RISK AND PREVENTION FACTORS ASSOCIATED WITH PRESSURE INJURY IN INTENSIVE CARE UNITS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8013967
Josepson Maurício da Silva1; João Pedro Leal de Castro2; Denise Espindola Castro3; Maria Elisangela Santos Lira4; Ana Claudia Rodrigues da Silva5; Sandra da Silva Calage6; Carina Luzyan Nascimento Faturi7; Erik Vinicius Barros Guedes8; Judit Callañaupa Yepez9; Sandro Pinheiro da Costa10; Ana Luíza Cunha de Carvalho11; Cibele Avila Gomes12; Thuanne Carolline Silva Lima13; Paula Monalliza de Santana Silva14; Katia da Silva dos Santos15; Maria Eduarda Mintzfels Branco16;
RESUMO
Introdução: As lesões por pressão (LPP) são caracterizadas por danos localizados na pele e/ou tecidos subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea. Atualmente as LPP constituem um dos principais fatores adversos encontrados nos serviços de saúde, sendo uma das consequências mais comuns da longa permanência de pacientes acamados em unidades de terapia intensiva (UTIs). Objetivo: Identificar os principais fatores de risco e de prevenção associados as LPP nas UTIs. Metodologia: Estudo descritivo de revisão integrativa, realizado com artigos originais disponíveis nas línguas portuguesa e inglesa, publicados nas bases de dados SCIELO e LILACS, no período de 2015 a 2021. Resultados e Discussões: Encontrados 144 artigos, dos quais, 17 estão nesta pesquisa. Os resultados foram classificados por área temática que envolveu: gênero, fatores de risco, medidas preventivas e localização anatômica mais afetada.O sexo masculino apresentou maior incidência para o desenvolvimento de LPP. Os principais fatores de risco mencionados foram idade, cor da pele e tempo de internação. As medidas preventivas de maior relevância estão relacionadas à utilização da escala de Braden, mudança de decúbito, uso de colchão pneumático, a hidratação da pele e a higiene corporal. As localizações anatômicas mais citadas foram região sacra e calcâneo. Conclusão: A identificação de tais fatores é de extrema importância para a prática, pois proporciona um conhecimento de grande relevância em âmbito hospitalar, visto que as LPP constituem um potencial problema, devido à longa permanência dos pacientes e pelo grau de complexidade que os mesmos apresentam, ficando vulneráveis a diversos fatores que podem complicar seu estado de saúde.
Palavras-Chave: Lesão por pressão, Unidade de Terapia Intensiva, Fatores de risco, Fatores de prevenção.
ABSTRACT
Introduction: Pressure injuries (PPL) are characterized by localized damage to the skin and/or underlying tissues, usually over a bony prominence. Currently, PI constitute one of the main adverse factors found in health services, being one of the most common consequences of the long stay of bedridden patients in intensive care units (ICUs). Objective: To identify the main risk and prevention factors associated with PI in ICUs. Methodology: Descriptive integrative review study, carried out with original articles available in Portuguese and English, published in the SCIELO and LILACS databases, from 2015 to 2021. Results and Discussions: Found 144 articles, of which 17 are in this research. The results were classified by thematic area that involved: gender, risk factors, preventive measures, and most affected anatomical location. Males had a higher incidence of developing PI. The main risk factors mentioned were age, skin color and length of stay. The most relevant preventive measures are related to the use of the Braden scale, changing positions, using a pneumatic mattress, skin hydration and body hygiene. The most cited anatomical locations were the sacral and calcaneal regions. Conclusion: The identification of such factors is extremely important for practice, as it provides knowledge of great relevance in the hospital environment, since PI constitute a potential problem, due to the long stay of patients and the degree of complexity that they present, becoming vulnerable to several factors that can complicate their state of health.
Keywords: Pressure injury, Intensive Care Unit, Risk factors, Prevention factors.
1 INTRODUÇÃO
As lesões por pressão (LPP) constituem um dos principais fatores adversos encontrados nos serviços de saúde, sendo uma das consequências mais comuns da longa permanência de pacientes acamados em hospitais (PEREIRA; LUDVICH; OMIZZOLO, 2016). Todos os anos, dezenas de milhões de pacientes no mundo, são vítimas de lesões incapacitantes e de morte em consequência das práticas de saúde inseguras. Tais incidentes acometem em média um a cada dez pacientes. Essa estimativa é maior em países em desenvolvimento (OMS, 2018).
As LPP são caracterizadas por um ou mais danos localizados na pele e/ou tecidos subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea, resultante da pressão isolada ou combinada com forças de cisalhamento e/ou fricção, como também pelo microclima, nutrição, perfusão e condições do tecido. O aparecimento das LPP está associada não somente a falhas no cuidado, como também a fatores intrínsecos do indivíduo atendido que aumentam os riscos de desenvolvimento da lesão (CAMPOI et al., 2019).
A terminologia “úlcera por pressão” foi alterada recentemente pelo National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) para “lesões por pressão”, pois esta nova expressão descreve de forma mais precisa esse tipo de lesão, tanto na pele saudável como na ulcerada. A mudança correu não apenas na terminologia, como foram realizadas atualizações da nomenclatura dos estágios do sistema de classificação (FRANÇA et al., 2016).
