RISK FACTORS AND PREVENTION OF DEEP VEIN THROMBOSIS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10307312
Iasmin Lopes Macedo de Oliveira1
Louise Ribeiro dos Santos e Santos2
Maurício Souza dos Santos Barbosa3
Marcos Paulo Santos Passos4
Resumo: O tromboembolismo venoso é uma questão de saúde pública, uma vez que afeta alta parcela populacional e apresenta alta taxa de risco de mortalidade. Entende-se por tromboembolismo os quadros de Trombose Venosa Profunda (TVP) e Tromboembolismo Pulmonar (TP), os quais podem estar associados ou não. A TVP é uma condição clínica de alto risco que afeta ampla parcela populacional, mas, com maior incidência na população feminina, desencadeada por uma série de fatores de riscos e, pela sua alta nocividade, tem-se a prevenção como medida emergencial em saúde pública. O objetivo geral desta pesquisa se concentrou em analisar os fatores de risco de TVP e as medidas preventivas. Foi utilizada a metodologia de revisão integrativa de literatura para fundamentar a pesquisa com resultados extraídos de 15 (quinze) artigos científicos, buscados nas bases de dados do Lilacs, Google Scholar e Scielo, com ano de publicação entre 2019 e 2023, no idioma português. Pesquisa de abordagem qualitativa, de natureza básica, com objetivos descritivos e procedimento bibliográfico. Os resultados encontrados demonstraram que a TVP é desencadeada por uma série de riscos que inibem o fator anticoagulante sanguíneo, dentre eles, destacaram-se o uso irrestrito de anticoncepcionais ou terapias hormonais, cirurgias, imobilização prolongada, gestação, idade avançada, lesões traumáticas, queimaduras e outros. Na prevenção da TVP, identificou-se como medidas de profilaxia a mobilização precoce, o uso de anticoagulantes orais ou venosos, suspensão do consumo de anticoncepcional ou terapia hormonal, aplicação de filtro em veia cava, análise periódica da anticoagulação sanguínea do paciente, dentre outras. Na sua conclusão, a pesquisa chama atenção para a necessidade de individualização da intervenção preventiva aos quadros de TVP, considerando as peculiaridades subjetivas de cada caso.
Palavras-chave: Anticoagulante. Trombose Venosa. Trombose Venosa Profunda.
Abstract: Venous thromboembolism is a public health issue, since it affects a large portion of the population and has a high mortality risk rate. Thromboembolism is defined as Deep Vein Thrombosis (DVT) and Pulmonary Thromboembolism (PT), which may or may not be associated. DVT is a high-risk clinical condition that affects a large portion of the population, but with a higher incidence in the female population, triggered by a series of risk factors and, due to its high harmfulness, prevention is an emergency measure in public health. The overall objective of this research focused on analyzing DVT risk factors and preventive measures. The integrative literature review methodology was used to support the research with results extracted from 15 (fifteen) scientific articles, searched in the Lilacs, Google Scholar and Scielo databases, with a year of publication between 2019 and 2023, in the Portuguese language. This is qualitative research, of a basic nature, with descriptive objectives and bibliographic procedure. The results showed that DVT is triggered by a series of risks that inhibit the blood anticoagulant factor, among them, the unrestricted use of contraceptives or hormonal therapies, surgeries, prolonged immobilization, pregnancy, advanced age, traumatic injuries, burns and others were highlighted. In the prevention of DVT, early mobilization, use of oral or intravenous anticoagulants, suspension of contraceptive consumption or hormonal therapy, application of a filter in the vena cava, periodic analysis of the patient’s blood anticoagulation, among others, were identified as prophylaxis measures. In its conclusion, the research draws attention to the need to individualize preventive intervention for DVT conditions, considering the subjective peculiarities of each case.
Keywords: Blood thinner. Venous thrombosis. Deep vein thrombosis.
