FATORES DE RISCO DE PARESTESIA DO NERVO ALVEOLAR INFERIOR EM DECORRÊNCIA DA EXODONTIA DOS TERCEIROS MOLARES INFERIORES – AVALIAÇÃO, PREVENÇÃO E TRATAMENTO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

RISK FACTORS FOR INFERIOR ALVEOLAR NERVE PARESTHESIA RESULTING FROM LOWER THIRD MOLAR EXTRACTION – ASSESSMENT, PREVETION AND TREATMENT: NA INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202408291536


Byanka Paiva Magalhães1, Vitória Ferreira Sousa2, Erlane De Vasconcelos Cunha3, Rebeca Coelho Carvalho4, Jhon Lenon Braz Alves5, Vinícius Lourenço De Souza6, Izabela De Souza Freitas7, Kawelen Menezes Ponte Miranda8, Thaisa Maria Soares Dos Santos9, Carlos Eduardo Lopes Albuquerque10


RESUMO

O artigo explora a parestesia do nervo alveolar inferior (NAI) como uma complicação potencialmente significativa após a extração de terceiros molares inferiores, destacando sua relevância na odontologia. O objetivo principal é examinar os fatores de risco associados, estratégias de prevenção e opções de tratamento para minimizar essa complicação. Os resultados demonstram que a parestesia pode ocorrer em uma faixa de 0,81% a 22% dos casos, sendo influenciada pela proximidade das raízes dos dentes ao canal mandibular, a experiência do cirurgião e a técnica utilizada. A conclusão sublinha a necessidade de uma avaliação radiológica detalhada e um planejamento cirúrgico rigoroso para reduzir o risco de lesões no NAI, além de enfatizar a importância de tratamentos adequados, como laserterapia e acupuntura, para manejar a parestesia e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Palavras-chave: Paresthesia. Mandibular Nerve. Third Molar.

1 INTRODUÇÃO

O nervo alveolar inferior (NAI), uma ramificação do nervo trigêmeo, é fundamental na odontologia devido à sua função na transmissão da sensibilidade dos dentes mandibulares e do lábio inferior. A proximidade do NAI com os terceiros molares inferiores o torna vulnerável a lesões durante procedimentos odontológicos, como a exodontia de terceiros molares, colocação de implantes dentários e cirurgias ortognáticas (Silva, 2023).

Durante a exodontia do terceiro molar inferior (3MI), o NAI corre o risco de ser lesado devido à sua proximidade com as raízes, apesar de ser um procedimento rotineiro nos consultórios odontológicos, a extração do 3MI pode resultar em complicações significativas, sendo a parestesia uma das principais preocupações, podendo afetar negativamente a qualidade de vida dos pacientes (Andrade, 2015).

A parestesia, caracterizada por uma diminuição ou perda de sensibilidade numa área específica, pode surgir como uma complicação iatrogênica significativa após a exodontia dos terceiros molares inferiores, afetando negativamente a qualidade de vida dos pacientes (Anjos, 2023). A proximidade do dente ao canal mandibular é um fator de risco conhecido para o desenvolvimento de parestesia permanente ou temporária após a cirurgia (Silva, 2023).

Vários fatores podem influenciar o risco de lesão do NAI durante a exodontia dos terceiros molares inferiores, incluindo características anatômicas, demográficas e relacionadas ao procedimento (Silva, 2022). A realização de exames de imagem detalhados é crucial para a identificação de possíveis riscos e para o planejamento do tratamento, visando evitar lesões no NAI (Matos, 2019).

Para minimizar o risco de parestesia, é essencial aprimorar as habilidades cirúrgicas por meio de treinamento especializado e utilizar instrumentação adequada. Além disso, estratégias terapêuticas, incluindo acupuntura, laserterapia, tratamento medicamentoso, eletroestimulação, fisioterapia e aplicação de calor úmido, podem ser empregadas no manejo da parestesia (Lima, 2022).