As novas definições abrangem: lesão por pressão estágio 1 (pele íntegra com eritema que não embranquece), lesão por pressão estágio 2 (perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme), lesão por pressão estágio 3 (perda da pele em sua espessura total), lesão por pressão estágio 4 (perda da pele em sua espessura total e perda tissular), lesão por pressão não classificável (perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível), lesão tissular profunda (descoloração vermelho escura, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece). Também foram inclusas algumas definições adicionais, como: lesão por pressão relacionada a dispositivo médico e lesão por pressão em membranas mucosas (FRANÇA et al., 2016).
Assim, nota-se que foram classificadas para indicar a extensão do dano tissular e que tais estágios foram retificado com base nos questionamentos recebidos pelo NPUAP dos profissionais que tentavam diagnosticar e identificar o estágio das lesões (FRANÇA et al., 2016).
Atualmente o Brasil integra a aliança mundial para a Segurança do Paciente, proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cujo principal propósito é instituir medidas que aumentem a segurança e a qualidade na prestação dos serviços de saúde. A prevenção das LPP compõe uma das metas internacionais para segurança do paciente, combinada com a redução do risco de quedas (OMS, 2018).
O programa de segurança do paciente prioriza a atuação na identificação de soluções para a segurança do paciente e que as iniciativas possam ser disseminadas nos hospitais brasileiros (MENDONÇA et al., 2018). A Portaria n° 529 e a Resolução RDC nº 36, ambas publicadas em 2013 pelo Ministério da Saúde, especificam as ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e referem a finalidade de melhoria do cuidado em saúde por meio da proposição e validação de protocolos, guias e manuais, inclusive com foco nas LPP (MENDONÇA et al., 2018).
As LPP trata-se de um problema frequente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), onde os pacientes são mais vulneráveis, principalmente, devido à alteração do nível de consciência, uso de sedativos, drogas vasoativas, suporte ventilatório e pelas restrições de movimentos por período prolongado e instabilidade hemodinâmica (VASCONCELOS; CALIRI, 2017).
Considerado um problema de saúde persistente, as LPP causam sofrimento aos pacientes e familiares, gera gastos excessivos para o sistema de saúde e aumenta a carga de trabalho das equipes de enfermagem que desempenham papel fundamental nos cuidados (BRASIL, 2013). Dessa Forma, torna-se fundamental a adoção de medidas preventivas para reduzir a sua incidência, visto que esta é considerada um importante indicador de qualidade assistencial (CAMPOI et al., 2019).
Conforme Lima et al. (2017), é de vital importância que o enfermeiro busque o aperfeiçoamento constante de suas práticas a fim de inserir medidas que visem a identificação de fatores de risco de LPP, de modo que se permita a manutenção da integridade da pele do paciente durante todo o período de internação e se preste, assim, uma assistência de qualidade. Nesse contexto, a educação permanente voltada para a equipe de enfermagem é uma ação importante nos serviços de saúde, pois possibilita a atualização do conhecimento dos profissionais e a melhoria da assistência. Ainda, auxilia na transformação da realidade por meio da articulação entre a teoria e a prática realizada pelos trabalhadores, mediada por políticas institucionais que amparem essas ações (CAVALCANTI; KAMADA, 2020).
Diante do exposto, reconhecendo o potencial problema das LPP em pacientes acamados, susceptíveis a diversos tipos de infecções, surgiu a motivação para o desenvolvimento do presente estudo. Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo: Identificar os principais fatores de risco e de prevenção associados as LPP nas UTIs.
Trata-se de um estudo descritivo do tipo revisão integrativa, cuja finalidade é proporcionar a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
Esse método científico constitui a Prática Baseada em Evidência (PBE), a qual permite a utilização de resultados para prática clínica. A enfermagem baseada em evidências é caracterizada pela tomada de decisões do profissional ocasionada pela aplicabilidade de informações válidas, testadas e baseadas em pesquisas. Uma das finalidades da PBE é encorajar a utilização de resultados experimentados e avaliados em pesquisas na assistência prestada à saúde em seus níveis de atuação, reforçando a importância da pesquisa para prática profissional (CULLUM et al., 2009).
Para elaboração da presente revisão, foram utilizadas as seguintes etapas: formulação da questão de pesquisa; seleção dos descritores, estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão; obtenção dos artigos que constituíram a amostra; avaliação dos artigos; interpretação dos resultados e apresentação da revisão integrativa. A pesquisa foi elaborada a partir da seguinte questão norteadora: Quais são as evidências científicas publicadas nos últimos seis anos que abordam os principais fatores de risco e de prevenção associados as LPP nas UTIs?
Os critérios de inclusão adotados foram: estudos publicados na língua portuguesa, inglesa e espanhola entre os anos de 2015 a 2021, disponíveis na forma gratuita e online, e que compartilhem da temática e objetivo proposto. E quanto aos critérios de exclusão, destaca-se: artigos duplicados, em forma de resumos e carta ao editor. Publicações, como teses e dissertações, estudos em que o objetivo proposto não foi claro e adequadamente descrito ou não estavam disponíveis na íntegra também foram excluídas da revisão. A coleta de dados ocorreu em março de 2021.