1. INTRODUÇÃO
O tromboembolismo é uma condição clínica provocada pela formação de um trombo/coágulo em um vaso sanguíneo, prosseguido da sua deslocação e transporte através da corrente sanguínea do paciente, podendo causar a obstrução do fluxo de sangue (Rodrigues; Waters, 2022). Tramujas, Judice e Becker (2022) citam que existem dois tipos de tromboembolismo, sendo eles a Trombose Venosa Profunda (TVP) e o Tromboembolismo Pulmonar (TP) – também conhecido por Embolismo Pulmonar (EP). Araújo et al. (2023) mencionam que ambas as condições clínicas são graves, podendo manifestar-se de forma isolada ou mesmo associada.
De acordo com Charlo, Herget e Moraes (2020), a TVP é a condição clínica na qual um coágulo se forma na veia profunda, geralmente dos membros inferiores, obstruindo de forma parcial ou total a passagem do fluxo sanguíneo. Por usa vez, o TP é a condição clínica na qual o coágulo sanguíneo – geralmente produzido nos membros inferiores – se desloca até os pulmões, bloqueando uma ou mais artérias pulmonares, o que provoca interferência no fluxo sanguíneo pulmonar, incidindo no quadro de insuficiência respiratória e reduzindo a oxigenação sanguínea (Franck; Sanches; Sanches, 2019).
Os sintomas clínicos manifestados pela TVP são indicados como a dor, o inchaço e, em casos mais graves, a Síndrome Pós-Trombótica (SPT) (Almeida; Pereira, 2021). Coelho et al. (2021) destaca que, nos casos de SPT, os indivíduos em quadros avançados de TVP podem apresentar dor e inchaço dos membros inferiores, alterações dermatológicas, úlceras venosas, fadiga nas pernas, câimbras e sensação de peso nas pernas, dentre outras manifestações. Já nos casos de EP, os indivíduos podem apresentar sintomas como a falta de ar, dor no peito e, em casos mais graves, insuficiência cardiorrespiratória (Franck; Sanches; Sanches, 2019).
Como dito por Araújo et al. (2023), a associação de ambas as condições clínicas eleva a nocividade dos sintomas e complexidade do caso. Nos casos de desenvolvimento de TP, Viviani et al. (2019) citam que a taxa de mortalidade é de 10% dos casos graves e, em casos não graves de TVP, pacientes deixados sem tratamentos interventivos são submetidos a uma taxa de óbito estimada em até 30%. Charlo, Herget e Moraes (2020) destacam que a prevalência maior dos riscos produzidos pela TVP é na população feminina, dada a incidência mais elevada de preditores que podem desencadear os quadros clínicos.
Liberato (2021) menciona no estudo produzido que a prevenção da TVP é a melhor resposta para se evitar suas complicações que, em grande parte dos casos, podem deixar sequelas ou levar à óbito. Por isso, o manejo das medidas profiláticas anticoagulantes é de extrema relevância para o setor da saúde pública que lida diretamente com os riscos de TVP (Araújo et al., 2023). Isto porque, a TVP pode deixar algumas condições clínicas permanentes, como os danos em válvulas venosas, o estreitamento ou obstrução das veias, as alterações nas estruturas venosas e os danos em tecidos circundantes, que podem provocar casos clínicos crônicos de dores, inchaços, limitações motoras e outros (Fonseca Jr. et al., 2023).
O manejo da profilaxia irá depender de cada caso, mas, conhecer os riscos que predizem os quadros clínicos de TVP é importante para que se possa compreender quais as intervenções anticoagulantes eficientes na prevenção ou reversão da condição clínica (LIBERATO, 2021). Por isso, o problema de investigação que norteou esta pesquisa foi guiado pela seguinte indagação científica: Quais os riscos preditores da TVP e as medidas de profilaxia eficientes na sua prevenção?
O objetivo geral desta pesquisa se concentrou em analisar os fatores de risco de TVP e as medidas preventivas. Para a satisfação deste, predefiniu-se como objetivos específicos os seguintes: a – conhecer os riscos preditores da TVP; b – analisar condições clínicas pré-existentes que podem elevar os riscos de TVP; c – indicar medidas de profilaxia eficientes na prevenção da TVP.
