BIOPSYCHOSOCIAL FACTORS AND THEIR INFLUENCE ON CHILD UPDRESSING STYLES AND DEVELOPMENT
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202412301508
Daniela Crispino Pujadas1
Orientador: Janari da Silva Pedroso
Resumo
Este estudo analisou como fatores biopsicossociais influenciam as práticas parentais e os estilos de criação, investigando suas associações com o desenvolvimento socioemocional e de linguagem em crianças de 0 a 2 anos. A pesquisa, de delineamento transversal e abordagem quantitativa, foi realizada com 30 díades de crianças e seus cuidadores na região metropolitana de Belém-PA. Por meio do Questionário Biopsicossocial e da Escala Bayley de Desenvolvimento Infantil (Bayley-III), os resultados apontaram que variáveis como renda familiar, estabilidade emocional dos cuidadores e práticas parentais positivas estão diretamente relacionadas a melhores desempenhos infantis nos domínios avaliados. Por outro lado, conflitos familiares e ausência de suporte emocional mostraram-se fatores de risco significativos, associados a atrasos no desenvolvimento e dificuldades na regulação emocional. O estudo reforça a importância de intervenções que promovam práticas parentais responsivas e ambientes familiares saudáveis, contribuindo para um desenvolvimento integral na primeira infância.
Palavras-chave: Desenvolvimento infantil. Fatores Biopsicossociais. Práticas parentais.
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento infantil, ao longo dos primeiros anos de vida, é um processo contínuo e repleto de nuances, sendo influenciado por diversos fatores biológicos, psicológicos e sociais que, de forma complexa, interagem entre si. Neste período, a criança adquire habilidades essenciais que, mais tarde, irão orientar seu crescimento cognitivo, emocional e social. Vale destacar que o ambiente familiar e as práticas adotadas pelos pais atuam nesse processo, ajudando a estabelecer as bases que sustentarão o desenvolvimento da criança no futuro.
Estudos anteriores destacam que fatores biopsicossociais, como o nível socioeconômico, a presença de conflitos familiares e o suporte emocional recebido durante a gestação, impactam diretamente as práticas de cuidado parental e os estilos de criação. Práticas parentais responsivas, baseadas em suporte afetivo e um ambiente familiar positivo, são frequentemente associadas a um melhor desenvolvimento nos domínios socioemocional e de linguagem (LINHARES & MARTINS, 2015; VASILYEVA & SHCHERBAKOV, 2016). Por outro lado, ambientes marcados por estresse, pobreza e instabilidade podem gerar efeitos adversos às crianças, resultando em atrasos de desenvolvimento e dificuldades no estabelecimento de vínculos sociais saudáveis (MOORE et al., 2015).
A interação entre cuidadores e crianças, influenciada pelos estilos parentais adotados, é um aspecto essencial do desenvolvimento infantil. A qualidade dessas interações não apenas reflete as condições biopsicossociais do contexto familiar, mas também molda significativamente a aquisição de competências comunicativas e socioemocionais nos primeiros anos de vida. Nesse sentido, compreender como os fatores biopsicossociais impactam os estilos de criação e suas consequências no desenvolvimento infantil é essencial para orientar intervenções e políticas públicas voltadas à promoção de ambientes familiares saudáveis.
Este estudo, portanto, tem como objetivo explorar a influência dos fatores biopsicossociais das famílias nas práticas parentais e estilos de criação, analisando suas associações com o desenvolvimento socioemocional e de linguagem de crianças entre 0 e 2 anos. Busca-se, portanto, responder ao questionamento: de que maneira os fatores biopsicossociais das famílias influenciam as práticas parentais e os estilos de criação, e como esses fatores se associam ao desenvolvimento socioemocional e de linguagem em crianças de 0 a 2 anos? Para tal, os dados obtidos através de instrumentos como o Questionário Biopsicossocial e a Escala Bayley de Desenvolvimento Infantil – Terceira Edição (Bayley-III) serão utilizados para uma análise abrangente e contextualizada.
Partindo da relevância de identificar fatores de risco e proteção no desenvolvimento infantil, espera-se que este estudo contribua para a elaboração de estratégias que promovam estilos de criação responsivos e ambientes familiares mais favoráveis. Dessa forma, reforça-se a necessidade de intervenções precoces que considerem não apenas as características individuais da criança, mas também o contexto biopsicossocial no qual está inserida.
2 METODOLOGIA
O presente estudo, de delineamento transversal e abordagem quantitativa, teve como objetivo explorar a influência dos fatores biopsicossociais das famílias nos estilos de criação e práticas parentais, e como esses fatores se associam ao desenvolvimento socioemocional e de linguagem de crianças entre 0 e 2 anos. Abaixo estão detalhadas as etapas, participantes, instrumentos e procedimentos adotados.
