FATORES MOTIVACIONAIS ASSOCIADOS À PRÁTICA DO VOLEIBOL POR ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS EM UMA CIDADE NA AMAZÔNIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8264815


Ronaldo Guilherme Santos de Sousa Júnior¹
Erivelton Ferreira Sá²


Resumo

O voleibol é um esporte reconhecido mundialmente como um fenômeno que atinge grande parcela da população, uma vez que, dependendo da motivação, é um leque de oportunidades ao ser humano, seja uma forma de lazer, aquisição de saúde ou uma atividade profissional. O objetivo desta pesquisa foi verificar os principais Fatores Motivacionais associados à prática esportiva do voleibol por universitários de uma universidade pública localizada em Santarém, Pará.  A pesquisa foi do tipo quali-quantitativa, no formato exploratória-descritiva, classificada como pesquisa de campo. Participaram da pesquisa 35 universitários, 19 homens e 16 mulheres. A coleta de dados foi feita através de um Questionário com questões abertas e fechadas e a Escala Sobre Motivos Para Prática Esportiva (EMPE). Concluímos que muitos acadêmicos desenvolveram o hábito de praticar voleibol ao longo da vida universitária, e apontaram como principal fator motivacional o Aperfeiçoamento Técnico, entretanto, dentro da universidade eles afirmam a falta de assistência da instituição e apontam que a criação de uma coordenação de esportes para facilitar as reservas no ginásio, treinos e competições.

Palavra Chave: Motivação, Voleibol, Universitários, Apoio Institucional.

ABSTRACT

Volleyball is a sport recognized worldwide as a phenomenon that affects a large portion of the population, since, depending on the motivation, it is a range of opportunities for human beings, whether it is a form of leisure, health acquisition or a professional activity. The objective of this research was to verify the main Motivational Factors associated with the sport of volleyball by university students from a public university located in Santarém, Pará. . The research was qualitative and quantitative, in an exploratory-descriptive format, classified as field research. 35 university students participated in the research, 19 men and 16 women. Data collection was performed using a questionnaire with open and closed questions and the Reasons for Sports Practice Scale (EMPE). We conclude that many academics have developed the habit of practicing volleyball throughout their university life, and point out that the main motivational factor is Technical Improvement, however, within the university they affirm the lack of assistance from the institution and point out that the creation of a sports coordination for facilitate reservations at the gym, training and competitions.

Keywords: Motivation, Volleyball, University Students, Institutional Support.

1 INTRODUÇÃO

O desporto atualmente é reconhecido mundialmente como um fenômeno que está presente em grande parcela da população, uma vez que é um leque de oportunidades ao ser humano, seja uma forma de lazer, distração ou uma atividade profissional. Para Samulski (2002), a prática do desporto vem chamando a atenção e despertando interesse dos psicólogos e outros profissionais da Psicologia do Esporte, devido à amplitude de fenômenos de natureza psicológica observados durante a prática do esportista nas diferentes modalidades, bem como o enaltecimento da saúde e o bem estar psico-físico dos que a usufruem.

Neste contexto, a Psicologia do Esporte tem como função examinar meios e fenômenos sensoriais, cognitivas, sociais e emotivas que compreendem e cooperam para resultados de atletas e geração de novos métodos de ajudar o ser humano em algum transtorno ou impasse pessoal, principalmente no âmbito motivacionais e a relação com o esporte.

Para Sage (1978), motivação é definida a partir da direção e intensidade de esforços para realizar determinados objetivos: no primeiro o indivíduo ou atleta procura aproximar-se ou ser atraído à determinada situação (ex: o atleta de vôlei direcionar o foco do treinamento a uma competição), enquanto que a intensidade representa o “quantum” de esforço o atleta despende naquela mesma situação (ex: o mesmo atleta encontra-se muito esforçado durante os treinos para aquela competição).

Samulski (2002) se referiu que indivíduos praticam e competem por uma série de motivos, dentre esses se destacam o desafio, a saúde e bem-estar, a satisfação pessoal que o desporto proporciona, a necessidade de comunicar-se com as demais pessoas, atingir seus próprios limites.

Com isso, em meio ao dia-a-dia há uma crescente prática de voleibol principalmente pela juventude, e, consequentemente, entre a população universitária, fato que por si só apresenta relevância para investigações científicas. Coelho (1984) afirma o desporto universitário é um desporto de formação, cuja função principal é social, visando o bem estar do estudante universitário sendo impossível negar a contribuição do desporto acadêmico para aproximação do ser humano, de seu relacionamento, do incentivo ao coleguismo.