Justificou-se socialmente o desenvolvimento desta pesquisa pela dimensão da nocividade do seu objeto de estudo, dada a alta taxa de incidência da TVP e de complicações que podem produzir sequelas ou levar à óbito. Utilizando-se da sua responsabilidade sócio profissional, os discentes do curso de Biomedicina trazem por justificativa acadêmica a necessidade de avaliação de questões problemáticas em saúde pública, dispondo de conhecimentos que sirvam para esclarecê-las e estimular maior empenho dos profissionais da saúde na prevenção.
O desenvolvimento da pesquisa foi estruturado em três seções. Na primeira seção, dispõe-se dos procedimentos e técnicas metodológicas que conduziram a investigação. Na segunda seção, são apresentados os resultados encontrados pela pesquisa. Enquanto na terceira e última seção do desenvolvimento, apresenta-se a discussão dos resultados encontrados.
Por fim, na sua última seção, a pesquisa disponibiliza as suas considerações finais, indicando resposta ao problema investigado e retomando aos principais resultados para demonstrar o alcance dos seus objetivos, sob um posicionamento científico crítico construído pela autora/pesquisadora.
2. METODOLOGIA
No desenvolvimento da pesquisa foi utilizada a metodologia de revisão integrativa de literatura que, de acordo com Lakatos e Marconi (2021), possibilita a análise do problema de investigação sob o ponto de vista de distintos autores científicos, sendo este um tipo de metodologia eficiente na validação de resultados produzidos por pesquisas teóricas – como essa.
Esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa, a qual dedicou a analisar os resultados encontrados tendo por finalidade a qualificação do problema (Gil, 2019). Sua natureza foi básica, sendo este o tipo de natureza de pesquisas científicas que se dedicam a analisar o problema de investigação tendo por base resultados teóricos produzidos por outros autores (Lakatos; Marconi, 2021). Os objetivos da pesquisa foram descritivos, pois dedicaram-se a descrever todos os resultados encontrados, com as respectivas indicações de autorias (Gil, 2019). Enquanto o procedimento adotado foi o bibliográfico, condizente ao tipo de produção final ao qual a pesquisa destinou-se (Lakatos; Marconi, 2021).
Os estudos científicos foram buscados nas bases de dados do Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), do Google Scholar e do Scientific Electronic Library Online (Scielo), mediante aplicação das palavras-chave, adequadas aos Descritores em Ciências da Saúde (DECS), com termos em português, sendo elas: Anticoagulante, Trombose Venosa e Trombose Venosa Profunda. Na busca, aplicou-se aos operadores booleanos E, OU e NÃO, que, para Gil (2019), são conectores das palavras-chave, os quais ampliam ou reduzem as possibilidades de buscas. Os critérios de seleção foram: ano de publicação entre 2019 e 2023; idioma português; e formato de artigo científico. Eliminou-se os estudos incompletos, resumidos e/ou com impertinência temática.
Foram encontrados cerca de 35 (trinta e cinco) estudos científicos sobre o mesmo objeto de estudo, mas, apenas 15 (quinze) deles foram selecionados para compor os resultados desta pesquisa, pois atenderam aos critérios de seleção e não foram invalidados pelos critérios de exclusão. Na Tabela 1, disponibiliza-se um breve panorama da busca destes estudos, demonstrando os quantitativos de estudos encontrados, excluídos e selecionados por cada base de dados:
Tabela 1. Panorama da busca e resultados dos estudos científicos.
Base de Dados | Encontrados | Excluídos | Selecionados |
Lilacs | +05 | -03 | +02 |
Google Scholar | +25 | -13 | +12 |
Scielo | +05 | -04 | +01 |
Totais | +35 | -20 | +15 |
Fonte: Autoria própria (2023).
Os artigos científicos foram analisados e seus resultados foram organizados por meio do uso das técnicas procedimentais de fichamento e resumo.
3. RESULTADOS
Todos os resultados encontrados serão apresentados nesta seção, disponibilizando na Tabela 2 a caracterização dos 15 (quinze) artigos científicos selecionados, com a disposição de informações relevantes, como autoria, título, objetivo geral, metodologia e os seus resultados:
Tabela 2. Caracterização dos artigos científicos e seus resultados.