A exodontia dos terceiros molares inferiores, embora seja uma prática comum, apresenta o risco de complicações significativas, como a parestesia do NAI. A compreensão dos fatores de risco e a implementação de estratégias de prevenção e manejo são fundamentais para minimizar a incidência dessa complicação e suas consequências na qualidade de vida dos pacientes (Lima, 2022).

Tende-se como finalidade contextualizar a relevância e complexidade da parestesia do nervo alveolar inferior após a extração de terceiros molares inferiores, fornecendo uma visão geral dos fatores de risco associados a essa condição, destacando a importância da avaliação pré-operatória e da implementação de medidas preventivas para minimizar o risco de complicações e melhorar os resultados clínicos para os pacientes submetidos a extração de terceiros molares inferiores, e seus tratamentos.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Anatomia e fisiologia do nervo alveolar inferior

O nervo alveolar inferior (NAI), é um componente vital do sistema nervoso da região orofacial, desempenha um papel essencial na inervação de estruturas importantes na cavidade oral. Originado como um ramo da terceira divisão do nervo trigêmeo (nervo mandibular), este nervo emite ramificações que alcançam os dentes inferiores, as papilas interdentais, o periodonto, o tecido ósseo adjacente, o lábio inferior, a mucosa e a gengiva vestibular dos dentes anteriores (Andrade et al., 2015).

2.1.1 Anatomia do canal mandibular

O canal mandibular, localizado no interior da mandíbula, tem início no forame mandibular e se estende até o forame mentoniano, abrigando artérias, nervos e veias alveolares inferiores em seu interior. Ao ser observado em radiografias, se apresenta como uma faixa radiolúcida delimitada por duas linhas radiopacas, embora variações anatômicas possam ocorrer, o que pode impactar o sucesso das intervenções odontológicas (Marchi et al., 2020).

2.1.2 Terceiros molares inferiores

O terceiro molar (TM) é um dente que geralmente começa a erupcionar durante a juventude e a idade adulta (Santos et al., 2021). Sua remoção tem se tornado um procedimento comum nos consultórios odontológicos devido à falta de espaço nas arcadas dentárias superiores e inferiores. Nessas situações, o TM pode ficar incluso, isto é, recoberto por tecido ósseo ou conjuntivo, e pode se apresentar como semi- incluso ou impactado (Filho et al., 2019).

2.1.3 Fatores de risco

A lesão do nervo alveolar inferior pode ser desencadeada por diversos fatores. Mecanicamente, ocorre devido à compressão e ruptura do nervo durante procedimentos odontológicos. Fatores físicos, como o excesso de calor, também podem desempenhar um papel nesse processo. Aspectos microbiológicos estão relacionados a infecções nas proximidades do nervo alveolar inferior, enquanto fatores patológicos envolvem a presença de patologias benignas ou malignas que comprimem ou destroem o nervo. Além disso, a aplicação incorreta de anestesia pode desencadear parestesia devido a fatores químicos (Anjos et. al, 2023).

2.1.4 Avaliação de risco

Para avaliar a relação anatômica entre o nervo alveolar inferior (NAI) e os terceiros molares, é crucial realizar um exame radiológico antes da cirurgia. Com base nas informações obtidas dos exames radiológicos, o profissional determinará a abordagem cirúrgica mais adequada para minimizar o risco de LNAI ( Juodzbaly et al., 2014)

2.1.5 Prevenção da parestesia do nervo alveolar inferior

A prevenção é crucial para minimizar o desconforto experimentado por indivíduos submetidos a procedimentos odontológicos, como extração de terceiros molares. Além disso, evidências atuais indicam que a recuperação completa em casos de lesões do nervo alveolar inferior, a cura é rara em secção completa do nervo (Leung et al., 2019).

