RISK FACTORS AND STRATEGIES FOR THE PREVENTION OF CHILDHOOD PNEUMONIA: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202503311324
Alício Michel de Almeida Lira Teixeira1
Weliton Sampaio dos Santos Júnior1
Ricardo Barbosa Pinheiro2
RESUMO
A pneumonia é uma infecção aguda considerada uma das principais causas de morbidade e mortalidade em crianças até 5 anos. Os fatores de risco dependem da região e de aspectos intrínsecos e extrínsecos. O objetivo deste estudo é identificar, na literatura nacional e internacional, os principais fatores de risco, o manejo e as estratégias de prevenção associados às pneumonias na infância. O estudo consiste em uma revisão integrativa da literatura nacional e internacional sobre os fatores de risco e estratégias de prevenção das pneumonias na infância. Foram identificados 05 estudos que contemplam os critérios de elegibilidade para a pesquisa. Os fatores de risco para o desenvolvimento de pneumonia em crianças encontrados são extrínsecos como: acesso a serviços de saúde de caráter primário e graus de instrução; e intrínsecos como: hipoxemia. Também foi possível com a pesquisa bibliográfica associar o aleitamento materno, estado nutricional e imunização com o risco de adoecimento.
Palavras-chave: Pneumonia, pré-Escolar, fatores de risco.
ABSTRACT
Pneumonia is an acute infection considered one of the main causes of morbidity and mortality in children up to 5 years. The risk factors depend on the region and on intrinsic and extrinsic aspects. The objective of this study is to identify, in the national and international literature, the main risk factors, management and prevention strategies associated with childhood pneumonia. The study consists of an integrative review of national and international literature on risk factors and prevention strategies for childhood pneumonia. We identified 05 studies that cover the eligibility criteria for the research. The risk factors for developing pneumonia in children found are extrinsic as: access to primary health services and degrees of education; and intrinsic as: hypoxemia. It was also possible with the literature to associate breastfeeding, nutritional status and immunization with the risk of illness.
Keywords : Pneumonia, child, preschool, risk factors.
RESUMEN
La neumonía es una infección aguda considerada como una de las principales causas de morbilidad y mortalidad en niños menores de 5 años. Los factores de riesgo dependen de la región y de aspectos intrínsecos y extrínsecos. El objetivo de este estudio es identificar, en la literatura nacional e internacional, los principales factores de riesgo, manejo y estrategias de prevención asociadas a las neumonías infantiles. El estudio consiste en una revisión integrativa de la literatura nacional e internacional sobre los factores de riesgo y estrategias de prevención de las neumonías en la infancia. Se identificaron 05 estudios que contemplan los criterios de elegibilidad para la investigación. Los factores de riesgo para el desarrollo de neumonía en niños encontrados son extrínsecos como: acceso a servicios de salud de carácter primario y grados de instrucción; e intrínsecos como: hipoxemia. También fue posible con la investigación bibliográfica asociar la lactancia materna, estado nutricional e inmunización con el riesgo de enfermedad.
Palabras-clave: Neumonía; Preescolar; Factores de Riesgo.
INTRODUÇÃO
A pneumonia consiste em uma infecção aguda do trato respiratório inferior, no parênquima pulmonar por um ou mais agentes patógenos, podendo ser bactérias, vírus ou fungos 1 . Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo para as Nações Unidas para a Infância (UNICEF) as pneumonias estão entre as principais causas de morte na infância, compondo 14% de todas as mortes infantis no mundo 2 .
Diante disso, existem diversas estratégias mundiais que buscam reduzir o impacto causado pela pneumonia na infância. Dentre estas, existe o GAPPD (Global Action Plan for Prevention and Control of Pneumonia and Diarrhoea), que consiste no Plano de Ação Global Integrado para Pneumonia e Diarreia de 2013, que inclui como metas até 2025 a redução da pneumonia em crianças com menos de 5 anos de idade a menos de 3 por mil nascidos vivo e reduzir a incidência de pneumonia grave em 75% em crianças com menos de 5 anos de idade em comparação com os níveis de 20102.
Ademais, nos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) é apresentado como objetivo 3 a redução das mortes por causas evitáveis em recém-nascidos e crianças menores que 5 anos, sendo assim, as pneumonias na infância também são inseridas neste contexto3.
Crianças menores de cinco anos tem em torno de quatro a oito episódios de infecções respiratórias agudas, destas de 2 a 3 % evoluem para casos mais graves de pneumonia, em sua maior parte bacteriana, a mais comum o Streptococcus pneumoniae , e o Haemophilus influenzae , em países em desenvolvimento, exceto naqueles que aderiram ao calendário vacinal, onde estes agentes patogênicos ocorrem com menor frequência. A etiologia varia de acordo com a idade da criança 4 ,5 .