O estudo sobre o tema fez-se importante pelo fato também do esporte universitário configurar-se como uma válvula de escape motivacional para questões relativas ao estresse, ansiedade, depressão e outros fatores psicossociais, assim compreender quais os motivos levam estudantes a praticar a modalidade voleibol pode servir de pressuposto teórico  para formulação de políticas públicas que fomentem, ainda mais, a prática esportiva universitária, e, em especial, do voleibol, contribuindo para uma melhor qualidade de vida do público jovem, especialmente estudantes de Instituições de Ensino Superior (IES).

Destarte, foi desenvolvido como objetivo geral desta pesquisa, verificar os principais fatores motivacionais associados à pratica esportiva do voleibol por acadêmicos do Campus universitário de uma Instituição de Ensino Superior pública, em Santarém, Pará.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A motivação, um processo psicológico básico que auxilia na compreensão das mais diferentes ações e escolhas individuais, é um dos fatores determinantes do modo como uma pessoa se comporta (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002 apud GONÇALVES; ALCHIERI, 2010). De acordo com Gil (2011, p. 202) motivação se define como:

[…] a força que estimula as pessoas a agir. No passado, acreditava-se que esta força era determinada principalmente pela ação de outras pessoas, como pais, professores ou chefes. Hoje, sabe-se que a motivação tem sempre origem numa necessidade. […] é consequência de necessidades não satisfeitas.

Em consonância, Weiss (2013) considera que motivação é um impulso que mobiliza as atitudes de uma pessoa ao alcance de uma meta, ou seja, a motivação vem de dentro, tendo como sinônimos os anseios, a aspiração, a vontade, o desejo, a necessidade, a demanda, dentre outros. A motivação é a força que mobiliza as pessoas a desenvolverem suas ações (pessoais e profissionais), sendo que ela pode ser dividida em motivação intrínseca e motivação extrínseca.

A motivação intrínseca é aquela que parte do próprio indivíduo, tendo como fonte as próprias vontades e desejos. O indivíduo é o principal responsável por sua motivação intrínseca, pois é ele quem decide metas e objetivos a serem alcançados. Assim, é possível identificar que essa motivação é direcionada pelo próprio indivíduo, não sendo influenciada por outros, sendo muitas vezes um motivador mais forte para o alcance dos objetivos (MAGIL,2016). Já Samulski (2017) afirma que motivação extrínseca é aquela que consiste em fatores externos ao indivíduo que o motivam para o alcance de metas e objetivos, tais como aprovação, reconhecimento, elogios, recompensas, entre outros. Nesse caso, a motivação vem de fora, através de algum agente externo, e influencia diretamente o indivíduo para o alcance de uma meta.

De acordo com e Caruzzo et. al., (2017), dentre as diversas variáveis que podem influenciar a atividade desportiva, os aspectos motivacionais é um grande destaque nas ciências humanas e sociais, por sua relação com a adesão à prática de qualquer tipo de atividade. O que serviria também com uma mola propulsora para a prática de esporte.

O apoio dentro de uma universidade ou qualquer instituição que desenvolva o esporte necessita de iniciativas vinda de professores, treinadores e uma coordenação, que se considera como um fator primordial para a prática do esporte universitário, tanto para os treinamentos como para alcançar melhores desempenhos nas competições. Desse modo, a motivação é um elemento básico para o qualquer indivíduo seguir as orientações do treinador ou alguma pessoa que lhe inspire para a praticar diariamente. (BECKER, 1996 apud VEIGA; TEIXEIRA, 2019)

Diante da prática do esporte vem o acompanhamento junto ao ser humano em seu entorno social, e influenciando no aparecimento de novos atletas e mais adesão a modalidades, como por exemplo o voleibol, uma modalidade que se destaca por excitar novos desafios, descontração, e boas emoções. Machado (1997) ressalta que faz com que o praticante esteja na constante busca do desenvolvimento e manutenção das habilidades específica do voleibol, mantendo assim o seu interesse no esporte. Essa busca em aprender novas habilidades, é a tendência dos esportes por toda a história, e na maioria das civilizações do mundo, não poderiam ser explicadas se eles não trouxessem prazer, alívio de tensões e alegria, além do desempenho.

Dentro do ambiente universitário, as motivações devem partir de uma coordenação. Marins, et. al (2009) afirma que nas instituições públicas, as atividades relacionadas ao esporte e ao lazer, em geral, são fomentadas por iniciativas extensionistas de caráter esporádico ligadas, principalmente, aos programas de assistência estudantil.

De maneira geral, a motivação é responsável por catalisar o desenvolvimento e o crescimento pessoal e profissional, sendo de extrema importância para as pessoas alcançarem seus objetivos e metas. Essas motivações podem ser: lazer ou prazer pela prática, desenvolvimento de habilidades técnicas, sentimento de pertencimento a algum grupo, participação em eventos esportivos regionais, nacionais e/ou internacionais e conquista de prêmios. Além destes fatores, é importante destacar que a instituição de ensino possui grande influência na motivação para a prática esportiva, pois sem o apoio desta os alunos teriam que organizar a própria prática esportiva e poderiam resultar na diminuição da mesma. (SOUSA,2017).