A busca ocorreu através da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) nas seguintes bases de dados eletrônicas: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) utilizados para pesquisa foram: “lesão por pressão”, “unidade de terapia intensiva”, “risco” e “prevenção”. Para refinamento do material, foi utilizado o operador booleano and combinado da seguinte forma: “lesão por pressão” and “unidade de terapia intensiva”, “lesão por pressão” and “risco” e “lesão por pressão” and “prevenção”. O uso do operador booleano and permitiu acessar os artigos com intersecção entre os descritores e palavras-chave.
Na Tabela 1 é possível evidenciar os cruzamentos dos descritores e seus resultados de acordo com cada base de dados e a quantidade de artigos selecionados para a pesquisa.
TABELA 1 – Relação dos artigos selecionados conforme a base de dados.
BASES DE DADOS | CRUZAMENTO 1 (lesão por pressão and unidade de terapia intensiva) | CRUZAMENTO 2 (lesão por pressão and risco) | CRUZAMENTO 3 (lesão por pressão and prevenção) | ARTIGOS SELECIONADOS |
LILACS | 20 | 24 | 31 | 8 |
SCIELO | 15 | 37 | 17 | 9 |
Para análise crítica dos artigos foi realizado uma leitura completa com as respectivas sínteses. Os dados utilizados neste estudo foram devidamente referenciados, respeitando e identificando seus autores e demais fontes de pesquisa, observando rigor ético quanto à propriedade intelectual dos textos científicos que foram pesquisados, no que diz respeito ao uso do conteúdo e de citação das partes das obras consultadas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme os critérios estabelecidos, o levantamento bibliográfico ficou da seguinte maneira: Na SCIELO, 69 artigos foram resgatados, posteriormente, 60 estudos foram excluídos e 9 permaneceram na amostra, destes, 7 em língua portuguesa e 2 na língua inglesa. Já na LILACS, 75 artigos foram resgatados, posteriormente, 67 estudos foram excluídos e 8 permaneceram na amostra, destes, 7 em língua portuguesa e 1 na língua espanhola. Ao todo, foram localizadas 144 publicações, sendo que 17 artigos foram elegíveis a fim de compor a amostra do presente estudo.
Em relação ao tipo de abordagem na pesquisa, 100% (17) dos artigos inclusos configurou-se de natureza quantitativa. Quanto à autoria dos artigos, 94,11% (16) foram realizados por enfermeiros, e 5,89% (1) por médico. Quanto ao ano de publicação dos artigos variou de 2015 a 2020, com a maioria, 64,70% (11) sendo publicados nos últimos três anos, sendo 58,82% (10) publicados entre os anos de 2018 a 2019. Sobre o Qualis dos periódicos inclusos na pesquisa, constatou-se que 47,06% (8) encontram-se estratificado nas categorias A1-A2, enquanto 52,94% (9) entre B1-B4. Ressaltasse que todos os artigos empregados trouxeram a discussão da educação em saúde como mediadora no processo de prevenção das LPP e da importância da assistência de enfermagem no enfrentamento dessa comorbidade.
No entanto, as principais informações extraídas do artigo original para esse estudo estão apresentadas nos Quadros 1 e 2, onde estão organizadas de acordo com o ano de sua publicação, partindo do mais recente para o mais antigo. Em seguida serão apresentados os principais resultados dos artigos analisados, tendo sido separados em quatro eixos temáticos, convergidos pela similaridade da maioria dos seus resultados, são eles: (1) Relação do risco de desenvolvimento de lesões por pressão de acordo com sexo, (2) Fatores de riscos para o desenvolvimento de lesões por pressão, (3) Localização anatômica mais acometida pelas lesões por pressão e (4) Medidas preventivas que devem ser adotadas pelos profissionais de enfermagem em sua assistência.
QUADRO 1 – Identificação dos artigos, conforme autor e ano de publicação, título, periódico e qualis.