A amostra foi composta por 30 díades de crianças (0 a 2 anos) e seus cuidadores principais, residentes na região metropolitana de Belém-PA. A seleção foi realizada por conveniência, considerando os seguintes critérios de inclusão: (a) bebês entre 0 e 2 anos, sem diagnóstico de distúrbios que comprometam o desenvolvimento neuropsicomotor; e (b) cuidadores que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram excluídos casos em que o cuidador apresentasse comprometimentos que dificultassem a comunicação e/ou aspectos relacionais com a criança.
O estudo foi conduzido em um consultório pediátrico particular na região metropolitana de Belém-PA, garantindo um ambiente acolhedor e livre de interrupções. As avaliações ocorreram em três visitas programadas, permitindo uma coleta de dados mais detalhada e confortável para as díades.
Foram aplicados um questionário biopsicossocial e a escala de Desenvolvimento Infantil Bayley – Terceira Edição (Bayley-III) para avaliar os domínios de desenvolvimento socioemocional e de linguagem das crianças. As escalas aplicadas foram: a) escala de linguagem: compreende subescalas de comunicação receptiva e expressiva, abordando comportamentos como balbucios, compreensão de palavras e vocabulário; b) escala socioemocional: baseada no Gráfico de Desenvolvimento Socioemocional de Greenspan, avalia aspectos como vínculo, interação social e regulação emocional.
Os dados coletados foram organizados e analisados no software estatístico SPSS (versão 24). As análises incluíram a análise descritiva e associações a partir de testes de correlação de Spearman e qui-quadrado. Posteriormente, os dados foram discutidos à luz da literatura.
3 RESULTADOS
Os dados sociodemográficos revelaram que a maioria dos cuidadores era composta por mulheres, com média de idade de 32 anos, predominando aquelas com ensino superior completo (57%). Grande parte das participantes (73%) declarou possuir uma renda familiar superior a R$2.200,00, e 87% relataram estar em uniões estáveis. Apesar da estabilidade aparente, 43% das mães indicaram não trabalhar fora de casa, o que poderia refletir em maior disponibilidade para o cuidado infantil, mas também em limitações financeiras e emocionais para lidar com os desafios do desenvolvimento infantil.
Embora a maioria das gestações não tenha sido planejada (56,7%), elas foram majoritariamente aceitas de forma positiva. No entanto, 53% das participantes relataram sentimentos negativos ao descobrir a gravidez, como preocupação e medo. A análise do tipo de parto mostrou um predomínio significativo de cesarianas (86,7%), enquanto apenas 6,9% das crianças nasceram prematuras.
Quanto às práticas parentais e ao contexto familiar, foram identificadas diferenças no envolvimento das mães e na qualidade das interações. Famílias com níveis mais elevados de conflitos domésticos apresentaram uma correlação negativa com o desempenho socioemocional das crianças, indicando que a tensão no ambiente familiar prejudica a capacidade das crianças de formar vínculos afetivos e desenvolver habilidades emocionais. Por outro lado, práticas parentais como a amamentação prolongada, presente em 36,7% das díades por mais de 6 meses, demonstraram associações positivas tanto com o desenvolvimento linguístico quanto com o socioemocional.
A avaliação do domínio socioemocional, realizada por meio da Escala Bayley-III, indicou que a maioria das crianças apresentou desempenho entre os níveis médio e muito superior, refletindo o impacto positivo de práticas parentais responsivas e ambientes mais estáveis. Contudo, crianças oriundas de lares com maior frequência de conflitos apresentaram classificações inferiores, destacando a influência do ambiente emocional na capacidade de autorregulação e interação social das crianças. Os dados evidenciaram que crianças cujas mães relataram sentimentos positivos durante a gravidez apresentaram melhores resultados nas avaliações socioemocionais.
A análise do desenvolvimento linguístico revelou uma relação positiva entre condições socioeconômicas favoráveis e melhor desempenho nos domínios de comunicação receptiva e expressiva. Crianças de famílias com maior renda e maior escolaridade materna demonstraram maior riqueza de vocabulário e maior capacidade de compreender e expressar-se verbalmente.
A prática de amamentação também se destacou como um fator associado ao desenvolvimento linguístico. Crianças que foram amamentadas por períodos superiores a seis meses apresentaram maior frequência de comportamentos comunicativos, como balbucios e gestos. Além disso, a presença de rotinas estruturadas no lar mostrou-se um fator protetor, contribuindo para uma maior estimulação da linguagem e favorecendo o aprendizado de novos padrões comunicativos.