Autor/Título | Ano | Objetivo | Metodologia | Resultados |
ALMEIDA, Neuza R.; PEREIRA, Leticia D. L.; ALVIM, Haline G. O. Fatores desencadeantes de tromboembolismo venoso. | 2021 | Identificar e complementar os fatores desencadeantes do tromboembolismo venoso (TEV). | Revisão de literatura. | Dentre inúmeros fatores de riscos para TVP estão a obesidade, a deambulação limitada, a hipertensão, idade acima de 55 anos e outros. |
ARAÚJO, mayara n. et al. Anticoagulantes na prevenção dos riscos de trombose venosa profunda em pacientes pós cirúrgicos: um estudo comparativo entre a heparina e a varfarina. | 2023 | Comparar, mediante revisão sistemática, a varfarina ou heparina, qual anticoagulante é mais eficaz na profilaxia de trombose venosa profunda. | Revisão de literatura. | A varfarina demonstrou-se menos eficaz na profilaxia de TVP os pacientes em uso de varfarina tiveram maior probabilidade de desenvolver hematoma pós-operatório. |
CHARLO, Patrícia B.; HERGET, Amanda R.; MORAES, Altino O. Relação entre trombose venosa profunda e seus fatores de risco na população feminina. | 2020 | Identificar os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da trombose venosa profunda na população feminina de Maringá. | Pesquisa de campo. | Relação significativa entre vários fatores de risco e a trombose venosa profunda na população feminina. |
COELHO, Marlon D. G. et al. Trombose bilateral em membros superiores: relato de caso. | 2021 | Relatar um caso de trombose bilateral em membros superiores. | Relato de caso. | A TVP de membros superiores é menos frequente, mas é tão nociva quanto a TVP de membros inferiores, podendo produzir riscos e complicações sérias. |
FERNANDES, Ly F. et al. Fatores de risco para o desenvolvimento da doença varicosa: uma revisão sistemática. | 2020 | Verificar os fatores de risco para a doença varicosa. | Revisão de literatura. | Muitos são os fatores de risco para TVP, dentre eles, a idade avançada, as varizes, a obesidade e outros. |
FONSECA JR., Alexandre A. et al. Trombose venosa profunda: aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos e manejo terapêutico. | 2023 | Reunir informações, mediante análise de estudos recentes, acerca dos aspectos inerentes à trombose venosa profunda, sobretudo os aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos e manejo terapêutico. | Revisão de literatura. | |
FRANCK, Claudio L.; SANCHES, Kahoana G.; SANCHES, Matheus G. Filtro de veia cava em paciente grande queimado com trombose venosa profunda como alternativa à anticoagulação plena: relato de caso. | 2019 | Relatar a utilização de filtro de veia cava em paciente grande queimado com trombose venosa profunda impossibilitado de receber anticoagulação plena por sangramento intenso em áreas queimadas. | Estudo de caso. | O uso do filtro de veia cava inferior pode ser uma alternativa em grandes queimados com trombose venosa profunda e impossibilidade de anticoagulação plena. |
GOMES, Izaildes F. P. et al. Profilaxia da trombose venosa profunda no ambiente hospitalar. | 2023 | Analisar os métodos profiláticos utilizados para evitar a trombose venosa profunda no ambiente hospitalar e assim reduzir a morbimortalidade. | Revisão de literatura. | A adesão à prescrição desses métodos no ambiente hospitalar é insatisfatória, condição que mantém os pacientes sob risco iminente de desenvolver essa doença e suas complicações. |
KERNITSKEI, Juliano; BERTONCELLO, Kátia C. G.; JESUS, Stefhanie C. Prevalência dos fatores de risco para trombose venosa profunda em pacientes cirúrgicos em unidade de terapia intensiva. | 2021 | Avaliar a prevalência dos fatores de risco e medidas de prevenção para trombose venosa profunda de pacientes cirúrgicos em Unidade de Terapia Intensiva. | Estudo de caso. | Os fatores de risco mais prevalentes foram procedimentos cirúrgicos de grande porte (96%) e restrição ao leito (90%). O risco para tromboembolismo venoso foi alto (62/91%), moderado (5/7%) e baixo (1/2%). |