CÓDIGO DO ESTUDO | AUTOR E ANO DE PUBLICAÇÃO | TÍTULO DO ARTIGO | TÍTULO E QUALIS DO PERIÓDICO |
1 | CAVALCANTI, E. O (2020) | Lesão por pressão relacionada a dispositivo médico em adultos: revisão integrativa. | Revista Texto & Contexto – Enfermagem / A2 |
2 | FARIAS, A. D. A (2019) | Ocorrência de lesões por pressão em unidade de terapia intensiva de um hospital universitário. | Revista Nursing / B2 |
3 | CORREIA, A. S. B (2019) | Lesão por Pressão: medidas terapêuticas utilizadas por profissionais de enfermagem. | Revista Brasileira de Ciências da Saúde / B4 |
4 | JOMAR, R. T (2019) | Incidência de lesão por pressão em unidade de terapia intensiva oncológica. | Revista Brasileira de Enfermagem / A2 |
5 | CASCÃO, T. R. V (2019) | Incidência e fatores de risco para lesão por pressão em unidade de terapia intensiva. | Revista Enfermagem Atual In Derme / B2 |
6 | CARVALHO, F (2019) | Prevalência de lesão por pressão em pacientes internados em hospital privado do estado de Minas Gerais. | Revista Enfermagem em Foco / B1 |
7 | BARBOSA, J. M (2018) | Ocorrência de lesão por pressão em pacientes internados em um hospital escolar. | Brazilian Journal of Enterostomal Therapy / B2 |
8 | ALENCAR, G. S. A (2018) | Injury in the therapy unit intensive care: incidence and risk factors. | Revista Nursing / B2 |
9 | PACHÁ, H. H. P (2018) | Lesão por pressão em unidade de terapia intensiva: estudo de caso-controle. | Revista Brasileira de Enfermagem / A2 |
10 | MENDONÇA, P. K (2018) | Prevenção de lesão por pressão: ações prescritas por enfermeiros de centros de terapia intensiva. | Revista Texto & Contexto Enfermagem / A2 |
11 | .OLIVEIRA, B. S (2018) | Adesão da enfermagem ao protocolo de lesão por pressão em unidade de terapia intensiva. | Arquivos de Ciências da Saúde / B3 |
12 | MATOZINHOS, F. P (2017) | Factors associated with the incidence of pressure ulcer during hospital stay. | Revista da Escola de Enfermagem da USP / A2 |
13 | TEIXEIRA, A. K. S (2017) | Incidência de lesões por pressão em Unidade de Terapia Intensiva em hospital com acreditação. | Revista Estima / B2 |
14 | BORGHARDT, A. T (2016) | Úlcera por pressão em pacientes críticos: incidência e fatores associados. : incidência e fatores associados. | Revista Brasileira de Enfermagem / A2 |
15 | VALLES, J. H. H(2016) | Cuidado de enfermagem omitido em pacientes com risco ou com úlceras por pressão. | Revista Latino-americana de Enfermagem / A1 |
16 | FRANÇA, J. R. G (2016) | Cuidados de enfermagem na prevenção de lesões por pressão em unidades de terapia intensiva: uma revisão sistemática. | Revista Brasileira de Saúde Funcional / B4 |
17 | CAMPANILI, T. C. G. F (2015) | Incidencia de úlceras por presión en pacientes de la Unidad de Cuidados Intensivos Cardiopneumológicos. | Revista da Escola de Enfermagem da USP / A2 |
QUADRO 2 – Identificação dos artigos, conforme objetivo geral, tipo do estudo e principais resultados.
CÓDIGO DO ESTUDO | OBJETIVO GERAL | TIPO DO ESTUDO | PRINCIPAIS RESULTADOS |
1 | Identificar fatores associados à lesão por pressão relacionada a dispositivo médico. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | LPP relacionadas a dispositivo médico foram comuns em adultos, principalmente em idosos, devido à fragilidade capilar, entre outras alterações. Outros fatores observados foram tempo de permanência, pacientes críticos ou que necessitassem de qualquer tipo de dispositivo médico. Inúmeros dispositivos médicos foram associados às lesões de pele; entre os mais frequentes estiveram dispositivos respiratórios, de alimentação, ortopédicos, tubos, oxímetros, colares cervicais, adesivos e sondas nasogástricas. |
2 | Identificar a ocorrência e características das lesões por pressão bem como, o perfil do paciente acometido. | Estudo longitudinal, descritivo de natureza quantitativa | Identificou uma ocorrência de 22,07% com predomínio de lesões em mulheres idosas, com distúrbios respiratórios e presença de comorbidades. |
3 | Identificar as medidas utilizadas pela equipe de enfermagem, na prevenção e uso de terapia tópica de LPP. | Estudo descritivo exploratório com abordagem quantitativa | Os principais resultados apontam para uma conformidade entre as ações e as recomendações da literatura, no entanto acredita-se que é necessário investir em educação permanente sobre atualidades em coberturas/curativos, para que os profissionais de enfermagem tenham um embasamento científico mais significativo que permita atuar com segurança. |
4 | Descrever a incidência de lesão por pressão em pacientes com câncer internados em unidade de terapia intensiva. | Estudo longitudinal, descritivo de natureza quantitativa | Taxa de incidência foi igual a 1,32 por 100 pacientes-dia e incidência acumulada global igual a 29,5%. Observou-se maior incidência entre portadores de doenças crônicas que apresentaram pelo menos um episódio de diarreia, que receberam nutrição enteral e drogas vasoativas e sedativas por tempo prolongado. |
5 | Verificar a incidência de lesões por pressão na amostra estudada e identificar os fatores de risco para o desenvolvimento de lesões através da Escala de Braden em pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Universitário no Rio de Janeiro. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | Observou que dos 75 pacientes avaliados, 21 desenvolveram lesões por pressão, equivalendo a uma taxa de incidência de 28%. Houve maior incidência no sexo masculino e indivíduos com idade maior que 60 anos. Os pacientes internados mais de 10 dias ficaram mais suscetíveis à formação de lesões, sendo a região sacra a mais acometida. |
6 | Estimar a prevalência de lesão por pressão e identificar fatores associados à ocorrência deste agravo em uma unidade de internação de hospital privado de Minas Gerais. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | Da amostra de 169 pacientes, nove desenvolveram lesão por pressão, sendo que um paciente desenvolveu três lesões, totalizando 11 lesões na casuística. A prevalência foi de 5,3%. Três lesões foram classificadas como Estágio 1, sete como Estágio 2 e uma como Estágio 3. |