A análise estatística revelou associações significativas entre fatores biopsicossociais e os domínios de desenvolvimento. A renda familiar, o nível de escolaridade e a estabilidade conjugal foram positivamente correlacionados com práticas parentais que promovem interações estimulantes e sensíveis. Por outro lado, a presença de conflitos familiares e a ausência de suporte emocional durante a gestação tiveram correlação negativa com o desempenho socioemocional e linguístico das crianças.
Abaixo, apresenta-se a associação entre características sociodemográficas e os domínios avaliados pela Bayley-III, evidenciando que a qualidade das interações familiares é determinante para o desenvolvimento infantil (Tabela 1).
Além disso, evidenciou-se que os comportamentos parentais específicos, como a estimulação por meio de brincadeiras e a comunicação sensível, impactam positivamente os resultados das crianças nos dois domínios avaliados (Tabela 2).
4 DISCUSSÃO
Evans; Davies e Dilillo (2008), ao realizarem uma meta-análise, constataram que crianças submetidas à exposição de violência no ambiente doméstico manifestam, com frequência, uma maior incidência de sintomas relacionados a aspectos internalizantes e externalizantes. Apesar de a pesquisa ter abarcado crianças de diversas idades, seus resultados possuem implicações significativas para os bebês, uma vez que os primeiros anos de vida constituem uma fase determinante para o desenvolvimento emocional e comportamental. Evidências como a ocorrência de ansiedade e distúrbios de comportamento são indicativos de um estresse precoce, assim como de desajustes no processo de desenvolvimento emocional, o que leva a crer que a convivência em um contexto doméstico permeado pela violência pode acarretar efeitos prolongados sobre o bem-estar socioemocional da criança.
Holt; Buckley e whelan (2008) salientam que a violência no contexto doméstico impacta não apenas o desenvolvimento infantil, mas também a capacidade dos pais em exercer adequadamente seu papel. A habilidade parental de criar um ambiente estável e positivo revela-se crucial para o estabelecimento de um apego seguro, o qual, em bebês, desempenha um papel essencial no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como a regulação emocional e a construção de relacionamentos saudáveis. Bebês que crescem em ambientes protegidos e acolhedores demonstram maior propensão a explorar o mundo ao seu redor com confiança e a estabelecer interações positivas com seus cuidadores. Todavia, quando os pais se mostram incapazes de prover tal segurança em virtude da violência doméstica, os bebês podem sofrer consequências severas em seu desenvolvimento socioemocional, manifestando sinais de insegurança, ansiedade e dificuldades na formação de vínculos seguros, indispensáveis para uma convivência social equilibrada.
Conforme indicam os resultados do presente estudo, a alimentação adequada atua no desenvolvimento da linguagem em crianças durante os primeiros anos de vida. Uma dieta equilibrada, rica em nutrientes como ácidos graxos poli-insaturados, ferro, zinco e vitaminas do complexo B, é essencial para o crescimento cerebral e o aprimoramento das capacidades linguísticas. Em particular, o ferro contribui diretamente para o desenvolvimento da matéria cinzenta em áreas cerebrais relacionadas ao processamento da linguagem. Nesse contexto, Ayukarningsih; Mutiara e Febrianti (2023) destacam que programas nutricionais com alimentos fortificados demonstraram potencial para acelerar esse desenvolvimento, sobretudo em crianças provenientes de famílias de baixa renda.
Adicionando-se a esses achados, a pesquisa de Yousafzai et al. (2014) reforça a relevância de intervenções nutricionais específicas para o aprimoramento do desenvolvimento linguístico em crianças pequenas. Realizado no Paquistão, o estudo revelou que crianças submetidas a uma nutrição aprimorada alcançaram escores superiores em desenvolvimento de linguagem nos dois primeiros anos de vida. Tais resultados enfatizam que uma dieta adequada exerce impacto direto sobre as habilidades comunicativas, mesmo na ausência de outras formas de estimulação.
Assim, garantir o acesso a uma nutrição adequada constitui um pilar indispensável para favorecer o desenvolvimento saudável da linguagem em crianças pequenas. A integração de programas que combinem suporte nutricional com a orientação de pais e cuidadores acerca da relevância da alimentação nos primeiros anos pode amplificar os avanços linguísticos infantis. Ademais, essas iniciativas devem ser complementadas por políticas que assegurem um ambiente familiar estável e livre de conflitos, fator igualmente importante para o desenvolvimento socioemocional e comunicativo, como evidenciado neste estudo.