LIBERATO, Carla C. G. Trombose venosa profunda: “conhecer é a melhor maneira de prevenir!” | 2021 | Realizar campanha a nível municipal para divulgação do assunto e avaliar o conhecimento de nossa população sobre Trombose Venosa Profunda (TVP), suas manifestações clínicas, diagnóstico e formas de prevenção. | Estudo de caso. | Embora de alta prevalência e morbimortalidade, a Trombose Venosa Profunda é desconhecida, podendo ser evitada e prevenida. |
MAZZA, Carolina F. et al. Fatores de risco da trombose venosa profunda em gestantes e puérperas. | 2021 | Analisar os principais fatores que predispõe o desenvolvimento da TVP durante o ciclo gravídico-puerperal, assim como demonstrar as possíveis causas de trombofilia no decorrer desse período. | Revisão de literatura. | Os principais fatores de risco e os resultados apontam que há alguns mais predominantes, como a eclampsia, obesidade e tabagismo. |
RODRIGUES, Flávia A.; WATERS, Camila. Fatores de risco e métodos de profilaxia para o tromboembolismo venoso nos pacientes hospitalizados. | 2022 | Identificar os fatores de risco para o tromboembolismo venoso e os métodos utilizados como tromboprofilaxia nos pacientes hospitalizados. | Revisão bibliográfica. | O conhecimento quanto aos fatores de risco e à correta utilização dos métodos profiláticos pode diminuir a taxa de incidência de tromboembolismo venoso nos pacientes hospitalizados. |
SANCHES, Suzzana M. V. Terapia anticoagulante para tratamento da trombose venosa profunda – o que há de novo? | 2019 | Verificar o que há de novo na terapia anticoagulante para tratamento da trombose venosa profunda. | Revisão de literatura. | Os DOACs apresentam várias vantagens, como início rápido de ação, farmacocinética previsível, administração simples, ausência de necessidade de monitorização laboratorial, além de fácil manuseio. |
TRAMUJAS, Lucas; JUDICE, Márcio M.; BECKER, Angela B. Avaliação do manejo diagnóstico de trombose venosa profunda no departamento de emergência de um hospital terciário em Santa Catarina: um estudo transversal. | 2022 | Definir o perfil epidemiológico dos pacientes com suspeita de trombose venosa profunda admitidos na emergência. | Estudo de caso. | O fator de risco para TVP mais evidenciado nesses pacientes foi a idade acima de 65 anos. |
VIVIANNI, Alessandra G. et al. Aplicabilidade da mobilização precoce na prevenção de trombose venosa profunda em ambiente hospitalar: uma revisão sistemática. | 2019 | Verificar a utilização da mobilização precoce como profilaxia da trombose venosa profunda em ambientes hospitalares. | Revisão de literatura. | A mobilização precoce em ambientes hospitalares subutilizados e seus benefícios pouco conhecidos, aumentando o número de incidentes relacionados à TVP. |
Fonte: Autoria própria (2023).
Todos os resultados apresentados aqui, de forma unânime, contribuíram para satisfazer as pretensões da pesquisa e, na próxima seção, serão discutidos.
4. DISCUSSÃO
Foi unânime a inclinação dos estudos apresentados pela seção anterior na afirmação de que a intervenção nos casos de prevenção e reversão da TVP requer prévio conhecimento acerca dos riscos e sintomas. Viviani et al. (2019) pontua que deve haver individualização dos casos, uma vez que os riscos podem variar diante de condições distintas em cada caso clínico. De acordo com Tramujas, Judice e Becker (2022), a maioria dos riscos podem submeter inúmeros casos clínicos à alto teor de probabilidade de incidência da TVP, mas, outros podem ser singulares para cada caso e, por isso, exige-se dos profissionais da saúde o conhecimento prévio sobre eles, para dispor da profilaxia necessária à prevenção.