7 | Avaliar a ocorrência e fatores de risco para o desenvolvimento de lesão por pressão em pacientes internados nas clínicas médica, cirúrgica e de observação do pronto-socorro de um hospital universitário do sul do estado de Minas Gerais (MG). | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | Observou-se alta frequência de LPP nas clínicas médica e cirúrgica e na observação do pronto-socorro. A maioria dos pacientes apresentou risco elevado para desenvolver LPP. |
8 | Identificar a incidência de LPP em pacientes internados em UTI e os fatores de risco associados ao agravo. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | Percebeu-se uma maior probabilidade de desenvolvimento de LPP após os 60 anos de idade. O Índice de Massa Corporal aparece como fator favorecedor ao surgimento de LPP e pacientes que são submetidos a procedimentos cirúrgicos correm maior risco quanto ao desenvolvimen- to dela. |
9 | Avaliar a relação entre a presença e ausência de Lesão por Pressão e fatores sociodemográficos e da internação. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | Entre os fatores de risco, destacaram-se, após ajuste, idade maior ou igual 60 anos, internação por doenças infecciosas, parasitárias e neoplasias, períodos de internação maiores que sete dias e estar internado em UTI que não fosse UTI convênio. A maioria das lesões foi notificada com grau de dano leve e classificada em estágio II. |
10 | Descrever as ações de enfermagem prescritas por enfermeiros para a prevenção de lesões por pressão e sua ocorrência em centros de terapia intensiva. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | Foi encontrada associação estatística entre as ações de mudança de decúbito, aplicação de cobertura hidrocoloide em região sacral, realização de higiene externa, troca de fixação do cateter orotraqueal e/ou cateter nasoenteral e inspeção da pele com a ausência de lesões por pressão. A ocorrência de lesões por pressão foi encontrada em 49% dos clientes em ambas as instituições. |
11 | Verificar a adesão da equipe de enfermagem ao protocolo de lesão por pressão e segurança do paciente em unidades de terapia intensiva. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | Dentre os 945 pacientes internados, em sua maioria do sexo masculino apresentaram lesão por pressão durante a internação, com predominância da faixa etária de 41 a 60 anos e do sexo masculino. Apenas a variável idade apresentou significância (p=0,016) quando comparado à incidência de lesão. A mudança de decúbito não apresentou evidência estatística de dependência. |
12 | Estimativa da taxa de incidência de úlcera por pressão e verificação de fatores associados a essa ocorrência em uma coorte de pacientes hospitalizados. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | A amostra foi composta por 442 adultos, com 25 casos de úlcera por pressão. Pacientes com altos escores na escala de Braden apresentaram maior risco de incidência de úlcera por pressão quando comparados aos classificados na categoria de baixo escore. |
13 | Analisar o perfil de incidência das lesões por pressão em Unidade de Terapia Intensiva de adultos | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | O estudo evidenciou baixa incidência de lesão por pressão nos pacientes da Unidade de Terapia Intensiva, levando-se em consideração o referencial de estudos internacionais e nacionais. |
14 | Identificar a incidência e descrever os fatores associados à úlcera por pressão em pacientes críticos. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | Constatou-se uma incidência de 22% (IC 95% 12,6 – 31,5), sendo 17 com 32 úlceras por pressão em região sacral (47%) e na categoria I (72%). Tempo de internação maior que 10 dias (71%), tipo de internação cirúrgica (53%), insuficiência cardíaca congestiva (24%) e alto risco na Escala de Braden (59%). |
15 | Determinar o cuidado de enfermagem omitido percebido pela equipe de enfermagem e sua relação com o cuidado omitido identificado na avaliação de pacientes com risco ou com presença de úlceras por pressão. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | Foi encontrada alta porcentagem de cuidado de enfermagem omitido na percepção da equipe. Porém, a avaliação do cuidado omitido foi muito superior. Não foi encontrada associação significativa entre ambos, priorizando reflexões sobre a importância de avaliações objetivas dos pacientes. |
16 | Analisar as principais práticas assistenciais de enfermagem para a prevenção de lesões por pressão em Unidades de Terapia Intensiva. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | Evidenciou que o gênero masculino apresentou uma incidência maior para o risco de desenvolvimento de lesões por pressão, embora não existam dados na literatura que justifiquem essa estatística. |
17 | Identificar e analisar os coeficientes de incidência de úlceras por pressão (UP) e os fatores de risco para o seu desenvolvimento em pacientes críticos com doenças cardiopneumológicas. | Estudo transversal, descritivo de natureza quantitativa | O estudo contribui para os conhecimentos relacionados à epidemiologia das UP em pacientes críticos com doenças cardiopneumológicas, favorecendo o planejamento de cuidados preventivos específicos para essa clientela. |
TABELA 2 – Relação do risco de desenvolvimento de lesões por pressão, de acordo com o sexo
VARIÁVEIS | INCIDÊNCIA DE LESÃO POR PRESSÃO (%) | ||||||||||
Sexo | E1 | E2 | E3 | E4 | E5 | E6 | E7 | E8 | E9 | E10 | |
M | N/a | 47,06 | N/a | 54,80 | 33,30 | 55,55 | 39,14 | 80,00 | 66,10 | 52,90 | |
F | N/a | 52,94 | N/a | 45,20 | 66,70 | 44,45 | 60,86 | 20,00 | 33,90 | 47,10 | |
E11 | E12 | E13 | E14 | E15 | E16 | E17 | |||||
M | 56,93 | 72,00 | 51,50 | 59,00 | 62,50 | 64,30 | 72,50 | ||||
F | 45,19 | 28,00 | 48,50 | 41,00 | 37,50 | 35,70 | 27,50 |
Fonte: Dados da Pesquisa, 2021.