3 METODOLOGIA

A metodologia usada na pesquisa seguiu uma abordagem de métodos misto, com aspectos quali-quantitativa (KNECHTEL, 2014). O trabalho partiu de uma pesquisa de campo (PRODANOV, 2013). No seu delineamento metodológico, caracterizou-se como uma pesquisa exploratória-descritiva, pois buscou descrever o fenômeno investigado (LAKATOS; MARCONI, 2007).

O local de estudo foi o campus universitário de uma universidade pública na cidade de Santarém, Pará. Os participantes da pesquisa foram 35 universitários, de 18 a 29 anos, sendo 16 do sexo feminino e 19 do sexo masculino, regularmente matriculados naquela Instituição de Ensino Superior.

Esta investigação passou por apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará, campus XII, sendo aprovada sob o CAAE 62774022.8.0000.5168. Para a participação no estudo os universitários tiveram que assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

A coleta de dados ocorreu nos meses de novembro e dezembro de 2022 e contou com a utilização de dois questionários como instrumentos de coleta de dados. O primeiro questionário era constituído de questões fechadas e abertas, nas questões fechadas se buscou traçar o perfil dos acadêmicos. Já nas questões abertas buscou-se identificar os fatores relacionados ao apoio institucional no fomento da prática esportiva dentro do Campus universitário da Instituição de Ensino Superior.

O segundo questionário utilizado foi a Escala Sobre Motivos Para Prática Esportiva (EMPE) adaptado e validado no Brasil por Barroso (2007) a partir do Participation Motivation Questionnaire (PMQ), desenvolvido nos Estados Unidos por Gill, Gross e Huddlestone (1983). A EMPE é um instrumento com 33 itens que visam aferir os motivos da prática esportiva e estão divididos em sete categorias que equivalem aos fatores motivacionais: A) Fator 1(Status): 03, 13, 15, 21, 23, 27 e 30; B) Fator 2(Condicionamento Físico): 06, 16 e 26; C) Fator 3(Liberação de Energia): 04, 07, 14, 17, 18 e 31; D) Fator 4(Contexto): 05, 09, 20, 9 e 33; E) Fator 5(Aperfeiçoamento Técnico): 01, 10, 25 e 28; F) Fator 6(Afiliação): 02, 08, 12, 19 e 24; G) Fator 7(Saúde): 11,22 e 32. Para as respostas, é utilizada uma escala intervalar de 0 a 10 pontos e, para obterem-se as médias, é necessário dividir o valor obtido pelo número de itens em cada fator motivacional.

Diante dos resultados, conforme o protocolo, cada categoria de motivação foi classificada como:

  • Nada importantes: 0,0 a 0,99
  • Pouco importantes: de 1,0 a 3,99
  • Importantes: de 4,0 a 6,99
  • Muito importante: de 7,0 a 9,99
  • Totalmente importante: 10

Para a tabulação dos dados foi utilizado o software Microsoft Excel (2019). Com os escores obtidos a partir dos resultados das medidas descritas foram organizados em tabelas e gráficos informativos, de modo a permitir uma apreciação quanto à grandeza e comportamento estatístico de cada uma das variáveis tratadas.

A análise dos dados do questionário EMPE e das perguntas fechadas do questionário de perfil foram realizadas por intermédio de estatística descritiva. Por sua vez, a análise das questões abertas foi realizada por meio da análise de conteúdo temático-categorial desenvolvida por Bardin (2011).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta sessão, para melhor entendimento dos resultados e discussões propostas nesta investigação optamos por realizar a apresentação dos resultados e bem como a discussão divididas em subtópicos/ subseções em que cada uma delas faz referência a objetivo específico da investigação.

4.1 PERFIL SOCIAL DOS ACADÊMICOS QUE PRATICAM A MODALIDADE ESPORTIVA VOLEIBOL

Na análise do primeiro objetivo específico que era “Traçar o perfil dos acadêmicos do campus universitário de Instituição de Ensino Superior pública de Santarém, Pará, que praticam a modalidade esportiva voleibol”. Participaram deste estudo 35 acadêmicos, regularmente matriculados no Campus, em uma cidade da Amazônia, todos os sujeitos tiveram assegurado a liberdade de participação na pesquisa. Obtivemos os resultados apresentados nos gráficos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 abaixo.