Coronectomia: Essa abordagem pode ser uma medida preventiva eficaz contra lesões no nervo alveolar inferior, oferecendo segurança a longo prazo. Consiste em uma técnica cirúrgica onde apenas a coroa do dente é removida, deixando a raiz intacta no alvéolo. No entanto, há o risco de fragmentos da raiz migrarem para a cavidade bucal, exigindo uma segunda intervenção para remoção. Mesmo assim, essa eventualidade pode ser benéfica, pois a raiz migra para longe do nervo, protegendo contra possíveis lesões. O uso de xenoenxerto é uma estratégia eficaz para prevenir o deslocamento das raízes, especialmente em procedimentos de extração de terceiros molares onde há risco para o nervo alveolar inferior (Leung et al., 2019).

Pezocirurgia: é uma técnica investigada para a remoção de terceiros molares impactados ou inclusos, assim como as osteotomias. Nesse método vibrações ultrassônicas piezoelétricas são geradas por cristais de quartzo, os quais são submetidos a estímulos de pressão, resultando na produção de um campo eletromagnético de intensidade equivalente (Filho et al., 2020). O dispositivo piezoelétrico difere dos instrumentos rotativos tradicionais e das micro-serras, pois converte corrente elétrica em ondas ultrassônicas por meio de um transdutor. Este está conectado a uma peça1de mão que pode ser acoplada um bisturi ou pontas de corte (Filho et al., 2021). Devido à sua precisão cirúrgica, a piezocirurgia diminui o risco de danos aos vasos sanguíneos, nervos e mucosas, resultando em menor aquecimento devido à cavitação e reduzindo o sangramento, o que facilita a visibilidade o campo cirúrgico (Filho et al.,2021).

2.1.6 Tratamentos da parestesia do NAI

Existem várias opções de tratamento para a parestesia, que variam de acordo com a sua causa. Entre elas, destacam-se a acupuntura, que pode ser utilizada como principal opção terapêutica ou como complemento a outros tratamentos, a laserterapia, que ajuda a aliviar a dor e reduzir processos inflamatórios, medicamentos à base de vitaminas do complexo B1 combinados com estricnina e hidroxicobalamina, além de técnicas como a fisioterapia e aplicação de calor úmido (Azevedo et al., 2023).

Terapêutica medicamentosa: no tratamento medicamentoso, a vitamina B1 em combinação com estricnina é administrada em doses de 1 mg por ampola durante 12 dias, por meio de injeções intramusculares. Isso visa melhorar o metabolismo dos carboidratos, facilitando a descarboxilação do alfa-cetoácido e influenciando a condução neural e a neurotransmissão para acelerara recuperação sensorial. Além disso, outras vitaminas do complexo B, como B2, B6 e B12, podem ser adicionadas para potencializar os efeitos terapêuticos e fortalecer o sistema nervoso periférico (Anjos et al., 2023).

Acupuntura: explorada como uma abordagem terapêutica para o tratamento da parestesia, devido à sua capacidade de estimular a regeneração tecidual. Este processo ocorre através da inserção de agulhas em pontos específicos, que desencadeia na liberação de substâncias endógenas. Essas substâncias, por sua vez, ativam mecanismos analgésicos que contribuem para a resposta de cicatrização, além de promoverem a condução nervosa e o aumento do fluxo sanguíneo na área afetada pelo trauma. Essa técnica tem sido estudada como uma opção terapêutica promissora no contexto da parestesia, oferecendo uma abordagem não invasiva e potencialmente eficaz para o alívio dos sintomas e a promoção da recuperação neural (Leão et al., 2020)

Fisioterapia: Como uma alternativa de tratamento, a fisioterapia oferece abordagens personalizadas que consideram as necessidades individuais de cada paciente. Este método envolve um plano de tratamento adaptado, que pode variar de 15 dias a três semanas para casos menos graves e até quatro anos para casos mais complexos. Durante esse período, várias técnicas são empregadas, incluindo massagem, reeducação dos músculos faciais, eletroterapia, exercícios faciais e estimulação com gelo. Essas intervenções são projetadas para promover a recuperação e a reabilitação dos pacientes, visando restaurar a função facial e aliviar os sintomas associados à parestesia (Anjos et al., 2023)

