca quando apresenta a literatura acerca da discussão, sobre as possíveis motivações que levam às pessoas a praticarem a corrida de rua, ao mesmo tempo em que emerge como um subsídio importante para as discussões que devem ser realizadas pelos profissionais de educação física e para os corredores, pois subsidia o conhecimento para que estes procurem realizar tais atividades físicas com um profissional para que os resultados pensados sejam alcançados, tendo em vista que, com o aumento de atletas em corridas de rua conclui-se o quanto torna indispensável à atuação do profissional de educação física apto para acolher esse público, dando as orientações necessárias para que o aluno siga nessa modalidade esportiva de forma segura e consciente.
Reitera que mesmo debruçando sobre tais questões, o presente trabalho não tem a pretensão de findar e/ou direcionar verdades absolutas sobre um tema tão amplo e tão necessário para comunidade acadêmica, mas servir como base para outros estudos, que por ventura podem emergir discussões não observadas durante o processo de organização desse estudo.
Enfim, novas pesquisas podem ser alcançadas diferenciando a motivação por gênero, faixa etária e classe social bem como também comparar perfis entre praticantes amadores e profissionais que avaliem os motivos das diferenças entre esses diferentes grupos, o que possibilitaria a produção de uma proposta mais específica.
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1 Acadêmico do Bacharelado em Educação Física pela Faculdade UNIFSA, Teresina (PI), Brasil. Email: aeliton689@gmail.com
2 Acadêmico do Bacharelado em Educação Física pela Faculdade UNIFSA, Teresina (PI), Brasil. Email: aeliton689@gmail.com
3 Mestre em Educação e professor do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina (PI), Brasil. Email: robpi202@gmail.com
4 Doutora em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e professora do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina (PI), Brasil. Email: leyla.regis@hotmail.com