Os artigos inclusos na Tabela 2, mostram uma incidência de 70,60% (12) para o risco de desenvolvimento de LPP no sexo masculino. No entanto, não há dados na literatura que justifiquem essa estatística. Portanto, não se sabe ao certo se o sexo influencia na incidência das LPP, necessitando assim de estudos para comprovar essa prerrogativa.
TABELA 3 – Fatores de riscos para o desenvolvimento de lesões por pressão, segundo os artigos incluso
FATORES DE RISCO | *ESTUDO |
Idade avançada | E2, E3, E5, E6, E7, E8, E9, E10, E11, E12, E13, E14, E16, E17 |
Doenças cardiovasculares | E2, E3, E4, E6, E8, E10, E14, E16 |
Doenças do sistema nervoso | E3, E4, E5, E6, E14, E16 |
Incontinência anal e vesical | E1, E3, E8 |
Mobilidade | E1, E2, E3, E5, E15 |
Obesidade | E3, E4, E5, E6, E9, E10, E16, E17 |
Doenças Crônicas | E2, E3, E4, E6, E10, E14, E16 |
Umidade | E1, E3, E9 |
Fricção e cisalhamento | E1, E3, E4, E7 |
Cor da Pele | E1, E2, E3, E4, E5, E7, E8, E9, E10, E14, E16, E17 |
Dispositivos Médicos | E1, E2, E3, E4, E9, E13, E15, E16 |
Drogas vasoativas | E3, E4, E9, E10, E14, E16 |
Tempo de internação | E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8, E11, E12, E13, E14, E16 |
Fonte: Dados da Pesquisa, 2021.
Com relação aos fatores de riscos, os artigos inclusos mostraram uma não conformidade entre eles, pois houve uma disparidade nos resultados, conforme ilustra a Tabela 3; as variáveis “idade”, “cor da pele” e “tempo de internação” obtiveram as maiores pontuação, embora não necessariamente citada pelos mesmos autores.
A literatura aponta que os idosos compõem o grupo de maior risco para desenvolvimento de LPP, uma vez que a pele deles sofrem transformações próprias do processo fisiológico de envelhecimento, pela redução na elasticidade, na textura, pela diminuição da massa muscular e da frequência de reposição celular, tornando essa pele mais frágil (FRANÇA et al., 2016).
Em relação aos fatores de risco para o desenvolvimento de LPP, além da idade já discutida anteriormente, outras condições podem influenciar o desenvolvimento de lesões como as doenças crônicas, em especial a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM). Um dos fatores de risco mais encontrados entre os pacientes acometidos pelas LPP é a HAS. Sabe-se que o uso contínuo de medicamentos anti-hipertensivos reduz o fluxo sanguíneo e a perfusão tissular, o que torna os pacientes mais susceptíveis à pressão, facilitando o desenvolvimento de LPP (SAYAR et al., 2008). Já no paciente com DM há o desequilíbrio entre o fornecimento e a demanda de insulina, o que torna esses pacientes propensos a complicações vasculares periféricas e diminuição da sensibilidade, aumentando o risco para formação de LPP (QUIRINO et al., 2014).
Ainda foram citadas como fator de risco às doenças cardiovasculares, quando estão associadas: a obesidade, a formação do tecido adiposo que diminuirá a vascularização da superfície da pele e a diminuição da mobilidade, decorrente do sobrepeso. O aparecimento de lesões poderá ser associado ao aumento do risco desses pacientes que apresentam mobilidade diminuída, o que dificulta a realização de atividades diárias e, consequentemente, favorece o aparecimento dessas lesões. (LUCENA et al., 2011; FRANÇA, 2016).
Dentre as doenças apresentadas, sabe-se que os pacientes que apresentam extremos de classificação de índice de massa corporal (IMC) também estão em maior risco de aparecimento de lesões. Aqueles com redução de massa corporal têm comprometimento na proteção das regiões de proeminência óssea e os que apresentam tecido adiposo em excesso por este ser pouco vascularizado e não ser elástico como outros tecidos, torna-se mais vulnerável à pressão e propenso a romper-se (GOMES et al., 2011).
Também foram mencionadas como fator de risco as incontinências anais e vesicais relacionadas à exposição prolongada da pele dos pacientes à umidade, decorrente das eliminações vesicais/intestinais. Ainda sobre a umidade, as drenagens de fístulas ou feridas e transpiração excessiva podem ocasionar maceração na pele, ocasionando as LPP, por isso é necessária grande atenção da equipe de saúde para detectar, evitar ou até mesmo solucionar esse problema (FRANÇA, 2016).