Em relação ao gênero dos participantes da investigação, a amostra contou com a predominância do sexo masculino, com cerca de 54% dos participantes da pesquisa. Seguido pelo sexo Feminino com 46% do público entrevistado. Com isso, a prática da atividade física, em especial do voleibol vem atraindo um pouco mais acadêmicos do sexo masculino. Estes resultados vêm ao encontro de outros estudos realizados no Brasil que evidenciam a maior prática do esporte entre homens se comparado às mulheres, tanto na adolescência como na idade adulta (HALLAL et al., 2003; OEHLSCHLAEGER et al., 2004).

Na verificação do Perfil se viu a necessidade de verificar a sub divisão desses praticantes por curso, e posteriormente o semestre que cursado, vale destacar que a IES pesquisada oferta cinco cursos de graduação regulares no campus universitário investigado, que são: Educação Física, Música, Enfermagem, Fisioterapia e Medicina. A distribuição dos praticantes do voleibol participantes desta investigação por ano de curso e por curso, está expressa, respectivamente, nos gráficos 1 e 2 abaixo.

No gráfico 1 mostra os participantes da pesquisa distribuídos pelo ano do curso onde se distribuiu da seguinte forma 8% no primeiro ano; 26% no segundo ano, 29% no terceiro ano, 31% dos acadêmicos estão no quarto ano de curso, e 6% no quinto ano. No gráfico 2 realizamos o mesmo processo de distribuição pelo curso, mostra os participantes da pesquisa como ficaram distribuídos de acordo com a quantidade: 46% do Curso de Educação Física, 23% Enfermagem, 11% Fisioterapia, 14% Música e apenas 6% por acadêmicos do curso de Medicina. Visto que os cursos na referida universidade contam com uma duração diferente, entre ambos, como os cursos de Educação Física e Música são de duração de 4 anos, Enfermagem e Fisioterapia de 5 anos, e Medicina com 6 anos de duração. Podemos caracterizar uma maior adesão a pratica esportiva do voleibol nos últimos anos do ciclo universitário, pelo fator de convívio social que eleva a partir dos anos dentro da faculdade e buscam o interesse e influência para prática de esportes, como o voleibol. Ao analisar os gráficos primeiramente que um número bem maior de acadêmicos do curso de Educação Física praticam voleibol quando comparado aos estudantes de medicina, o que reflete no pensamento de Melo et al. (2016) que levanta que níveis de atividade física variam entre os diversos cursos e que os alunos do curso de Educação Física geralmente são mais ativos. O gráfico 3 indica a frequência da prática de voleibol pelos participantes da investigação

Gráfico 3 – Frequência semanal de pratica do voleibol

Fonte: Coleta de dados,2022.

Verificamos no gráfico 3 que entre os universitários da pesquisa 29% tem o hábito de praticar pelo menos uma vez na semana, 26% esporadicamente, 20% duas vezes na semana, 14% três a quatro vezes na semana, 8% quase todos os dias da semana. Evidentemente, a busca de jogar por uma vez na semana se destaca, e se aparenta ao resultado do estudo de Ramos et. al (2009) que expõe a ideia de que o desenvolvimento das habilidades técnico-táticas dos atletas dependem mais do tempo empregado no treinamento das ações.

Gráfico 4 – Locais de vivência da pratica do voleibol

Fonte: Coleta de dados,2022

Em análise no gráfico 4 verificamos que a maior parte dos acadêmicos desenvolvem a prática do voleibol na própria universidade. Com relação aos dados, corrobora com estudo de Silva, Machado e Dias (2014), onde afirmam que o desporto universitário vem ganhando vários praticantes, principalmente em áreas como clubes, escolas e universidades. Entretanto locais como esses podem não suprir necessidades de aparatos para prática como redes, antenas, bolas apropriadas. Bettin, Peil e Melo (2018) em seu estudo na cidade de Pelotas no Rio Grande do Sul, que em pesquisa do espaços públicos de Esporte e Lazer mostra que muitas quadras não estão com demarcações da dimensão de espaço, e estrutura incompleta, em todos os casos, as redes não são disponibilizadas para a sua prática. De igual forma, em estudo desenvolvido no bairro Santarenzinho na cidade de Santarém por Barros (2020) relata o abandono do poder público diante da falta de manutenção e infraestrutura, e detalha que os equipamentos de esporte e lazer do bairro Santarenzinho como ambientes que estão deteriorados, o que fica inviável para a pratica do esporte naquele local. Posteriormente, foi detalhado a participação desses universitários em competições/treinos e jogos de voleibol em clubes e em competições esportivas de voleibol, apresentadas respectivamente nos gráficos 5 e 6 abaixo.