Os fatores de risco extrínsecos para a ocorrência de infecções respiratórias estão associados ao meio em que a criança está inserida, bem como a aspectos relacionados ao cuidador/mãe, como por exemplo, a escolaridade materna 6. O relacionamento em grupo, tendo em vista os ambientes de educação e recreação infantil, também são observados como critérios de risco para pneumonias, a exemplo das creches, em decorrência da aglomeração de crianças em um espaço. Além destes, a curta duração de aleitamento materno e as condições de higiene, bem como os aspectos de vulnerabilidade imunológicas na infância, facilitam a transmissão de patógenos 7 ,8 .
Ademais, alguns fatores de risco podem ser inerentes ao indivíduo como idade e condições clínicas prévias que podem estar associadas ao acometimento da criança a pneumonia. Doenças que aumentam a mucoviscosidade, como a exemplo da fibrose cística possui “grande susceptibilidade a infecções respiratórias agudas crônicas por determinados patógenos, particularmente Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, complexo Burkholderia cepacia e Stenotrophomonas maltophilia” 9 ,10 .
Diante destes fatores, emerge uma demanda de melhoria na assistência à estas doenças, sendo implementada a Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância ( AIDPI), envolvendo como aspectos primordiais, a capacitação de recursos da atenção primária, ampliando assim a qualidade da assistência prestada, educação em saúde e diversos outros aspectos para resolução dos problemas das doenças da infância 5 .
Portanto, a abrangência das ações existentes, bem como implementação de novas políticas públicas a fim de detectar precocemente, prevenir riscos, promover qualidade de vida e melhorar o processo de saúde-doença, garante maior avanço na atenção à saúde infantil 6 .
As infecções do trato respiratório apresentam-se como um problema de saúde pública que está relacionada não somente com as condições de exposição da criança ao agente patogênico, envolvendo aspectos sociais, econômicos e demográficos.
Sendo assim, para identificar estratégias precoces de prevenção é necessário compreender os fatores que abrangem o risco de a criança ser acometida por esta patologia, a fim de ampliar ações que visem atuar diretamente sobre estes fatores e reduzir a ocorrência de infecções, justificando a realização deste estudo, que tem por objetivo: identificar, na literatura nacional e internacional, os principais fatores de risco, o manejo e as estratégias de prevenção associados às pneumonias na infância.
REFERENCIAL TEÓRICO
Definição e etiologia
A pneumonia é uma das patologias consideradas como doenças prevalentes na infância, juntamente com as doenças diarreicas e demais afecções respiratórias, principalmente em populações e regiões de maior vulnerabilidade, estas doenças são responsáveis pelas causas de adoecimento e complicações que abrangem o risco de vida das crianças 10.
Esta patologia consiste na inflamação do parênquima pulmonar e é uma das principais causas de mortalidade infantil em crianças menores de cinco anos em países em desenvolvimento 11 . Em relação a esta faixa etária, dados do DATASUS (Departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil) demonstram que entre período de janeiro de 2018 e agosto de 2023 ocorreram 867.218 internações hospitalares e um total de 5.129 óbitos por pneumonia 12.
As pneumonias adquiridas na Comunidade (PACs) costumam ser precedidas por um quadro infeccioso viral, sem maiores alterações em relação à sintomatologia para um quadro bacteriano 9.
A ocorrência de pneumonias virais está em aumento significativo, apresentando-se um predomínio de vírus nas PACs sob as bactérias. Os estudos apontam ser primordial futuras investigações com a priorização de ferramentas que diferencie a etiologia das pneumonias, sejam virais ou bacterianas 13,14.
A etiologia da pneumonia possui causas infecciosas e não infecciosas, como aspiração de alimentos, corpo estranhos, substância lipoides e reações de hipersensibilidade. A maioria dos casos ocorrem em decorrência de algum microrganismo, e adquirida na comunidade. Os patógenos mais comuns são o rinovírus, seguido da influenza, seguido do patógeno bacteriano – Streptococos pneumoniae (em crianças até 4 anos de idade) e Mycoplasma pneumoniae e a Chlamydophila pneumoniae ( em maiores de 5 anos)15 ,16 .