Laserterapia: o Laser de Baixa Potência (LBP) emerge como uma terapia não invasiva que pode ser aplicada de forma autônoma ou complementar a outras abordagens terapêuticas. Sua eficácia decorre da irradiação de luz, podendo variar entre luz vermelha ou infravermelha, dependendo da propagação da onda. Esta modalidade terapêutica tem ganhado destaque em diversas áreas da saúde devido aos seus potenciais benefícios, como redução da dor, inflamação e promoção da cicatrização. OLBP representa, assim, uma ferramenta versátil e segura que oferece uma alternativa terapêutica valiosa para uma variedade de condições clínicas, destacando-se por sua eficácia e baixo risco de complicações (Neto et al., 2020).

A aplicação do Laser de Baixa Potência (LBP) no tratamento da anestesia oferece diversos benefícios, destacando-se pela sua capacidade de acelerar a regeneração do tecido nervos o lesionado, estimular o tecido nervoso adjacente e modular a resposta nervosa, restaurando assim o potencial de ação normal. Essa abordagem terapêutica apresenta vantagens significativas, incluindo melhorias na reparação neuromuscular e no desempenho funcional. Portanto, o uso do LBP representa uma estratégia terapêutica promissora para o tratamento da anestesia, oferecendo resultados positivos na recuperação do sistema nervoso e na restauração da função neuromuscular comprometida (Silva et al., 2022).

O LBP oferece vantagens por ser um procedimento indolor e não invasivo. Além disso, destaca-se pela sua capacidade de regeneração e restauração da função neural. Essas características tornam o LBP uma opção terapêutica atrativa para diversas condições clínicas (Silva et al., 2022).

Os protocolos para o tratamento da parestesia com LBP são adaptados conforme as características individuais dos pacientes e a gravidade da lesão do nervo alveolar inferior. Considerando as respostas variáveis dos organismos à luz fotossensível, a personalização dos protocolos é essencial para otimizar os resultados terapêuticos. Essa abordagem individualizada visa atender às necessidades específicas de cada paciente, garantindo uma recuperação eficaz e satisfatória (Sampaio et al., 2022).

3 METODOLOGIA

A pesquisa foi coordenada por uma abordagem de revisão integrativa da literatura, caracterizada por sua natureza qualitativa e descritiva. Essa metodologia permite a incorporação de uma variedade de dados provenientes de estudos teóricos e práticos, além de abranger uma ampla gama de objetivos, tais como a definição de conceitos, revisão de teorias, evidências e análise de problemas metodológicos específicos (Soares et al., 2019).

Quanto à coleta de dados, foi realizada uma pesquisa qualitativa, focada na interpretação e explicação das interações sociais entre os indivíduos. Este método possibilita uma investigação aprofundada das percepções do mundo, padrões de comunicação, autoconhecimento e compreensão dos problemas humanos (Santos et al., 2020).

A pesquisa foi conduzida através do desenvolvimento de conceitos a partir de fatos, ideias ou opiniões, bem como da análise indutiva e interpretativa dos dados, em consonância com o problema de pesquisa proposto (Soares et al., 2019).

Seguindo a estrutura PICO (População, Intervenção, Comparação, Outcome) como guia, foi possível formular uma pergunta de pesquisa detalhada que orientou a revisão de maneira efetiva.

Desse modo, utilizamos a seguinte pergunta como guia: “Quais são os principais fatores de risco associados à parestesia do nervo alveolar inferior após extração dos terceiros molares inferiores, e como eles podem ser avaliados, prevenidos e tratados?”

Detalhamento da pergunta PICO:

  • População (P): Pacientes submetidos à exodontia dos terceiros molares inferiores.
  • Intervenção (I): Não se aplica diretamente, pois a pergunta foca em fatores de risco, avaliação e prevenção, mas pode ser interpretada como as estratégias de avaliação e técnicas cirúrgicas preventivas.
  • Comparação (C): Não se aplica diretamente, pois a pergunta investiga um espectro de fatores de risco, estratégias preventivas, e tratamentos.
  • Outcomes (Resultados) (O): Identificação dos fatores de risco para parestesia do nervo alveolar inferior e avaliação da eficácia de estratégias de prevenção e avaliação.