Em observação ao gráfico 5, 69% dos universitários entrevistados não treinam ou competem visando performance e alto rendimento em clubes de voleibol, 31% afirmaram que treinam ou competem. E em análise de participação em competições esportivas, analisamos que 77% dos participantes tiveram participação, enquanto 23% até a presente coleta não tinham participado de nenhuma competição de voleibol. O que mostra que o desporto cresce bastante e com acadêmicos que buscam se capacitar para competições embora essas competições aparentemente se desenvolvam em níveis amadoras e de socialização. Gould(1997) relata que o divertimento e a excitação devem ser mantidos nos treinamentos e nas competições para que os jovens permaneçam ativos na vida esportiva. Atribuído a esse pensamento Menéndez (1991) afirma que a competição é quase um fator primordial para alcançar mais êxitos, visto que tal objetivo parece aumentar o interesse, o desafio e o calor emocional do desporto.

4.2 MOTIVOS PELOS QUAIS OS UNIVERSITÁRIOS BUSCAM SATISFAZER SUAS NECESSIDADES NO VOLEIBOL

A tabela 1 apresenta as médias dos sete fatores motivacionais e a média geral de motivação dos universitários, incluindo o valor mínimo, valor máximo e a moda dos resultados obtidos.

Tabela 1: Resultados da Escala Sobre Motivos Para Prática Esportiva (EMPE)

Fatores MotivacionaisMédiaValor MínimoValor MáximoModa
Fator 5: Aperfeiç. Técnico8,6701010
Fator 7:Saúde8,5901010
Fator 2:Cond. Físico8,2221010
Fator 3:Liberação de Energia7,9401010
Fator 6:Afiliação7,6201010
Fator 1:Status7,4521010
Fator 4:Contexto6,7001010
Fonte: Coleta de dados,2022

Ao analisar a tabela 1, percebe-se que o fator motivacional de maior importância entre os acadêmicos foi Aperfeiçoamento Técnico (média de 8,67), seguido de Saúde com (8,59), e Condicionamento Físico com (8,22), Liberação de Energia (7,94), Afiliação (7,62), Status (7,45) todos estes classificados como “Muito Importantes”. Contexto (6,70) classificado “Importante”.

Ao analisar apenas a categoria motivacional de maior importância “Aperfeiçoamento Técnico” com média 8,67. Percebe-se que a busca pela prática, a motivação pelos indivíduos é sempre a busca por melhorar mais suas habilidades dentro da modalidade do voleibol. Podemos afirmar que é um motivo intrínseco relacionado à competência de suas melhorias. Nesse bojo, a técnica promove no atleta uma autorrealização, que faz o indivíduo se sentir motivado quando é capaz de realizar tarefas com destreza (Silva et al., 2018).

O segundo fator com muita importância é o fator “Saúde”. Nesse item, a média foi de 8,59. O presente estudo se assemelha com diversas pesquisas, como Nacif e Moraes (2009) com capoeira no Rio de Janeiro; Possenti (2009) com voleibol masculino na categoria pré-mirim em Florianópolis; Liziero e Fagundes (2010) com adolescentes praticantes de futebol; Fernandes (2011) com o futebol 7 em Florianópolis. Todos utilizaram a EMPE e obtiveram resultados semelhantes aos do presente estudo e, Paim e Pereira (2004), afirmam que a difusão da prática de atividades físicas como agente propiciador de saúde, influenciando a melhora da qualidade de vida, contribui para os índices motivacionais encontrados neste fator.

Já o fator “Condicionamento Físico” com média 8,22, também considerada muito importante, analisamos que grande parte dos universitários tem a preocupação com seu preparo físico. Com este cuidado do bem-estar físico, pode justificar o grau de relevância muito importante para as atletas (BARROSO, 2007).

O fator “Liberação de Energia” com média 7,94 dada como muito importante, concluímos com um gatilho benéfico para a atividade esportiva, é o impulso da vontade, ou seja, o meio que gera a motivação. Quando liberada, a energia cria uma capacidade de execução de alguma tarefa, como praticar esportes (BARROSO, 2007).

No que se refere o fator “Afiliação” com média 7,62 caracterizada como muito importante. Provavelmente isso ocorre pela proporção que o voleibol pode proporcionar, como o sentimento de pertencer a um grupo, de estar com alguém e fazer novas amizades. Roberts, Spink e Pemberton (1999), a afiliação trata-se de um fator extrínseco de motivação de aprovação social, muito importante para crianças e adolescentes.

Dado como o sexto mais importante, o fator “Status” com média 7,45 acreditou-se que a prática do voleibol por estes universitários entrevistados, com intuitos de fomentar o lazer, a diversão, além de tudo a competição corrobora a pretensões relacionadas ao reconhecimento ou prestígio perante as outras pessoas. Considerando como um fator extrínseco, pelo exemplo de quando o atleta se compara com outros (em situações de vitórias e derrotas), quando se sente bem em relação a si mesmo, tendo uma boa percepção e autor reconhecimento de sua capacidade (WEINBERG; GOULD, 2017).