Fisiopatologia e sintomatologia
Existem diversos mecanismos fisiológicos de defesa que mantém o trato respiratório estéril, como o sistema mucociliar, a presença de imunoglobulina A (IgA) secretora e a limpeza de vias aéreas pela tosse. Além dos macrófagos e outras imunoglobulinas presentes nos alvéolos e bronquíolos. A pneumonia viral causa lesão direta no epitélio respiratório, causando edema, obstrução e secreções anormais nas vias aéreas. Já na pneumonia bacteriana os microrganismos colonizam a traqueia e tem acesso aos pulmões 16 .
A sintomatologia e a gravidade dos casos de PAC envolvem a idade e os fatores de riscos associados com a criança, podendo apresentar sintomas como tosse, febre, taquipneia, tiragem subcostal, crepitações, dor torácica, dentre outros 11 .
Tendo em vista o pequeno calibre das via aérea infantil é perceptível que estes indivíduos estejam mais suscetíveis à infecções graves, devido a hipoxemia causada pelas atelectasias, edemas e alterações de ventilação-perfusão que acompanham a obstrução das vias respiratórias 16 .
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é em sua totalidade por meio de análise de aspectos clínicos, sendo exames por imagem, como radiografia de tórax, recomendados apenas em casos que necessitem de internação, que pode ser observado consolidação alveolar, pneumocele e derrames pleurais 17 .
A identificação precoce dos sinais e sintomas que envolvem a pneumonia é essencial para garantir um diagnóstico correto e uma intervenção rápida, reduzindo, assim, a mortalidade por pneumonia na infância. Sendo notório que o tratamento adequado está ligado diretamente com a chance de agravos e redução das internações hospitalares 11.
A Organização Mundial da Saúde (2014)18 publicou um documento intitulado “Revised WHO classification and treatment of childhood pneumonia at health facilities”, que apresenta uma revisão da classificação do tratamento da pneumonia na infância. Dividindo esta classificação em recomendações descritas no quadro 01.
Quadro 1. Adaptado da WHO. Recomendações para uso de antibióticos na pneumonia infantil, 2023.

No Brasil, devem-se considerar alguns critérios para hospitalização, como: crianças menores de 2 anos, presença de tiragem subcostal, convulsões, sonolência excessiva, estridor, desnutrição grave, hipoxemia, comorbidades, falha de terapêutica ambulatorial prévia e achados radiológicos graves 17 .
Fatores de risco e estratégias de prevenção
Os fatores de risco que influenciam a ocorrência de insuficiência respiratória aguda, incluindo as pneumonias, envolvem principalmente aspectos intrínsecos, relacionados com baixa idade e comorbidades e extrínsecos que envolvem aspectos relacionados ao nascimento como: baixo peso ao nascer, aleitamento materno, além de variáveis socioeconômicas e ambientais e situação vacinal 9 .
O aleitamento materno é de extrema importância, principalmente nos primeiros seis meses de vida, e é considerado uma forma exclusiva de alimentação para o bebê, possuindo anticorpos necessários para prevenção de algumas patologias. A introdução precoce de alimentos pode estar associada a um aumento das hospitalizações por doenças respiratórias, diarreia e desnutrição 19 .
Os aspectos ambientais também são considerados importantes para a ocorrência destas infecções, bem como o aumento das internações hospitalares, um estudo realizado na região sul do Brasil associou o decréscimo da temperatura do ar com um impacto nas taxas de internação por pneumonia, possuindo maiores picos de internação na estação do inverno 20. Enquanto outro estudo apresenta aspectos evidenciados no estado do Ceará, com ampliação das internações em períodos mais chuvosos, bem como em períodos de temperaturas muito elevadas 21 .
A imunização é relevante tendo em vista que as crianças imunizadas contra H. influenzae tipo B e S. pneumoniae apresentam menor probabilidade de contrair estes agentes. Ademais, existem ainda riscos de infecção por patógenos específicos como Pseudomonas spp. em crianças imunossuprimidas e com doenças de base como a fibrose cística 16 .
O calendário vacinal infantil possui duas vacinas indicadas para prevenção da pneumonia na infância: A Pneumocócica 10 – valente ( PCV – 10) e a Pneumocócica 23- valente (PCV-23). A PCV-10 é composta por polissacarídeo capsular de 10 sorotipos de pneumococos, com indicação de duas doses e um reforço, sendo a primeira dose com 2 meses de idade, a segunda com 4 meses e o reforço com 12 meses. A PCV-23 que consiste em um polissacarídeo capsular de 23 sorotipos de pneumococos, sendo indicadas duas doses. A primeira dose a depender da situação vacinal com a PCV 10, com intervalo de 5 anos para povos indígenas e intervalo mínimo de 3 anos e a segunda dose 5 anos após a primeira 22 .