Diante disso, foi realizada uma busca ativa nas bases de dado: Scientific Eletronic Libray Online (SciElo), Periódicos CAPES e PubMed, no período de 2010 a 2024, publicados em português e inglês. Para a realização da busca dos artigos foi utilizados os descritores “Paresthesia” (parestesia), “Mandibular Nerve” (nervo mandibular), “Third, molar” (terceiro molar), combinados com o operador booleano AND.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

A ocorrência de lesões no nervo alveolar inferior varia entre 0,81% e 22% dos casos. Quando afetado, o nervo pode provocar sintomas como parestesia, dormência e/ou dor na área do mento, no lábio inferior, nas membranas mucosas e na gengiva. Além disso, essas lesões frequentemente afetam a fala, a alimentação, o beijo, a aplicação de maquiagem, o ato de fazer a barba e a ingestão de bebidas (Leão et al., 2020).

De acordo com Lima et al. (2017), é fundamental que o cirurgião-dentista conheça bem as técnicas cirúrgicas específicas para cada situação, a fim de minimizar riscos de acidentes e complicações. Além disso, é crucial um planejamento adequado, baseado em exames físicos, históricos médicos e odontológicos. Os autores enfatizam que as radiografias são exames complementares essenciais para avaliar a posição do dente e verificar a proximidade de suas raízes com estruturas adjacentes importantes, como os nervos.

Bachmann (2014) discute diversas questões sobre a permanência dos terceiros molares na cavidade oral e as razões para sua remoção. No entanto, o autor defende que a não remoção desses dentes pode levar ao desenvolvimento de patologias futuras, apesar de outros estudiosos afirmarem que, com o tempo, não há risco de lesões associadas.

Lima et al. (2017) argumenta que, apesar da existência de um protocolo claro para a indicação da extração cirúrgica dos terceiros molares, novas evidências revelaram um alto risco de complicações e uma maior dificuldade no tratamento dessas complicações. Assim, a extração preventiva não é adequada para todos os casos, sendo necessário avaliar cuidadosamente a necessidade do procedimento.

Nesse contexto, Tolstunov (2014) ressalta que a extração dos terceiros molares é uma prática comum na odontologia. Contudo, devido à localização desses dentes, as forças aplicadas durante a elevação das raízes, especialmente quando há proximidade com o nervo, ou o contato direto com os instrumentos odontológicos, aumentam o risco de danos, que podem resultar em parestesia.

Nesse mesmo contexto, Pippi et al. (2017) afirma que há uma relação entre a incidência de parestesia e a técnica cirúrgica utilizada. Fatores como o tipo de incisão feita, a visualização do feixe vasculonervoso durante a cirurgia, o uso de fresas, a curetagem intensa no alvéolo, a quantidade de hemorragia e a quantidade de tecido ósseo removido na osteotomia podem influenciar a ocorrência de parestesia.

Alves-Filho et al. (2019), em seu estudo retrospectivo da literatura científica, destacaram que a frequência de complicações relacionadas à cirurgia dos terceiros molares tem diminuído ao longo do tempo. Essa redução pode ser explicada pela melhoria na habilidade dos cirurgiões em identificar casos mais complexos e se preparar adequadamente para evitar tais complicações.

A maioria dos casos de parestesia foi observada no sexo feminino, conforme indicado pelo estudo de Silveira et al. (2016). No estudo conduzido por Bataineh (2011), o único fator estatisticamente significativo relacionado ao aumento do risco de parestesia do nervo alveolar inferior após a remoção dos terceiros molares mandibulares sob anestesia local foi a experiência do cirurgião. O estudo revelou que a taxa de parestesia do nervo alveolar inferior foi de 8,9% quando realizada por um cirurgião inexperiente, enquanto foi de apenas 2% quando o procedimento foi conduzido por um cirurgião experiente.