No fator “Contexto” com média 6,70 e classificado como importante. Provavelmente poucos universitários veem todas as diferenças e dificuldades como um motivo para pratica. Já que autores Silva et al. (2018) ressaltam que esse fator motivacional se trata do espaço de interação e relação de diferentes personalidades em que convivem e seus diversos valores e crenças.

Por fim, no que se refere à média das respostas dos grupos, ressalta-se que nenhum dos fatores motivacionais atingiu a classificação de: nada importante; pouco importante; e totalmente importante. Sendo os dois primeiros de baixo grau de importância e o último de completa relevância.

4.3 FATORES RELACIONADOS AO APOIO INSTITUCIONAL CONSTITUEM FOMENTO/ MOTIVAÇÃO À PRÁTICA ESPORTIVA DO VOLEIBOL NO ÂMBITO DA UNIVERSIDADE

Ao investigar os fatores relacionados ao apoio institucional fomento/motivação da pratica esportiva do voleibol primeiramente foram levantados dados do que diz respeito aos universitários que praticam voleibol e se já participaram de competições durante a sua vida acadêmica, apresentadas nos gráficos 7 e 8 abaixo.

Observando nos gráficos acima, em sequência foi verificado no gráfico 7 que 89% dos universitários praticam o voleibol como modalidade esportiva em competições internas da universidade, e 11% não praticam. E no gráfico 8 que 66% não participaram. de competições externas representando a universidade, e 34% já participaram. Dados como esses nos mostram que grande parte participa de competições internas exclusivas da própria universidade. A partir deste resultado pode-se destacar a socialização como uma das principais motivações dos alunos participantes (HANSEN 1993; EICHBERG, 2006; EICHBERG, 2016). Ou seja, tal formato de competição, interna da Universidade, permite aos acadêmicos não selecionados para participarem das seleções da IES em torneios oficiais externos ter a possibilidade de participar em uma competição esportiva.

Ao perguntarmos sobre a avaliação dos universitários diante da reserva de horários do ginásio, o equipamento esportivo, da assistência que a universidade disponibiliza para os discentes para competições e para prática do voleibol, encontramos 6 ideias centrais que podem ser observadas no quadro 1.

Quadro 1: Assistência para prática de esportes dentro da universidade

IDEIA CENTRALUR*¹UNIDADE DE CONTEXTO
Reserva do Ginásio não eficaz21U1. “Burocrático […]os alunos deveriam ter um maior acesso ao ginásio […]”
A falta de disponibilidade de materiais esportivos18U4. “[…] material o campus universitário de uma universidade pública não disponibiliza, assim dificulta as vezes a pratica de determinado esporte por o curso não ter o material.[…] o equipamento é inacessível”
Assistência quanto ao Ginásio Poliesportivo15U7 “A única assistência que o campus universitário de uma universidade pública fornece é “cedendo” o ginásio […]”
Falta de colaboração da universidade10U10. “[…]Já que é uma representação da Universidade, acredito que a direção do campus deve ser mais participativa”
Reserva do Ginásio eficaz7U6. “Boa, já que a universidade já disponibiliza horários preestabelecidos aos cursos, fazendo com que se torne mais prático o acesso ao horário no ginásio”
Incentivo partir dos próprios universitários5U13 “[…]o incentivo parte pelo lado dos próprios jogadores, e os mesmos são responsáveis pelo treino, sem ajuda do campus universitário de uma universidade pública”
*1. Unidade de Registro: Quantitativo de trechos de respostas que se encaixaram na ideia central.

A “reserva do ginásio não eficaz” foi a categoria de maior incidência, estando presente nas respostas de 21 participantes da pesquisa, como exemplificado na resposta do universitário U1 que nos dá a entender, que a reserva do ginásio para utilização por parte dos acadêmicos é de extrema dificuldade para o acesso e muito limitado para o uso. O problema pode ocasionar a procura por outros locais para a pratica, e que possam não ter condições e estruturas adequadas como já citado por Bettin, Peil e Melo (2018) que muitos locais tem uma estrutura incompleta, em todos os casos, e não materiais disponibilizados.

A segunda ideia central se pauta na “falta de disponibilidade de materiais esportivos”, registrada em 18 trechos de respostas, exemplificada pela resposta do universitário U4 e de que citaram que a universidade não disponibiliza equipamentos e acaba sendo um motivo de impossibilitar a pratica esportiva dentro do campus. Essa falta de material faz com que os universitários e atléticas acadêmicas se promovam para obter esse material. Melazo (2017, p.15) em seu estudo, relata:

quanto ao fornecimento de materiais esportivos maioria das atléticas de Universidades Federais e Estaduais isso normalmente não acontece, então as Associações Atléticas Acadêmicas (A.A.A.) buscam patrocínio de empresas e formas alternativas. A maioria delas captam recursos financeiros – para pagar técnicos, uniformes, material esportivo – por meio da venda de produtos e realização de eventos. Apesar de serem associações sem fins lucrativos, a captação de recurso é muito importante para que haja investimento e fomento do esporte universitário, que possui um papel social relevante na vida dos estudantes, além da prática de atividades físicas.