Rodrigues e Waters (2022) revelaram no estudo por eles produzido que os fatores de risco para TVP, na maioria dos casos, são a mobilidade reduzida, a idade avançada, o histórico prévio de tromboembolismo venoso, a obesidade, a presença de doenças crônicas, o uso de anticoncepcional, a terapia de reposição hormonal, o uso de medicações quimioterápicas, as cirurgias, a internação hospitalar acima de quatro dias, o tabagismo, as grandes queimaduras, o uso de dispositivos venosos, os traumas ou lesões e outros. Destes fatores, o estudo de Tramujas, Judice e Becker (2022) destacou que a idade acima dos 65 (sessenta e cinco) anos é o mais incidente. Porém, o estudo de Almeida, Pereira e Alvim (2021), indicou idade superior aos 55 (cinquenta e cinco) anos.
Para Charlo, Herget e Moraes (2020) o sexo feminino é um fator de risco para TVP, com elevação do risco se houver idade acima dos 66 (sessenta e seis) anos, hipertensão arterial, insuficiência venosa e cardiopatias. O estudo de Fernandes et al. (2020) destacou que o gênero não é tão relativo, por insuficiência de estudos científicos que evidenciam isso, mas, a idade avançada, a predisposição genética, o enfraquecimento da parede venosa e outros, são sim fatores de risco para TVP. De acordo com os resultados de Almeida, Pereira e Alvim (2021), os fatores de risco mais prevalentes, em ordem de incidência, são a internação prolongada, a idade acima dos 55 (cinquenta e cinco) anos, a presença de infecção, a inserção de cateter central, a obesidade, as varizes e outros.
No estudo de Fonseca et al. (2023) os fatores de risco para quadros clínicos de TVP indicados foram a imobilização prolongada, o tabagismo, as cirurgias, o trauma, o câncer, o uso de contraceptivos orais, a gestação, o pós-parto, os fatores genéricos e a obesidade. Na gestação e no pós-parto, Mazza et al. (2021) indicam que os fatores de risco mais predominantes, além das alterações hormonais, são a eclampsia, a obesidade e o tabagismo. Em pacientes submetidos à internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), os fatores de risco para TVP identificados pelo estudo de Kernitskei, Bertoncello e Jesus (2021) foram os procedimentos cirúrgicos de grande porte (96% dos casos) e a imobilização prolongada (90% dos casos).
Liberato (2021) identificou como fatores de risco para a TVP o uso de contracepção hormonal, com a presença de ansiedade e depressão como comorbidades associadas, além da existência de casos de varizes, sendo que a cumulação dos fatores eleva os riscos. Franck, Sanches e Sanches (2019) mencionaram que casos de queimaduras são um fator de risco não só para TVP, mas também para a TP, sendo esta uma condição de complexidade que eleva os riscos produzidos pela coagulação sanguínea. O fator inibidor da função anticoagulação é indicado por todos os estudos aqui analisados como o ponto relevante para se acompanhar e prevenir casos de TVP.
A não prevenção da TVP pode agravar o quadro clínico do paciente e deixar sequelas ou mesmo levar à óbito, principalmente se houver o desencadeamento da TP, com riscos elevados em casos de TVP de membros inferiores (Liberato, 2021). Rodrigues e Waters (2022) destacam que os métodos de profilaxia em casos de TVP irão depender de cada caso, mas, os mais utilizados para tromboprofilaxia em pacientes hospitalizados são a administração de anticoagulantes como a heparina de baixo peso molecular e a heparina não fracionada, assim como a deambulação ou mobilização precoce, a fisioterapia motora, o uso de meias de compressão graduada e o uso de dispositivo de compressão pneumática intermitente.
Viviani et al. (2019) citam que a mobilização precoce é um dos métodos mais eficazes para se prevenir a TVP em pacientes hospitalizados, porém, ainda é um método pouco disseminado, o que eleva os riscos de casos de TVP nestes pacientes sob imobilização prolongada, que lidam ainda com outros fatores de risco, como as cirurgias. Sanches (2019) menciona que o uso de anticoagulantes é o método mais comum em hospitais, pois são mais fáceis de manejar e mais seguros que outras terapias convencionais, porém, em pacientes oncológicos, gestantes, lactantes e obesos, por exemplo, o manejo dos anticoagulantes deve ser cauteloso, observando o tipo do fármaco, a duração e a dose-resposta aplicada ao tratamento preventivo ou curativo.