A vacinação para prevenção da infecção viral aguda causada pela influenza, consiste em estratégias para minimizar as complicações causadas por esta patologia. As crianças inseridas no programa de vacinação são as de faixa etária de 6 meses a menores de 6 anos (5 anos, 11 meses e 29 dias), sendo administrada pelo menos uma dose da vacina em 2023 nas crianças que receberam a vacina influenza sazonal em campanhas anteriores, em casos de vacinação pela primeira vez, deverá ser agendada segunda dose 30 dias após a primeira 22 .
A redução dos riscos desta patologia está diretamente associada com a prevenção das PACs, que impacta na saúde pública, levando em consideração cuidados primários 23 . Tendo em vista que as doenças respiratórias aumentam a busca por serviços de saúde de urgência, bem como ampliam as internações hospitalares, é importante ressaltar que a qualificação das equipes de saúde que atendem este indivíduo, no intuito de garantir o diagnóstico e tratamento precoce, evitando internação hospitalar desnecessária e reduzindo as probabilidades de intercorrências mais graves 10 .
METODOLOGIA
O estudo consiste em uma revisão integrativa da literatura nacional e internacional sobre os fatores de risco e estratégias de prevenção das pneumonias na infância. A condução do estudo visa sanar a seguinte questão norteadora: Quais os achados na literatura sobre os fatores de risco e as estratégias de prevenção das pneumonias na infância?
O levantamento bibliográfico foi realizado em agosto e setembro de 2024 nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), através dos portais: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e MEDLINE/PubMed.
Para a realização das buscas nos periódicos, foram utilizados os descritores selecionados através dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Pneumonia”, “Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância”, “Fatores de Risco” e “Prevenção”, e do Medical Subject Headings (MeSH): “Pneumonia”, “Integrated Management of Childhood Illness”, “Risk Factors” e “Prevention”. Os critérios de inclusão para a amostra consistiram em artigos publicados nos últimos 10 anos, nos idiomas português, inglês e espanhol, sendo necessária a disponibilidade do texto completo para acesso. Por outro lado, os critérios de exclusão abrangeram teses, dissertações e estudos de caso clínico, que não foram considerados devido ao foco restrito da pesquisa em artigos científicos completos e revisados por pares, assegurando maior rigor na análise.
Estes descritores serão cruzados nas bases de dados supracitadas com a utilização do operador booleano “AND” e “OR”. Foi optado por ampliar a especificidade na pesquisa inserindo o descritor “Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância”. Sendo categorizados e organizados conforme descritos no quadro 02.
Quadro 2- Cruzamento dos descritores

A seleção dos artigos foi realizada por dois revisores de forma independentes com base na leitura inicial dos títulos e resumos. Nessa etapa foi utilizada a plataforma Rayyan para organizar e garantir a revisão em duplo cego. Posteriormente, os artigos selecionados no Rayyan, foram lidos na íntegra, de maneira minuciosa com o objetivo de extrair as principais informações dos artigos.
Por tratar-se de uma revisão de literatura de estudos publicados nas bases de dados, não foi necessária apreciação do projeto pelo comitê de ética e pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificados na literatura 5 artigos que tratam sobre os fatores de risco e medidas profiláticas para pneumonia na infância, a caracterização destes estudos quanto ao Ano, país de origem, objetivo e principais resultados estão descritos na quadro 3.
Quadro 3 – Síntese de artigos incluídos na revisão
Autor/Ano | País de Estudo | Objetivo | Principais Resultados |
Blanc et al. (2019) | Papua Nova Guiné | Investigar o desempenho da oximetria de pulso para identificar crianças com doenças graves com e sem sinais/sintomas respiratórios entre uma coorte de crianças acompanhadas por episódios mórbidos em um ensaio de intervenção que avaliou a eficácia do Tratamento Preventivo Intermitente para malária em bebês (IPTi) em Papua Nova Guiné (PNG). | Melhora no desempenho da oximetria de pulso em crianças mais novas. A sensibilidade da oximetria de pulso para prever pneumonia grave entre todas as pneumonias variou de 81 a 85%. |
Colbourn et al. ( 2020) | Malawi | Determinar se a oximetria de pulso nos níveis de atenção primária de ACS e HC ambulatoriais identifica pacientes com pneumonia infantil e infantil para encaminhamento ao hospital, independentemente dos | Foi demonstrada a importância de verificar hipoxemia e o seu papel no reconhecimento de |
sinais clínicos incluídos nas diretrizes do Malawi e da OMS para pacientes ACS e HC e os resultados de fatalidade 30 dias após o diagnóstico. | desfechos fatais de pneumonia infantil. | ||
Escribano- Ferrer et al (2017) | Gana | Avaliar a eficácia do Integrated Community Case Management (iCCM) e do Community-based Health Planning and Services (CHPS) no conhecimento da doença e no comportamento de saúde em relação à malária, diarreia e pneumonia. | A identificação de sinais de pneumonia grave foi associada à prontidão na busca por atendimento. |
King et al. (2022) | Nigéria | Estimar a prevalência pontual de pneumonia e desnutrição e explorar associações com fatores socioeconômicos e domiciliares. | Ter qualquer grau de instrução teve maior probabilidade de pneumonia. |
Macedo et al. (2019) | Brasil | Investigar fatores associados ao uso e à qualidade da Atenção Primária à Saúde, bem como à ocorrência de pneumonia e diarreia em crianças menores de um ano. | O acesso/utilização de serviços de APS foi considerado um provável fator de risco. |
Fonte: Autor (2024)
O não acesso a serviço de saúde foi identificado 24 como fator de risco para desenvolvimento de Pneumonia na Infância, o que está associado ao papel crucial que a APS desempenha na prevenção de pneumonias na infância e promoção de saúde, através de ações como vacinação, monitoramento contínuo, orientações sobre higiene, controle de comorbidades, avaliação de vulnerabilidades e articulação com outros serviços de saúde.