Além disso, Flores et al. (2011) apontam que a ocorrência de parestesia está associada a fatores como a idade avançada do paciente, o estágio de desenvolvimento das raízes dentárias e o grau e a forma de impactação do dente. Os autores destacam que, entre esses fatores, a idade do paciente e a habilidade do cirurgião são os únicos considerados estatisticamente significativos.

No estudo conduzido por Bataineh (2011), o único fator estatisticamente significativo relacionado ao aumento do risco de parestesia do nervo alveolar inferior após a remoção dos terceiros molares mandibulares sob anestesia local foi a experiência do cirurgião. O estudo revelou que a taxa de parestesia do nervo alveolar inferior foi de 8,9% quando realizada por um cirurgião inexperiente, enquanto foi de apenas 2% quando o procedimento foi conduzido por um cirurgião experiente.

De acordo com Ferreira et al. (2021), a maioria dos casos de parestesia regenera- se espontaneamente. No entanto, em algumas situações, a parestesia pode se tornar permanente, causando danos significativos ao paciente. Nesses casos, é crucial que o profissional esteja familiarizado com tratamentos alternativos, como laserterapia, microneurocirurgia, acupuntura e suplementos de vitamina B.

Em conclusão, Silveira et al. (2016) e Sayed et al. (2019) afirmam que para prevenir possíveis lesões nervosas, é fundamental adotar práticas rigorosas de biossegurança, realizar exames complementares, elaborar um planejamento detalhado, conhecer bem a anatomia da área envolvida e dominar a técnica cirúrgica. Esses aspectos devem ser sempre considerados em qualquer procedimento cirúrgico.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a revisão da literatura, conclui-se que a parestesia é uma das complicações mais frequentes após a cirurgia de extração de terceiros molares, afetando principalmente os nervos alveolar inferior, mental e lingual. Pacientes submetidos a esse procedimento devem ser informados sobre os riscos e possíveis complicações, que são inerentes a qualquer cirurgia. Contudo, existem métodos para prevenir essas complicações, e é responsabilidade do profissional adotar as medidas necessárias e conhecer os tratamentos disponíveis para atender às necessidades individuais dos pacientes.

Este estudo visa enriquecer o conhecimento teórico e prático de cirurgiões- dentistas e estudantes de odontologia, destacando o impacto da parestesia na vida dos pacientes, além de fornecer informações sobre prevenção e opções de tratamento. Também é importante que futuros estudos sejam realizados para aprofundar a compreensão e detalhar ainda mais a relação entre parestesia e a remoção de terceiros molares.

REFERÊNCIAS

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1Graduanda em Odontologia – Centro Universitário Inta – UNINTA Campus Sobral orcid.org/0009-0005-4039-7617 byankapaivamagalhaes@gmail.com

2Graduanda em Odontologia – Centro Universitário Inta – UNINTA vitoriafsousa17@gmail.com

3Graduanda em Odontologia – Centro Universitário Inta – UNINTA erlanecunhaodontologia@gmail.com

4Graduanda em Odontologia – Centro Universitário Inta – UNINTA rebecacoelhocarvalho@gmail.com

5Graduanda em Odontologia – Centro Universitário Inta – UNINTA jhonlennoalvs@gmail.com

6Graduanda em Odontologia – Centro Universitário Inta – UNINTA viniilourenco70@gmail.com

7Graduanda em Odontologia – Centro Universitário Inta – UNINTA souzaizabela09@gmail.com

8Graduanda em Odontologia – Centro Universitário Inta – UNINTA kawelenponte@gmail.com

9Cirurgiã-Dentista – Centro Universitário Inta – UNINTA thaisa.maria.sq@gmail.com

10Orientador/docente – Centro Universitário Inta – UNINTA Doutor em Clínica Odontológica – Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, SLMANDIC, Brasil carlosedubuco@gmail.com orcid.org/000-0003-1843-1530