Destarte, o aleitamento materno também auxilia no desenvolvimento infantil, abrangendo aspectos cognitivos, socioemocionais e linguísticos. Segundo Oddy et al. (2011), crianças amamentadas por períodos prolongados apresentam melhor desempenho em testes de habilidades cognitivas na infância e adolescência. Adicionalmente, Horta; Mola e Victora (2015) destacam que a amamentação contribui para a redução do risco de doenças infecciosas e favorece o desenvolvimento do sistema nervoso central, reforçando sua relevância para o amadurecimento neurológico.
Além disso, a comunicação precoce entre mãe e bebê, manifestada por comportamentos pré-linguísticos como o choro e o arrulho, auxilia no sucesso do aleitamento materno. Essa interação possibilita à mãe responder de forma eficaz às necessidades nutricionais e emocionais do bebê, ao mesmo tempo em que fortalece o vínculo mãe-filho, essencial para o desenvolvimento socioemocional (LESTER & BOUKYDIS, 2015). Dessa maneira, o aleitamento materno transcende a nutrição, promovendo uma base sólida para o desenvolvimento emocional e comportamental da criança.
Contudo, os resultados deste estudo apontam para uma conexão entre a amamentação prolongada, de um a dois anos, e as classificações de estado de alerta nos campos do desenvolvimento socioemocional e linguístico, sugerindo que existem fatores contextuais ou biopsicossociais que podem estar interferindo no curso do desenvolvimento infantil, criando uma contradição com os benefícios que, frequentemente, são atribuídos à amamentação.
A presença de apoio emocional durante a gestação é um elemento essencial para o desenvolvimento infantil, como se pode observar nos resultados deste estudo. A falta desse suporte foi associada a discrepâncias nos domínios da linguagem e do desenvolvimento socioemocional, sendo mais evidente o impacto negativo no aspecto socioemocional, manifestado como estado de alerta. Esses resultados sugerem que a carência de apoio emocional afeta de forma particularmente adversa o desenvolvimento socioemocional, o que enfatiza a urgência de futuras intervenções focadas nesse aspecto.
Esses achados corroboram com os de MacMillan et al. (2021), que investigaram o impacto do apoio de parceiros e familiares na qualidade das interações entre mãe e bebê, especialmente em cenários de depressão materna. O estudo constatou que a percepção de suporte durante a gestação está ligada a uma maior disponibilidade emocional da mãe, enfatizando a relevância de um ambiente acolhedor para atenuar os efeitos da depressão nas interações iniciais entre mãe e filho. Dessa forma, o suporte emocional não só favorece a saúde mental da mãe, mas também fortalece o vínculo primordial entre ela e seu bebê.
A meta-análise de Bedaso et al. (2021) reforça essas conclusões ao apontar uma clara conexão entre a falta de suporte social e o aumento do risco de problemas de saúde mental durante a gestação, como depressão e ansiedade. Estes resultados sublinham a importância de fortalecer o apoio social como um pilar essencial nas intervenções voltadas para a saúde mental materna, o que, por sua vez, favorece o desenvolvimento infantil. Em alinhamento com essa perspectiva, Lähdepuro et al. (2022) demonstram que uma saúde mental materna sólida ao longo da gestação reduz os riscos de distúrbios mentais e comportamentais na infância, ressaltando o suporte emocional como um elemento protetor crucial para a saúde a longo prazo da criança.
Ademais, os resultados desta pesquisa mostram que a prematuridade traz consigo desafios específicos no desenvolvimento infantil, afetando de maneira diferenciada os diversos domínios. De modo particular, foi observada uma correlação entre a prematuridade e a classificação de estado de alerta no domínio da linguagem. Em contraste, o domínio socioemocional apresentou uma associação com classificações de nível médio-alto. Essa disparidade nos impactos entre os domínios evidencia a complexidade das consequências da prematuridade no desenvolvimento integral da criança.
Pesquisas anteriores sustentam esses achados, sublinhando a relevância de uma análise profunda para entender os efeitos da prematuridade. Cassiano; Gaspardo e Linhares (2016), por exemplo, observam que a prematuridade, especialmente quando acompanhada de complicações clínicas neonatais, está frequentemente associada a dificuldades comportamentais e emocionais. Esses resultados reforçam a ideia de que a prematuridade impacta os domínios do desenvolvimento de forma desigual, com efeitos mais pronunciados na linguagem, destacando a necessidade de se considerar tanto a idade gestacional quanto o estado clínico neonatal para uma compreensão mais completa dos seus impactos.