Segundo Coelho et al. (2021), em casos de TVP em membros superiores com persistências dos fatores de risco pró-trombóticos, indica-se o uso de anticoagulantes por tempo indeterminado, o que dispensa-se para casos de pacientes com fatores de risco transitórios, onde o tratamento deve ter duração de três a seis meses, ou até perdurarem os riscos. Gomes et al. (2023) mencionam que a profilaxia para TVP é confiável e segura, principalmente com a inserção do incentivo da deambulação precoce, da utilização de fisioterapia motora, de meias elásticas de compressão, do uso de drogas profiláticas – a exemplo da vitamina K e da heparina de baixo peso molecular –, da utilização de compressão pneumática intermitente e da administração de anticoagulantes, métodos tromboprofiláticos esses que devem ser determinados de acordo com cada caso.
Araújo et al. (2023) indicaram que o uso da heparina de baixo peso molecular é significativamente eficaz na prevenção da TVP, ao contrário da heparina não fracionada, porém, a varfarina é menos eficaz pois eleva os riscos de desenvolvimento de hematomas pós-operatório. Kernitskei, Bertoncello e Jesus (2021) mencionam que a cumulação entre a mobilização precoce e a profilaxia medicamentosa é eficaz na prevenção de TVP. Em casos de queimaduras, com pacientes que apresentem TVP e EP associada, o estudo de Franck, Sanches e Sanches (2019) destacou que a profilaxia medicamentosa e a inserção de filtro de veia cava são métodos eficazes para reverter a condição coagulante, podendo ainda ser realizada a remoção do coágulo de forma cirúrgica.
5. CONCLUSÃO
Os resultados analisados por esta pesquisa emitiram resposta ao problema investigado, demonstrando que a TVP tem por riscos preditores inúmeros fatores, dentre eles, a gestação, o pós-parto, a obesidade, o tabagismo, as varizes, a idade avançada, o gênero feminino, o enfraquecimento das paredes venosas, as queimaduras e outros. Como medidas profiláticas eficazes na prevenção, os resultados demonstraram que a mobilização precoce, o uso de anticoagulantes, a remoção cirúrgica do coágulo, a inserção de um filtro de veia cava, a fisioterapia e outras, são eficazes na prevenção e cura da TVP.
No atendimento dos objetivos da pesquisa, os resultados demonstraram que a TVP é altamente nociva para a saúde e vida dos pacientes, uma vez que produz sequelas permanentes e eleva os riscos de óbito. Identificou-se ainda que a cumulação de fatores de risco eleva a exposição do paciente à probabilidade de desenvolvimento da TVP e, quando não lida com intervenção imediata, pode gerar maior complexidade, desenvolvendo a TP.
O manuseio dos métodos profiláticos deve levar em consideração cada caso, analisando os riscos presentes, bem como a presença de comorbidades que podem influenciar, como a ansiedade, a depressão, as cardiopatias e outras. Na profilaxia medicamentosa, o tipo do fármaco, a dosagem e o tempo de duração da intervenção são questões que devem ser vistas pelos profissionais da saúde, principalmente em casos de pacientes gestantes, lactantes, obesos e outros.
REFERÊNCIAS
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1Graduanda do Curso de Biomedicina Universidade Salvador – UNIFACS.E-mail: iasminmacedo791@gmail.com
2Graduanda do Curso de Biomedicina Universidade Salvador – UNIFACS. E-mail: louisesantoos@gmail.com
3Graduando do Curso de Biomedicina Universidade Salvador – UNIFACS. E-mail: maumaum550@gmail.com
4Professor do Curso de Biomedicina Universidade Salvador – UNIFACS. E-mail: marcos.passos@animaeducacao.com.br