Ainda com relação aos fatores de riscos, ressalta-se os pacientes com diminuição do nível de consciência em decorrência de doenças de origem neurológica ou da percepção sensorial, isso faz com que o cérebro apresente dificuldade em identificar o que está ocorrendo com o paciente por meio de estímulos nervosos, reduzindo sua percepção de desconforto e/ou dor, diminuindo, assim, a mobilidade e a atividade do paciente, o que pode ocasionar o desenvolvimento de LPP. Pacientes com esse perfil clínico, representa um grande número nas dependências das UTIs, necessitando de uma atenção especial dos profissionais de enfermagem para realizarem suas necessidades pessoais, dentre elas a mudança de decúbito, pois o indivíduo imóvel não é capaz de aliviar as pressões das proeminências ósseas, mantendo desse modo os fatores de intensidade e duração da pressão (JÚNIOR et al., 2017).
Quanto à cor da pele como fator de risco, alguns estudos constaram que a pele preta é mais resistente à agressão externa causada pela umidade e fricção. Este fato pode ser justificado pela estrutura da pele preta possuir o estrato córneo mais compacto, conferindo a ela maior resistência às irritações químicas e caracterizando-se como barreira mais efetiva aos estímulos externos. Portanto, a pele branca fica mais susceptível às lesões por pressão (QUIRINO et al., 2014; FRANÇA, 2016).
O cisalhamento e a fricção são fatores significantes de risco para o desgaste e ruptura da pele. Esta é criada quando as forças de duas superfícies deslizam uma contra a outra, resultando em abrasão, podendo, muitas vezes, formar bolhas (BLANES et al., 2004). Quanto à força do cisalhamento, ocorre em consequência de mobilização ou posicionamentos incorretos que, junto com a ação da gravidade, acabam gerando força ou pressão contrária, provocando danos em tecidos mais profundos. Isso ocorre quando o paciente é mantido com a cabeceira elevada, em um ângulo acima de 30 graus, possibilitando-lhe escorregar no leito e lesar principalmente a região sacra e a coccígea (AMARAL et al., 2012).
Quanto ao tempo de internação, drogas vasoativas e dispositivos médicos como fator de risco para o desenvolvimento das LPP: As UTIs apresentam pacientes com características peculiares em decorrência de sua gravidade clínica e instabilidade hemodinâmica dos sistemas orgânicos. Essas condições requerem mecanismos de suporte à vida como o uso de ventilação mecânica, sedação contínua, drogas vasoativas, monitorizações e diversos tipos de dispositivos como cateteres, drenos e sondas, por período prolongado. Por isso, os pacientes estão mais expostos e vulneráveis a alterações no processo de manutenção da integridade da pele. Dessa forma a grandes chances do paciente ser acometido por uma LPP (VASCONCELOS; CALIRI, 2017; CRUZ, 2019).
TABELA 4 – Localização anatômica mais acometida pelas lesões por pressão de acordo com os artigos inclusos.
LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA | *ESTUDO |
Sacra | E2, E3, E6, E9, E12, E16 |
Calcâneo | E2, E3, E6, E9, E12 |
Maléolo | E3, E6, E9 |
Glúteo | E2, E3, E6, E9 |
Trocânter | E2, E3, E9, E12 |
Orelha | E3 |
Face medial do joelho | E3 |
Cotovelo | E3, E9 |
Fonte: Dados da Pesquisa, 2021.
A Tabela 4, traz um significado relevante quanto à localização anatômica mais vulnerável a desenvolver as LPP nos pacientes acamados das UTIs, pois apresenta uma incidência maior nas regiões sacra e calcâneo, o que indica que os pacientes ficam mais na posição dorsal e que a equipe não usa coxins de proteção nas proeminências ósseas. A posição dorsal potencializa as forças de fricção e cisalhamento nos pacientes que permanecem muito tempo com a cabeceira levantada, escorregando para a parte baixa do leito, e por reposição, a pele é friccionada sobre a proeminência óssea, podendo gerar ali uma ruptura na pele (FERNANDES, 2000).
Esse dado nos mostra que as equipes de enfermagem atuantes nas UTIs não estão atualizadas sobre esse dado ou estão cometendo iatrogenia, uma vez que os pacientes ficam a maior parte do tempo nessa posição. Esse fator gera mais prejuízos ao paciente e mais gastos com materiais para o tratamento deste agravo, desenvolvido em seu período de internação.
TABELA 5 – Medidas de prevenção adotadas pelos profissionais de enfermagem em sua assistência.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2021.
A Tabela 5, enfatiza a relevância das medidas de prevenção adotadas pelos profissionais de enfermagem em sua assistência aos pacientes com pré-disposição a uma LPP, bem como aqueles pacientes que já estão acometidos a lesão.