A ausência de rotinas consistentes desde o nascimento revelou-se uma variável relevante nesta pesquisa, particularmente no que se refere ao desenvolvimento socioemocional das crianças. Os resultados mostraram que a falta de rotinas estava associada a classificações de estado de alerta no domínio socioemocional e média no domínio de linguagem. Esses achados enfatizam a importância das rotinas para o desenvolvimento equilibrado e saudável da criança, indicando que a falta de previsibilidade e estrutura pode prejudicar negativamente esses aspectos do crescimento infantil.
A literatura científica corrobora amplamente esses resultados, ressaltando a importância das rotinas no desenvolvimento infantil. Lester e Boukydis (2015) argumentam que os comportamentos pré-comunicativos dos bebês, como o choro e as expressões faciais, funcionam como formas de comunicação que facilitam a criação de rotinas alinhadas às necessidades do bebê. Essas interações iniciais possibilitam que os cuidadores compreendam e respondam de forma adequada às exigências da criança, estabelecendo um ambiente previsível e propício ao desenvolvimento. Assim, construir rotinas que atendam às diversas necessidades da criança é fundamental para promover um desenvolvimento saudável.
Mindell et al. (2009) ressaltam que uma rotina de sono regular não só melhora o ritmo circadiano dos bebês, mas também o estado emocional e afetivo das mães. Esse estudo reforça a importância das rotinas desde o nascimento, impactando não apenas o comportamento infantil, mas também o bem-estar psicológico dos cuidadores, particularmente das mães, que frequentemente sentem mais os efeitos da falta de uma estrutura organizada nos cuidados com seus filhos. Bebês que se adaptam a rotinas previsíveis tendem a desenvolver padrões de sono, alimentação e estímulos mais estáveis, o que proporciona maior equilíbrio emocional aos cuidadores, fortalecendo o vínculo e a qualidade das interações familiares.
Estudos como o de McNamara e Humphry (2008) demonstram que rotinas diárias bem estabelecidas favorecem a adaptação e o aprendizado das crianças, promovendo o desenvolvimento de habilidades essenciais. Além disso, Warneken e Tomasello (2014) e Zahn-Waxler et al. (1992) apontam que um ambiente estruturado, com rotinas previamente definidas, é crucial para o desenvolvimento da autoconsciência e da empatia nas crianças, capacidades que se aprimoram entre os 15 e 24 meses de vida.
Dessa forma, os resultados desta pesquisa, alinhados com os achados da literatura científica, reforçam a relevância das rotinas diárias para o desenvolvimento saudável das crianças. As rotinas proporcionam um ambiente estável, que facilita a adaptação familiar e favorece o desenvolvimento socioemocional. Além disso, a previsibilidade e a estrutura que elas oferecem são fundamentais para a aquisição de competências linguísticas desde os primeiros estágios da vida, criando ambientes mais consistentes, repletos de estímulos e interações enriquecedoras.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo explorou a influência dos fatores biopsicossociais nas práticas parentais e estilos de criação e analisou como essas variáveis se associam ao desenvolvimento socioemocional e de linguagem em crianças de 0 a 2 anos. Os resultados reforçam a ideia de que as condições socioeconômicas, o suporte emocional durante a gestação e a dinâmica familiar exerce um papel central na qualidade do cuidado parental e, consequentemente, no desenvolvimento infantil.
Os dados indicaram que crianças inseridas em contextos familiares mais estáveis e com cuidadores que adotam práticas parentais responsivas apresentam melhores resultados nos domínios de linguagem e socioemocional. Em contrapartida, ambientes com alta frequência de conflitos familiares ou baixa disponibilidade emocional do cuidador mostraram associações negativas com o desenvolvimento infantil, destacando o impacto das relações interpessoais e do suporte emocional nos primeiros anos de vida.
Os achados ressaltam ainda a relevância de práticas parentais que promovam interações positivas e estimulem a comunicação, a cognição e a autorregulação emocional das crianças. Além disso, a análise dos estilos de criação revelou que fatores como planejamento da gravidez, suporte no período perinatal e condições socioeconômicas adequadas estão associados a práticas mais favoráveis ao desenvolvimento infantil.
Por fim, os resultados deste estudo sublinham a necessidade de uma abordagem integrada que considere as múltiplas dimensões do desenvolvimento infantil, reconhecendo que o crescimento saudável das crianças depende de condições biopsicossociais favoráveis. Estudos futuros podem ampliar essa abordagem, investigando a influência de variáveis culturais e regionais nos estilos de criação e suas associações com outros aspectos do desenvolvimento infantil. Assim, reforça-se o compromisso com a promoção de uma infância mais saudável e promissora, base para o pleno desenvolvimento humano.
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1Mestre em Psicologia. E-mail: nome@provedor.com.br