E em seguida é bastante pautado por 15 entrevistados que é a única assistência que ainda recebem da instituição é a liberação do ginásio, posteriormente a quarta ideia central exemplificada pela resposta do universitário U6 que expõe que é boa a reserva por ter horários preestabelecidos. Essa visão expõe que realidade vivenciada por estudantes universitários exige que alternativas sejam criadas de modo a promover motivações através das mudanças, possibilitado que disponham de maior acesso aos esportes e atividades físicas de lazer, pois os efeitos positivos das experiências com essas vivências são vários e ultrapassam os benefícios fisiológicos, favorecendo a promoção da saúde (PANATTO, et al., 2019), a autoestima e qualidade de vida (GONZÁLEZ; FROMENT, 2018) e aumento do bem-estar (PEREIRA, et al., 2018).

Verificamos no trecho de 10 entrevistados que há a “falta de colaboração da universidade”, é um dos grandes empecilhos e foi exemplificada na resposta do universitário U10, o retrata que essa falta de apoio não valorize a pratica pelo lazer e principalmente para competições. O estudo de Belazo (2017) cita em um trecho de um dos entrevistados do curso de Nutrição da UFRJ que “O esporte universitário leva o nome da Universidade para além de seus muros e que, quando a gente consegue troféu, a faculdade gosta e bate palma para isso. Mas a verdade é que os alunos conquistaram isso sozinhos, porque não teve nenhum apoio da coordenação”.

Em relação a questão central do “incentivo partir dos próprios universitários” registrados em 5 trechos que foco a esse assunto, o que mostra que pela motivação intrínseca dos mesmos, fazem esforços para realizar movimentos, treinos, jogos e etc, e que as A.A.A. cooperam para as mudanças neste quadro, vez que as mesmas dispõem de grande poder de engajamento social e costumeiramente fomentam treinamentos esportivos e competições e, conforme evidenciado por Gómez-Mazorra et al. (2022), o apoio social, satisfação das necessidades psicológicas básicas e motivação autodeterminada contribuem positivamente na intenção e na prática da atividade física entre universitários, como também diminuem as barreiras percebidas.

Quando questionados se a existência de uma coordenação ou assessoria de atividades culturais, esportivas e de lazer colaboraria para o desenvolvimento do voleibol na universidade e de que forma colaboraria, as respostas apontaram 4 ideias centrais expostas no quadro 2.

Quadro 2: Existência de uma coordenação de atividades de cultura, esporte e lazer

IDEIA CENTRALUR*¹UNIDADE DE CONTEXTO
Apoiam a criação da coordenação/assessoria como forma de desenvolvimento do esporte na instituição22U21. “Sim, de forma em que ajudassem os alunos para um maior desenvolvimento do vôlei”
Auxiliar nas necessidades para a prática8U24 “[…]responsável por avaliar as necessidades específicas do esporte[…]”
Promoção de treinos, eventos e competições7U1. “Sim, promovendo aulas, treinos, torneios, oficinas, trazendo atletas profissionais e/ou professores da modalidade para ministrar os eventos citados e somando para o aprendizado dos acadêmicos[…]”
Pratica do Esporte como ajuda nas questões psicológicas3U10. “[…]colaboraria não somente para o melhor desenvolvimento intelectual acadêmico (no tangente as questões de produtividade acadêmica, e pessoal) como também na diminuição de impactos psicológicos, uma vez que a prática de exercícios corrobora para isso”
*1. Unidade de Registro: Quantitativo de trechos de respostas que se encaixaram na ideia central.

Vinte de dois universitários “apoiam a criação da coordenação/assessoria como forma de desenvolvimento do esporte na instituição”, seria de grande importância para ajudar na pratica dos esportes como um todo, e principalmente do voleibol. Uma coordenação responsável por treinos para o bom desempenho de uma da modalidade e de uma equipe esportiva, organizaria e executaria um programa de treinos, além de orientar os alunos durante o treino e competições (DEMERS; WOODBURN; SAVARD, 2006; DUFFY, 2006 apud SANTOS; MESQUITA, 2010).