Uma meta-análise 29 , mostrou que situações sensíveis à APS são consistentemente associados a Pneumonia Grave na infância, como falta de amamentação exclusiva, imunização incompleta e desnutrição. Essa tríade impacta a capacidade de resposta do sistema imunológico da criança no combater a infecções. Estudos já demonstraram que aleitamento materno 30 , imunização 31 e estado nutricional adequado 32 reduzem a incidência da doença e está ligado a meta 3 dos Objetivo de Desenvolvimento Sustentável sobre mortalidade infantil.
A Pneumonia continua sendo umas das principais causas de hospitalização e mortalidade de crianças menores de cinco anos, nessa perspectiva é imprescindível o fortalecimento e ampliação de ações na APS para que o serviço alcance toda a população, visto que podem reduzir consideravelmente a ocorrência de pneumonia na infância, com cuidados de prevenção, controle de fatores de risco e promoção de educação em saúde 33 .
Os profissionais de saúde da APS devem estar atentos às manifestações clínicas respiratórias e fazer diagnóstico diferencial perante demais condições que podem se assemelhar como a asma, bronquite aguda e bronquiolite. É fundamental garantir diagnóstico precoce e tratamento em tempo oportuno e imediato para diminuição de mortalidade por essa condição 34 .
O nível de instrução impacta a capacidade dos responsáveis de identificar os primeiros sinais de pneumonia, como febre, tosse persistente e dificuldade respiratória. Pais ou cuidadores com maior escolaridade geralmente respondem mais rapidamente aos sintomas e buscam atendimento médico em tempo hábil, redução do risco de complicações e internações, além de empenharem importante papel no apoio familiar em situações de crianças com pneumonia 35 .
A hipoxemia é uma das principais complicações da pneumonia, associada a casos graves36. A inflamação e acúmulo de líquidos nos alvéolos pulmonares causa comprometimento na troca de gases, taquipneia, cianose periférica e central, agitação e com agravamento para sonolência. É imprescindível a avaliação médica dos sintomas e sinais de hipoxemia, de forma a garantir o tratamento da infecção o mais rápido possível e correção dos níveis de oxigênio no sangue. Saturação abaixo de 92 % em ar ambiente é um critério objetivo para pneumonia grave37 , o que é recomendado a instalação de oxigênio suplementar por meio de cânulas nasais para manter os níveis acima de 94% 38 .
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este levantamento apontou fatores de risco para o desenvolvimento de pneumonia em crianças, fatores extrínsecos como: acesso a serviços de saúde de caráter primário e graus de instrução; e intrínsecos como: hipoxemia. Também foi possível com a pesquisa bibliográfica associar o aleitamento materno, estado nutricional e imunização com o risco de adoecimento.
Portanto, é essencial adotar estratégias preventivas, que incluam promoção da amamentação exclusiva, garantia de cobertura vacinal completa e combate à desnutrição infantil, para reduzir substancialmente a carga da pneumonia, além do Investimento na melhoria das condições socioeconômicas e ambientais e no acesso a cuidados de saúde de qualidade também são cruciais para a minimização dos fatores de risco e melhoraria da saúde das crianças.
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1Acadêmico de Medicina na Fundação Oswaldo Aranha. Volta Redonda, RJ
2Mestre. Médico e docente do curso de Medicina na Fundação Oswaldo Aranha. Volta Redonda, RJ.