A avaliação do risco para LPP no paciente criticamente enfermo é o primeiro passo do programa de prevenção, pois auxilia os profissionais de enfermagem na identificação do problema e no estabelecimento de prioridades. Observou-se uma diferença significativa nas medidas de prevenção apontadas como eficazes pelos artigos inclusos, predominando o uso da escala de Braden como principal fator preventivo. Os artigos evidenciaram que tal escala permite a padronização da avaliação e da documentação do risco das LPP, apontando como medida facilitadora, pois possui uma linguagem comum, devendo esta ser compartilhada entre os profissionais para a identificação dos fatores de riscos e consequentemente, para a prescrição das medidas preventivas.
A segunda medida mais citada foi a “mudança de decúbito”, estratégia essa que evita a compressão prolongada e, consequentemente, a redução da irrigação sanguínea local, portanto deve ser feita pelo menos a cada duas horas, se não houver contraindicações relacionadas às condições de saúde do paciente (MENDONÇA et al., 2018). O uso do colchão pneumático, a hidratação da pele e a higiene corporal foram citados pela mesma quantidade de autores.
Outra medida preventiva citada foi a escala de Waterlow, cujo objetivo é criar consciência sobre os fatores causais e oferecer um método de avaliação de risco, grau de lesão e prevenção ou tratamento ativo necessário (ROCHA; BARROS, 2007). Tais itens devem ser levados em conta, para que a equipe de enfermagem identifique corretamente quais pacientes estão com risco de desenvolver estas lesões, evitando o uso inadequado de medidas preventivas, sendo um método primordial a ser adotado pelo profissional de enfermagem.
Outro aspecto relevante é o fator nutricional, alguns autores evidenciam que a desnutrição proteico-calórica grave altera a regeneração tissular, a reação inflamatória e a função imune, tornando os indivíduos mais vulneráveis ao desenvolvimento de LPP (SERPA, 2008; PEDRONI; BONATTO; MENDES, 2014). Dessa maneira, o rastreio do estado nutricional dos pacientes em risco de desenvolver LPP é uma medida muito importante e deve ser adotada visando à prevenção de lesões e o nutricionista como membro da equipe multidisciplinar deve elaborar um planejamento dietético individualizado para cada paciente. No entanto, a função de reavaliação do estado nutricional desses indivíduos em risco não está limitada ao profissional nutricionista, qualquer membro qualificado da equipe pode e deve reavaliar esses pacientes em caso de alteração na condição clínica, por exemplo (EDSBERG et al., 2016).
Outro fator importante é a condição da pele e o seu risco no surgimento da LPP. A pele seca pode ser um sinal de desidratação, que se caracteriza pela diminuição da água e perda de eletrólitos totais do organismo. A pele seca apresenta elasticidade diminuída, pouca tolerância ao calor, à fricção e à pressão, tornando-se susceptível à ruptura. Por isso a utilização da hidratação na pele está nas prescrições de enfermagem que convergem nas diretrizes internacionais recomendadas para a redução do risco de dano à pele (CASCÃO; RASCHE; DI PIERO, 2019).
Já na pele úmida e pegajosa também é considerada como fator de risco significativo para a ocorrência deste agravo, pois a umidade em excesso torna a pele mais fragilizada e susceptível ao atrito e à maceração. Diante disso é recomendado higienização corporal adequada, no intuito de reduzir agravos que colaboram no surgimento de LPP (MENDONÇA et al., 2018).
Com relação a higienização e organização das indumentárias da cama do leito como medida preventiva no surgimento de LPP e para o conforto do paciente, esta medida evita que a pele do paciente fique em contato com alguma sujidade que possa desencadear algum processo infeccioso ou entrar em atrito com uma superfície em outro relevo, o que evita a formação de marcas que podem evoluir para uma ruptura de pele (FRANÇA et al., 2016).
4 CONCLUSÃO
A LPP é um potencial problema existente nas UTIs, devido à longa permanência dos pacientes internados, e pelo grau de complexidade que eles se encontram, pois ficam vulneráveis a diversos fatores que alteram a integridade da pele. Porém, medidas podem e devem ser adotadas pela equipe de enfermagem para prevenção desse problema; são elas: uso da escala de Braden para a avaliação de risco, devendo ser aplicada de forma individual; uso de coxins nas proeminências ósseas; mudança de decúbito; hidratação da pele; uso de colchão pneumático, entre outras. Considerando os achados, foi possível identificar que o sexo masculino apresentou uma incidência maior para o risco de desenvolvimento de lesões por pressão, embora não existam dados na literatura que justifiquem essa estatística. Já com relação aos fatores de risco mais comuns podemos evidenciar: idade avançada, cor da pele, tempo de internação, pacientes portadores de doenças cardiovasculares e doenças crônicas e obesidade. Todos esses fatores servem como sinalizadores para a equipe de enfermagem atuar de forma precoce, o que diminuirá as chances de desenvolvimento de LPP.
Os locais que tiveram maior predisposição para o desenvolvimento desse agravo foram a região sacra e o calcâneo, localizações anatômicas que podem ser protegidas. É evidente que existem fatores não modificáveis e que são de riscos significativos, mas a grande maioria deles pode ser evitado, caso a equipe de enfermagem atue de forma qualificada e tenha como princípio de atuação a humanização e o bem-estar contínuo dos pacientes. Espera-se que este estudo possa contribuir para os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, pois proporciona um conhecimento de grande relevância em âmbito hospitalar, especificamente para as UTIs.
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