E “auxiliar nas necessidades para a prática” vista na segunda ideia central, 8 entrevistados apontaram essa ideia que foi representada na resposta do universitário U24 que a criação de uma coordenação teria como um responsável por avaliar as necessidades específicas do esporte. Juntamente a essa ideia, posteriormente, sete universitários apontam que teria mais promoções de treinos, eventos e competições do esporte. Provavelmente se deve ao fato de que uma coordenação possibilite melhora e no aumento potencial do desempenho das equipes esportivas, montando-a e consolidando melhorias desde o início de sua atuação (SLACK; PARENT, 2006; DE CASTRO AGUIAR; DOS SANTOS, 2018).

E três compreendem que a “pratica do esporte ajuda nas questões psicológica”, esse aspecto corrobora com Matsudo e Matsudo (2000) que afirma que no psicológico do indivíduo o esporte atua na melhoria da autoestima, do auto conceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na diminuição do estresse e da ansiedade e na diminuição do consumo de medicamentos.

Em relação à questão: Que aspectos você descreveria como prioritários para o fomento à prática do voleibol? Propiciou 3 respostas centrais expostas no quadro 3.

Quadro 3: Aspectos prioritários para fomento da pratica do voleibol

IDEIA CENTRALUR*¹UNIDADE DE CONTEXTO
Aspecto Estruturais e organizacionais21U10 “Aspectos estruturais e organizacionais, tais como: materiais para o treino (bolas, rede etc) […]”
Incentivo da pratica e Socialização entre os universitários9U13“A capacidade de juntar muitas pessoas e amigos, conseguindo abranger todos os gêneros e raças.”
Saúde2U9. “Qualidade de vida”
*1. Unidade de Registro: Quantitativo de trechos de respostas que se encaixaram na ideia central.

A primeira ideia central citada por 21 universitários diz respeito aos “aspectos estruturais e organizacionais”. Por sua vez, a segunda categoria de maior incidência foi referente ao “incentivo da pratica e socialização entre os universitários”, que foi mencionada por 9 indivíduos. Tratando desses aspectos, Tubino (2001) descreve que o esporte é uma necessidade individual e social, uma influência cada vez mais marcante dentre todas as atividades do homem e também possui objetivos de desenvolver saúde, lazer e educação; porém muitas vezes não possui local adequado para a prática esportiva e é obrigação das instituições de ensino (fundamental, secundário e superior) oferecer este espaço esportivo.

E quanto a terceira ideia central 2 universitários apontaram o aspecto “saúde” que é de suma importância e exercida pelo esporte, que sempre acaba por manter contato com formas de percepção de qualidade de vida, afinal, exerce inúmeras influências sobre o bem-estar, e transita por esferas ligadas à saúde, educação, convívio social, mercado, lazer e entretenimento. Corrobora com o já citado acima Paim e Pereira (2004) que afirmam que a difusão da prática de atividades físicas como agente propiciador de saúde.

5 CONCLUSÃO

O presente estudo buscou contemplar todos os objetivos traçados. Assim, com base nos resultados obtidos de traçar o perfil dos universitários, concluiu-se que a grande parte são do sexo masculino, e no todo maioria são do curso de Educação Física, buscam a pratica dentro da própria universidade pelo menos uma vez por semana.

Para os universitários estudados, os fatores relacionados à aperfeiçoamento técnico foram mais relevantes, seguidos daqueles ligados à saúde, condicionamento físico, Liberação de Energia, Afiliação e Status. A precedência pelo fator aperfeiçoamento técnico pode ser explicado pela dinâmica e pelo ganho de desempenho na modalidade. A resposta menos escolhida foi de fatores ligados à Contexto. Considera-se que isso tenha ocorrido pelas condições de pratica, nem as diversidades cheguem a motivar de uma forma significativa.

Além disso, no intuito de saber os fatores relacionados ao apoio institucional para o fomento da pratica esportiva do voleibol, constatamos que a não há uma gestão para o esporte dentro da universidade, a dificuldade para o acesso do ginásio e a não disponibilização de materiais esportivos, e sugestão para a criação de uma coordenação de esportes para auxiliar no processo de reservas de horário no ginásio, treinos e competições.

Por fim, esperamos ser de grande importância o conhecimento dos motivos que levam os universitários a pratica do voleibol, pois através deste conhecimento pode-se contribuir para mantê-los por mais tempo dentro da modalidade e principalmente fomentar não só o voleibol, mas o esporte como um todo dentro da universidade contribuindo para uma melhor qualidade de vida do público jovem universitário seja físico ou psicológica. E acima de tudo que gere interesse para novos estudos e mais abrangentes, e assim compreender quais pode servir de pressuposto teórico para formulação de políticas públicas que fomentem ainda mais a prática esportiva universitária e em especial do voleibol.

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¹Licenciado em Educação Física CEDF/UEPA
ronaldo.sousa.junior10@gmailcom
²Professor Mestre Orientador- CEDF/UEPA
erivelton.f.sa@hotmail.com